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Em entrevista ao Jornal do Engenheiro, a supervisora de Assessoria à Carreira da Catho, Larissa Meiglin, informa que atualmente a área que mais oferece oportunidades no site da empresa é a de Engenharia de Produção, com 2.542 vagas em aberto. Em segundo lugar, está Engenharia Elétrica, com 2.055. “O volume de vagas abertas em território nacional está muito pequeno, infelizmente”, pondera. Ela argumenta que tal queda está diretamente relacionada ao cenário de crise econômica do País. “As diversas áreas da engenharia são impactadas direta e indiretamente pelo segmento industrial, de petróleo e gás e civil, que seguem desaquecidos e com menos incentivos governamentais.”
Meiglin, no entanto, diz que a profissão segue com muito prestígio, porque está associada à competência e responsabilidade. A especialista lembra que entre 2010 e 2013, o número de matrículas em cursos de engenharia cresceu 85%. E, valendo-se de dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), afirma que mais de 750 mil profissionais estão ativos em todo o Brasil.

Engenharia de Inovação
A supervisora da Catho considera ainda a formação em Engenharia de Inovação – propiciada pelo Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), cujo mantenedor é o SEESP – uma excelente proposta. “Os conhecimentos adquiridos podem ser utilizados a partir de agora e serão ainda mais necessários no futuro, já que a capacitação habilita o formado na identificação, estruturação e solução de demandas de inovação em qualquer área em que atue”, avalia.

30/06/2016

Qualificação

Convênios em educação aos associados ao SEESP
A Business Institute (IBE), conveniada à Fundação Getúlio Vargas (FGV), proporciona aos associados ao SEESP cursos de MBA em Gerenciamento de projetos, Gestão empresarial e Gestão estratégica e econômica de negócios. Carga total de 432 horas mais 40 horas do Módulo Internacional opcional. Aulas quinzenais aos sábados ou em dias da semana. Mais informações pelo telefone (11) 4583-8300,
e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e no site www.ibe.edu.br  . Descontos de 10% (grupo de três a cinco alunos), 15% (de seis a nove), acima de dez verificar condições junto à instituição.
O sindicato também oferece vantagem no vestibular da Fundação Santo André (FSA) para os cursos de Tecnologia em logística, Gestão da qualidade, Gestão em RH e Gestão financeira. As inscrições devem ser feitas até o dia 15 de julho no site www.fsa.br/vestibular . Mais informações pelo telefone (11) 4979-3300 ou e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Descontos de 10% aos associados nos pagamentos até o último dia do mês que antecede o do vencimento; e 8% até o quinto dia útil.

Pós-graduação em gestão ambiental é no Isitec
Estão abertas as inscrições para o curso de pós-graduação em Gestão ambiental sustentável do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), cujo mantenedor é o SEESP. As aulas acontecerão às sextas-feiras à noite e aos sábados durante o dia, quinzenalmente, no estabelecimento, na Rua Martiniano de Carvalho, 170, Bela Vista, São Paulo (SP).
As demandas da sociedade pelo desenvolvimento sustentável e o advento da Agenda 21, a criação de normas ambientais da série ISO, aliados ao fato de a gestão ambiental não ser objeto de formação em nível de graduação, motivaram a criação do curso.
O objetivo é complementar a qualificação de nível superior de profissionais de diversas áreas para atuarem em gestão ambiental de forma interdisciplinar.
Carga total de 408 horas. Inscrições e mais informações pelo telefone (11) 3254--6850 ou e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. .

