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Mais engenheiros para a cidade funcionar

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Jéssica Silva

 

Pauta prioritária do SEESP, assegurar mais engenheiros nas administrações públicas é inerente para que uma cidade funcione plenamente, de forma eficiente, sobretudo em meio a desafios persistentes e novos diante das mudanças climáticas, rumo a crescimento econômico sustentável.

 

Segundo destaca o presidente do sindicato, Murilo Pinheiro, os governos municipais são a linha de frente das políticas públicas que chegam diretamente ao cidadão. “É principalmente nas prefeituras que se analisam projetos, fiscalizam-se obras, emitem-se licenças, planeja-se o território e se gerenciam os contratos que moldam a vida cotidiana. Sem equipes técnicas suficientes, bem formadas e permanentemente renovadas, a máquina pública perde capacidade de ação, compromete a qualidade dos serviços e expõe a população a riscos”, detalha.

 

São Paulo, maior metrópole do País, conta atualmente com apenas 1.098 funcionários no quadro de profissionais de Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia (QEAG), que atuam nas decisões estratégicas da cidade, responsáveis pelo trabalho de otimização dos espaços urbanos para atender às diversas demandas sociais. Destes, 23% estão em abono de permanência, ou seja, encontram-se ativos, porém já possuem todos os requisitos para se aposentar.

 

Murilo YuriMurilo Pinheiro (à esquerda) e Yuri Hilton Alves. Fotos: Beatriz Arruda/Acervo SEESP e Acervo pessoalNo caso dos engenheiros civis o percentual é ainda maior: 46% dos 264 ativos. “Arredondando, um a cada dois pode se aposentar a seu critério a qualquer momento”, observa Yuri Hilton Alves, engenheiro agrônomo que atua no serviço municipal desde 2014.

 

O último concurso público realizado foi em 2018. E apesar de os aprovados terem sido convocados para assumir o cargo, o número de profissionais vem caindo. Em janeiro de 2023, o QEAG contabilizava 1.183 servidores ativos. Em dois anos, o quadro perdeu 85 profissionais. “Teve caso de engenheiro que entrou, ficou três meses e saiu para outro concurso”, conta Alves.

 

A remuneração dos profissionais passou a ser de fato competitiva apenas em 2022, quando foi conquistada após seis anos de luta uma tabela de remuneração que garante recomposição salarial na maioria dos níveis de carreira acima da inflação e pagamento do piso conforme a Lei 4.950-A/1966.

 

Em outubro de 2025, o SEESP levou a preocupação com a carência dessa mão de obra qualificada ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Ricardo Teixeira, pedindo apoio à ampliação dos quadros técnicos na capital paulista. “Todas as ações da Prefeitura que estão no Plano de Metas, reservatórios, obras de mobilidade, terminal aquático, demandam engenharia. Sem esses profissionais, isso vai atrasar. É um problema para o próprio Executivo”, alerta Alves. “Essa agenda é de interesse da nossa categoria, mas também de toda a sociedade”, ratifica Murilo.

 

Ao lado da ciência e tecnologia, a engenharia está entre as áreas consideradas centrais ao desenvolvimento sustentável, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e na mitigação da crise climática. A agência afirma que as três são a alavanca para fazer avançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), pois “estabelecem a base factual, antecipam consequências futuras e contribuem para encontrar caminhos inovadores para as transformações da sustentabilidade”.

 

Em dezembro último, um ciclone extratropical que se formou no Sul do Brasil trouxe dias caóticos à capital paulista após rajadas de ventos de mais de 90 quilômetros por hora e dezenas de árvores caídas em todas as regiões.  

 

Árvore 800Uma das dezenas de árvores caídas na capital paulista após ventania. Foto: Rita Casaro

 

Zeladoria ambiental é um dos serviços que exigem atuação de profissionais da área na cidade, confirma a secretária municipal de Gestão, Marcela Arruda. Segundo ela, a gestão tem estudado a realização de novos concursos. “E não somente para engenharia, mas para todo o quadro de carreiras da Prefeitura”, confirma.

 

Marcela RicardoA secretária municipal de Gestão, Marcela Arruda, e o vereador Ricardo Teixeira.
Fotos: Gabriela Fagioli e Douglas Ferreira/Rede Câmara SP
A despeito disso, ela cita a contribuição nos serviços das empresas públicas como a SP Obras e a SP Urbanismo, “que trabalham diretamente com licitações dessas tarefas de infraestrutura, habitação, meio ambiente, drenagem e obras públicas de forma geral.”

 

São Paulo tem para 2026 um caixa de R$ 136,6 bilhões, orçamento aprovado pela Câmara Municipal em dezembro último. Já o Plano Plurianual para o quadriênio 2026-2029 conta com R$ 583,7 bilhões. Dentre os eixos do programa está o de Infraestrutura e Desenvolvimento Econômico, que abrange obras de infraestrutura e mobilidade viária, entre outras ações que demandam engenheiros.           

 

“A Câmara vai trabalhar para que a cidade tenha orçamento disponível para que sejam realizadas mais contratações de uma carreira tão importante”, afirma o vereador Ricardo Teixeira. 

 

Leia também: Formar mais e melhores engenheiros ao desenvolvimento

 

 

Na pauta do sindicato

 

No último ano, o SEESP apresentou ao presidente da Câmara proposta de projeto de lei que estabelece a obrigatoriedade de laudo técnico de manutenção para edifícios públicos e privados com mais de quatro pavimentos no município de São Paulo. O PL vai ao encontro do que propugna o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, elaborado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e seus sindicatos filiados – entre eles, o SEESP –, que discute a importância da Engenharia de Manutenção nas cidades.

 

Ainda na pauta da entidade está a luta pela instituição da Carreira Pública de Estado para engenheiros em todos os níveis de governo (federal, estadual e municipal), o que, conforme a FNE, garante valorização profissional, melhores condições de atendimento à população e desenvolvimento.

 

 

 

*Foto no destaque: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

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