Em 2013, quase a totalidade das campanhas salariais da categoria já se encerrou – e com a garantia de ganhos reais sobre os vencimentos, a maior parte de 2,5%. O principal termômetro foi o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), segundo o qual a inflação acumulada entre 1º de maio de 2012 e 30 de abril de 2013 ficou em 5,37% (período considerado para data-base em 1º de maio, predominante na categoria; para 1º de junho, o percentual foi de 5,11%). O reajuste somou, na média, 8%.
O saldo revelou o acerto na análise que indicava perspectiva positiva para as negociações neste ano. A despeito do baixo crescimento econômico, durante o seminário de abertura do processo, em abril último, especialistas apontaram o cenário propício a bons acordos e convenções coletivas de trabalho. Com uma conjuntura sindical no Brasil extremamente favorável e o saber negocial acumulado pelo SEESP ao longo dos anos, confirmou-se a expectativa de que em 2013 se obtivesse resultado semelhante ao de 2012 – melhor ano da história da entidade.
Destacando essa vitória pelo segundo ano consecutivo, o advogado Jonas da Costa Matos, coordenador do Departamento Jurídico do sindicato, lembra ainda que foram mantidas cláusulas econômicas e sociais conquistadas anteriormente em todos os segmentos. Entre elas, as relativas à atualização e qualificação profissional, com liberação do trabalho de 12 dias por ano sem prejuízo da remuneração para participação de cursos, seminários, congressos técnicos; elevação do percentual para pagamento de horas extras; verba para bolsa de estudos, entre outras.
Na avaliação de Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do SEESP, os resultados se devem à unidade da categoria, sua capacidade de organização, luta e interlocução. “Isso faz com que espelhemos o ano passado”, ressalta. Ele salienta também que na campanha, “sempre pensamos na saúde da empresa e do engenheiro”, cuja valorização mútua é essencial. “Uma coisa está relacionada a outra”, diz. Ainda de acordo com sua visão, o balanço positivo aponta o acerto do sindicato nessa compreensão e em apostar no diálogo para avanços e superação dos desafios enfrentados.
Até o fechamento desta edição, haviam sido firmados ou aprovados 15 acordos com companhias tanto do setor privado quanto público, além de três convenções – com os representantes patronais Fiesp (indústria), Fecomércio (comércio) e Sinaenco (consultoria). Cerca de 100 mil engenheiros no Estado de São Paulo serão contemplados – de um universo de quase 200 mil. Além de aumento real sobre os salários, houve ganhos também sobre os benefícios em várias empresas, como auxílio-creche, gratificação de férias, vale-refeição, vale-alimentação ou cesta básica e outros. Em alguns casos, inclusive, significativamente superiores a 2,5%. Na média, os reajustes sobre esses itens variaram entre 10% e 15%. Na Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), situaram-se entre 10% e 21,5%. Na estatal, o acordo foi fechado após a empresa melhorar, em audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), sua contraproposta, inclusive quanto às cláusulas econômicas. O impasse havia motivado greve da categoria no dia 4 de junho último.
Merece ênfase a conquista na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Com data-base em 1º de março, os engenheiros alcançaram, após termo aditivo ao acordo, assinado em 21 de junho, reajuste total de 8,56% (5,91% relativo à reposição da inflação do período mais 2,5% de aumento real), além de PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários), com as devidas adequações nos vencimentos, e pagamento do piso do engenheiro. Também na Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), cujo acordo foi aprovado em assembleia no dia 9 de agosto, o salário mínimo profissional foi conquistado. Assegurado pela Lei 4.950-A/66, sua garantia é uma luta e reivindicação constante do SEESP nas negociações coletivas. Em empresas em que a categoria já tinha Plano de Cargos e Salários, como a Companhia Metropolitana de São Paulo (Metrô), houve o compromisso de sua adequação. Após dificuldades em avançar, o acordo com essa estatal foi definido em reunião no TRT no dia 3 de junho, na qual esteve presente inclusive seu presidente, Peter Walker.
Vitória importante a salientar se deu também na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Após assegurar em audiência no TRT no dia 1º de agosto percentual de 8,01% sobre os salários de maio de 2013 (portanto, com aumento real), também ficou estabelecida a continuidade de negociação sobre o piso profissional e o reconhecimento da existência de 235 engenheiros no quadro funcional – até então, a CET só admitia haver um.
