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31/10/2011

Custo barra uso de asfalto ecológico

 

       Considerado por especialistas como o "futuro" das rodovias e usado amplamente nos Estados Unidos, o chamado asfalto ecológico deve demorar a ser aplicado em larga escala no Brasil. O motivo é o custo. A mistura, que leva de 15% a 20% de borracha oriunda de pneus usados, é cerca de 30% mais cara que a tradicional. Segundo pesquisadores, apesar de demandar mais investimentos em sua fabricação, estudos têm mostrado que a massa asfáltica com borracha é mais durável que a tradicional - o que pode compensar, em parte, os custos com a produção. A maior vida útil da pista também reduz a necessidade de gastos posteriores - em manutenção e recuperação. Esses benefícios têm atraído as concessionárias a investir em tecnologia para baratear os custos iniciais da fabricação e ampliar o uso do produto.

       A CCR investiu R$ 3 milhões para abrir, há três meses, seu Centro de Pesquisas Rodoviárias. O objetivo da companhia é transformar a unidade em referência em pesquisas de novos tipos de pavimento. Por enquanto, contudo, somente cerca de 15% das estradas sob concessão da companhia (que administra quase 2,5 mil km em todo o Brasil) utilizam o asfalto ecológico, segundo Décio de Rezende Souza, diretor de obras da CCR. Embora não tenha estabelecido planos para aplicação do produto em 100% dos quilômetros administrados, a empresa diz que a aplicação do asfalto-borracha vai crescer nos próximos anos. "Isso não é uma moda. O uso [do asfalto ecológico em larga escala] é uma tendência em todo o mundo e ocorrerá no Brasil também", disse Souza ao Valor.

       Dos três maiores grupos do setor, a EcoRodovias é a que mais apresenta estradas com a tecnologia - em termos proporcionais. De suas rodovias (cerca de 1,5 mil km administrados, no total), 22% são pavimentadas com a massa asfáltica misturada à borracha. Para Filippo Chiariello, diretor de engenharia da EcoRodovias, o produto é interessante para as concessionárias, mas os custos ainda são um entrave. O asfalto-borracha custa R$ 1,4 mil por tonelada, frente aos R$ 1,1 mil do asfalto tradicional. "Há muitos benefícios, mas nem todas as empresas estão dispostas a arcar com o custo maior". Para reduzir o problema, a empresa está investindo em testes com a aplicação de aditivos na mistura. Isso vai permitir que o produto seja fabricado numa temperatura menor - a chamada mistura "a morno" -, o que reduz a demanda por combustível e, em consequência, os custos. Outras alternativas são estudadas, mas o asfalto-borracha é visto como o mais viável.

       Outro motivo são os poucos fornecedores disponíveis. "Há cerca de cinco empresas habilitadas tecnicamente". O grupo mantém uma usina própria de fabricação de massa asfáltica com borracha desde 2005, que custou R$ 8 milhões (valor da época) para ser erguida.

       O grupo OHL Brasil, que mais administra quilômetros de rodovias no país, chegou a ser questionado publicamente sobre o assunto no maior congresso do setor, ocorrido na última semana em Foz do Iguaçu (PR). Um executivo chegou a afirmar que a empresa quer investir em tecnologia, mas que por enquanto dará "um passo de cada vez". A assessoria de imprensa da OHL informou que a empresa não usa asfalto-borracha.

       Especialistas do setor consideram que uma possibilidade para que o asfalto seja usado em maior escala seja uma regulação mais rígida por parte do governo. A tecnologia traz vantagens ambientais - já que a produção reaproveita pneus velhos. A cada quilômetro de rodovia com asfalto ecológico, cerca de mil pneus são utilizados. Duas outras vantagens da estrada com borracha são o aumento da aderência dos veículos na pista e a maior absorção da água em dias de chuva.



(Fábio Pupo, Valor Econômico)
www.cntu.org.br




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