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Deborah Moreira
Apesar de cientistas renomados alertarem sobre os riscos de uma possível superação da máquina em relação ao homem, especialistas consideram esses mínimos e afirmam os benefícios da inteligência artificial (IA). Entrevistado pelo Jornal do Engenheiro, o professor Flavio Tonidandel, do Departamento de Ciência da Computação do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana “Pe. Sabóia de Medeiros” (FEI), conta o que é real e o que ainda é ficção.

Mark Zuckerberg, fundador e presidente executivo do Facebook, revelou no início deste ano que seu desafio para 2016 será montar um assistente de IA para ajudá-lo a cuidar de sua casa e trabalho. Para isso, vai ensinar o programa a entender sua voz e a reconhecer rostos de amigos que frequentam sua residência para facilitar sua entrada. “O sistema inteligente precisa adquirir muita informação do ambiente. Vai depender de quanto o sistema consegue obter de dados relevantes sobre sua vida e seus hábitos”, explica Tonidandel. Ele lembra, no entanto, que ferramentas como Facebook e Google reúnem enorme quantidade de informação a respeito de seus usuários, o que torna isso possível.

De toda forma, na sua avaliação, no curto prazo, Zuckerberg ainda não conseguirá programar ações relevantes. Contudo, o advento da Internet das coisas – integração de objetos, utensílios domésticos à rede mundial de computadores – já permite a realização de buscas por receitas culinárias, alerta para o horário de tomar um medicamento ou aviso de que o leite no refrigerador está acabando. “Não estou dizendo que é impossível. Apenas que essas tecnologias precisam de mais tempo para se aprimorarem. Robôs que participam da competição (internacional) RoboCup @Home realizam tarefas que até pouco tempo muitos achavam impossível, como fazer compras, abrir a geladeira e servir cerveja a uma pessoa. Mas esses robôs ainda não são seguros e eficientes para um ambiente real de uma casa ou escritório”, esclarece.

Avanços como os descritos pelo professor já fizeram com que a inteligência artificial migrasse das produções de ficção científica – como o filme britânico Ex-Machina – para a realidade. Basicamente, trata-se de um ou mais programas (algoritmos) que permitem aos sistemas computacionais presentes em robôs ou máquinas tomarem decisões na solução de um ou mais problemas ou chegarem a conclusões de forma autônoma, simulando a capacidade humana de raciocinar.

Robôs para toda obra
Mas, afinal, a ameaça ao homem é real? Para Tonidandel, o mais provável é que as máquinas superem os seres humanos a partir de avanços e cruzamentos entre inteligência artificial e robótica, que permitirão alto desempenho em diversas tarefas cotidianas. “Não tenho dúvida que um robô poderá, no futuro, dirigir um carro, lavar uma louça, cortar a grama, fazer colheita ou mesmo pintar uma casa melhor que os seres humanos. Não vejo isso como algo ruim, apenas precisamos aprender a qualificar a sociedade para trabalhar com esses robôs”, completa.

Tal segurança, contudo, não é consenso. Um grupo de 700 cientistas divulgou uma carta em janeiro de 2015 sobre os benefícios da IA, incluindo um alerta sobre a necessidade de “evitar suas armadilhas”. Stephen Hawking, que fala por meio de um computador devido a uma paralisia causada pela doença de Charcot, declarou, em dezembro de 2014, que esse tipo de tecnologia pode evoluir com muita velocidade e superar a humanidade. “As formas primitivas que já temos são muito úteis. Mas acredito que o desenvolvimento de uma inteligência artificial completa poderia acabar com a raça humana”, afirmou.

Para Tonidandel, esse cenário só se confirmaria caso houvesse máquinas capazes de saber tudo sobre economia, política, saúde, segurança etc., não apenas de executar tarefas. “Não faz sentido criarmos um robô que faz tudo. Para cada uma dessas tarefas, teremos um robô específico. Assim, não teriam capacidade de atuar contra a população”, defende.

Mesmo descartando os receios gerados pela IA, o professor da FEI faz companhia aos cientistas que adotam as três leis da robótica, criadas pelo escritor russo e bioquímico Isaac Asimov, na obra “Eu, robô”, de 1950, que reúne nove contos de ficção científica e inspirou o filme de 2004, protagonizado por Will Smith. São elas: 1ª) um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que esse sofra algum mal; 2ª) um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que entrem em conflito com a primeira lei; 3ª) um robô deve proteger sua própria existência, desde que isso não entre em conflito com a primeira e/ou a segunda lei. “Ainda não conseguimos implementar as três e teremos que garantir isso antes de criarmos robôs superinteligentes”, reconhece.

Por enquanto, a inteligência humana ainda leva vantagem na disputa com a artificial. A primeira vez que uma máquina superou o homem foi em 11 de maio de 1997, quando Garry Kasparov sentou-se com o supercomputador IBM Deep Blue para uma última partida de xadrez e foi derrotado. Era a segunda vez que os dois se enfrentavam, e a máquina só levou a melhor porque foi reprogramada especificamente para derrotar o campeão russo, usando jogadas de diversos mestres enxadristas e uma análise detalhada de jogos anteriores de Kasparov.