Processo em curso
Com data-base em 1º de junho, continuam as negociações com as energéticas Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), AES Tietê e AES Eletropaulo. Na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), foi assegurada a data-base, e as negociações devem ser iniciadas em breve.
Além da CET, em algumas empresas com data-base em 1º de maio, seguem estudos sobre itens específicos da pauta de reivindicações. Na Sabesp, por exemplo, foi estabelecida em acordo a contratação de empresa especializada para equalizar os vencimentos a partir de fevereiro de 2014, em contraposição aos atuais salários regionais; o Plano de Cargos e Salários; adicionais de insalubridade e periculosidade; plano de saúde; auxílio-creche; e fornecimento de cesta de Natal em dezembro de 2013 no mesmo valor da cesta básica.
Ainda com data-base em 1º de maio, não foi encerrada a campanha na Valec. E no caso do Sinduscon (construção civil) e Sinicesp (construção pesada), o SEESP ingressou na Justiça com dissídio coletivo de trabalho. Já na Telefônica, com data-base em 1º de setembro, a primeira rodada de negociações está prevista para o próximo dia 29 de agosto.
Por Soraya Misleh
O Projeto de Lei 2.126/11, que institui o marco civil da internet, pode ser votado no Plenário da Câmara dos Deputados ainda neste mês. Em audiência pública realizada no dia 7 de agosto naquela casa, em Brasília, representantes da sociedade civil e o relator da proposta, deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), defenderam sua apreciação o quanto antes.
Promovida pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, a sessão se deu mediante requerimento dos deputados federais Antonio Imbassahy (PSDB-BA) e Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG). O objetivo seria prestar esclarecimentos e discutir o tema, face à denúncia recente de esquema de espionagem de usuários da rede no Brasil pelo governo dos Estados Unidos – feita pelo ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional daquele país, Edward Snowden.
Além da garantia de liberdade de expressão e neutralidade da rede, a privacidade dos internautas é considerada um dos pilares do projeto, visto por especialistas como vanguarda em âmbito internacional. Na audiência – em que se expressaram divergências quanto a alterar ou não o texto em tramitação e sua importância –, Molon afirmou que os três pontos principais são inegociáveis.
A ênfase não é gratuita. A proposta enfrenta ameaças e pressões que podem tanto mudar sua configuração como levar ao adiamento da votação – como já ocorreu várias vezes. Eduardo Neger, presidente executivo da Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Internet (Abranet), destaca: “Alguns parlamentares apresentaram mudanças de última hora sem discussão, em dois pontos. Um no que diz respeito à neutralidade da rede, que para nós é a essência do marco civil. O segundo é quanto à obrigatoriedade de as empresas que prestam serviços de internet armazenarem no País as informações dos usuários. O tema foi pouco debatido, então achamos que não deveria ser incluído no projeto.”
O que está em jogo
Sérgio Amadeu, professor da UFABC (Universidade Federal do ABC) e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil, explica que existem dois grandes lobbies que têm impedido sua aprovação do modo como foi gestado. “Um é das operadoras de telecomunicações e outro, da indústria de copyright.” Segundo ele, os primeiros não querem que a internet continue funcionando com garantia de neutralidade da rede. Quem ensina é Renata Mielli, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé: “Hoje, você pode subir ou baixar um vídeo, navegar no youtube, assistir um filme, fazer uma transação bancária ou compra. As empresas de telecomunicações querem mudar o modelo de negócios da internet para vender pacotes de serviços, para algo muito semelhante à TV por assinatura, em que você tem o pacote básico, o megaplus” etc.. Com isso, ilustra, o usuário teria acesso a um determinado serviço a depender do que fosse contratado. “Por controlarem os cabos, eles querem deixar de ser neutros em relação aos fluxos de informações. Isso para nós é inaceitável, porque vai mudar completamente o modo como funciona a internet”, atesta Amadeu.
