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OPINIÃO - Quem tem medo da tecnologia?

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Cesar Augusto Souza de Franco

        A tecnofobia provavelmente sempre existiu, uma vez que não há sentimento mais natural que desconfiar de tudo que é novo e apegar-se ao que foi “testado e aprovado”, ou seja, aquilo a que já nos acostumamos. Quando os algarismos arábicos começaram a ser usados na Europa em 1202, por iniciativa de Leonardo Fibonacci, mostraram-se muito mais práticos que os romanos. No entanto, os eruditos e os comerciantes opuseram uma resistência muito grande a essa inovação.
        Na Grã-Bretanha, país precursor da Revolução Industrial, por volta de 1880, quando as máquinas têxteis começaram a ser utilizadas e um pequeno número de operários nas fábricas passou a produzir mais que a maioria dos habitantes que trabalhavam à mão, em casa, os novos desempregados provocaram tumulto. Não perceberam que o inimigo era uma sociedade que pouco se importava com as “classes inferiores” e não sentia mínima responsabilidade pelos pobres. Da maneira mais simples, atribuíram a culpa de sua desgraça às máquinas. Os desempregados procuraram danificá-las, pois, em sua opinião, tinham lhes substituído, movimento que foi chamado de luddista (Ned Ludd).
        Esse primeiro movimento logo esbarrou na prosperidade que as máquinas proporcionaram à Inglaterra e na criação de novos empregos para a população.
Aprendeu-se então a lição, a partir daí sempre repetida, de que o progresso tecnológico não diminui, apenas altera e até aumenta o número de vagas, e a solução para a crise da falta de trabalho não é a destruição das máquinas, mas a elaboração de um programa dedicado à reeducação e ao bem-estar do indivíduo.
        Uma explicação ainda mais plausível para a tecnofobia é o medo de que as mudanças tecnológicas causem danos ao meio ambiente ou provoquem alterações prejudiciais à sociedade humana. A descoberta do fogo produziu fumaça e a possibilidade de incêndio. A da agricultura trouxe prejuízos ao solo, provocando o desmatamento e mudanças progressivas e muitas vezes indesejáveis no equilíbrio ecológico. Quase toda invenção logo encontra aplicação no emprego da violência entre os seres humanos, tornando a guerra cada vez mais fácil de ser declarada, mais feroz e prolongada.
        E, no entanto, em todos os casos, as vantagens conquistadas são nitidamente superiores aos riscos, e o progresso tecnológico quase nunca é abandonado espontaneamente, por maiores que sejam as desvantagens que possa acarretar.
        Em suma, a única solução cabível, na marcha para o futuro, será reduzir os riscos, em lugar de desprezar as inovações, retrocedendo a um passado quimérico que na realidade nunca existiu.

 

Cesar Augusto Souza de Franco é diretor adjunto da Delegacia Sindical do SEESP em Marília

 

 

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