Deborah Moreira

Eles têm entre 17 e 28 anos. A maioria é da cidade de São Paulo e boa parte é oriunda de escola pública. Esse é o perfil do estudante que cursará a segunda turma de Engenharia de Inovação no Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), cujas aulas começaram em 15 de fevereiro último. Dos 409 inscritos, 30 foram aprovados no processo seletivo para a graduação e 25 se matricularam. Desses, nove vêm de escolas públicas, sendo três de Escolas Técnicas Estaduais (Etecs). No segundo semestre, haverá novo processo seletivo para 30 vagas.

“Esse é um novo perfil do estudante do Isitec que está se desenhando e acredito que tenhamos obtido com a nossa metodologia, que neste ano fez uma avaliação mais fina e acabou captando esses jovens. Diferentemente da primeira turma, bastante heterogênea, a de agora é formada em sua maioria por jovens e muitos vindos de escolas técnicas de excelente qualidade”, explica José Luís Marques López Landeira, professor de Laboratório de Linguagens do instituto e responsável pela elaboração do vestibular. Selecionados a partir da soma do teste de análise de aptidtão lógica online, do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de prova de análise e interpretação de linguagens com 20 questões de múltipla escolha e uma redação, preparadas e aplicadas pelo Isitec, todos contam com bolsas de estudo custeadas pelo SEESP, entidade mantenedora da faculdade, e ajuda de custo de R$ 500,00.

Diretor de graduação, José Marques Póvoa lembra que o critério foi o mesmo de 2015, porém ressalta: “Aprendemos muito com a primeira turma e fizemos mudanças. Elas nunca podem acabar, porque senão vira um curso tradicional.” Quem atesta a importância dessa evolução é João Marcos Sales Oliveira, 18, que foi da primeira turma da graduação em 2015. Ele desistiu do curso em outubro último, depois de enfrentar dificuldades de adaptação à Capital paulista, já que vem de longe, de Rondônia. “As intempéries de deslocamento para o Isitec, somadas às dificuldades do curso e à saudade da família falaram mais alto”, justifica. Quando voltou à sua cidade, o arrependimento bateu: “Precisei prestar novamente o vestibular e faria outra vez se fosse necessário”, assegura Oliveira, também aprovado no processo seletivo atual.

O perfil
Oliveira reúne características que foram bastante valorizadas no exame deste ano. “Queremos um estudante que consiga compreender o que ouve, o que lê e que relacione as aprendizagens entre si e com o mundo em que vive”, conta Landeira. Também não pode ser somente voltado à aplicação de cálculos. “Leonardo da Vinci era engenheiro, assim como Manoel Bandeira. Precisa ter sensibilidade para dialogar com todas as questões”, completa o professor.
Quem também tem esse perfil é Thais Martins Rego, 20 anos. Moradora da zona sul de São Paulo, estudou em escola pública e não fez cursinho. “Todos na família ficaram felizes, principalmente meu tio, que fez matemática, mas sempre quis ser engenheiro”, conta Martins, que será a primeira engenheira da família. Thais Dornelas Mariano Rodrigues Meireles, 28, por sua vez, afirma que desde os 17 anos quer ser engenheira. “É a oportunidade da minha vida”, enfatiza ela, que já é formada como tecnóloga em alimentos e em curso técnico de segurança do trabalho.

Meireles se encantou com a “proposta desafiadora”. “Além da nova experiência com o aprendizado, vamos ser profissionais para um mercado bastante promissor”, avalia. Após três tentativas de ingressar na área e dois anos de cursinho, Lincoln Luiz Victorio Filho, 21 anos, é outro ingressante. Quando soube do Isitec pela mãe que é metroviária, logo se interessou. “Sempre quis fazer engenharia e havia tentado outras faculdades. Consegui entrar no curso de mecânica, na Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo), há 1,5 ano. Quero tentar manter junto com o Isitec”, conta. O estudante diz estar um pouco assustado com a nova metodologia, cuja dinâmica depende, em suas palavras, “de os alunos correrem atrás dos conteúdos”. Mas garante: “Quero ficar. Esse tipo de desafio que eu precisava.”

A nova metodologia não intimidou Sandor Fleury Pereira, 19 anos, que fez escola pública federal e passou também no vestibular da Universidade Federal do ABC (UFABC). No entanto, preferiu a graduação do Isitec. “O curso é genial. No ensino médio sempre estudei sozinho. É muito chato. Aqui (no instituto) a dúvida é sempre de um grupo, que procura resolver conjuntamente. É diferente de tudo o que me falavam sobre uma faculdade”, exclama, lembrando que os professores estão sempre disponíveis. Completamente envolvido, ele entrou para a turma dos que não conseguem sair no horário. “Quando vejo, já são oito da noite.” Fleury acrescenta: “Agora sei que é isso que eu quero: ser engenheiro de inovação, poder trabalhar em diferentes áreas ou numa indústria de um produto que não é propriamente material, mas tenha valor para as pessoas, para a construção de uma sociedade melhor”, conclui.

Saiba como foi o primeiro dia de aula, que contou com a presença do presidente do SEESP, Murilo Pinheiro. 

Rosângela Ribeiro Gil

A participação feminina na engenharia vem aumentando ao longo das duas últimas décadas. A constatação está no estudo produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 2014 para o SEESP. O trabalho indica que em 1995 as mulheres representavam 11% do total de profissionais do Estado; em 2005, já eram 15%; em 2008, 17%; e em 2013, alcançaram o patamar de 19%.