Opinião
Benefícios do trabalho voluntário à vida profissional
No mundo atual, o tempo tem extrema importância, e estamos cada vez mais pressionados pelo relógio. Hoje, o profissional precisa se adaptar aos prazos curtos, excesso de informação, exigências do mercado, resultados etc.. Então, como pensar em doar o seu tempo ao outro?
No Brasil, 16,4 milhões de pessoas já dedicaram parte do seu tempo, de forma espontânea, para alguma causa social ou de sua comunidade. Porém, esse número ainda é pequeno, segundo pesquisa realizada pela Fundação Itaú Social ao instituto DataFolha. De cada dez brasileiros, apenas três já fizeram algum trabalho voluntário na vida, sem remuneração. Em se tratando dos jovens, oito em cada dez (16 a 24 anos) jamais se envolveram com projetos afins.
Os benefícios desse trabalho vão além da vida pessoal; são bem valorizados pelo mercado atualmente. Isso porque tal atuação desenvolve outras competências, como empatia, iniciativa, trabalho em equipe, criatividade, adaptação, respeito à diversidade, liderança, comprometimento, ética, gestão de recursos, foco e ação. Também se exercita a responsabilidade social e valores mais altruístas que podem ser usados no dia a dia.
* Mariles Carvalho é psicóloga e coordenadora do Setor de Oportunidades e Desenvolvimento do SEESP.

Contatos: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e telefones (11) 3113-2666/2669/2674.

30/06/2016

Opinião

Benefícios do trabalho voluntário à vida profissional

No mundo atual, o tempo tem extrema importância, e estamos cada vez mais pressionados pelo relógio. Hoje, o profissional precisa se adaptar aos prazos curtos, excesso de informação, exigências do mercado, resultados etc.. Então, como pensar em doar o seu tempo ao outro?

No Brasil, 16,4 milhões de pessoas já dedicaram parte do seu tempo, de forma espontânea, para alguma causa social ou de sua comunidade. Porém, esse número ainda é pequeno, segundo pesquisa realizada pela Fundação Itaú Social ao instituto DataFolha. De cada dez brasileiros, apenas três já fizeram algum trabalho voluntário na vida, sem remuneração. Em se tratando dos jovens, oito em cada dez (16 a 24 anos) jamais se envolveram com projetos afins.

Os benefícios desse trabalho vão além da vida pessoal; são bem valorizados pelo mercado atualmente. Isso porque tal atuação desenvolve outras competências, como empatia, iniciativa, trabalho em equipe, criatividade, adaptação, respeito à diversidade, liderança, comprometimento, ética, gestão de recursos, foco e ação. Também se exercita a responsabilidade social e valores mais altruístas que podem ser usados no dia a dia.

* Mariles Carvalho é psicóloga e coordenadora do Setor de Oportunidades e Desenvolvimento do SEESP.

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30/06/2016

Canteiro

Marinha presta homenagem à engenharia brasileira
O presidente do SEESP e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Celso de Campos Pinheiro, foi agraciado no dia 10 de junho com a Medalha da Ordem do Mérito Naval, distinção oferecida pela Marinha do Brasil para premiar militares e instituições civis que prestaram serviços relevantes à Armada.

SEESP faz visita técnica ao VLT da Baixada Santista
Um grupo de diretores estaduais e regionais do sindicato realizou uma visita técnica, em 31 de maio último, ao novo transporte da região litorânea, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em operação desde 4 de janeiro deste ano. O sistema, que já é realidade há alguns anos em cidades europeias, tem emissão zero de poluentes, como aponta a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), órgão do governo estadual responsável pela obra. Mário Edison Picchi Gallego, presidente da Delegacia Sindical do SEESP no Alto Tietê, que trabalhou na obra, deu suporte ao grupo.

Acordos fechados – Data-base em 1º de maio
Sabesp – Em assembleia no dia 31 de maio, os engenheiros aprovaram proposta apresentada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) – 2ª Região. O acordo inclui reajuste salarial de 10,03% (IPC-Fipe) extensivo aos benefícios, rediscussão do valor da cesta-básica em novembro e reavaliação dos critérios para aplicação do Plano de Cargos e Salários.

Metrô – A categoria aprovou proposta da empresa em assembleia no dia 31 de maio. Essa abrange reajuste salarial de 10,03% (IPC-Fipe) em duas parcelas, extensivo aos benefícios (vale-alimentação e vale-refeição têm percentual superior, de 10,03% retroativos a 1º de maio e respectivamente de 3,46% e 0,48% em 1º de novembro).