Já os detentores de direitos autorais, explica ele, “querem evitar que as pessoas continuem a compartilhar dados”. Com esse intuito, conseguiram a inserção de última hora de um parágrafo no artigo 15 que “permite a remoção de conteúdo sem ordem judicial quando se tratar de suposta violação de copyright”. O artigo em questão trata da liberdade de expressão. Para assegurá-la, determina que provedores não podem ser responsabilizados civilmente por conteúdos gerados por terceiros, e só terão que retirá-los do ar mediante ordem judicial. Com a mudança no texto – que, segundo o relator do PL, teria atendido pedido do Ministério da Cultura, em função de “temores” manifestados pela indústria de direitos autorais –, fica estabelecida a “censura privada”, conforme aponta o professor da UFABC.
Ele lembra que o PL foi resultado de ampla discussão em todo o Brasil, recebendo 2 mil contribuições em sete audiências públicas e mais duas rodadas de consultas. “Chega a ser até agressivo [fazer uma alteração como essa na reta final].” Considerando a medida um retrocesso, Pedro Ekman, do Coletivo Intervozes, alertou durante aula pública sobre o marco civil realizada em São Paulo, no dia 23 de julho: “O mecanismo funciona para além da proteção do direito autoral. O próprio artista às vezes não consegue postar sua música ou vídeo porque a gravadora não deixa.” Pior ainda, na sua concepção, é que a inclusão do parágrafo reabre a possibilidade de uma crítica política ser proibida em nome do “direito autoral” – por exemplo, quando se usa algum trecho para realizar o debate democrático. “A lei permite esse uso, mas, na dúvida, se alguém reclama, o youtube retira”, exemplifica.
Na análise de Mielli, é fundamental haver mobilização contra essas alterações e riscos e pela votação do marco civil. Ekman conclui: “Sua aprovação é extremamente importante para se tentar entender a internet como um espaço fundamental de comunicação, e não como um simples negócio.” De acordo com ele, com a convergência digital, quem controlar os cabos vai controlar toda a comunicação que se fizer no mundo. “Isso é decisivo para o futuro da democracia.” Rita Freire, da Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada, resume: “Toda vigilância é pouca e toda pressão é necessária.” Como parte da mobilização, em 22 de agosto, está marcada uma plenária do FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação) em Brasília.
Por Soraya Misleh
Na sua 19ª edição, a Semana de Tecnologia Metroferroviária reunirá operadoras, dirigentes empresariais e profissionais para debater questões relacionadas à mobilidade urbana nas grandes cidades. Organizado pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp), o encontro terá como tema principal “Os desafios da mobilidade sustentável”.
Durante o evento, que acontece de 10 a 13 de setembro próximo, no Centro de Convenções Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 596), na Capital, haverá apresentação de trabalhos técnicos com a abordagem de modernas práticas de gestão, inovações tecnológicas e a aplicação de novas metodologias de trabalho.
Em debate, a necessidade de efetivar projetos essenciais ao setor, tais como a implantação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, e ampliar a participação do setor público e da iniciativa privada no financiamento dos projetos de expansão da malha metroferroviária do País.
Para mais informações sobre o evento, inclusive sobre os valores para participação, entrar em contato pelo telefone (11) 3287-4565 ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. A programação completa está no link http://migre.me/fFUxe. As inscrições podem ser feitas no site www.aeamesp.org.br.
LINS
Unilins (Centro Universitário de Lins)
Site: www.unilins.edu.br
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Telefone: 0800 771 3200
• MBA em Engenharia de Produção. O objetivo do curso é aplicar modelos de planejamento, controle e coordenação da cadeia produtiva baseados na tomada de decisão em planos de negócios; a administração da cadeia de suprimentos (Supply Chain Management), discutindo sinergias de transporte, produção e vendas e sistemas de qualidade; além de consolidar a visão dos participantes sobre os múltiplos aspectos da distribuição, que condicionam muitos pontos importantes do desenvolvimento da automação integrada de processos. Carga total de 400 horas. Vinte e quatro parcelas de R$ 390,00, com desconto de pontualidade até o dia 10 de cada mês; ou
R$ 433,34.