Apesar de ser uma categoria ainda majoritariamente masculina, em termos relativos, o aumento da ocupação feminina no período equivaleu a 128%, ante 72% da masculina. Para o presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, essa é uma notícia alvissareira, pois indica “maior igualdade de gênero na profissão”. Movimento também identificado pela diretora da Delegacia Sindical em Rio Claro, Lígia Marta Mackey: “Os empregos formais das mulheres na nossa área estão em crescimento. Estamos conquistando o espaço e o respeito que merecemos.”

A engenheira civil Renata David Scarabello também percebe esse incremento no País – para ela, um bom motivo para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. “Provamos a cada momento que somos capazes e inteligentes”, constata. Na sua ótica, decididamente a engenharia não é uma profissão masculina. Mackey concorda. A estudante de Engenharia Elétrica Renata Ornelas Guenaga reforça a posição, dizendo que a atividade é para quem gosta de ciências exatas e de muitos desafios, e o gênero não define isso.

Apesar dos avanços, nem tudo são flores ainda. De acordo com relatório de Desigualdade de Gênero divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em 2014, os indicadores brasileiros colocam o País entre os mais desiguais do mundo (acompanhado de Japão e Emirados Árabes), no grupo dos que fizeram investimentos importantes na educação das mulheres, mas não conseguiram remover as barreiras à participação delas no mercado. A professora Marta Bergamin, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP), especialista na área de trabalho e gênero, diz que os dados são inegáveis. “É pior para a mulher negra.”

Com 33 anos de experiência na área, a presidente da Delegacia Sindical do SEESP no Grande ABC e vice-prefeita de Diadema, Silvana Guarnieri, atesta que ainda existem problemas, principalmente com relação aos salários ofertados às mulheres. Ela acredita que a predominância do sexo masculino no setor se deve a uma condição cultural do País, mas que a situação está mudando. “A mulher tem um perfil dinâmico, sempre se posiciona com relação aos seus direitos e deveres, portanto pode atuar, com mérito, onde quiser”, ressalta.

Discriminação
A engenheira agrônoma e diretora da Delegacia Sindical do SEESP em Piracicaba, Fabiane Becari Ferraz, que atua em consultoria ambiental, nunca viu a profissão como eminentemente masculina e não teve qualquer problema durante os estudos. Ela sentiu o peso do preconceito na hora de entrar no mercado de trabalho. “Deixei de ser contratada por ser mulher”, conta. Na sua visão, muitas vezes a discriminação maior vem do colega de profissão. “Já participei de reunião com outros engenheiros em que parece que você fica invisível”, lamenta. Ferraz não consegue explicar a causa desses percalços e arrisca dizer que algumas pessoas teimam, ainda, em não reconhecer a competência do gênero feminino. O machismo é tão naturalizado que, como constata Bergamin, as próprias mulheres não conseguem identificar a discriminação que sofrem. “Sequer podem se afirmar como feministas, porque isso, na sociedade brasileira, parece radical demais”, salienta.

Suzie Helena Herrera, engenheira eletricista de planejamento da Companhia Piratininga de Força e Luz (CPFL) e diretora da Delegacia Sindical do SEESP em Campinas, relata que optou pela área em razão da liberdade financeira que proporciona. “Tenho condições de me manter sozinha com o meu trabalho, sem depender de ninguém”, explica. Há 27 anos na profissão, ela endossa que não é fácil para a mulher entrar nesse mercado e alcançar reconhecimento. “Infelizmente, só comecei a ser mais respeitada com o passar do tempo. Quando me formei, tinha 24 anos, e os homens não me respeitavam como profissional.” Ela critica o fato de ainda existirem poucas gerências e coordenações de engenharia ocupadas por mulheres.

Ciente dos desafios que enfrentará para entrar no mercado de trabalho, a estudante de Engenharia de Inovação do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec) Juliana Akai destaca: “Muitas engenheiras são consideradas incapazes de participar de projetos apenas por serem mulheres e tem até resistência na hora da contratação pelo fato de que, em caso de gravidez, a licença-maternidade é necessária.” Todavia, Akai prevê um mundo profissional melhor, deixando para trás qualquer resquício de “guerra dos sexos”. E convoca: “Imagino que um ‘toque’ mais humano na engenharia é essencial.”

01/03/2016

Engenheiro XXI

Atuar em prol da sociedade
“Engenharia para pessoas.” É dessa forma que o estudante Leandro Santiago Gonçalves, 33 anos, define a engenharia do século XXI. Cursando o segundo ano de Engenharia Civil na Universidade da Cidade de São Paulo (Unicid), ele observa que além de estudar muita matemática, cálculo e estar preparado para solucionar problemas numa obra ou empresa, o futuro profissional deve ter como foco central o ser humano e o meio ambiente. Santiago sugere às universidades se preocuparem também com a formação social e cultural do estudante da área. “Precisamos entender o nosso papel e ter como objetivo principal o bem-estar da sociedade.”

Novo paradigma
Santiago saúda o SEESP pela criação do Núcleo Jovem Engenheiro. “Infelizmente, o estudante tem uma imagem distorcida do sindicalismo. Fui apresentado ao Sindicato dos Engenheiros pelo núcleo e comecei a mudar o meu paradigma sobre essa atividade.”
A partir do contato com o núcleo, ele agora participa regularmente das suas atividades de organização e vê como essa relação pode ajudar o estudante da área a entender melhor o mercado de trabalho, assim como as lutas da categoria. “Conhecendo os nossos direitos, podemos até cobrar um ensino melhor das faculdades.” E acrescenta: “O ‘engenheirando’ vai poder utilizar tudo aquilo que aprendeu com o sindicato quando estiver trabalhando na área, inclusive nos mínimos detalhes, como fazer um currículo e um projeto individual, até como se valorizar profissionalmente.” Com essa visão, Santiago sugere a criação de uma disciplina optativa na grade curricular dos cursos de engenharia sobre sindicalismo.

