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23/06/2023

Mulheres nas engenharias ampliando excelentes contribuições

Carlos Magno Corrêa Dias*

 

23 de junho é o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia.

A data foi criada pela “Women’s Engineering Society” (WES) do Reino Unido com o objetivo de estimular e fortalecer a maior participação das mulheres nas Engenharias as quais com notável talento e grande capacidade estão conquistando cada vez mais espaços tanto no mercado quanto nos campos de pesquisas e estudos em Engenharia.

 

Além da aptidão e determinação as Engenheiras demonstram uma enorme e diferencial dedicação no trato das Engenharias e têm contribuído para o progresso prático não apenas da profissão, mas, também, para o avanço científico e tecnológico do conhecimento nas Engenharias. Exemplos notáveis não faltam.

 

O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, concebido em 2014, é um chamado importante para, mais detidamente, pôr em evidência a formidável presença das mulheres nas Engenharias, bem como para se contar as seguidas conquistas e as grandes vitórias das Engenheiras ao longo da história as quais promovem contínua inovação e seguem gerando disrupção (mudanças) necessárias e melhorias notáveis em seus campos de atuação no universo das Engenharias.

 

A WES foi criada logo depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em 1919, tendo sua origem a partir da ação de mulheres pioneiras que durante aquela guerra desenvolveram essenciais trabalhos em funções técnicas, científicas e, muito acentuadamente, em Engenharia. Aquelas desbravadoras iniciaram, então, intensificadas campanhas para manter suas funções (de grande destaque e importância) após o fim da guerra.

 

A Primeira Guerra Mundial, triste marco na humanidade, promoveu inúmeras transformações drásticas nas sociedades e causou traumas profundos que jamais foram de todo suplantados. Uma juventude inteira cresceu com as misérias e horrores daquele conflito internacional insano; pois que as diversas questões não resolvidas provocaram, em 1939, o outro grande absurdo que foi a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

 

Assim, a WES não foi gerada apenas para “inspirar e apoiar as mulheres a terem sucesso como cientistas, líderes e Engenheiras”, mas, existe, principalmente, para prosseguir com esforços no sentido de promover a criação de uma comunidade sempre mais diversificada no campo das Engenharias quando são chamadas as forças de professores, educadores, cientistas, pesquisadores, influenciadores, gestores e governantes. A diversidade é fundamental tanto para o desenvolvimento do mercado quanto da própria sociedade.

 

Objetivando o trabalho contínuo para apoiar e inspirar as mulheres de todo mundo a desenvolverem seus potenciais, em particular, nas áreas das Engenharias e, em geral, nos setores científicos e tecnológicos das Ciências Exatas, a WES é uma das muitas organizações que atualmente se dedicam para assegurar efetivamente oportunidades às mulheres nestes campos do saber humano.

 

Mas, como se sabe, a participação das mulheres nas Engenharias nunca foi algo que se possa dizer “tranquilo” ou “fácil” pelas muitas razões preconceituosas, culturais ou descontextualizadas que surgem, de tempos em tempos, a despeito do desenvolvimento e do progresso da humanidade.

 

Veja também: SEESP Entrevista | Silvana Guarnieri – Qualificar e empoderar as engenheiras

 

Durante séculos, as mulheres foram afastadas não apenas das Engenharias como, também, das Ciências Exatas em geral. Chegou-se ao absurdo (por volta dos séculos 14 e 15) de se afirmar que as mulheres teriam intensificadas dificuldades próprias do gênero para se dedicar tanto aos estudos quanto às atividades intelectuais.

 

Mas, sempre existem pessoas que são pioneiras e geradoras de disrupção (mudanças) e nas Engenharias não é diferente. Pode-se, dizer, também, que momentos cruciais da história (como as guerras) contribuíram de maneira algo determinante para que as mulheres percebessem que não poderiam deixar de participar, efetivamente, no desenvolvimento dos diversos campos da Ciências e da Tecnologias e, inclusive, das Engenharias as quais, tradicionalmente, eram pensadas como próprias apenas para os homens.

 

Pioneiras como Edith Clarke (1883-1959) são exemplos notáveis que promoveram a abertura das portas para a maior participação das mulheres nas Engenharias dado que em 1918 se tornou a primeira mulher a obter um Mestrado em Engenheira Elétrica pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).

 

Bacharel em Matemática e Astronomia em 1908 pelo Vassar College (em Nova York), Edith Clarke aos 39 anos, trabalhando como Engenheira Eletricista na General Electric (GE), tornou-se, também, a primeira Engenheira Eletricista dos Estados Unidos e do planeta.

 

Em 1945, após 26 anos de trabalho na GE, dos quais 23 como Engenheira Eletricista, Edith Clarke se aposentou para depois, em 1947, iniciar sua carreira como Professora na Universidade do Texas lecionando no Curso de Engenharia Elétrica, onde permaneceu até 1956. Edith Clarke foi, também, a primeira Professora de Engenharia Elétrica do mundo.

 

A exemplo de Edith Clarke outras mulheres pioneiras abriram caminho para que se tornasse “normal” as mulheres estudar, se formar e conquistar mais intensamente seus lugares no mercado de trabalho das Engenharias (em particular). Ano após ano a presença feminina nos setores das Engenharia está crescendo tanto como excutoras práticas das atividades de Engenharia como, também, na elaboração de estudos, pesquisas e projetos de Engenharia.

 

 

Enedina Alves engenheiraEnedina Alves, primeira engenheira brasileira, formada em 1945

 

 

 

Levantamentos demonstram que nos últimos anos o percentual de mulheres registradas como Engenheiras em todo mundo tem crescido e no Brasil, por exemplo, os percentuais de mulheres empregadas como Engenheiras já gira em torno dos 20%.

