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26/09/2018

Superar ambientes machistas é preciso

SEESP Raquel Linkedin 4 "Quer ser engenheira? Seja! Não desista!”, diz gerente da Iron Mountain, formada na
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

O que é coordenar uma equipe brasileira de cerca de três mil funcionários de uma companhia norte-americana criada em 1951? É o que vamos saber com a engenheira química Raquel Trindade. Ela é a mais nova Gerente Geral Brasil da Iron Mountain, empresa global presente em diversos países africanos, europeus, asiáticos e das Américas do Norte e do Sul, dedicada a armazenar, proteger e gerenciar informações e ativos.

 

Formada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, Raquel tem, ainda, MBA em Negócios, pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC). A nossa entrevistada desenvolveu sua carreira em diferentes empresas de segmentos variados, como Redecard, Cartão Unibanco, Amor aos Pedaços, Amex, Sodexo, Zolkin e mais recentemente na Up Brasil. O time feminino da Iron Mountain ganha ainda o reforço de Fernanda Campos, que assume a diretoria Financeira Brasil da companhia.

 

Divorciada, Raquel tem 47 anos de idade e um filho de 9. “Fui mãe aos 38 anos e me formei na Poli, em 1994”, complementa.

 

O que é ser Gerente Geral Brasil da Iron Mountain?

Raquel Trindade – É muito especial cuidar de quase três mil pessoas. Estou há um mês, mas a empresa tem um clima organizacional, um engajamento, um espírito de servir, um espírito colaborativo muito grande, então é um desafio especial.

 

Além da sua formação como engenheira química, o ser mulher ajuda no novo cargo?

Vejo que ser mulher é um complemento muito importante. A diversidade é fundamental. Independente de ter mulheres e não ter mulheres, a gente aqui hoje tem uma composição, falando de mulheres e homens, quase meio a meio dentro da equipe. O papel de cada um é estar onde efetivamente estão suas competências e o que você pode fazer. Temos cinco grupos dentro de um programa de diversidade na Iron: tem o de mulheres; o Millennials (grupo focado em temas sobre as novas gerações e sua integração com as demais); de LGBT; de PcD (Pessoas com Deficiências); tem uma frente afro. A diversidade é algo que faz parte do dia a dia da companhia.


São cinco grupos com regularidade em conversas, como seria isso?

Sim, são comitês abertos, as pessoas não são convocadas, participa quem tem vontade de contribuir e se sente engajado com essa frente de diversidade. Uma pessoa pode participar de mais de um grupo, enfim, não tem essa limitação, é algo vivo não somente na Iron Mountain Brasil, mas é uma política global da empresa. Faz parte do valor da Iron.

 

São 3.000 funcionários no Brasil?

Somos exatamente 2.759 trabalhadores.

 

Você pode falar o que é esse seu novo cargo? Quais são suas funções, como posso descrevê-lo?

Sou a pessoa responsável por desenhar a estratégia do Brasil, mas acho que um dos meus maiores desafios é ter o engajamento, a clareza da comunicação e o cascateamento dessa estratégia e a implementação em toda a organização. A gente tem um foco muito grande, principalmente, nos colaboradores, mas também nos nossos clientes. Meu papel principal é fazer a maestria da condução do negócio como um todo, aqui no Brasil.

 

Há pouco tempo vimos a primeira mulher a assumir a direção Poli-USP – Liedi Legi Bariani Bernucci é a primeira mulher a assumir o cargo máximo administrativo de uma das principais escolas de Engenharia do País –, onde a senhora se formou como engenheira química. Como foi estudar uma profissão por muitos definida como masculina?

SEESP Raquel Trindade 2Posso falar tanto da minha formação, quanto do meu desenvolvimento de carreira que foi, grande parte, no mercado financeiro. Nós mulheres éramos minoritárias, na Poli em específico. Numa sala de 69 alunos éramos em cinco, mesmo sendo na engenheira química. Sinto que esse “perfil” vem mudando bastante, as empresas vêm se preparando e querendo mais a inclusão das diversidades. Quando a gente vai para o mercado de trabalho, por exemplo, eu que vim do mercado financeiro que tem ou tinha muita resistência ou cultura de não flexibilidade.

 

Fui mãe com idade mais avançada justamente por esse motivo. As empresas vêm se adaptando mais quando a gente fala da mulher. Para nós, a flexibilidade no trabalho, o horário, mas não tirando oportunidade de crescimento, são pontos extremamente importantes. Todavia, não podemos nos enganar: ainda vivemos num mundo muito mais masculino e, no Brasil, por uma cultura que existe ainda em algumas regiões, uma cultura machista ainda predominante.

 

Mas posso dizer que vale a pena não desistir. Corra atrás dos seus sonhos. Faça aquilo que lhe faz feliz e bem. Quer ser engenheira, seja! Muitas vezes as pessoas falam, “ah, mas é difícil, é período integral, é um ambiente machista”, pode ser tudo isso, mas dá para superar e vencer. Com determinação, foco e muita disciplina. Seja persistente que vale a pena.

Então, nunca é demais reafirmar: Engenharia também é lugar de mulher!

 

Engenharia, definitivamente, é um lugar para mulher. Temos atributos bons para compor a profissão, temos bom e rápido raciocínio. Além disso, a nossa questão emocional e sensitiva é um ponto favorável sim; e os homens têm suas características. Por isso, destaco que a complementaridade é sempre boa, em qualquer atividade humana, seja ela profissional ou pessoal.

 

A mulher consegue agregar muitas informações rapidamente. É isso?

A gente consegue agregar e lidar diversas informações ao mesmo tempo. Quando a gente junta isso às capacidades lógicas como a matemática, isso traz um potencial muito grande. Unir essas características com mais raciocínio, mais lógica e de forma mais pragmática. É um sucesso!

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Comentários  
# UMA LUTA SUGESTIVAUriel Villas Boas 27-10-2018 12:55
A mulher precisa sempre lutar para ser reconhecida, não pode ficar à espera de oportunidades e espaços nas mais diferentes áreas e principalmente, no mercado de trabalho, cada vez mais difícil pela elevação do nível tecnológico. E a engenharia é um espaço onde as mulheres estão tendo merecido destaque. .
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