SÃO PAULO
VDI – Brasil (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha)
Site: www.vdibrasil.com.br
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Telefone: (11) 5180-2316
• Seminário “Liderança e gestão de projetos para engenheiros”. O evento acontecerá no dia 18 de setembro, das 8h30 às 17h30, na AHK (Câmara Brasil--Alemanha), na Rua Verbo Divino, 1.488 – 3º andar – São Paulo/ SP. O objetivo desse workshop é oferecer aos gestores e equipe os conceitos e ferramentas para levá-los a buscar novas alternativas e colocar seus planos de ação em prática, acompanhando seu progresso e mantendo o compromisso com os resultados desejados. Valor: R$ 650,00. Para associados à VDI, R$ 450,00; AHK, R$ 550,00; e Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, R$ 585,00 (inclui material didático, dois coffee breaks, almoço e certificado de participação).
Instituto Butantan
Site: www.butantan.gov.br
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Telefone: (11) 3066-8701
• MBA em Gestão da Inovação em Saúde. É o curso inédito que o Instituto Butantan, unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e maior centro de pesquisas biomédicas da América Latina, está oferecendo a vários profissionais da área médica, de direito e biológica, entre eles os engenheiros biométricos. As inscrições foram prorrogadas até o dia 30 de agosto. São 60 vagas disponíveis, o curso tem duração de 18 meses e visa capacitar recursos humanos para transformar pesquisas científicas em práticas inovadoras e produtos em saúde, com benefícios à população. As informações sobre inscrições e processo seletivo estão no link www.butantan.gov.br/mba.
SOROCABA
Unesp (Universidade Estadual Paulista)
Site: www.unesp.br
E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Telefone: (15) 3238-3400, ramais 3483 e 3403
• Pós-graduação em Ciências Ambientais. As inscrições estarão abertas de 16 a 30 de setembro, exclusivamente pela internet, para os cursos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unesp de Sorocaba. O objetivo é formar profissionais na área de concentração de diagnóstico, tratamento e recuperação ambiental, contribuindo para a formação qualificada de recursos humanos e para o desenvolvimento científico-tecnológico do País. As informações sobre o edital do processo de seleção podem ser obtidas no link http://migre.me/fGIUA.
Campinas prepara palestras para o segundo semestre
A Delegacia Sindical do SEESP em Campinas está organizando uma série de palestras para este segundo semestre. Os eventos começam no dia 29 de agosto com o tema “A telepresença como ambiente de comunicação e educação”, com o professor e engenheiro Gilberto Oliani, diretor de educação a distância e tecnologias de informação e comunicação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No dia 26 de setembro, entra em pauta “Sustentabilidade em empresas”, com apresentação de Adriana Leles, gestora de sustentabilidade e assessora de diretoria da Sociedade de Água e Abastecimento de Campinas (Sanasa). Em 8 de outubro, o médico Francisco Vianna Oliveira Filho falará sobre “Longevidade e saúde”, “Novidade da medicina regenerativa”, “Medicina ambiental” e “Intoxicação por metais pesados e tóxicos ambientais”.
Os eventos são gratuitos e serão realizados na sede da delegacia (Avenida Júlio Diniz, nº 605, Jardim Nossa Senhora Auxiliadora), sempre a partir das 18h. Mais informações pelo telefone (19) 3368-0204.
Engenheiros participam de ato unificado na Prefeitura de São Paulo
Valorização imediata do servidor público municipal. Essa foi a reivindicação do ato que reuniu engenheiros e demais categorias de nível universitário da Prefeitura Municipal de São Paulo, em frente à sede da administração, no dia 6 de agosto. Os profissionais querem a recomposição das perdas salariais dos últimos dez anos e um plano de carreira. Durante o protesto, uma comissão de funcionários foi recebida pelo assessor especial Christy Ganzert Pato e pelo coordenador da assessoria de Relações de Trabalho da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão (Sempla), Walter Mesquita Hupsel. Eles informaram que a questão ainda está em estudo.
Para a delegada sindical do SEESP, Cyra Malta Olegário da Costa, que participou da manifestação, é preciso somar forças com os demais profissionais. “Sofremos a mesma desvalorização”, ressalta.
Outro item reivindicado é o estabelecimento de um piso salarial para todas as carreiras de nível universitário, tomando-se como base o dos engenheiros, conforme a Lei 4.950-A/66, que é de nove salários mínimos para jornada de 40 horas semanais.