Cetesb – Após seis dias de greve, os engenheiros aprovaram em assembleia no dia 14 de junho proposta apresentada pelo TRT. Entre os itens, estão reajuste salarial pelo IPC-Fipe em duas parcelas. O percentual de 10,03% será pago também sobre os benefícios, em 1º de maio. O acordo engloba o compromisso da empresa de discutir a possibilidade de implantação do Plano de Cargos e Salários e do Programa de Participação nos Resultados (PPR) a partir de janeiro de 2017.

Dersa – Os engenheiros aprovaram proposta do TRT em assembleia no dia 22 de junho. Essa prevê reajuste salarial pelo IPC-Fipe e dos benefícios de 10,04%, retroativos à data-base, bem como compromisso da empresa de discutir, até janeiro de 2017, critérios para eventual pagamento de PLR.

SPTrans – No dia 23 de junho, a categoria aprovou proposta da empresa, que inclui: reposição salarial de 10,03% em duas parcelas e dos demais benefícios em uma única vez (na data-base). Serão ainda aplicados 7,5% sobre os valores da Participação nos Resultados (PR).

Melhorar qualidade da banda larga
É caótica a situação atual da infraestrutura de banda larga no Brasil. O alerta foi dado pelo consultor Marcius Vitale durante o debate “Banda larga versus infraestrutura nacional precária”, promovido pelo Conselho Assessor de Comunicação e Telecomunicações do Conselho Tecnológico do SEESP no dia 25 de maio, na sede do sindicato, em São Paulo. Para o especialista, solução para elevar a qualidade é a instalação dos cabos de fibra óptica e uma revisão sobre o compartilhamento da infraestrutura.

Sindicato promove palestra em Taubaté
A Delegacia Sindical do SEESP na cidade oferece, no dia 22 de setembro, às 19h, uma palestra sobre equipamentos Netzsch (bomba lobular tornado, bomba helicoidal nemo e trituradores) para estação elevatória de esgoto, de tratamento de efluente e de água, com os especialistas Nelson Bertaia, Andre Batagin e Marcio Segura, da Netzsch do Brasil. A atividade será realizada na sede da delegacia (Rua Venezuela, 271). Inscrições pelos telefones (12) 3633-5411 e 3631-4047 ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Energia em pauta
O secretário de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, João Carlos de Souza Meirelles, apresentou a palestra “Política energética” no dia 1º de junho, em reunião do Comitê Gestor do Conselho Tecnológico do SEESP, na sede do sindicato, na Capital. Entre outros pontos, ele alertou que o Estado é um dos maiores consumidores de energia do País e necessita da engenharia para construir um modelo não só local, mas também nacional. O presidente da entidade, Murilo Celso de Campos Pinheiro, ratificou no ensejo o papel fundamental da categoria para tanto.

Santo André aprova propostas à Conferência Estadual das Cidades
A Delegacia Sindical do SEESP no Grande ABC participou, no dia 11 de junho, da 6ª Conferência Municipal das Cidades, em Santo André, que contou com representantes do poder público local, do Conselho Municipal de Política Urbana (CMPU) e da sociedade civil. Na ocasião, o diretor Helton Alves da Costa destacou “a ampla discussão em que levantamos problemas e apontamos soluções para a melhoria do funcionamento das cidades brasileiras”.
Abordando o tema “A função social da cidade e da propriedade”, foram eleitos delegados à conferência estadual e aprovadas propostas a serem levadas a essa próxima etapa, que se realizará em 2017. Segundo Reinaldo Alfredo Caetano Bascchera, diretor do Departamento de Desenvolvimento e Projetos Urbanos da Prefeitura e representante do CMPU, essas incluem: a manutenção da modalidade “Entidades” no “Minha Casa Minha Vida”, a ampliação dos recursos do programa e qualificação dos projetos; o incremento dos recursos para urbanização de favelas; a vinculação da liberação de recursos federais aos municípios que apliquem os instrumentos de combate à especulação imobiliária.

