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10/07/2020

A engenharia na operação e gestão de uma mineração

O engenheiro Jonas Kemczenski diz que uma das atividades é manter a rotina, performance e implantação de melhorias ou de novas tecnologias.

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

Para celebrarmos o Dia do Engenheiro de Minas, neste 10 de julho, entrevistamos o engenheiro Jonas Kemczenski, consultor técnico de Mineração na Votorantim Cimentos. Ele se graduou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1993, aos 24 anos de idade. Um ano depois entrou como trainee na companhia onde está até hoje.

600 Jonas KemczenskiJonas Kemczenski em uma das minas onde trabalha, na Votorantim Cimentos. Crédito: fotoselfie.

 

A proximidade com o setor em que atua há 26 anos começou na infância. “Morei na cidade de Criciúma (SC) até a minha juventude. Essa região tem um histórico de mineração muito grande”, explica. Com essa influência, Kemczenski acabou fazendo o segundo grau numa escola técnica mantida pelos mineradores de carvão da localidade, em técnico em mineração.


Como profissional da Votorantim, informa, teve a oportunidade de conhecer muitos lugares diferentes no Brasil e alguns países no exterior viajando a trabalho, o que lhe proporcionou experiências importantes ao “interagir com pessoas e culturas muito diferentes, isto me fez conhecer realidades diferentes, com isto respeitar diferentes culturas e pessoas”.

Conforme estatística do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o Brasil tem, hoje, 5.230 profissionais nessa modalidade.

Como foi a sua escolha pela engenharia de minas?
Parte da minha infância e juventude, morei na cidade de Criciúma. Esta região tem um histórico de mineração, logo fiz o segundo grau numa escola técnica mantida pelos mineradores de carvão da região, fiz o curso Técnico em Mineração. A decisão de fazer este curso veio após assistir várias palestras numa semana acadêmica feito por esta escola técnica. A partir daí, a escolha foi continuar na área, prestando vestibular e entrando para o curso de Engenharia de Minas.

Durante a graduação me identifiquei com a área, fazendo vários estágios em minas de carvão, ouro e calcário, e fui bolsista de iniciação científica, auxiliando no desenvolvimento de trabalhos e pesquisas junto com professores e colegas da engenharia de minas.


Como foi o início e o desenvolvimento da sua carreira?

No início, como recém-formado, tive experiência de um ano numa empresa de rocha ornamental, com sede no Paraná. Em seguida, em 1994, fui aprovado num programa Trainee da Votorantim Cimentos, empresa em que trabalho atualmente.

Meus três primeiros anos trabalhei no sul do Rio Grande do Sul, na fábrica de Pinheiro Machado, em operações na área de lavra, britagem e moagem. Em seguida, em 1998, trabalhei em outra unidade no estado do Paraná, na fábrica Rio Branco, numa mineração de grande porte de calcário, trabalhando, por 10 anos, na operação de lavra, planejamento de mina, meio ambiente e assuntos relacionados à legislação mineral.

Em 2008, fui transferido para trabalhar no Centro Técnico da Votorantim Cimentos, em Curitiba (PR), onde estou até hoje, que é uma área corporativa das operações da Votorantim Cimentos no Brasil. No Centro Técnico, além de conhecer todas as operações de mineração no País, também tive oportunidade de conhecer minerações da empresa em países na América Latina, Europa, Ásia e África.

Como é o seu trabalho atual na companhia?
Trabalho na área corporativa, levantando e atuando em problemas potenciais nas operações, encontrando as melhores soluções, buscando a partir daí, manter ou melhorar resultados de performance das minerações no Brasil.


O que faz um engenheiro de minas?

Na cadeia de processo do cimento, a primeira fase do processo produtivo é a mineração, com a tarefa de abastecer a fábrica com as matérias-primas de calcário e argila. Para que isto ocorra, são várias as atividades desenvolvidas nessa cadeia de atuação.

O senhor pode citar algumas delas?

Por exemplo, tem o planejamento de lavra, onde o engenheiro de minas elabora planejamentos de longo, médio e curto prazos, com o objetivo de produzir o minério com o melhor aproveitamento do recurso mineral.

Atua também no dimensionamento de equipamentos móveis, determinando a quantidade, modelo e o tamanho para movimentar o volume necessário de minério para a britagem e de estéril [material sem utilidade] para o depósito controlado de estéril, com a melhor viabilidade técnica e econômica. Essa atividade se faz com equipamentos de perfuração, carga e transporte tudo devidamente dimensionado. Também tem a atividade relacionada ao beneficiamento, mais especificamente na redução física para que o produto enviado à fábrica tenha uma granulometria adequada para a próxima fase do processo, que é a moagem.

