Jéssica Silva – Comunicação SEESP
Na tarde dessa segunda-feira (31/3), o SEESP recebeu o jornalista Paulo Silvestre para falar sobre “Inteligência artificial para líderes – Como a tecnologia já impacta carreiras, negócios e o mundo do trabalho”.
O evento, promovido pelo Núcleo da Mulher Engenheira (NME) do sindicato, fechou as atividades do mês marcado pelo Dia Internacional da Mulher. “É importante trazer essa discussão e nos qualificar, sobretudo caminhar para um sindicato mais justo, amplo, com todos nós”, elogiou a iniciativa o presidente do SEESP, Murilo Pinheiro.
Solange Vilella, do projeto Conexão Melhor Idade, também participou do evento, e frisou que o assunto é do interesse não somente dos jovens, mas também dos idosos. “Buscar essa qualificação é mais do que necessário”, confirmou a coordenadora do NME, Silvana Guarnieri.
Da esquerda para a direita: Solange Vilella, Paulo Silvestre, Silvana Guarnieri e Murilo Pinheiro. Fotos: Rita Casaro
“Só se fala disso, é um movimento crescente, mas ainda existe muito desconhecimento dessa tecnologia e de como a gente pode se apropriar adequadamente dela”, assentiu Silvestre iniciando sua fala. Ele, que é consultor e palestrante de inteligência artificial, customer experience, mídia, transformação e cultura digital, contou sua história e seu primeiro contato com a internet, em 1987, quando conheceu a primeira rede telemática do Brasil, na Telebras, e conversou com uma pessoa em uma sala de bate-papo.
“Achei o máximo que eu mandava mensagem para alguém em Belém do Pará e ela respondia na mesma hora. Em tempos de WhatsApp isso é meio ridículo, mas nos anos 80 era praticamente bruxaria”, brincou. Entusiasta da inovação, em 1995, trabalhando na Folha de São Paulo, foi o responsável pela ideia de o jornal entrar no mundo online.
“Eu posso dizer que vi efetivamente a transformação da internet desde o dia zero. E agora estamos passando por outra mudança importante. A inteligência artificial (IA) está transformando tudo, e acredito que de alguma maneira todo mundo já foi impactado por isso”, afirmou.
Paulo Silvestre sobre a IA: “Não podemos ser deslumbrados e nem resistentes.”Silvestre externou que, com o lançamento do produto da empresa norte-americana OpenAI, o ChatGPT, em 2022, fiicaram mais fortes questionamentos sobre o fim de postos de trabalho e a substituição das pessoas pela máquina. “Muita gente já perdeu o emprego. Por outro lado, tem IA melhorando a atuação de profissionais em diversas áreas. Nosso desafio como gestor é entender a tecnologia, conhecer para nos apropriarmos do recurso e ficar no segundo grupo, não no primeiro”, enfatizou.
A tecnologia, conforme falou, divide-se em tradicional, a IA desenvolvida para realizar especificamente uma tarefa, e a generativa, que gera conteúdos originais e pode aprender a partir da interação e de grande conjuntos de dados. “Essa talvez seja a coisa mais impressionante que o ChatGPT trouxe, é que ele fala conosco. Pela primeira vez na história uma coisa não humana tem uma capacidade de comunicação que rivaliza com a do ser humano”, destacou o palestrante.
Porém, Silvestre deixou claro, citando a teoria desenvolvida por Alan Turing (1912-1954), que a máquina simula o pensamento humano para desenvolver as respostas de acordo com resultados estatísticos de sua base de dados, e não efetivamente pensa como um ser humano. As IAs estão sujeitas ao erro, como falou, e não podem ser responsabilizadas por não terem “agência moral atribuídas a elas”. A antropomorfização – atribuir características humanas ao que não é humano – é um grande risco.
“Não podemos ser deslumbrados e nem resistentes”, disse. E ratificou: “a decisão continua sendo do ser humano. Imagine a IA como um estagiário muito eficiente, mas que ainda assim é um estagiário. A decisão final e a responsabilidade continuam sendo suas”.
E como a IA pode melhorar o nosso trabalho?
Foi com essa questão que Silvestre destacou os benefícios da tecnologia para otimizar ou transformar processos. Um dos principais pontos é a possibilidade de aproximação com as pessoas por meio da comunicação personalizada. “É possível selecionar qual cliente tem mais chance de fechar, o que exatamente oferecer, o que dizer, o negócio fica mais assertivo.”
O primeiro passo para utilizar uma IA nesse cenário, contudo, é ter um bom tratamento de dados. “Você pega um algoritmo maravilhoso e joga uma base de dados lixo para ele trabalhar, o resultado vai ser lixo. Não existe IA boa com dados ruins”, resumiu.
Nesse sentido, também abordou a proteção de dados confidenciais e a ética e responsabilidade do ser humano na utilização da tecnologia. “Não podemos ter uma IA que propaga preconceito”, afirmou. E por meio de regulamentação, como o projeto de lei em tramitação no País, é fundamental construir mecanismos para se chegar ao máximo de transparência, explicabilidade e rastreabilidade das plataformas.
Atividade na segunda-feira (31/3) aconteceu na sede do SEESP, na capital paulita
“Não invente a roda, já tem IA para quase tudo”, falou o jornalista e indicou o site theresanaiforthat.com para buscar a tecnologia que mais atende a necessidade de cada negócio. Habilidades humanas, como a empatia, jamais serão substituídas por plataformas, na análise do especialista. “As hard skills você deixa para a máquina, as soft skills ficam com a gente. Veja as atividades que não podem ser automatizadas e se concentre nisso”, recomendou.