Murilo 01072015 bonecoNo dia 29 de junho, a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e o Clube de Engenharia realizam na sede desse último, no Rio de Janeiro, uma atividade de extrema importância para a categoria dos engenheiros, a sociedade e o desenvolvimento. No evento, será lançada a edição “Cidades” do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que, neste ano de eleições municipais, pretende oferecer aos candidatos a prefeito propostas para a boa gestão das localidades de forma a assegurar qualidade de vida à população e desenvolvimento. Assim, estarão em pauta temas abordados na publicação, como finanças, mobilidade e transporte, saneamento básico, habitação, iluminação e internet pública. A base da discussão é traçar um diagnóstico da situação nesses setores e propor soluções viáveis e que tenham real impacto.

Além da apresentação dessa nova etapa do projeto no qual a FNE vem trabalhando desde 2006 com abordagens diversas do desenvolvimento nacional, uma questão essencial estará na pauta: a necessidade urgente de se resgatar a engenharia na gestão pública. Isso significa fazer com que as funções técnicas sejam ocupadas por profissionais habilitados, inclusive em cargos considerados “de confiança”. O mal não reside em haver nomeações políticas, desde que feitas com transparência e dentro de parâmetros éticos e legais; o problema é que essas não levem em conta também a capacidade da pessoa a ser indicada.

Para se garantir que as administrações disponham dos profissionais necessários a sua boa condução, é preciso que se realizem concursos públicos, oferecendo-se remuneração e estrutura de trabalho compatíveis com as tarefas a serem desempenhadas. Repousando esquecido no Senado está o projeto de lei que institui a carreira pública para engenheiros e arquitetos nas três instâncias – municípios, estados e União. É urgente que o tema seja resgatado e o Brasil encare de frente essa necessidade a bem da qualidade, da segurança e da economia. É preciso fazer bem e de forma planejada; os parcos recursos disponíveis nos cofres públicos não podem ser desperdiçados com improviso e amadorismo. Ainda menos aceitável que gastar irresponsavelmente é expor a população a riscos que a boa engenharia certamente pode evitar.

Essas duas questões centrais na nossa avaliação – valorização da engenharia e dos seus profissionais e desenvolvimento nacional – que darão a tônica desse debate são também o mote do movimento “Engenharia Unida”, que vem se consolidando com a adesão de lideranças de todo o País. O conjunto de profissionais da área tecnológica e suas entidades representativas caminham para formar uma poderosa frente de formulação, mobilização e luta em defesa do Brasil. Vamos dar a nossa contribuição para enfrentar a crise, superar a recessão e construir o País que queremos. Essa é a nossa agenda essencial.

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

Artur Araujo

A cena é conhecida dos moradores das cidades brasileiras: uma equipe de manutenção bloqueia um trecho de alto tráfego e executa serviços de recapeamento. Dias depois, funcionários de uma concessionária de água e esgotos interditam o local, escavam, executam obras e fecham, de modo precário, a vala aberta no trecho recapeado. O mesmo local poderá, em curto intervalo de tempo, ser objeto de poda de árvores, limpeza de bueiros, manutenção de rede elétrica ou substituição de semáforo. Os transtornos de mobilidade e de qualidade de vida da vizinhança se repetem, e os prejuízos, públicos e privados, se multiplicam.

Não se trata, apenas, de uma descoordenação entre diversos agentes independentes atuando na malha urbana, que poderia (e deveria) ser resolvida por organismos de gerenciamento e de compartilhamento de informações. Por trás de eventos dessa natureza está uma ausência cada vez mais crítica, a falta de uma visão e prática integradas de intervenções urbanas.


Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Arthur Araujo 2 editada
Artur Araujo está na elaboração da fase atual do projeto Cresce Brasil - Cidades



As cidades são “entes vivos”, têm uma dinâmica que não se submete à fria lógica de um experimento de laboratório. Qualquer fenômeno urbano tem múltiplas interfaces e é quase impossível o isolamento de uma variável em detrimento do conjunto. Isso exige pensamento complexo, estruturas matriciais de planejamento e de execução e alta permeabilidade para captação e atendimento das necessidades e aspirações dos cidadãos. No entanto, o desenho hierárquico e funcional das prefeituras é a negação dessas necessidades: secretarias estanques; inexistência de fóruns de coordenação e de troca de informações e experiências; desconexão entre órgãos de planejamento e de execução; ausência de diá­logo entre o poder público e a comunidade que quer e precisa ser atendida.