SEESP defende atividades da categoria junto ao Crea-SP
O presidente do sindicato, Murilo Celso de Campos Pinheiro, entregou ao presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), Francisco Kurimori, no dia 9 de agosto, documento solicitando ao órgão que tome as providências cabíveis para assegurar aos engenheiros o exercício das atividades a eles atribuídas pela legislação.
O alerta foi provocado pela Resolução nº 51 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), de julho de 2013, que define, em seu artigo 2º, as atribuições que são privativas desses profissionais, entre as quais: projetos arquitetônico de edificação ou de reforma, urbanístico e de parcelamento do solo mediante loteamento, de sistema viário urbano, de arquitetura paisagística e de acessibilidade, iluminação e ergonomia em edificações e no espaço urbano; e ainda a coordenação de equipes de planejamento urbano ou de regularização fundiária.
Pinheiro observa que a matéria traz incumbências coincidentes com as dos engenheiros, previstas na Lei 5.194/1966, que dispõe em seu artigo 7º sobre as atividades e atribuições do profissional da categoria, como o planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária; e estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica.
Carreira de Estado para engenheiro é aprovada em Comissão do Senado
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou, no dia 7 de agosto, o relatório da senadora Ana Amélia (PP/RS), favorável ao Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 13/2013, que acrescenta parágrafo único ao artigo 1º da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, caracterizando como essenciais e exclusivas de Estado as atividades exercidas por engenheiros, arquitetos e engenheiros agrônomos, ocupantes de cargo efetivo no serviço público federal, estadual e municipal. Segundo informação da Secretaria da Comissão, o texto foi aprovado sem qualquer alteração e segue, agora, para apreciação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa.
Em seu relatório, a senadora gaúcha avaliou que, tendo a perspectiva de um futuro mais próspero para o País, torna-se necessário “cada vez mais contar com esses profissionais, responsáveis pela edificação de uma infraestrutura que permite o desenvolvimento em todos os sentidos, incluída a sustentabilidade e todas as políticas com vistas a levar o Brasil a se tornar um país de primeiro mundo”.
FNE – No dia 15 de julho, o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, havia conversado com a senadora, em Brasília. Na ocasião, ele apontou a importância da aprovação do PLC, de autoria do deputado federal José Chaves (PTB-PE), como forma de valorizar e melhorar as condições de trabalho dos engenheiros.
Estatutários entregam estudo de defasagem salarial a governo paulista
A Associação dos Engenheiros Estatutários do Estado de São Paulo (Assengesp) entregou ao coordenador da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Governo de São Paulo, João Carlos Meirelles, no dia 7 de agosto, documento pleiteando o realinhamento de salários com os engenheiros celetistas e ambientalistas da administração estadual.
Segundo o presidente da associação, Paulo Costantini, para maior clareza das perdas dos estatutários, foi entregue, também, um estudo revelando que em 20 anos, de 1993 a 2013, esses profissionais acumularam perdas salariais superiores a 2.000%.
Em luta para alcançar o pleno desenvolvimento, o Brasil, felizmente, já se deu conta da importância dos engenheiros para cumprir tal meta. Falta agora encontrar a maneira de assegurar a formação dessa mão de obra especializada em quantidade e qualidade suficientes. Um dos problemas a serem enfrentados, a evasão nos cursos de graduação, ganhou novamente destaque a partir da pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que dá conta da desistência antes da conclusão de mais da metade dos alunos. O estudo levou em consideração os ingressantes em 2007, que somaram 105.101. Cinco anos depois, apenas 42,6% desses estavam formados.
Tal quadro é já do conhecimento de educadores e gestores do setor e tem sido objeto de estudos e debates, inclusive no âmbito do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) em 2006. À época, projetando a possibilidade de expansão econômica da ordem de 6%, a entidade estimou a necessidade de formar 60 mil profissionais ao ano. Naquele período, esse número não passava de 30 mil. Com o impulso na economia registrado a partir de 2007, a profissão, que estava no ostracismo, voltou a ganhar destaque e cresceu o interesse dos jovens pela carreira. Segundo o censo do Ministério da Educação (MEC), em 2011 formaram-se cerca de 42 mil. Ou seja, houve avanços, mas não o suficiente.
