Rita Casaro
Murilo Pinheiro, presidente do SEESP reconduzindo ao cargo para a gestão 2026-2029. Foto: Beatriz ArrudaA luta constante em defesa dos direitos dos engenheiros e por conquistas à categoria, missão precípua do SEESP, tem sido travada graças ao trabalho conjunto e esforço unitário da equipe à frente da entidade. Apesar das dificuldades trazidas pela reforma trabalhista de 2017 que criou empecilhos à ação sindical, os planos para os próximos anos são seguir nesse rumo, buscando fortalecimento e inovação, afirma o presidente Murilo Pinheiro, reeleito no pleito virtual, realizado entre 7 e 9 de abril último, para comandar o sindicato na gestão 2026-2029.
Encabeçando a chapa “Trabalho-Integração-Compromisso”, ele recebeu 92% dos votos dos associados para seguir liderando a categoria no mandato que se inicia em janeiro. “A confiança depositada pelos engenheiros aumenta ainda mais a responsabilidade, [assim como] a nossa vontade de, juntos, construir um sindicato melhor, fazer a engenharia mais forte, por mais oportunidades de trabalho e pelo crescimento e desenvolvimento do País”, afirma.
Presidindo a entidade desde 2001, Murilo vem trabalhando pelo sua expansão em número de associados, que já passam dos 60 mil, na capacidade de negociação coletiva e na inserção do SEESP no debate público. Fundamental nessa agenda tem sido a contribuição para o desenvolvimento sustentável e o avanço tecnológico do País, o que se dá principalmente por meio do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), entidade também presidida por ele.
No campo sindical, lidera ainda a Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), que também congrega odontologistas e farmacêuticos.
Engenheiro eletricista, Murilo construiu uma longa carreira no setor elétrico, primeiro na Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e depois na Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), hoje ISA Brasil Energia.
Nesta entrevista ao Jornal do Engenheiro, ele conclama os profissionais a participarem do SEESP. “Venham juntos conosco. Se nós não tivermos o conjunto, se nós não tivermos um sindicato nos defendendo, nos valorizando, teremos muito mais dificuldades”, conclui. Confira a seguir e no vídeo ao final.
Qual o significado e a importância de receber o voto de confiança da categoria para mais um mandato à frente do SEESP?
A confiança depositada pelos engenheiros nessa nossa chapa aumenta ainda mais a responsabilidade, [assim como] a nossa vontade de trabalhar e, juntos, construir um sindicato melhor, fazer a engenharia mais forte, por mais oportunidades de trabalho e pelo crescimento e desenvolvimento do País.
Que avaliação você faz do processo eleitoral, realizado virtualmente, como já tem ocorrido há vários anos, para facilitar a participação dos profissionais?
Na eleição virtual, as pessoas poderiam votar aqui [na sede do SEESP], mas também através do computador. Foi um processo muito leve, muito limpo. E estamos falando do Sindicato dos Engenheiros, temos que estar com a alternativa mais avançada possível na eleição. E nós conseguimos, já há muito tempo, um processo eleitoral bastante transparente, rápido e que dá oportunidade para todos votarem. Cada um com sua senha pode exercitar a cidadania e votar de onde estiver. Isso é muito bom, acho que esse processo cada vez mais vem se consolidando, vem se aprimorando e nos trazendo muita alegria e confiança.
Confira a cobertura do processo eleitoral e conheça o sistema de votação
A chapa 1 se apresentou à eleição com um programa de trabalho que dá sequência ao que vem sendo realizado nos últimos anos. O que você destacaria nesse plano de ação? Quais são os desafios?
O movimento sindical passa por um momento muito difícil. Desde 2017 a gente vem sendo bombardeado o tempo todo, o sindicato sempre é colocado na mídia como um patinho feio. Nós temos sempre uma luta, matar um leão por dia, o tempo todo você está se aprimorando. No ano passado nós fizemos talvez mais de 30 seminários, eventos fortíssimos. E a gente tem que pensar no desafio dos próximos quatro anos, o sindicato precisa inovar também. Nós estamos pensando em convênios com o Estado, a Prefeitura, o Governo Federal e com empresas, nos quais a gente possa contribuir na tecnologia. Estamos pensando na carreira de Estado, que é uma coisa que a gente vem perseguindo há algum tempo para o engenheiro. Nós estamos falando muito do salário mínimo profissional, que é uma realidade, mas muitas vezes precisamos ir nas empresas e mostrar que ele está presente, é verdade, é uma lei. Então tudo isso faz parte de um processo. Nós discutimos muito a valorização profissional. [Por exemplo,] temos que entender que a questão da engenharia tem que ser discutida pelos engenheiros. E a gente não pode abrir mão disso. Muitas vezes, tem discussões que são complicadas... você pega alguém, um promotor, que fala “eu quero saber daquela ponte, o que aconteceu”. Juridicamente, está certo o promotor. Agora, tecnicamente, quem tem que discutir são os engenheiros, saber se aquilo teve algum erro, se tem algum engenheiro que deva ser punido, advertido ou qualquer coisa nesse sentido. Nós temos que estar presentes. Então o sindicato tem como meta, cada vez mais, participar das questões da sociedade, participar efetivamente da discussão. O nosso projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que nasceu lá em 2006, é atual, participativo, está sempre presente nas nossas discussões. Nós apresentamos propostas factíveis para todas as áreas, desde meio ambiente, saneamento, transporte, energia, habitação, alimentação, quer dizer, toda a área da engenharia. Nós abrimos o nosso sindicato para contribuir para um Brasil melhor, mais justo, com mais oportunidades e com o crescimento e desenvolvimento. Então isso tudo faz parte do nosso programa, que é de unidade, seriedade, de estar presente nas grandes discussões e poder contribuir com elas. Recentemente, nós apresentamos à Prefeitura um projeto de lei que fala sobre Engenharia de Manutenção. É uma coisa bem interessante. Nós estamos discutindo também de que forma podemos contribuir com o BIM (Building Information Modeling), um projeto que estamos colocando para a engenharia, para as empresas, para os governos. Então o sindicato, através dos seus núcleos – de transporte, de energia, de saneamento, de habitação, Núcleo Jovem Engenheiro e da Mulher Engenheira –, tenta cada vez mais se inserir na sociedade, mostrar que não é uma conversa que fica só entre nós, é para a sociedade, para o cidadão brasileiro. Nós temos o orgulho, a vontade e a determinação de ajudar tanto na área do crescimento e desenvolvimento quanto na de oportunidades. Essa é a nossa meta para esses quatro anos, nos quais teremos muito o que fazer. Obviamente, muito o que corrigir, muito o que acertar.