Mercado e qualidade
Ele constata que o mercado de trabalho está muito exigente. “A gente observa que há muitas vagas, mas as empresas estão mais seletivas e querem um profissional com dois anos de experiência, ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) já assinada no Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). Essa é a maior dificuldade do recém-formado, ‘furar’ essa barreira”, lamenta.
O estudante da Unicid também fala sobre as críticas à baixa qualidade dos profissionais formados: “Acredito que esse problema é geral, de todas as gradua­ções, e que a saída é investir mais e melhor na educação de base – os ensinos fundamental e médio.”

Estudar um idioma é preciso
Fluência em uma língua estrangeira é fundamental para o profissional ser competitivo no mercado de trabalho. Ciente disso, o SEESP mantém convênios com diversas escolas de idioma. Uma das opções para aprender inglês é a 4 English. O curso é online, e a plataforma de ensino é utilizada em mais de 30 países. Com mil horas de conteúdo multimídia interativo, é considerado o melhor custo-benefício do mercado, com planos a partir de R$ 89,90. Telefone (11) 3090-1234 e no site www.4english.com.br. Descontos especiais aos associados.
Outra dica é a Wise Up, que oferece curso de inglês em 18 meses para adultos, nas suas unidades na Capital, no Interior de São Paulo e em outros estados. Telefones (11) 5103-3443 e 7938-5766, com Rose Andrade, e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e em www.wiseup.com/escolas-de-ingles . Desconto de 20% nos pagamentos até o dia 5 de cada mês.
A Life Idiomas é uma alternativa em duas unidades, em São Bernardo do Campo, para cursos de inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e português para estrangeiros. Telefones (11) 4330-3038 e 4109-7373,
e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e no site www.lifeidiomas.com.br . Descontos de 20% a 32%.
O sindicato tem outras parcerias com bons descontos, como com o Mackenzie Language Center (10% não cumulativo nas mensalidades); a Mandarim Escola de Língua Chinesa (de 10% e 20%); o Centro Cultural Brasil Itália (10%); a Fisk (30%) e outros. Confira mais informações e relação das escolas conveniadas.

Qualificação
Falar em público
A Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI) está com inscrições abertas para o curso destinado aos profissionais de engenharia, que visa desenvolver a habilidade de expressão oral e corporal por meio de técnicas básicas de apresentação em público.
A atividade será na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, na Rua Verbo Divino, 1.488, 3º andar, na Capital. Associados ao SEESP têm 15% de desconto. Mais informações pelo telefone (11) 5180-2316 ou
e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Formando a turma, o curso será realizado no dia 8 de abril próximo, das 8h30 às 17h30.

01/03/2016

Canteiro

Unidade sindical prevalece em reunião em Brasília
Para importante vitória na reunião do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social, realizada em 17 de fevereiro, em Brasília, a unidade de ação sindical foi decisiva. Mostrou que não interessa, no momento, a discussão da reforma da Previdência Social, muito menos a quebra de quaisquer direitos dos trabalhadores.
Nesse sentido, as entidades sindicais reafirmaram a necessidade da implantação, como política econômica, dos sete pontos constitutivos do documento “Compromisso pelo desenvolvimento”, lançado em dezembro último. Posição endossada pelo vice-presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Carlos Bastos Abraham, presente à reunião: “Queremos a recuperação da atividade econômica, com a geração de emprego. Precisamos de um plano de contingência imediato para cortar a onda de desemprego, ponto mais crucial neste momento.”
Conduzindo os trabalhos do fórum, que ocorreram excepcionalmente no Palácio do Planalto, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, declarou que o governo estava agregando à agenda o tema da previdência, mas destacou que as discussões sobre a retomada do crescimento terão continuidade.
Para o movimento sindical, as propostas em busca de um ciclo virtuoso que gere emprego e renda são a prioridade. A FNE, em sintonia com os demais integrantes do fórum, segue firme em defesa do desenvolvimento. “São essas medidas que fortalecerão todo o movimento da engenharia”, avaliou Abraham. O fórum foi criado pelo governo, no ano passado, e é integrado pelo setor empresarial, sindicatos e os ministérios do Trabalho, da Fazenda, do Planejamento e da Indústria.

SEESP participa de fórum de debate inclusivo
O Núcleo Jovem Engenheiro e o setor de Oportunidades e Desenvolvimento do sindicato foram convidados a participar do 1º Fórum de Debate Inclusivo no Mundo do Trabalho, no dia 16 de fevereiro último, na Universidade Nove de Julho (Uninove), na Capital.

Mariles Carvalho, do setor de Oportunidades, falou sobre o papel do sindicato e como esse pode ajudar o profissional na inclusão no mercado de trabalho. Já Marcellie Dessimoni, do núcleo, abordou o tema “Juventude e o mercado de trabalho”, com foco nos desafios encontrados na inclusão, conceitos sobre dados estatísticos e programas governamentais que atendem a essa necessidade social. O evento foi organizado pela coordenação de Saúde e dos alunos da turma de pós-graduação em Psicologia organizacional da universidade.

