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09/06/2022

Abelhas que alimentam o mundo, impacto dos agrotóxicos e capacitação em pauta

Jéssica Silva/Comunicação SEESP

 

LídiaMaria EcoVale 090622O segundo dia do V Encontro Ambiental do Vale do Paraíba (EcoVale), realizado na quinta-feira (9/6) de forma híbrida – presencialmente no hotel Ibis Styles, em Taubaté (SP), com transmissão online pelo canal do evento no Youtube –, abriu as atividades com a palestra da bióloga Lídia Maria Ruv Carelli Barreto, da Escola Brasileira de Apicultura e Meliponicultura e Sustentabilidade da Universidade de Taubaté (Unitau).

 

Barreto colocou em pauta a importância das abelhas na produção de alimentos. A polinização é indispensável nas plantações, conforme mostrou. No cultivo de maçãs, por exemplo, implica em 90% do crescimento da fruta, em laranjas no mínimo 27%, “se não for polinizada fica azeda, a durabilidade é menor”, explicou a bióloga. Também a quantidade de vitaminas presente é dependente do trabalho das abelhas.

 

A atividade das pequenas trabalhadoras, ela contou, é realizada por meio da eletrostática: “as abelhas são cheias de pelos, quando elas voam o vento bate nos pelos e gera energia. Quando ela chega na flor, que funciona como um fio terra, tem essa descarga de energia. O pólen grudado na abelha vai para a flor”.

 

O problema é que essa importante tarefa assim como a vida das abelhas e as plantações são ameaçadas com o uso cada vez mais frequente e intenso de agrotóxicos. Barreto foi assertiva: “a abelha realmente alimenta o mundo [...] 80% do que tem no mundo depende das abelhas, na agricultura 70 a 75% depende da polinização”.

 

GilvandaEcovale 090622E não só isso, os agrotóxicos influenciam na saúde de todo o meio ambiente. Foi o que abordou a química industrial Gilvanda Silva Nunes, da Unitau, em sua palestra. Segundo ela, existem mais de 600 ingredientes químicos que, combinados de diversas formas, geram de 45 a 50 mil diferentes tipos de produtos utilizados como pesticidas. “Imagina que difícil quando acontece uma intoxicação no campo ou alimentar e precisa saber o que causou [...] É um trabalho de investigação, porque os agricultores em geral não fornecem essa informação de modo fácil”, disse.

 

No Brasil, há uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que limita o uso de agrotóxicos de acordo com ensaios ecotoxicológico, mas, conforme destacou Nunes, “são para poucos [produtos]”. O controle do uso desses químicos perdeu ainda mais força com o “pacote do veneno”, como ficou conhecido o Projeto de Lei (PL) 6.299/2002, aprovado pela Câmara dos Deputados em fevereiro último. “Foi uma derrota”, classificou a especialista listando alguns dos problemas presentes no PL, como a autorização temporária de uso de novos produtos enquanto estes ainda estariam em análises ecotoxicológicas.

 

Nunes compartilhou os diversos projetos em que atuou de análise de resíduos tóxicos em ambientes, como o realizado em Maranhão, no riacho Sonhém, em 2006. Ao redor do rio, aumentavam as plantações de soja. Na época das chuvas, todo agrotóxico usado na plantação descia pelo rio, que abastecia – e intoxicava – as comunidades. “A gente tem que divulgar os perigos dos agrotóxicos e as alternativas mais sustentáveis e sadias, é tarefa de alta prioridade ecológica e social”, defendeu.

 

Newton EcoVale 090622Capacitação e saneamento

O engenheiro Newton de Lima Azevedo Junior abordou em sua exposição novas soluções para velhos problemas do saneamento, sobretudo a importância da formação dos profissionais da área. “Não dá mais para admitir que um país como nosso tenha esses números horríveis” –quase 50% da população não tem acesso a rede de esgoto.

 

Com o novo marco legal do saneamento (Lei 14.026/2020) e a proposta de universalização do sistema até 2033, serão geradas oportunidades de emprego, conforme frisou Azevedo, mas com a necessidade de alta capacitação para melhoria e desenvolvimento do setor.

 

“Hoje 70% de uma empresa de saneamento está na base da pirâmide. De mil funcionários, 700 pessoas são chão de fábrica, operacional”, exemplificou. “As pessoas a serem capacitadas sofrem de falta de pertencimento, nunca se ligou muito pra elas, tem alta rotatividade”, ele apontou e defendeu: “temos que despertar nessas pessoas o protagonismo”.

 

Assim, o engenheiro colocou em pauta o trabalho da companhia Hydros em cursos de capacitação, com três importantes pilares, de acordo com sua explanação: “a região onde estão as pessoas a serem capacitadas, a maturidade das concessões e conhecer as dores dos nossos clientes”.

 

Confira as palestras da manhã do segundo dia de atividades do V EcoVale:

 

 

 

 

O EcoVale é uma iniciativa do SEESP e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), com o apoio da Unitau. Saiba também como foi a abertura desta quinta edição e as palestras do primeiro dia de atividades.

 

 

 

 

 

 

  

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