Jéssica Silva - Comunicação SEESP
Neste 6 de maio é celebrado o Dia do Engenheiro Cartógrafo. No Brasil são 1.659 profissionais da modalidade registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), que atuam diretamente com geoinformação. Natália Estevam, engenheira cartógrafa há nove anos, conta sua história e visão da profissão em entrevista ao SEESP. “O curso é ofertado em pouquíssimas universidades”, expõe. Para ela, o papel da engenharia cartográfica é, em conjunto com as outras engenharias, auxiliar na tomada de decisões, seja por projetos topográficos, de meio ambiente e delimitações de áreas.
Há quanto tempo é formada em engenharia?
Me formei no final de 2009 e atuo na área desde fevereiro de 2010. Trabalhei durante quatro anos e meio com processamento de dados laser, posteriormente, por sete meses, com software para atualização cadastral de prefeituras e, há dois anos e meio, estou atuando com geomarketing, área em que fiz uma especialização em inteligência de mercado.
O que a levou à engenharia cartográfica?
Engenharia Cartográfica não era a minha primeira opção. Desde os 16 anos estava decidida a cursar Meteorologia e tinha certeza que era isso que queria. Para não depender apenas de um vestibular, fiz a inscrição em Engenharia Cartográfica na Unesp (Universidade Estadual Paulista), sabendo que poderia, nesse caso, fazer uma especialização em Meteorologia. Não passei no curso que sempre quis, mas descobri a Engenharia Cartográfica. Nos primeiros meses do curso aprendi quais eram as atividades exercidas por um cartógrafo e, nesse momento, tive certeza que havia escolhido a profissão certa.
Hoje o Brasil tem 1.659 engenheiros cartógrafos. É um número relativamente pequeno se comparado a outras áreas da engenharia. Qual sua visão sobre isso?
São vários fatores que podem rotular a Engenharia Cartográfica como uma ramificação menos conhecida. Fui a Colômbia a trabalho e os engenheiros de lá tinham muita curiosidade sobre a Engenharia Cartográfica, já que em alguns países existem o geodesista e o cartógrafo separadamente. Portanto, em nosso país é que somos desconhecidos, mas alguém já se perguntou como funciona os sistemas de localização no celular? E como os mapas disponíveis tão facilmente na internet surgiram? Outro ponto é que o curso é ofertado em pouquíssimas universidades por ser relativamente caro de se manter. Mas um terceiro ponto pode tornar a área mais forte e mais visível. Até algum tempo atrás existiam os cursos de Engenharia Cartográfica e de Engenharia de Agrimensura. Com o surgimento das novas tecnologias, observou-se que um curso estava se integrando a outro, daí surgiu a Engenharia Cartográfica e Agrimensura.
Qual é a importância desse profissional para a engenharia, a sociedade e o País?
Em conjunto com as outras engenharias, seu papel é auxiliar na tomada das decisões, seja por projetos topográficos, de meio ambiente, delimitações de áreas. Os projetos topográficos auxiliam na aprovação de um projeto executivo de grandes obras, por exemplo hidrelétricas, rodovias, parques eólicos, loteamentos, entre outros. A utilização de uma boa base cartográfica na validação de projetos executivos minimiza as chances de acidentes e erros. Na área ambiental são identificados pontos de desmatamento irregulares, pragas etc.. Em relação às delimitações, podemos citar o pagamento mais justo dos impostos. Nas cidades, a identificação de construções irregulares e o planejamento urbano são exemplos da importância do serviço prestado por um cartógrafo.
A engenharia ainda é vista como uma profissão majoritariamente masculina. Em torno de 15% apenas dos profissionais registrados ao Crea são mulheres. Qual sua visão sobre essa questão?
Na minha turma na faculdade 10% eram mulheres, mas esta realidade está mudando. As turmas posteriores contavam com mais mulheres ano após ano. A Engenharia Cartográfica, assim como outras, está perdendo esse rótulo de majoritariamente masculina, porém isso leva algum tempo, o bom é que já estamos nesse processo. Sempre fui respeitada como profissional, afinal, conquistei meu diploma com empenho, assim como todos os engenheiros.
Aqui no SEESP temos o Núcleo Jovem Engenheiro, que auxilia o recém-formado e estudante em sua participação no mundo do trabalho e sindical. Por ser jovem, você teve algum desafio na Engenharia Cartográfica?
Acho essa experiência essencial na vida dos futuros engenheiros. Na Unesp, em Presidente Prudente, onde me formei, existe agora uma empresa júnior do curso de Engenharia Cartográfica. Hoje faço parte da diretoria da Abec-SP (Associação Brasileira dos Engenheiros Cartógrafos do Estado de São Paulo) e, junto com os outros membros, temos o desafio de tornar a nossa profissão mais visível e mais respeitada.
Para você, o que é ser uma engenheira cartógrafa?
É, em primeiro lugar, respeitar o trabalho de outro profissional, fazer o meu melhor e fornecer serviços e produtos que colaborem na engenharia, proporcionando melhorias ao País.