PL sobre iluminação pública
Atendendo solicitação da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) apresentou no dia 17 de dezembro de 2015 o Projeto de Lei nº 795 que trata de importantes questões de interesse da população, dos municípios e da indústria nacional sobre iluminação pública.

O PL determina o compartilhamento de postes pelas prestadoras de serviço público com os municípios, define os circuitos de iluminação pública como parte integrante de sistemas de distribuição e institui diretrizes para o serviço, inclusive a que faça uso racional de energia elétrica – alterando para tanto a Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001. Para que o projeto de lei seja aprovado, é fundamental que as entidades representativas dos municípios e da indústria reconheçam o alcance da proposta e se mobilizem, atuando junto ao Congresso Nacional.

Nova edição do Cresce Brasil discutirá cidades
A diretoria da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), reunida em 16 de fevereiro, em Brasília, discutiu, entre outros temas, a nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, cujo tema será “Cidades”. A ideia é fazer um diagnóstico dos problemas comuns às médias e grandes cidades brasileiras pertinentes à engenharia. Com a colaboração de especialistas nos diversos temas e o debate a ser realizado em várias localidades, serão elaboradas propostas para melhorar a vida das pessoas nas cidades e obter desenvolvimento local. A primeira mesa-redonda com dirigentes da entidade e consultores que colaborarão com a iniciativa estava marcada para 1º de março, em São Paulo. O material deve estar pronto até julho para que seja debatido com a sociedade e os candidatos a prefeito nas eleições deste ano.

Palestras em Taubaté
A Delegacia Sindical do SEESP em Taubaté, continuando a sua programação de atividades regulares para os profissionais da área, realizou a palestra sobre “Bombas anfíbias e aeradores submersos”, em 18 de fevereiro, na sua sede. A atividade atraiu bom número de interessados e contou com as informações do especialista Rafael Sotero, da empresa Higra, referência nesse segmento há mais de 40 anos.

Resíduos sólidos
Sobre o tema “Gestão e tecnologia do solo e resíduos sólidos – guia para avaliação do potencial de contaminação em imóveis”, a próxima palestra será ministrada pela engenheira Maria Judith Marcondes Salgado Schmidt, no dia 17 de março, às 19h, também na sede da delegacia (Rua Venezuela , 271, Jardim das Nações, Taubaté/SP). Mais informações pelos telefones (12) 3633-5411 e 3633-7371 ou e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Em meio a esse tumultuado início de 2016, o Brasil teve uma boa notícia em 11 de janeiro último, quando foi sancionado o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei 13.243). O marco legal, que foi proposto por vários deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados e aprovado em plenário no ano passado, é um incentivo a esse setor que, com ou sem crise, é fundamental ao desenvolvimento nacional.

Entre os principais pontos da lei, está o incentivo à pesquisa; a isenção e a redução de impostos para importação de insumos nas empresas do setor; a simplificação de processos licitatórios; e a ampliação do tempo máximo que os professores universitários poderão se dedicar a projetos de pesquisa e extensão. Em princípio, as novas regras devem propiciar cooperação mais efetiva entre a academia, as instituições públicas de pesquisa e as empresas, o que é uma demanda urgente do País. Pois é preciso produzir o conhecimento, mas também transformá-lo em geração de riqueza e bem-estar à população.
Para os engenheiros que, engajados ao projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, vêm, desde 2006, afirmando a necessida­de de que se coloque o desenvolvimento de C, T & I entre as prioridades nacionais, a novidade é certamente alvissareira. O tema foi tratado na publicação mais recente do projeto, intitulada “Novos desafios”, em que se apontava precisamente a necessidade de se eliminar entraves jurídicos nesse campo. Conforme mostra o documento, “inovação é um território complexo, que envolve incertezas, riscos e custos elevados”. Portanto, “cabe às políticas públicas bem concebidas e executadas a mitigação desses constrangimentos, dando suporte aos projetos inovadores das empresas e facilitando suas relações com as instituições de ciência e tecnologia”.

Juntamente com o aprimoramento das regras do setor, defende o “Cresce Brasil – Novos desafios”, é preciso ampliar o investimento público e privado em C, T & I, chegando-se a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) para que o avanço seja concreto. Reivindica-se também a ampliação e o aprimoramento de bolsas de estudos como as do programa “Ciência sem fronteiras”, visando a melhoria da formação dos nossos estudantes, sobretudo nas áreas tecnológicas.

Por fim, a medida também deve ser saudada por acenar para um rumo que busca tirar o Brasil da situação econômica grave em que se encontra, destoando das chamadas medidas “de ajuste”, que só tendem a piorar as condições de vida do povo. Quiçá o novo marco legal, juntamente com a não elevação da taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em 20 de janeiro, seja o prenúncio da mudança de rota que almejamos para que haja uma retomada do desenvolvimento do País.