Mesmo as diversas especialidades técnicas presentes no quadro de servidores públicos e nas equipes de empreiteiras e concessionárias não são estimuladas à atuação conjunta e multidisciplinar. As obras e serviços são planejados e executados como mero somatório, sem beneficiar-se da intersecção de conhecimentos e métodos. Usando expressões populares, fica “cada engenheiro no seu quadrado” e todos “pensando e agindo dentro das caixinhas do organograma”.

A engenharia, felizmente, já resolveu a contento dificuldades dessa natureza. Séculos de experiência na gestão da produção material, no proverbial “chão de fábrica”, permitiram o desenvolvimento de uma cultura e de conhecimentos – científicos, tecnológicos e empíricos – que integram as múltiplas especialidades dos engenheiros com profissionais de design, de marketing e de relações com os consumidores, gerando sinergia e otimização.
É dos engenheiros, portanto, que pode surgir a resposta inadiável ao desafio da gestão urbana, o desenvolvimento e aplicação de uma autêntica Engenharia de Cidades.
 

Artur Araujo é consultor do “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”

Soraya Misleh

Assinado em 2 de março e homologado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) – 1ª Região em 5 de maio, o acordo extrajudicial entre as empresas Samarco/BHP e Vale e os governos federal e estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo para recuperação dos danos causados pelo desastre em Mariana está longe de ser consenso. Recém-empossado para o governo interino de Michel Temer, o próprio ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV-MA), afirmou, como divulgado pela mídia, que o acordo pode ser revisto.
A declaração foi dada após sua visita ao local da tragédia em 16 de maio. Ao constatar que a lama continua a se alastrar pela Bacia do Rio Doce, ele se recusou a assinar termo de conformidade para que a empresa volte a operar suas atividades, logo que obtiver as licenças necessárias. Passados seis meses do rompimento da barragem do Fundão, da Samarco, em novembro último, os impactos não foram contidos, e as vítimas continuam a aguardar uma solução justa.
De acordo com nota assinada pela Advocacia-Geral da União (AGU), Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais e Procuradoria-Geral do Estado do Espírito Santo, o acordo deve dar celeridade a isso. A alegação é de que “garante a execução privada das medidas previstas, sem a necessidade de que os recursos destinados aos atingidos transitem por fundos judiciais ou cofres públicos, o que demandaria o processamento por alvarás ou processos licitatórios, atrasando ainda mais o processo de recuperação ambiental e social”. Prevê, nessa direção, a constituição de uma fundação, “com gestão inteiramente privada, independente e transparente”.
Nele estão definidos aportes financeiros anuais, nos três primeiros anos de R$ 4,9 bilhões, sendo R$ 2 bilhões ainda em 2016 – a previsão inicial de R$ 20 bilhões a serem gastos foi retirada.
Conforme justificam esses órgãos, o acordo não está assentado em valores, mas na obrigatoriedade das empresas de recuperação integral dos danos causados. Assim, devem executar 22 programas socioeconômicos e 17 socioambientais. Entre eles, levantamento e cadastro dos impactados; ressarcimento e indenização desses; reconstrução de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira (municípios destruí­dos com o desastre); recuperação das demais comunidades e infraestruturas impactadas; retomada de atividades econômicas; proteção social; apoio à pesquisa para desenvolvimento e utilização de tecnologias socioeconômicas aplicadas à remediação dos impactos; recuperação de nascentes, áreas de preservação permanente, manejo de rejeitos, coleta e tratamento de esgotos e gestão de riscos ambientais.

