Na véspera do Dia da Consciência Negra, um ato abominável
É inadmissível que o Brasil conviva com a brutalidade racista que causou a morte de João Alberto Silveira Freitas, espancado por seguranças de uma loja do Carrefour em Porto Alegre.
Hoje, 20 de novembro, dia de celebrar os que lutam por igualdade e justiça e de renovar nosso compromisso com o fim do preconceito e da discriminação, o Brasil acordou chocado com o assassinato de João Alberto Silveira Freitas. Ontem (19/11), ele foi espancado até a morte por seguranças de uma loja do Carrefour em Porto Alegre, sob olhares passivos e cúmplices de outros funcionários, conforme divulgado pelos meios de comunicação.
O caso nos remete ao ocorrido em fevereiro de 2019, no Rio de Janeiro, em que o jovem Davi Ricardo Moreira Amâncio foi asfixiado até a morte por um segurança do supermercado Extra. O crime ocorreu na presença da mãe do rapaz, que tentou desesperadamente salvá-lo da agressão. Hoje, quem não encontra consolo é o pai de João Alberto.
É preciso dizer basta! A sociedade brasileira não pode admitir que fatos como esse continuem a se repetir. A abominação que é o racismo – herança vergonhosa da escravidão que durou quase 400 anos no País e que tem na violência sua mais assustadora expressão – precisa encontrar a resistência devida e chegar ao fim.
O episódio deve ser investigado e todos os responsáveis, punidos exemplarmente. Mas é preciso mais. Não podemos seguir convivendo com as estatísticas absurdas como as que indicam o aumento das mortes de jovens negros nas periferias das nossas cidades. Para se ter uma ideia, segundo o Atlas da Violência divulgado neste ano, em 2018, a taxa de homicídio a cada 100 mil habitantes no País foi de 13,9 casos entre não negros e chegou a 37,8 entre negros.
Se o Brasil tem qualquer ambição ou esperança de um dia se tornar uma nação desenvolvida e avançada, esta é uma doença que requer cura urgente. Governantes, parlamentares, sociedade civil organizada e todos os cidadãos que se consideram pessoas decentes devem ter como prioridade efetiva dar fim ao racismo e suas consequências nefastas.
Sigamos na luta, apesar do luto.
Eng. Murilo Pinheiro – Presidente