O modelo Isitec
Entre causas da evasão, reafirmadas agora pelo levantamento da CNI, estão a deficiência na formação básica dos estudantes em matemática e ciências, a desmotivação provocada pela falta de experiências práticas durante o curso e a necessidade de escolha prematura de especializações. Esse diagnóstico, fundamental para repensar a formação nos cursos de engenharia, foi levado em conta na criação do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), que tem o SEESP como entidade mantenedora e está em fase final de credenciamento junto ao MEC. A previsão é que em 2014 tenha início a primeira turma do curso de graduação em Engenharia de Inovação, que não produzirá especialistas, mas profissionais aptos a atuar em todos os segmentos da economia. A proposta é oferecer sólida formação básica, numa cultura de inovação, com foco na busca de soluções aos desafios da indústria nacional.
Com carga de 4.680 horas, 60 alunos estudarão em período integral. Além de um corpo docente de primeira linha, terão à disposição os mais avançados recursos didáticos e ferramentas de tecnologia da informação. A partir do segundo ano, serão montadas equipes por motivação, que trabalharão em projetos inovadores. Será estimulada a cooperação internacional entre discentes, que irão interagir com grupos de outros países interessados nos mesmos temas. Com o objetivo de assegurar que os alunos tenham condições de acompanhar a proposta pedagógica, haverá um programa inicial com duas linhas de apoio: uma de fundamentos de ciência, matemática e física e outra trilíngue, com capacitação em inglês, português e informática.
Acreditamos ser esse um bom caminho para evitar a evasão e assegurar a formação dos engenheiros necessários ao Brasil.
Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente
José M. Póvoa
O principal desafio que o Brasil deve enfrentar se quiser se transformar em um País efetivamente desenvolvido e com uma economia eficiente e competitiva é preparar-se para a sociedade do conhecimento. Isso passa necessariamente pela capacitação das pessoas. Com o objetivo de atender essa demanda, o SEESP criou em 2011 o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), que tem como principal missão capacitar pessoas, em especial engenheiros, para atuar neste mundo em constante transformação. Tal é, a um só tempo, o desafio da instituição e seu princípio filosófico.
Mesmo antes do início de seu curso de graduação em Engenharia de Inovação, o que está previsto para 2014, e das atividades em educação continuada, o Isitec, consciente de sua missão e compromisso, realizou a partir de 2012 o ciclo de seminários anuais “Junho da Inovação”. É objetivo desses seminários trazer à discussão a sociedade do conhecimento, sistemas de inovação, função social do conhecimento, inovação tecnológica e desenvolvimento sustentável.
Em 2012, o tema central abordado foi “Fronteiras para a inovação”. Esse tema estava coerente com os programas prioritários preconizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Foram apresentados em quatro encontros semanais os seguintes subtemas: gestão da inovação; economia verde; bio e nanotecnologia; e sustentabilidade ambiental nos empreendimentos de engenharia.
Em 2013, entrou em pauta “sustentabilidade e inovação”, trazendo como questão principal “O Brasil pensa e/ou faz inovação?”. Procurando contribuir para essa discussão, tivemos dois conjuntos de palestras: “Educar para a inovação: desenvolvimento, inovação e sustentabilidade” e “Desafios e oportunidades para inovação em energia, água e TI”.
Esses momentos têm sido muito úteis para trazer à reflexão da comunidade os projetos e ações que constroem a inovação através dos conhecimentos científicos existentes e as possibilidades tecnológicas que podem contribuir para variadas demandas sociais que o mundo tem clamado. Essas reflexões têm sido e serão uma ação permanente do Isitec.
Esperamos dar continuidade ao ciclo de seminários “Junho da Inovação”, no futuro, contando com a participação de toda a comunidade Isitec, alunos ou não da Engenharia de Inovação e dos cursos de educação continuada.
José M. Póvoa é diretor acadêmico do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec) – www.isitec.org.br
A sociedade da informação, conectada em redes digitais, discute o seu futuro nos espaços urbanos. Para alguns especialistas, o caminho que se apresenta é o das cidades inteligentes – smart cities, em inglês – ou conectadas ou, ainda, humanas inteligentes. Tecnicamente, Marcelo Zuffo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e coordenador do Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas da mesma instituição, explica que tais localidades necessariamente têm boa infraestrutura de internet e lançam mão de dispositivos eletrônicos, como sensores e atuadores, para aprimorar os serviços urbanos.