Falhas e limitações
Para o engenheiro Bruno Milanez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), do ponto de vista estrutural, o maior problema é a ausência do Estado na execução ou da sociedade civil no acompanhamento das ações de compensação e indenização. De acordo com o especialista, cabe à empresa escolher e contratar quem vai monitorar suas ações. “Existe um grande conflito de interesses nesse modelo. Ele está atualmente em voga no licenciamento ambiental e no monitoramento das barragens em Minas Gerais, e foram exatamente suas falhas que permitiram que o desastre acontecesse. Deveríamos aprender com essa tragédia e não repetir os mesmos erros.” Na visão de Milanez, atividades de risco, como gestão de barragens, deveriam ser monitoradas por agentes sem influência das empresas alcançadas.
O professor questiona ainda o excesso de poder dado à fundação criada pelo acordo, a quem caberá “definir a elegibilidade e os parâmetros de indenização aos atingidos”. Corroborando as críticas feitas por Milanez, o Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (Gepsa), criado na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) após o desastre, assinou nota que reúne dezenas de entidades contra o acordo. “A falta de participação dos atingidos pelo desastre, do Ministério Público e da sociedade civil revela a falta de transparência a respeito da concepção de seus termos, conferindo amplos poderes de decisão às empresas autoras do desastre-crime”, reitera.
Para o Gepsa, que conta entre seus membros com profissionais da categoria, a melhor forma de garantir a reparação é ouvir os impactados. Os engenheiros, considera, têm contribuição fundamental, não só “à recuperação dos danos causados ao longo da Bacia do Rio Doce, mas principalmente na compreensão das causas desse desastre e reformulação do modelo de exploração minerária e gestão dos riscos decorrentes dela”. Milanez defende que os conselhos e sindicatos criem uma força-tarefa para verificar a real situação das barragens existentes, de modo a minimizar seus riscos. Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do SEESP, observa que é preciso mais engenharia nesses processos, inclusive na formulação de políticas públicas para evitar que desastres como o de Mariana se repitam.

Deborah Moreira

Uma equipe de 45 técnicos, entre engenheiros experientes, recém-formados e estudantes, esteve no Itaim Paulista, na zona leste da Capital, em 7 de maio, para conferir o problema das enchentes que assola os moradores há anos e pensar soluções. Iniciativa do Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP, a visita técnica se insere na etapa atual do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que se debruça sobre o tema “Cidades”.
Na avaliação do grupo, conversar com os moradores foi fundamental para ver de perto o impacto que a ausência de uma política de saneamento e habitacão causa na vida dessas pessoas. “Por mais que a gente tenha feito uma pesquisa inicial, foi surpreendente o trabalho de campo. Achava que era no bairro todo. Depois, vi que não, mas em algumas ruas. Dessa forma, é possível aplicar soluções específicas, como a questão das bombas do dique (piscinão), que ajuda a drenar a água. Elas são muito grandes e só são acionadas quando as águas atingem certa altura. Uma hipótese que pode melhorar é substituí-las por bombas menores e mais baixas, que seriam acionadas com mais rapidez”, arrisca Phelipe Mendes, do curso de Engenharia de Inovação do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec).
O engenheiro civil Marcelo Poliszczuk também fez uma avaliação inicial: “A colocação de grelhas no piscinão que já existe poderia reduzir a quantidade de lixo e sedimentos dentro dele, que acaba provocando o retorno das águas, alagando outras regiões.” Ele soube do projeto por uma professora da Universidade Nove de Julho (Uninove), onde faz pós-graduação em Segurança no Trabalho, na qual a coor­denadora do núcleo, Marcellie Dessimoni, realizou uma palestra sobre o tema.
Poliszczuk, falou da importância da atividade: “A iniciativa do sindicato, de trazer os jovens para projetos como esse, é fundamental para atrair mais atores da sociedade civil que se engajem para melhorar a qualidade de vida das pessoas.”

