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30/08/2011

À sombra de Fukushima

Artigo de José Alberto Cunha Couto e José Mauro Esteves dos Santos no Jornal da Ciência. Nos dias 31 de agosto e 1º de setembro acontecerá, em Angra dos Reis, o Exercício Geral Simulado de Emergência das usinas nucleares Angra 1 e 2.

        As usinas nucleares de Fukushima e de Angra dos Reis estão à beira mar e a semelhança termina aqui. À época do acidente nuclear,ocorrido este ano, em Fukushima, houve grande debate explicando as diferenças técnicas entre aquelas usinas e as nossas duas brasileiras. Chegou a ser espantoso o quanto importante pode ser a diferença de posicionamento de um gerador à diesel, em meio a sistema tão complexo.

        Nos dias 31 de agosto e 1º de setembro acontecerá, em Angra dos Reis, o Exercício Geral Simulado de Emergência das usinas nucleares Angra 1 e 2. Às vésperas de um exercício, em que são simulados incidentes para avaliar as condições de segurança da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, é natural que aflorem desconfianças se os planos de emergência, tão bem concebidos no papel, funcionarão na prática.

        Para a população de Angra dos Reis, não lhes basta saber do privilégio de a região não estar situada sobre placas que possam gerar grandes desastres, decorrentes de terremoto ou de seu conseqüente tsunami. Afinal, trata-se de área onde as chuvas já provocaram deslizamentos, cujas tragédias continuam nas lembranças de todos.

        É justamente em respeito à segurança desta população que este exercício anual de emergência se reveste de seriedade, não podendo ser mera rotina burocrática.

        O exercício deste ano irá incorporar algumas mudanças importantes: pela primeira vez, o exercício irá simular a distribuição de pastilhas de iodeto de potássio (que evitam a contaminação, por saturar a glândula tireóide) e assim evitar a absorção do iodo radioativo que pode ser liberado sob determinadas condições em um acidente real; serão mobilizadas mais de duas mil pessoas com a finalidade de exercitar a estrutura de resposta e testar o plano de emergência, em uma situação próxima da realidade; e a duração será estendida para dois dias.

        No exercício, serão ativados os quatros Centros de Emergência que participam das ações nestas situações: um em Brasília; um na cidade do Rio de Janeiro; e dois em Angra dos Reis. Como em todas situações complexas, a coordenação é condição de sucesso ou de fracasso. Neste caso, ela cabe ao Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro - SIPRON, colegiado, criado em 1980, que tem como órgão central, desde 2010, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

        Estão envolvidos nesta simulação seis Ministérios e órgãos da Presidência da República; três Secretarias do Governo do Estado do Rio de Janeiro; e uma Secretaria do Município de Angra dos Reis.

        Devido ao acidente nuclear ocorrido nas usinas nucleares em Fukushima, no Japão, e da visibilidade que o tema segurança nuclear ganhou na mídia, um grande número de observadores nacionais e internacionais é esperado. Até o momento, estão confirmados 17 observadores internacionais, 11 deputados federais, além de uma equipe do Tribunal de Contas da União (TCU).

        A população de Angra dos Reis merece todo este esforço. 



José Alberto Cunha Couto é sub-secretário de Assuntos Institucionais do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República - GSI/PR e José Mauro Esteves dos Santos é assessor do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro - SIPRON/GSI/PR.



www.fne.org.br




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