 

Estudos mostram, também, que no Brasil as mulheres representam cerca de 30% da quantidade de estudantes nos Cursos de Engenharia e os totais seguem aumentando continuamente a cada nova avaliação.

 

A história registra, entretanto, que, oficialmente, os Cursos de Engenharia no Brasil tiveram início apenas em 17 de dezembro de 1792 com a criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, na cidade do Rio de Janeiro. Mas, foi somente em 1917, na atual Escola Politécnica do Rio de Janeiro, que se formou, em Engenharia Civil, a brasileira Edwiges Maria Becker Hom'meil (1896-1989) a qual inicia, pioneiramente, efetivamente, o caminho para as mulheres terem a profissão de Engenheira no Brasil.

 

Na então “Escola Polytechnica do Rio de Janeiro”, entre abril de 1917 e dezembro de 1919, Edwiges Maria Becker Hom'meil exerceu o cargo de “Auxiliar de Ensino Prático” para as aulas de Topografia, sendo, então, a primeira “Auxiliar de Ensino” de Engenharia no Brasil. Edwiges Maria Becker Hom'meil foi, também, a primeira mulher brasileira a obter o título de doutora no Departamento de Engenharia Mecânica, em 1994. No então Ministério da Viação, Edwiges Maria Becker Hom'meil passou a trabalhar na Inspetoria Federal de Portos, Rios e Canais até sua aposentadoria.

 

Somente quase três décadas depois da formatura de Edwiges Maria Becker Hom'meil é que a história do Brasil pode registrar a graduação da primeira mulher negra em Engenharia do Brasil, pois no ano de 1945 a curitibana Enedina Alves Marques (1913-1981) tornava-se Engenheira Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

 

A pioneira Enedina Alves Marques inicialmente trabalhou como Auxiliar de Engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas passando a ser Chefe de Hidráulica, Chefe da Divisão de Estatísticas e do Serviço de Engenharia do Paraná na Secretaria de Educação e Cultura do Estado. Trabalhou, também, no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica, no Plano Hidrelétrico do Estado do Paraná atuando de forma decisiva nos trabalhos de Engenharia na Usina Capivari-Cachoeira. Obras de Engenharia como a do Colégio Estadual do Paraná e da Casa do Estudante Universitário de Curitiba contribuíram, também, para o reconhecimento da capacidade técnica de Enedina Alves Marques no campo da Engenharia.

 

O pioneirismo de mulheres como Edwiges Maria Becker Hom'meil e Enedina Alves Marques não apenas mostra ao mundo como as Engenheiras podem contribuir com eficiência, competência e qualidade para o desenvolvimento do mercado de trabalho nas Engenharias como, também, põe por terra tolos preconceitos ou estereótipos que tentam rotular padrões indevidos de que Engenharia é para os homens apenas. As Engenheiras mostram bem o quanto estão contribuindo com responsabilidade e dedicação para o avanço não apenas das Engenharias como, também, para todos os setores das Ciências por onde passam a atuar; apresentando na atuação como Engenheiras (por serem mais “prevenidas, cautelosas e atentas”) menores percentuais de erros e grande disposição para inovar.

 

Para incentivar a maior participação das mulheres e das meninas nas Ciências e nas Tecnologias (em geral) e nas Engenharias (em particular) é importante mostrar, também, seguida e continuamente, as grandes contribuições e transformações que as Engenheiras estão promovendo no mundo.

 

Leia também: "Por mais mulheres na engenharia" | Palavra do Murilo

 

Além de “colocar a mão na massa” (com excelência e qualidade) as mulheres sempre são diferenciais de qualidade nas áreas onde atuam profissionalmente e se mostram detentoras de elevado protagonismo nos campos da pesquisa e da inovação nas Ciências e nas Tecnologias.

 

Muito especialmente, e cada vez mais intensamente, as mulheres vão evidenciando seus talentos, excelência e competências para atuarem com eficiência no campo da Engenharia. Motivos não faltam para chamar mais e mais Engenheiras para contribuírem na melhoria da vida das pessoas por intermédio das Engenharias.

 

Sendo a Engenharia a área de atuação profissional que objetiva desenvolver e oferecer soluções práticas, planejadas e viáveis (econômica e tecnicamente) para problemas concretos da vida das pessoas a fim de assegurar melhor qualidade no viver, é de suma importância a diversidade de profissionais que compõem as diversas áreas das Engenharias para a ampliação das soluções possíveis. Assim, por si só, a Engenharia já chama as mulheres para integragrem seus seus quadros dado que tanto a capacidade inovadora quanto a percepção mais detida são, também, diferenciais importantes que se observam nas Engenheiras e nas estudantes ou pesquisadoras das Engenharias e de áreas associadas.

 

As mulheres, em geral, são capazes de apresentar desempenho notável associado ao elevado poder de decisão que tornam a profissão dos Engenheiros uma das mais respeitadas no mundo corporativo. Sem contar que pesquisas em todas as partes do mundo demonstram que a performance das Engenheiras é comprovada, seguidamente, como acima da média.

 

Então, que nos próximos dias 23 de junho, nos seguintes Dias das Mulheres na Engenharia, se celebre sempre o aumento cada vez mais intensificado das Engenheiras contribuindo, por intermédio da Engenharia, para a construção de um mundo sempre melhor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

*Carlos Magno Corrêa Dias é professor, pesquisador, conselheiro consultivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, conselheiro sênior do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) do CNPq, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) do CNPq, personalidade empreendedora do Estado do Paraná pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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