Comunicação SEESP*
No domingo (27/4), entidades sindicais e movimentos sociais chamaram a atenção da sociedade para a dura realidade envolvendo a saúde e a segurança dos trabalhadores na segunda edição do encontro “Ato e canto pela vida”.
A mobilização, que faz menção ao 28 de abril, Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho, aconteceu na Praça Memorial Vladimir Herzog e Espaço Cultural a Céu Aberto Elifas Andreato, na capital paulista, dentro da programação do tradicional encontro cultural e gastronômico “Todo mundo tem que falar, cantar e comer”, que acontece no local todo último domingo do mês.
O ato contou com a apresentação musical do grupo Paulinho Timor e Os Inimigos do Batente e almoço no sistema “quem pode, paga; quem não pode, pega”, com feijão tropeiro preparado pelos “cozinheiros da liberdade”.
Foto: Jorge Araújo
A mobilização culminou na divulgação de um manifesto elaborado pelas mais de 70 entidades organizadoras – entre elas o SEESP – com 14 pontos centrais para a implementação de um sistema eficiente de saúde e segurança aos trabalhadores.
“A violência do trabalho no Brasil tira a vida de um trabalhador ou de uma trabalhadora a cada três horas em decorrência de acidentes preveníveis e evitáveis”, destaca o texto do manifesto. Entre as ações defendidas para se combater essa triste conjuntura está o fortalecimento das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Assédio (CIPAs), do Sistema Único de Saúde (SUS) e da auditoria fiscal do trabalho.
O documento inclui ainda o fim da escala 6x1, a democratização do processo de registro de condições de trabalho, acidentes e doenças, e a garantia de um sistema previdenciário que respeite os direitos constitucionais sociais dos trabalhadores adoecidos ou acidentados.
Confira o manifesto na íntegra aqui
“Uma das nossas missões principais é dar visibilidade para esse adoecimento, para o impacto do trabalho na vida das pessoas. Em 2024, o sistema de saúde registrou cerca de 150 mil acidentes. Mesmo sabendo que há uma subnotificação, é um número importante”, destacou a coordenadora estadual da Saúde do Trabalhador de São Paulo, Simone Alves dos Santos, durante as falas no evento.
Os registros se dão apenas no mercado de trabalho formal, conforme destacou o diretor de Conhecimento e Tecnologia da Fundacentro, Remígio Todeschini, não contabilizando profissionais sem carteira assinada. “É bom recordar que a primeira norma da OIT [Organização Internacional do Trabalho] contra a acidentalidade foi a redução da jornada de trabalho para oito horas. E já nos anos 1930 havia proposta de redução. Não podemos voltar para trás”, frisou.
Para João Scaboli, do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat), falta gestão nas empresas. “Prevenção e políticas são necessárias”, destacou. “Neste 28 de abril temos que refletir e reafirmar nossa luta; por mais que pareça árdua, ela nunca será em vão. Porque enquanto houver vida, sempre haverá esperança e uma razão para seguir em frente”, ressaltou a coordenadora do Fórum Nacional das Centrais Sindicais em Saúde dos Trabalhadores, Cleonice Caetano Souza.
O SEESP colaborou para a realização do evento e marcou presença no ato representado pelo vice-presidente Fernando Palmezan Neto.
Ato e canto pela vida teve início com apresentação musical do grupo Paulinho Timor e Os Inimigos do Batente. Fotos: Rita Casaro
Almoço no sistema “quem pode, paga; quem não pode, pega”, com feijão tropeiro preparado pelos “cozinheiros da liberdade"
O vice-presidente do SEESP Fernando Palmezan Neto (à esquerda) deu entrevista à Agência Sindical durante o evento
*Com informações da Fundacentro e Oboré Projetos Especiais.
Vladimir Herzog presente!
Rodolfo Lucena e a edição especial de "Lampião": Foto: Auris Souza/SindimetalEncerrando o ato político, o jornalista Rodolfo Lucena reverenciou a memória de Vladimir Herzog. Ele contou a história de quando os estudantes da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Fabico/UFRGS) foram proibidos de homenagear o jornalista morto sob tortura pela repressão durante a ditadura militar, dando seu nome à sala do diretório acadêmico.
Em 6 de novembro de 1975, a placa chegou a ser pendurada, mas foi retirada por militares no dia seguinte, antes que a cerimônia de inauguração acontecesse. Passados 50 anos do episódio, em 8 de abril último, uma nova finalmente foi instalada na Fabico para celebrar a memória de Vlado.
O relato completo dessa batalha histórica está no “Lampião”, publicação censurada pela ditadura ainda nos anos 1970, na edição especial lançada neste mês de abril, sobre os 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog. O jornal impresso, com quatro páginas em formato standard, foi distribuído por Lucena aos participantes do Ato e Canto pela Vida.