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Cresce Brasil - Retomar engenharia nacional para País sair da crise

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Soraya Misleh

 

Brecar o desmonte da capacidade tecnológica nacional e mudar a política econômica a que se recupere o crescimento, a geração de emprego e a distribuição de renda. Esse é o mote da nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) que vem sendo atualizada desde 2006.

Intitulado “Cresce Brasil – Retomada da engenharia nacional”, o documento, como ressalta o coordenador do projeto, Fernando Palmezan Neto, será apresentado aos candidatos nas eleições gerais deste ano. “É a tentativa de a FNE influir no programa de gestão.” Coordenador da consultoria técnica da iniciativa, Carlos Saboia Monte enfatiza: “Comprometida de maneira irreversível com a retomada do crescimento, a federação elaborou esta edição do ‘Cresce Brasil’ na certeza de que a adoção pelos novos dirigentes do País das propostas apresentadas possa contribuir decisivamente para reduzir as desigualdades sociais e regionais, atenuando os indesejáveis níveis de pobreza do povo brasileiro.”

Nesse sentido, o foco principal agora, como complementa Palmezan, é a busca por resgatar a engenharia, “que sofreu duro golpe no último período”. Ele cita o exemplo da operação Lava Jato, que em vez de julgar adequadamente os responsáveis, mas promover acordos de leniência para as empresas envolvidas, de modo a preservar a produção no País, condenou-as à destruição e, consequentemente, à capacidade tecnológica brasileira. “É preciso reverter essa trajetória com urgência. Para que isso seja possível, o caminho continua a ser a implementação de medidas que garantam crescimento econômico sustentável com distribuição de renda, como propugna a FNE há mais de uma década. Premissa de um plano nessa direção é a retomada da engenharia nacional. Não há hipótese de se alcançar prosperidade e avanço com o desmonte da capacidade tecnológica do País, hoje lamentavelmente em marcha acelerada”, aponta Murilo Pinheiro, presidente da federação – e do SEESP –, à apresentação do documento.

A publicação reúne notas técnicas acerca de questões estratégicas ao desenvolvimento. Assim, consultores e especialistas trazem suas contribuições quanto à necessidade de mudança na política econômica, que deve estimular o crescimento; ao andamento e conclusão das cerca de 5 mil obras paralisadas no País; à adoção do planejamento como instrumento de gestão; ao futuro da Petrobras, com correção de equívocos que vêm sendo feitos, inclusive na política de preços para o petróleo; aos desafios da Frente Parlamentar da Engenharia; à garantia de participação do capital nacional na fusão da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e Boeing e de benefícios ao Brasil na negociação; de aumento da capacidade instalada no setor de energia elétrica, com ampliação da geração e promoção de eficiência e conservação; à inovação e sustentabilidade na agricultura; e ao ensino de engenharia como política de Estado.

Correlação positiva

O consultor do “Cresce Brasil” Artur Araújo critica, logo à introdução, a adoção de diretriz de política econômica que privilegia o que denomina “austericídio” – ou seja, medidas que implicam corte brutal nos gastos públicos, sobretudo nos investimentos e no custeio de serviços; manutenção de elevadas taxas de juros; além de reforma trabalhista, estrangulamento da organização sindical, ataque a direitos e redução de salários, entre outras consequências. O projeto “Cresce Brasil”, escreve ele, “sempre defendeu que o único caminho seguro para o crescimento sustentado do ‘bolo’ é o balizado pela engenharia como instrumento de planejamento, execução e suporte da produção e da infraestrutura que lhe é essencial. A opção equivocada pela contenção da demanda agregada acabou demonstrando, na prática, que a orientação proposta pela FNE era e é correta, que ‘mais engenharia, mais desenvolvimento’ são decisivos para o progresso e o bem-estar”.

Araújo traz dados que demonstram a “correlação positiva entre a proporção de engenheiros por grupo de habitantes e o grau de desenvolvimento de um país”. O consultor detalha: “Conforme o País crescia, não somente muitos engenheiros retornavam ao exercício de sua profissão de origem como se ampliava significativamente a demanda por vagas nos cursos de engenharia. O crescimento da economia gerou demanda por escolas e a resposta se deu por imediata expansão da oferta escolar, pública e privada.” E complementa: “A reversão econômica provocada pelo ‘austericídio’, somada aos efeitos das operações de combate à corrupção, põe por terra esse esforço. Grassa o desemprego entre profissionais de alta habilitação e larga experiência acumulada, cresce o apelo da emigração com consequente perda de cérebros pelo País. É preocupante o destino que terão dezenas de milhares de engenheiros recém-formados ou prestes a concluir seus cursos. Os diplomas só voltarão a sair das paredes e se transformarão em atividades de engenharia se a retomada do crescimento novamente se viabilizar.” Consolidada a recuperação econômica, Araújo conclui: os profissionais da área deverão estar preparados para atuar diante de alterações substanciais nos métodos produtivos, na logística e em face de inovações tecnológicas, como internet das coisas e recursos de inteligência artificial.

 

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