Newton Guenaga Filho

A situação da Usiminas vai de mal a pior, mas isso não foi uma grande surpresa para quem vem acompanhando o decorrer dos fatos, principalmente em 2015. No início do ano passado, houve o abafamento do alto-forno nº 1 das usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão. Na campanha salarial (data-base em 1º de maio), a empresa procurou os sindicatos para propor um acordo de redução de jornada com redução de salário. Em setembro último, foi desligado o laminador de chapas grossas da usina de Cubatão. Como consequên­cia, em 29 de outubro, a Usiminas anunciou o resultado do terceiro trimestre de 2015: um prejuízo de R$ 1 bilhão (acumulando no ano quase R$ 2 bilhões). Se não bastasse isso, a companhia informou sobre o desligamento dos equipamentos e setores da metalurgia primária da usina de Cubatão, ocasionando demissão em massa de trabalhadores, próprios e terceirizados. Tudo isso sob a justificativa de que o mercado está estagnado – o que já se observava em 2014. Sindicatos se mobilizaram, fizeram protestos contra as dispensas e manifestação pacífica foi reprimida pela polícia militar aquartelada na usina. O Poder Executivo da cidade de Cubatão caçou alvarás de funcionamento da usina, mas a companhia obteve liminar para manter a operação. E por aí vai.

Como efeito cascata, fábricas e empresas do polo de Cubatão que dependiam da usina anunciaram o encerramento de suas atividades. A Usiminas, “ponta de lança”, emprega mais de 40% da mão de obra da região.

Quem gera o lucro também paga pelo prejuízo, ou seja, o trabalhador. Por mais que a empresa e os sindicatos procurem medidas mitigatórias do impacto que vão causar as demissões – iniciadas em 19 de janeiro –, o ônus à Região Metropolitana da Baixada Santista será elevado.

Procuradas, as autoridades legislativas e executivas de São Paulo pouco fizeram ou estão fazendo para resolver a situação (com exceção da Prefeitura de Cubatão). Diferentemente do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, que teve a iniciativa de convocar a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), com problemas semelhantes, e articulou reunião com as entidades sindicais. O Ministério Público do Trabalho não pode impedir que a empresa encerre as suas atividades, mas atua como mediador nas ações para mitigar o impacto das demissões em massa.

É muito triste ver que São Paulo, verdadeira locomotiva desta nação, não vai mais produzir aço, ficando agora dependente de outros estados ou de aquisições do exterior. Necessitamos de uma nova realidade para a Baixada Santista, com alternativas que gerem emprego na nossa região e não caminhos para fora do País, do Estado ou da cidade, podendo ser até o caminho dos “fretados”.


Newton Guenaga Filho é presidente da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista

Soraya Misleh

“Um desastre anunciado.” Assim o promotor de justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), classifica a ruptura da barragem do Fundão em 5 de novembro último. Em funcionamento desde 2008 e em obras para ampliação de sua capacidade, o empreendimento da Samarco Minerações pertencente ao Complexo Germano-Alegria, no município de Mariana (MG), era considerado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) como de dano potencial alto, mas risco baixo. As causas do rompimento de uma barragem com essa característica ainda estão sendo investigadas, e a expectativa, segundo Ferreira Pinto, é que a análise seja concluída em dois meses. Os indícios são de que houve falhas técnicas e no controle e comando do Estado.

“Houve uma série de erros, desde a implantação da barragem. O órgão ambiental concedeu licença de instalação sem que fosse apresentado projeto executivo. Significa dar um cheque em branco ao empreendedor, uma grave omissão do Estado, cuja fiscalização da obra também não funcionou, por falta de estrutura. São mais de 700 barragens em Minas Gerais e apenas dois técnicos para fiscalizar, situação que se repete em todo o País. Também não havia um plano de ação de emergência.” Essas ações estão previstas na Lei Federal nº 12.334/2010, que instituiu a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB).

Em 2013, a Samarco requereu renovação da licença de operação (LO) do complexo, que incluiria a ampliação da capacidade da barragem (alteamento). O MPMG solicitou então ao Instituto Prístino laudo técnico. Apresentado em 18 de outubro daquele ano, esse alertava para a possibilidade de colapso da estrutura. Uma das razões era a proximidade entre a barragem do Fundão, para disposição de rejeitos de minério de ferro da Samarco, e área pertencente à Pilha de Estéril União, da Mina de Fábrica Nova da Vale S/A – em que se acumulavam rochas sem minério. “Notam-se áreas de contato entre a pilha e a barragem. Esta situação é inadequada para o contexto de ambas estruturas, devido à possibilidade de desestabilização do maciço da pilha e da potencialização de processos erosivos. Embora todos os programas atuem na prevenção de riscos, o contato entre elas não é recomendado pela sua própria natureza física. A pilha de estéril requer baixa umidade e boa drenagem; a barragem de rejeitos tem alta umidade (...)”, indica o documento, que recomendou a apresentação de estudos “sobre os possíveis impactos do contato entre as estruturas”, bem como que a Superintendência Regional de Regularização Ambiental Central Metropolitana (Supram-CM) se manifestasse “tecnicamente sobre a segurança da interação entre os empreendimentos”. O laudo  fundamentou parecer do MPMG, datado de 24 de outubro de 2013, no qual tais recomendações são reiteradas e é proposta a inclusão de uma série de condicionantes relativas à garantia da segurança da obra para revalidação da LO. Entre elas, a realização de “monitoramento geotécnico e estrutural periódico dos diques e da barragem, com intervalo máximo de um ano entre as amostragens”.

