O Boletim Emprego em Pauta, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de agosto, compila dados de mercado de trabalho disponíveis deste ano. No primeiro semestre, o desemprego cresceu e o rendimento despencou.
Para os trabalhadores brasileiros tem sido uma maratona enfrentar as condições do mercado de trabalho do País. No primeiro semestre, o desemprego cresceu e o rendimento despencou, como mostram os resultados das principais pesquisas e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), registro administrativo do Ministério do Trabalho que acompanha a movimentação do mercado de trabalho.
Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a junhode 2016, o número de desocupados no País teve acréscimo de 2,5 milhões de pessoas.
A estimativa é que o número de pessoas sem ocupação no Brasil tenha atingido 11,6 milhões, no segundo trimestre, o que corresponde a 3,2 milhões de pessoas a mais do que no mesmo período de 2015. Do total de desocupados, quase metade (1,5 milhão) trabalhava antes com carteira assinada.
Outro dado da Pnadc mostra queda do rendimento real médio habitualmente recebido pelo trabalhador brasileiro de -1,5% no segundo trimestre e de - 1,3% no acumulado do ano.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego, realizada pelo DIEESE, Fundação Seade e demais parceiros, também indica crescimento contínuo do desemprego em 2016. Das localidades pesquisadas, o desemprego não aumentou somente na Região Metropolitana de Porto Alegre. Nas demais, DF e regiões metropolitanas de São Paulo, Salvador e Fortaleza, o desemprego não apenas subiu, como o crescimento registrado foi superior ao do início do ano anterior.
Pelos resultados da pesquisa, fica clara a diferença entre as taxas das regiões. Em junho de 2016, a taxa variou de 24,8%, em Salvador, a 10,3%, em Porto Alegre, onde se verificou o menor patamar de desemprego. Também destaca-se, nos resultados do semestre, a estabilização da taxa de desemprego, nas regiões de Porto Alegre e Fortaleza.
A PED também confirma redução do rendimento médio real dos ocupados em todas as regiões metropolitanas pesquisadas, entre maio de 2015 e maio de 2016. A maior queda ocorreu em Salvador (-11,1%) e a menor em Fortaleza (-3,0%).
A divulgação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho (MTb) de junho indica a queima de cerca de meio milhão de postos de trabalho formais no primeiro semestre deste ano. Além desse resultado negativo, a rotatividade dos trabalhadores tem contribuído para a redução dos salários, já que o salário médio de admissão tem sido bem inferior ao dos trabalhadores desligados.
Os resultados mostrados revelam que, no segundo trimestre de 2016, o valor médio do salário de admissão correspondeu a aproximadamente 87% do valor médio dos salários dos desligados. Os dados desfavoráveis refletem a profunda crise política e econômica que se arrasta no país. É quase um desafio olímpico para os trabalhadores, que encaram uma maratona cotidiana para sobreviver.
Inúmeros outros obstáculos devem ser enfrentados no próximo período, pois um conjunto de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários também estão ameaçados no momento. Para responder a esses desafios, as Centrais Sindicais lançaram um documento apontando as principais lutas a serem travadas.
Pelo emprego e pela garantia de direitos
Em julho, as centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB se reuniram em assembleia e divulgaram um documento em que destacam como principais desafios da atualidade enfrentar o aumento do desemprego com redução dos salários e combater o desmonte das políticas sociais, especialmente da Previdência e da Seguridade Social.
Entre as medidas propostas pelas entidades estão:
Fortalecer as negociações coletivas;
Combater a flexibilização das relações trabalhistas
Reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais;
Promover o fortalecimento do mercado interno;
Promover o crescimento econômico através da ampliação do financiamento para investimentos públicos e privados em infraestrutura, da redução da taxa de juros e de políticas públicas que deem sustentação ao setor produtivo.
As Centrais realizam na terça-feira (16/8), uma manifestação nacional, unificada, em defesa do emprego e das garantias de direitos da classe trabalhadora.
Fonte: Dieese