Você mencionou, entre as iniciativas, os núcleos Jovem Engenheiro e da Mulher Engenheira. Por que a aproximação com a juventude e a busca por diversidade na profissão são estratégicas?
Cada vez mais, nós estamos apostando no jovem e nas mulheres. A questão do Núcleo Jovem é uma coisa bem forte para nós. Nós começamos com um grupo pequeno, hoje já fez dezenas de palestras em universidades. Nós estamos mostrando cada vez mais que o jovem pode contribuir, e muito, para um sindicato fortalecido, com ideias mais firmes, mais novas, a partir das quais a gente possa contribuir cada vez mais com a engenharia nacional. Então o Núcleo Jovem traz para a gente a certeza de que, com a juventude e com a experiência daqueles que já estão aqui há algum tempo, nós podemos fazer um sindicato mais atuante, mais participativo e mais presente nas questões da sociedade. E quanto ao Núcleo da Mulher, eu acho que toda vez que nós temos a contribuição feminina, ela é muito mais focada, muito mais engajada, muito importante para todos nós. A participação da mulher nesse contexto todo traz a certeza de que a gente pode, juntos, fazer um sindicato mais forte, mais presente, com mais foco e com mais inteligência sindical. O Núcleo da Mulher é uma realidade aqui dentro, e a gente faz questão de comemorar a participação da engenheira cada vez mais no dia a dia do sindicato. Então a nossa intenção é que nós tenhamos daqui para a frente cada vez mais diretoras, engenheiras fazendo parte do sindicato e cada vez mais alunas entrando na universidade para fazer engenharia. Eu acho que tudo isso faz parte de uma mudança fundamental que todos nós precisamos no Brasil e principalmente na engenharia brasileira.
Conheça o plano de ação da equipe “Trabalho-Integração-Compromisso”
Como você disse, foram muitas as dificuldades geradas pela reforma trabalhista de 2017. Como tem sido, diante disso, a batalha para manter todo esse universo de atuação, que inclui a representação coletiva, a prestação de serviços aos associados e as iniciativas que contribuem com a sociedade?
De fato, é um esforço muito grande. Hoje o nosso sindicato é um dos maiores do Brasil, mas há dificuldades, sem dúvida, para manter o dia a dia. Então isso faz com que a gente vá buscar participação, parcerias, vá atrás de montar projetos. Ao engenheiro que não faz parte do sindicato, eu gostaria de dizer que venha participar conosco, que venha entender que somente no conjunto é que a gente resolve. Quando saímos da universidade, muitas vezes nós temos a impressão de que teremos que ser um pouco mais egoístas e pensar na gente. Eu acho que é um ledo engano. Se nós não tivermos o conjunto, se nós não tivermos um sindicato nos defendendo, nos valorizando, teremos muito mais dificuldades. E acho que na unidade, todos nós, juntos, podemos contribuir cada vez mais. Nós falamos sempre da engenharia unida. E o que é? Pegar os sindicatos, as associações, a academia, as empresas, o conselho profissional, na verdade, toda essa categoria e juntar. Agora, um sindicato forte necessita da participação dos engenheiros, que precisam entender, tanto profissionais liberais quanto empregados, que a entidade pode contribuir e muito para o crescimento e desenvolvimento deles, das empresas e do País. O nosso sindicato conseguiu, nesse período todo, estar presente pela luta diária, pela dedicação de cada diretor e empregado que nos ajudou a fazer um SEESP cada vez mais forte. Isso nos dá a certeza do caminho certo, porque nós estamos juntos. Então venham juntos conosco fazer parte do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo. Venham aqui conversar conosco, nos ajudar, falar o que está errado, para que a gente possa corrigir e fazer cada vez mais.
Assista ao vídeo da entrevista