Questionada a respeito, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), por intermédio de sua assessoria de imprensa, afirmou: “A barragem do Fundão estava com o licenciamento em dia e todas as condicionantes foram cumpridas. Foi auditada em julho de 2015 e o relatório foi entregue à Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) em setembro.” Segundo o órgão, a conclusão foi pela estabilidade da estrutura, mas com recomendações quanto à “estabilidade física”. “O cronograma para implantá-las iniciou-se em 10 de setembro com previsão para conclusão entre 31 de dezembro de 2015 e 31 de dezembro de 2016.” A barragem, ainda conforme a Secretaria, havia sido fiscalizada pela Feam em outubro de 2014. “Estava no planejamento da fundação outra vistoria para dezembro deste ano.” A assessoria do órgão destacou, todavia, que a responsabilidade legal pela segurança das barragens é do empreendedor.

Cortes na engenharia
Para o professor Carlos Barreira Martinez, coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma série de fatores levou ao desastre, cujo gatilho seria a sequência de pequenos abalos sísmicos ocorridos poucas horas antes. Criticando também a falta de fiscalização pelo Estado e atribuindo-lhe responsabilidade, contudo, ele é categórico: “Se o esquema construtivo fosse outro, existe a possibilidade de que esse evento catastrófico não acontecesse.” A referência é à técnica adotada pela Samarco para ampliação da capacidade da barragem do Fundão, denominada “alteamento a montante”. Embora seja prevista em norma, para Martinez, não deveria ter sido utilizada nessa obra. “Como engenheiro, eu não recomendaria. Seria a jusante, mais apropriada para esse caso.” Especialista em segurança de barragens, o engenheiro civil Daniel Prenda de Oliveira Aguiar concorda e explica: “Nesse processo (a montante), a barragem original recebe um novo aterro, avançando para dentro do reservatório em relação ao dique de partida, com a finalidade de acumular mais materiais. É utilizado como base de suporte o próprio rejeito, após um processo de drenagem e compactação. Mesmo tomando todas as medidas de controle e segurança durante a obra, esse processo não é recomendado devido ao risco que oferece. As chances de ocorrer percolação (infiltração) de água pela interface entre os sucessivos alteamentos é alta. Com isso, pode ocorrer desestabilização do maciço e perda da capacidade de suporte da fundação. Esse já é um importante fator de risco.” Associado a tal fato, Aguiar assevera que “as barragens de terra e enrocamento são naturalmente mais suscetíveis a erosões internas, sendo necessário um bom sistema de impermeabilização interna e filtragem para rebaixamento do lençol freático, ou seja, impedir que a água infiltre internamente à estrutura de terra. No método aplicado, dificilmente se consegue isso, tendo que se confiar somente nos filtros. O de alteamento a jusante é considerado o mais seguro, porém, por ser também o mais caro, raramente é aplicado”.

Também especialista em segurança de barragens, o engenheiro civil Euclydes Cestari Junior informa que a economia com o método adotado é da ordem de 70%. Mas pondera: “A engenharia utiliza essa técnica com sucesso. O problema é que você tem que ter uma gestão da operação da barragem. Não pode ser feito sem critérios técnicos.” Embora não veja problemas com a utilização de alteamento a montante, ele frisa que tal obra, que incluía instalação de instrumentos e vinha sendo feita conjuntamente com a manutenção de filtros, requereria cuidados especiais, os quais podem não ter sido tomados. “Se rompeu, é porque houve falha.” Cestari aponta a falta de projeto executivo, verificada pelo MPMG, como uma delas. “Talvez a empresa tenha ficado apenas com o básico para economizar”, o que, atesta ele, compromete a segurança. “É como levantar um prédio de dez andares. Se fizer com critérios técnicos, não vai acontecer nada. Agora, se levantar um de três andares sem isso, vai cair. Está se economizando na engenharia. É preciso contratar profissionais com acervo técnico, com renome, e isso custa. O Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) tem que ser mais rigoroso, tem que fiscalizar e punir empresas que fazem as coisas sem engenharia.”

Para Cestari, os abalos sísmicos por si só não representam riscos. “Na região de Paraibuna (SP), tem vários e tem a barragem da Cesp (Companhia Energética de São Paulo). Toda vez que ocorre um, os técnicos inspecionam. Nas barragens em que há gestão de segurança, nada acontece.” O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) divulgou boletim em que informa que a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) identificou seis tremores de terra de baixa magnitude (de aproximadamente 2,5 graus na Escala Richter) próximos à mineração Samarco, entre Catas Altas e Bento Rodrigues, na data. Esses pequenos abalos, segundo o comunicado, “não são incomuns no Brasil e mesmo em Minas Gerais (...). Ocorrem praticamente todos os dias. (...) Normalmente, tremores de magnitude três ou menores não causam danos diretamente em estruturas e construções e são sentidos apenas levemente”. Engenheiro de segurança do trabalho, o vice-presidente do SEESP, Celso Atienza, enfatiza: “Não é algo que podemos chamar de acidente. Com certeza, já havia sinais de problemas na estrutura. Um rompimento não ocorre de uma hora para outra, dá avisos.” Ele critica ainda a falta de um plano de ação de emergência.

A barragem de Germano, parte do complexo, pode ter sido afetada e estar em risco. A imprensa divulgou imagens aéreas de trincas no empreendimento, inclusive com danos na estrutura de aproximadamente três metros de comprimento. “Se há tal trinca, é preciso fazer reparos para ontem, urgentemente”, salienta Cestari. A Semad admite as trincas, mas afirma que “estão sendo monitoradas e não comprometem sua estrutura de imediato”.