O especialista salienta que, com tais instrumentos, é possível criar uma rede orgânica para uma gestão pública eficiente e eficaz na distribuição e consumo de água, no controle da poluição e do gasto de energia, na segurança pública, no combate às drogas, na concentração populacional e nos sistemas de transporte e semafórico. A smart city é um dos 14 grandes desafios designados pela Academia Nacional de Engenharia dos Estados Unidos (National Academy of Engineering), observa o professor. “É uma engenharia intrinsecamente voltada à gestão de serviços públicos.”
Na cidade conectada, o transporte, exemplifica Zuffo, passaria a ter maior fluência. “O dado global de 150 quilômetros de congestionamento em São Paulo serve para quê, sem inteligência agregada?”, questiona. “No entanto, com os sensores e a internet, gera-se, conhecimento para que o poder público ou até mesmo o indivíduo tome decisões. Aqui, entra outra dimensão importante de uma cidade inteligente, ela é interativa e colaborativa”, afirma. Nesse contexto, Zuffo destaca que em São Paulo, o maior município do País, todos os ônibus já são rastreados, conseguindo-se medir, em tempo real, a velocidade de cada um. Ele propõe que tal sistema seja estendido aos táxis e veículos particulares, para se ter uma rede inteligente na mobilidade urbana.
Era industrial
O professor Neri dos Santos, do Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), analisa que o novo modelo surge quase como uma necessidade humana, porque está impossível e insustentável morar em cidades que ainda remetem à era industrial, cujo representante mais evidente é o automóvel. “A preocupação da cidade inteligente é antropocêntrica, ou seja, desenvolver um ambiente para as pessoas terem uma melhor qualidade de vida.”
A mudança das cidades brasileiras, que já abrigam 70% da população nacional, é fundamental para que muitas delas não se inviabilizem e não parem por completo, uma possibilidade concreta, na avaliação de Santos, que prevê o colapso da capital paulista em 2030. Assim, ele defende que o uso e a ocupação dos espaços urbanos sejam resgatados para os fins a que se destinam: moradia, trabalho, deslocamento, diversão/lazer e convivência. “De forma bem objetiva, uma cidade inteligente é aquela onde as pessoas têm a possibilidade de fazer tudo isso no mesmo lugar”, esclarece. E continua: “Elas não podem ter um centro, uma periferia, devem ser policentradas.”
O professor da UFSC diz, ainda, que tal modelo começa a ser gestado a partir de uma política pública deliberada de transpor as cidades para a era do conhecimento. “A sociedade industrial foi de exclusão, a do conhecimento é de compartilhamento.”
A engenharia é componente fundamental para a realização dessa nova vida urbana, que está ligada diretamente às novas tecnologias de comunicação, fazendo com que a informação circule com maior velocidade, consequentemente criando mais conhecimentos. “Os profissionais da tecnologia vão transformar tudo isso em artefatos, em novos meios para permitir que a capacidade humana seja significativamente ampliada e suas limitações superadas.”
Conforme Zuffo e Santos, o Brasil ainda não tem cidades inteligentes, mas apenas iniciativas pontuais. São os casos dos municípios do Rio de Janeiro, que criou um sistema supervisório, com alguns projetos pilotos onde se tenta administrar a questão do lixo, e de São Paulo, com dois ou três sistemas de controle na São Paulo Transporte (SPTrans), na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e no Metrô. E, recentemente, segundo Santos, a Prefeitura Municipal de Florianópolis (SC) colocou no seu Plano Plurianual (PPA) um programa de cidade inteligente.
Por Rosângela Ribeiro Gil
Dois setores essenciais à economia e ao bem-estar da população foram objeto do seminário “Saneamento em xeque, energia em choque”, realizado em Florianópolis, Santa Catarina, em 18 de julho último, pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), em parceria com o Sindicato dos Engenheiros (Senge) daquele estado. Os temas foram escolhidos para inaugurar a nova fase de debates e proposição de ações do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”(INSERIR LINK). O evento integrou o calendário dos três grandes que serão promovidos, visando diagnosticar os atuais entraves aos avanços da economia nacional, conforme ressaltou o presidente da FNE e do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, durante a sessão de abertura. Os próximos deverão ocorrer na Região Norte, incluindo a Amazônia entre os pontos de debate, e em São Paulo. Após essas iniciativas, será lançada, em 2014, publicação com sugestões a serem apresentadas à sociedade e, em especial, aos candidatos a presidente.