Pequenos detalhes
Para Dessimoni, os detalhes coletados a partir dos depoimentos serão fundamentais para refletir as soluções. “Uma senhora nos contou que os maiores alagamentos ocorrem de quatro em quatro anos. É um dado importante”, exemplifica. Entre os testemunhos, o do casal de aposentados Irene Pereira Lima, 58, e Moisés Alves de Almeida, 68 anos, que mora no local desde 1999, quando a água não ultrapassava a altura dos pés. Almeida conta que já subiu o nível da casa em 1,10 metro. Mesmo assim, no último alagamento, a água chegou a 60cm de altura. “A cada ano ela aumenta”, conta Pereira, que lembra dos momentos de angústia: “Quando enche vem de tudo. Vem bicho, vem gente morta. Estou ficando doente e velha pra viver assim”.
Os técnicos chegaram no bairro por volta das 9h30 e dividiram-se em grupos de duas a três pessoas. “Aprender assim é muito mais interessante. Já temos alguma experiência de campo, mas nada comparado a hoje”, reconheceu July Nicoli, estudante de Engenharia de Inovação do Isitec. Também integraram a comitiva alunos da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e Estácio, além da Uninove.
Os diretores do SEESP Sergio Granato, da delegacia em Sorocaba, e Celso Renato de Souza, que atua no núcleo, estiveram presentes. Este último asseverou: “Viemos conferir quais as demandas e quais as soluções viáveis e precisamos cobrar os governantes. Os jovens têm muita força para levar o projeto e vou brigar por isso junto com eles.” Em 2015, as administrações municipal e estadual assinaram um convênio através do qual caberá ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) construir um pôlder (minipiscinão) na região como compensação pela construção das pistas expressas da Marginal Tietê. Ele terá 2,4 quilômetros de extensão, com capacidade para 23,5 mil metros cúbicos, e receberá as águas coletadas pelo sistema de galerias de águas pluviais do bairro e conjunto de bombas. Já a Prefeitura se responsabilizou pela remoção das famílias para moradias seguras. A administração da cidade diz que aguarda a licitação da obra e a desapropriação de 65 imóveis, com 105,3 mil metros quadrados, que são responsabilidade do Estado. Afirma ainda que vem cobrando as ações do governo paulista, além do desassoreamento do Rio Tietê, que considera indispensável para a solução dos alagamentos. O Daee, por sua vez, informa que as desapropriações tramitam no Poder Judiciário. “Tão logo esses valores sejam homologados, serão feitos os depósitos judiciais que permitirão ao órgão ter a posse dos imóveis/terrenos e iniciar a licitação para execução da obra”, explica em nota, sem mencionar prazos.
Enquanto isso, a juventude busca dar sua contribuição. No último dia 21, o grupo se reuniu para trocar informações sobre o que vivenciou durante a visita técnica. Na pauta, estavam saneamento e recursos hídricos. Uma mesa-redonda, com a presença de especialistas, está sendo organizada para 4 de junho.

Rosângela Ribeiro Gil

O diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, faz uma análise preocupante sobre o governo interino de Michel Temer com relação aos direitos trabalhistas. Ele é taxativo: “Não vai ser de tédio que o movimento sindical vai morrer nos próximos meses.” Na sua opinião, o momento é de mobilização, organização e unidade de ação. Caso contrário, acredita, será imposta ao País uma agenda neoliberal das mais retrógradas, com o fim de direitos inscritos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na Constituição Federal de 1988.

O governo do vice-presidente assumiu em 12 de maio último depois que o Senado aprovou a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, que deverá ficar afastada por 180 dias enquanto a questão tramita no Congresso Nacional.

A preocupação de Toninho se baseia na formação da nova equipe governamental e na sua base de sustentação no Legislativo: “Dos 55 projetos que atacam diretamente direitos, todos, sem exceção, têm origem em parlamentares que hoje integram a base desse governo.” Ele explica que essas matérias foram apresentadas nos últimos anos e em legislaturas anteriores, mas não tramitaram regularmente nem foram aprovadas porque o governo anterior não tinha acordo a respeito dessas proposições. “E se fossem aprovadas, mesmo contra a vontade dos líderes governamentais, no Congresso, seriam vetadas.” Toninho faz questão de realçar que a conformação de poder anterior, embora fosse de coalizão, tinha um núcleo comprometido com os trabalhadores “que não deixava votar e quando passava, assumia o compromisso de vetar matérias que significassem suprimir direitos”. E lamenta: “Agora, esse veto desaparece.”