O rompimento da barragem do Fundão atingiu até o momento cerca de 40 cidades entre Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo laudo técnico preliminar do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com graves impactos ambientais, econômicos e sociais, atingiu diretamente 663,2km de corpos hídricos, ao lançar no meio 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos, e 16 milhões de m3 continuam a ser carreados a jusante e em direção ao mar. Em 27 de janeiro, vazamento de rejeitos acumulados acendeu novo sinal de alerta em Mariana. “O desastre continua em curso”, conclui o laudo do Ibama.

É o que evidencia visita feita pela reportagem do JE em 17 de dezembro último a um dos locais mais atingidos – o subdistrito de Mariana, Bento Rodrigues, onde morreram 17 pessoas e 82% das edificações foram destruídas. Um mês e meio após a catástrofe, o cenário era de “terra arrasada”. A população – no total, 600 habitantes – ainda está em abrigos provisórios.

Soraya Misleh

O ano de 2016 começa com dois anúncios preocupantes: a possibilidade das reformas previdenciária e trabalhista. Diante desse cenário, o movimento sindical precisa se unificar e se articular para brecar possível retirada de direitos e avançar em sua pauta pela retomada do crescimento e desenvolvimento. A análise é do jornalista e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho. Nesta entrevista, ele aponta as tarefas prioritárias dos trabalhadores em meio a crise política e estagnação econômica.

A conjuntura em 2015 se mostrou bastante complexa. Qual o balanço e as perspectivas de mudanças para este ano?
O ano de 2015 foi marcado pela instabilidade política e estagnação da economia. A despeito dessa conjuntura desfavorável, com recessão, desemprego voltando a crescer, ausência de investimentos, queda no consumo, os trabalhadores conseguiram razoavelmente brecar a investida patronal. O que caracterizou algum retrocesso foi a aprovação das MPs 664 e 665 (relativas ao ajuste fiscal), mas com seus efeitos perversos suavizados. Os trabalhadores conseguiram, no embate político, reduzir muito seu impacto e arrancaram uma conquista importante: a flexibilização do fator previdenciário, conhecida como fórmula 85/95. Conseguiram também assegurar a política de recuperação do salário mínimo e a regulamentação do trabalho doméstico, bem como segurar no Senado a votação da regulamentação da terceirização. As crises política e econômica continuam, e em 2016 há uma mudança preocupante. A presidente Dilma recentemente declarou à imprensa que vai encarar a reforma da Previdência, um indicador muito ruim, e o novo ministro da Fazenda (Nelson Barbosa) fala em reforma trabalhista. A contradição é que o governo no ano passado propôs e o Congresso aprovou a flexibilização do fator previdenciário, além do PPE, programa de proteção ao emprego. Isso permitiu a redução da jornada com redução do salário, mas compensando parte disso com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), uma medida para não flexibilizar de forma permanente as relações do trabalho, e agora o ministro da Fazenda, cuja trajetória é mais desenvolvimentista, fala em reforma. Isso é preocupante e nos assusta muito, vai neutralizar algumas resistências que seriam naturais se a proposta partisse do ministro anterior, Joaquim Levy. É um ano que vai exigir das entidades sindicais muita capacidade de resistir e de formulação de questões voltadas à retomada dos investimentos e do crescimento econômico.

Esses são os desafios para os trabalhadores e o movimento sindical?
O movimento sindical tem que retomar rapidamente um trabalho de formação política, de formação de quadros e de debates de temas do mundo do trabalho, do funcionamento das instituições e informar como resistir a essa investida em bases neoliberais que se anuncia muito fortemente e se vale da fragilidade momentânea do governo em função das crises econômica e política. O governo está centrado mais em pacificar sua base e para isso, pode ser que faça concessões inaceitáveis ao mercado em outras circunstâncias. Um ajuste nas contas públicas é necessário, mas é preciso fazer com desenvolvimento sustentável, inclusão social e sem perda de direitos. Tem aspectos que podem ser enfrentados, como a possibilidade de tributar grandes fortunas, heranças, lucros e dividendos, em lugar de retirar direitos dos trabalhadores.

A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e o SEESP têm defendido que haja uma pauta positiva para o governo, que não se paralise o País, mas que se fale em desenvolvimento e crescimento para se combater a crise. Como você vê isso?
Com extrema simpatia. É exatamente isso que o governo deve fazer. Em lugar do corte de despesas que prejudica os trabalhadores, os mais humildes, canalizar para a retomada do crescimento, o que gera inclusão social, renda e estanca a investida dos setores mais conservadores. Essa medida que os engenheiros tiveram participação importante, com o “Cresce Brasil”, assim como a reunião com o governo exigindo a retomada do crescimento, é extremamente importante e uma sinalização de que os setores voltados à produção – parte do empresariado e os trabalhadores – estão com outra agenda. O governo vê com simpatia e deve aproveitar essa oportunidade, mas tem discussões de ordem fiscal com pouca margem para isso.

Além de resistir a uma reforma trabalhista, teria espaço ao movimento sindical avançar nas suas pautas históricas dentro do Congresso?
A margem é muito pequena. Mas se queremos preservar os direitos, temos que trabalhar para ampliá-los. Agora, se não houver uma ação unitária forte, o risco é muito grande, porque o governo não tem mais margem fiscal para impedir a investida dos empresários e está dividido em relação a esse tema. Além disso, a bancada sindical está um pouco menor. Tem que reforçar e ampliar o trabalho de articulação junto aos poderes no sentido de resistir a essa ideia e retirar esses temas negativos da pauta.

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