A programação na capital catarinense começou pelo debate sobre a matriz energética brasileira e a necessidade de expandir a capacidade instalada. “O consumo de energia per capita no Brasil [atualmente cerca de 2.400 quilowatt/hora/habitante] tem que dobrar para chegar ao padrão da África do Sul. Nos próximos 15 anos, teremos que fazer o equivalente ao que já existe”, relatou o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Pereira Zimmermann.
Para atingir a meta da expansão, afirmou, será necessário alterar a matriz energética brasileira. Segundo ele, embora já estejam em construção as usinas na Amazônia – o grande potencial hídrico nacional ainda disponível –, que somarão em torno de 25 mil MW, será inevitável recorrer a outras fontes. “Vamos migrar cada vez mais para uma base térmica, porque não é possível atender só com hidrelétrica.”
A posição foi corroborada pelo diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. “É preciso mudar o perfil da matriz, tem que agregar energia térmica”, defendeu. Ele propõe que os leilões para geração de energia sejam separados por fonte e também por região. Defendeu especificamente ofertas de térmicas a carvão no Sul do País. Para Chipp, é preciso dar fim ao “dogma” contra o combustível, considerado ambientalmente incorreto, mas usado fartamente na China, por exemplo. “Não é o que vai ser colocado aqui que vai poluir o mundo”, ponderou.
Luis Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), também defendeu a posição: “O carvão brasileiro representa todo o petróleo brasileiro, incluindo o pré-sal; são 7 milhões de TEP [Toneladas Equivalentes de Petróleo], e está intocado.” Segundo ele, 41% da energia elétrica mundial vem dessa fonte. “Não tem sentido falar em mudança climática num país que tem 80% de fonte renovável.”
O senador Delcídio do Amaral (PT/MS) propugnou pela manutenção da matriz “limpa” e criticou as usinas feitas a fio d’água, ou seja, sem os reservatórios que exigem vastos alagamentos, alternativa adotada para os empreendimentos de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, e Belo Monte, no Xingu. “É um discurso bonito, mas se fizer a fio d’água, precisamos de gás, carvão e nuclear também”, sentenciou.
Saúde pública na berlinda
O período da tarde do seminário foi dedicado ao desafio de universalizar os serviços de água e esgoto no País, cuja precariedade é responsável por 9,35% das internações hospitalares na Região Norte e em 2009 matou 1.277 crianças devido a infecções gastrointestinais. Os dados, respectivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Instituto Trata Brasil, foram apresentados por Dante Ragazzi Pauli, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes). Ele apontou ainda as carências a serem superadas para mudar o grave cenário atual: falta chegar água tratada a 20% da população brasileira; coleta de esgoto a 53,8%; tratamento desses resíduos a 62,1%; e instalações sanitárias a 7%.
Cumprir essa tarefa nos próximos 20 anos, informou o engenheiro José Homero Finamor Pinto, superintendente da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), exigirá R$ 268 bilhões. Alcançar esse patamar de recursos significará mais que dobrar os atuais R$ 4,5 bilhões anuais que vêm sendo disponibilizados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além do financiamento, Finamor destacou a importância da gestão do serviço, que precisa de planejamento, regulação e controle social. Na sua opinião, a municipalização do saneamento e, especialmente, a privatização podem levar a aumento de tarifas. “A companhia estadual é a melhor opção, apesar de todos os problemas”, concluiu.
Independentemente de quem detém a concessão dos serviços, é preciso que as cidades elaborem os seus Planos Municipais de Saneamento até o final de 2013 para continuarem a ter acesso à verba federal disponível, o que corre o risco de não acontecer, tendo em vista a carência técnica das localidades, especialmente as menores. “Hoje, o dinheiro à disposição não é gasto. Os projetos são recusados, é uma vergonha. Há problemas de engenharia e de gestão”, disparou Sérgio Antônio Gonçalves, assessor do Ministério do Planejamento.
Por Rita Casaro