Foto: Beatriz Arruda/SEESP
ToninhoDiap BeatrizArruda
Toninho: reforma da Previdência e flexibilização de direitos trabalhistas e sociais
são pontos centrais do governo Temer


Ele observa que o governo interino de Michel Temer assume com uma pauta basea­da no projeto “Ponte para o futuro” – lançado pelo PMDB em outubro de 2015, em que o mundo do trabalho perde protagonismo, e o destaque é para a melhoria do ambiente de negócios. “Isso significa relações de trabalho precarizadas, aprovação de terceirização em atividades-fim, substituição do negociado sobre o legislado e por aí vai.” Este último, descreve o diretor do Diap, dá ao setor patronal um poder de chantagem grande, na medida em que, numa negociação, por exemplo, quando os sindicatos se negarem a aceitar a redução de benefícios, seja colocada a ameaça de mudar a planta industrial para outro local.

Além disso, prossegue Toninho, ainda há a chamada “pejotização”, que transforma o trabalhador em pessoa jurídica, o qual, como tal, perde direitos, como décimo terceiro salário, férias, previdência etc.. “É uma ficção jurídica atrás da qual está uma pessoa totalmente vulnerável e desprotegida perante a lei.”

Outros prejuízos
A transferência da Previdência Social para o Ministério da Fazenda é outra medida criticada pelo diretor do Diap: “Passar uma política pública, de caráter social, para a área econômica é um retrocesso monumental.” Tal medida, para ele, faz o sistema previdenciário brasileiro perder seu principal caráter, o solidário. “No lugar, entra apenas a preocupação financeira e atuarial, deixando de cumprir aquela sua função de distribuir renda, garantir a paz social e dar usufruto a quem trabalhou a vida inteira e investiu ao longo do tempo, transformando-o num mero seguro contra a velhice quando não há mais condições de trabalhar”, critica.

O governo sinaliza, prossegue Toninho, uma reforma previdenciária no sentido de retirar e reduzir direitos, ampliar o tempo de permanência em atividade, sem antes resolver uma série de problemas, como a sonegação, os incentivos e renúncias fiscais que são muito grandes, corrigir outras distorções e combater a fraude. “Ninguém fala em reduzir os encargos da dívida, que são superiores ao volume que se gasta com Previdência no País. Isso é inaceitável, é escolher o trabalhador como variável de ajuste.”

Toninho apela para que o movimento sindical brasileiro, mais do que nunca, tenha maturidade e entenda a importância da unidade de ação para o enfrentamento dessa investida em bases neoliberal e conservadora sobre os direitos dos trabalhadores. “Precisamos saber separar as questões políticas, partidárias e eleitorais da investida contra os direitos”, conclama. Ele reforça o apelo, argumentando que essa agenda não foi sufragada nas urnas. “Não houve, em nenhum momento durante a campanha eleitoral da Presidente da República no qual o seu vice estava junto, qualquer sinalização no sentido de que haveria nova reforma da Previdência, na base que está sendo proposta, e flexibilização dos direitos trabalhistas”, esclarece.

O setor de ciência e tecnologia (C&T), analisa Toninho, também perde, e duplamente: com a fusão do Ministério e com a ameaça de perda de recursos. Isso porque o governo interino sinaliza com proposta de desvincular qualquer despesa obrigatória ao Orçamento, conforme preceito constitucional, para investimentos em C&T, saúde e educação. “É uma desvalorização de um dos setores que mais o País necessita, atingindo a área da tecnologia em cheio, como a engenharia.”

Na sua visão, esse governo não fugirá de uma agenda impopular, lembrando uma das ações do próprio Michel Temer, quando deputado federal, em 1995: “Ele foi o relator da reforma da Previdência Social no governo Fernando Henrique, que retirou vários direitos dos servidores públicos e dos segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). É um governo que não tem receio nem parcimônia de enfrentar tais medidas.”

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