Na operação da mina, uma atividade do engenheiro de minas é manter a rotina, performance e implantação de melhorias ou de novas tecnologias. Na estabilidade das bancadas na mina [estruturas em forma de uma escadaria para conseguir alcançar o minério no subsolo para fazer sua retirada], fazendo avaliações, estudos geotécnicos e monitoramentos, para que o maciço se mantenha estável e de forma segura. Ainda numa mina, o engenheiro pode fazer a gestão do local, controlando todas as questões direta e indiretamente ligadas à operação.

O engenheiro de minas também acompanha a utilização de explosivos?
Sim, é na parte de desmonte de rocha. O uso de explosivos pode ser uma atividade do engenheiro de minas, que vai fazer o estudo e a aplicação na forma mais adequada de desmontar o calcário. De uma forma direta ou indireta, podemos atuar nas questões de meio ambiente e da legislação mineral numa mina, atendendo aos critérios da política de compliance com foco na sustentabilidade.

E como a profissão vem mudando com as novas tecnologias e a necessidade da sustentabilidade em todas as ações produtivas?

A mineração pode fazer parte da indústria 4.0, com a modernização de equipamentos e controles, novas tecnologias, atividades mais automatizadas e operadas de forma remota.

Uma mineração mais sustentável busca-se otimizando o uso dos recursos naturais e garantindo uma exploração que respeite o meio ambiente. Tendo ainda o cuidado com a segurança e bem estar dos empregados e com as comunidades do entorno, além do compromisso de reabilitar as minerações após o término da atividade e da exaustão do recurso mineral.

O concreto é o material para a construção civil mais durável e resiliente do mundo, poucas pessoas associam o concreto à mineração de calcário, sua principal matéria-prima.

Qual o maior desafio enfrentado na profissão?
A atividade de mineração é bastante eclética e complexa, onde tudo e todos os envolvidos têm papel importante. Por isso, considero o maior desafio concatenar de forma prática a extração do minério, removendo a quantidade de estéril necessária, respeitando o meio ambiente, atendendo [à política de] compliance, com segurança, custo competitivo. Tudo para garantir parâmetros de qualidade e quantidade requeridos pelo cliente. Sem esquecer de garantir a motivação de toda a equipe na atividade.

O senhor pode nos falar também sobre a sua trajetória pessoal e familiar?
A minha trajetória pessoal está muito ligada à profissional e aos locais em que residi. Apesar da mineração ser predominantemente em locais remotos, tive o privilégio de residir em cidades com ótimas estruturas, durante toda a minha vida profissional morei juntamente com a minha esposa – que conheci à época em que era ainda estudante de engenharia – e nossos dois filhos. E isso é de extrema relevância para mim.


Como tem se mantido atualizado na profissão?
Participo de workshops, leio artigos e revistas da área, converso com fabricantes e fornecedores com tecnologia de ponta de produtos e serviços. Importante também interação com universidades e instituições de ensino de ponta, com cursos de pós graduação, onde tive a oportunidade de fazer uma especialização em Meio Ambiente na PUC Paraná (2010), de Economia Empresarial na Faculdade de Administração e Economia (FAE - Curitiba) e atualmente estou cursando Mestrado na UFRGS, na área de Geotecnia e Planejamento de Lavra.

Como o senhor vê a engenharia daqui para a frente e o seu próprio trabalho pós-pandemia do novo coronavírus (Covid-19)?
Vejo uma ampliação e diversificação voltada à automatização, juntamente com o programa de Indústria 4.0, sendo a engenharia o meio para que os projetos viabilizem e saiam do papel. Esta pandemia fez vários projetos serem adiantados na sua aplicação, estamos às vésperas de um novo salto tecnológico.

 

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Comentários  
# Resposta JorgeJonas 17-07-2020 10:17
Obrigado Jorge.
Responder
# Engenheiro de MinasJorge Pereira 13-07-2020 19:46
Parabéns Jonas, reportando uma visão geral das atividades da mineração no Brasil e da importância da nossa profissão.
Responder
# Sobre a reportagemFrederico 07-07-2020 14:32
Extremamente interessante essa reportagem, muito interessante entender na visão de um especialista como a engenharia de minas atua!
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