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13/05/2025

Gestão de riscos é destacada por especialistas como essencial a SST

Jéssica Silva – Comunicação SEESP

 

Na manhã da segunda-feira (12/5), na sede do SEESP, na capital paulista, aconteceu o “Workshop sobre o Processo de Atualização das Normas Regulamentadoras”. A atividade promovida pelo sindicato contou com o apoio do Sistema Confea/Crea e Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e das empresas Westex, Bizzo e Tognon e DPST Engenharia.

 

Murilo WorkshopNRs Rita 120525O presidente do SEESP, Murilo Pinheiro, na abertura do workshop. Foto: Rita CasaroAo destacar a importância do debate, Murilo Pinheiro, presidente do SEESP, lembrou da construção do túnel imerso Santos-Guarujá, em fase de licitação. “Temos que colocar um anexo falando de engenharia de segurança para que não ocorram acidentes nessa grande obra”, externou.

 

A engenharia de segurança é pauta permanente do SEESP que, conforme ressaltou Luiz Carlos Lumbreras, foi palco de grandes discussões sobre o tema. “A NR 35 começou aqui. Em poucos meses conseguimos elaborar, publicar; todo o trabalho foi feito aqui”, disse.

 

Confira como foi a mobilização para implantação da NR 35

O auditor-fiscal do trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro (SRTE-RJ) foi o primeiro palestrante da atividade. Lumbreras atuou como especialista em inspeção, segurança e saúde do trabalho do Escritório Regional da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para a Europa Central e do Leste, e apresentou um comparativo entre a região e o Brasil.

 

Segundo ele, apesar do cenário ainda ruim e da subnotificação, a taxa de incidência de acidentes do trabalho no País apresenta queda desde 1999. Porém, quando avaliada a taxa de mortalidade, o índice brasileiro ultrapassa a média da União Europeia.

 

A questão, contudo, é global. Conforme mostrou, 88% das mortes ocasionadas por trabalho não é decorrente de acidentes, mas de adoecimento. E o fator que mais leva ao adoecimento no trabalho no mundo é a exposição a longas jornadas. “Hoje estamos discutindo a redução de jornada, e é um fator que pode nos auxiliar a reduzir as mortes”, atestou.

 

Para Lumbreras, é importante rever e atualizar a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, de 2011, e o Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (Plansat), elaborado em 2012. “De lá para cá o mundo do trabalho mudou, o Brasil mudou, temos metas genéricas e sem prazo. Tudo ficou no papel, infelizmente”, lamentou.

 

Novos desafios devem ser considerados, externou o palestrante, como o efeito das mudanças climáticas, eventos meteorológicos extremos, doenças transmitidas por vetores, e ainda inovações tecnológicas como a inteligência artificial e machine learning. 

 

Outro passo importante para o Brasil, ele frisou, é o gerenciamento de risco feito por profissional certificado. “Todos os países que assessorei têm um plano com prazo, metas e avaliações periódicas. É fundamental para avançarmos nesse sentido traçar o perfil nacional em SST e a partir daí refazer o Plano”, destacou.

 

 

Lumbreras workshopNRs Jessica 120525O auditor-fiscal do trabalho Luiz Carlos Lumbreras. Fotos: Jéssica Silva

 

 

 

Plateia WorkshopNRs Jessica 120525Atividade aconteceu na sede do SEESP, na capital paulista, e foi transmitida pelo canal da entidade no Youtube

 

 

Programa de gerenciamento

 

O engenheiro civil e de segurança do trabalho Jomar Sousa Ferreira Lima abordou em sua fala os desafios da gestão de risco na construção civil. Ele foi membro do Grupo de Trabalho Tripartite (GTT) que revisou a NR 18, voltada para a indústria da construção.

 

Segundo apontou, a norma anteriormente considerada por muitos um “checklist” está agora num patamar de gestão. “Colocamos que quem faz o PGR [programa de gerenciamento de risco – NR 1] em obra é o engenheiro de segurança. E precisamos cada vez mais melhorar a qualidade dos nossos programas. Temos que desenvolver o PGR com amplitude para proteger a todos”, disse Lima.

 

No setor elétrico a gestão também deve ser enfatizada, concordou Aguinaldo Bizzo de Almeida, membro do GTT NR 10 – ainda vigente. Ele falou que instalações em áreas comum/públicas é uma vulnerabilidade na norma pelos diversos fatores envolvidos como pedestres, trabalhador em proximidade e o PGR que, em suas palavras, são “vergonhosos”. “São documentos genéricos, que não promovem ações de melhorias”, criticou. E enfatizou: “Construir instalações elétricas seguras é engenharia.”

 

 

Jomar WorkshopNRs Jessica 120525Jomar Sousa Ferreira Lima, que atuou na revisão da NR 18

 

 

 

Bizzo WorkshopNRs Jessica 120525O engenheiro Aguinaldo Bizzo de Almeida falou sobre os desafios do setor elétrico

 

 

 

Bizzo falou do perigo do arco elétrico, da importância do uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e da capacitação dos profissionais envolvidos, um gargalo em sua visão. Esses pontos estão no centro da revisão da NR, conforme assentiu. “A norma por si só não vai proteger o trabalhador, mas ela é fundamental para que se exercer a SST”, defendeu.

 

EPI de ponta

 

A última palestra da parte da manhã do workshop do SEESP colocou em pauta vestimentas de proteção contra efeitos térmicos de arcos elétricos. A descarga elétrica, que pode ocorrer por falha mecânica, sobrecarga, contato acidental, entre outros fatores, chega a temperaturas elevadas de 20 mil graus celsius. “E não é só o calor, na explosão pedaços de metal podem ser ejetados, além da fumaça tóxica”, salientou Marcio Botaro, pesquisador do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP).

 

Apenas três laboratórios independentes no mundo estudam a área de segurança contra esse fenômeno, sendo um deles o Laboratório de Ensaio de Vestimentas do instituto da USP (LEVe-IEE USP). Lá, simulações são feitas para que se entregue ao mercado o melhor equipamento de proteção aos trabalhadores expostos a esse risco.

 

“As lesões mais graves são causadas pelo uso de um uniforme comum, que seguem em combustão mesmo após a fonte de ignição ter sido removida ou cessada”, explicou a engenheira química Maria do Carmo Chies, da empresa Westex. E ratificou: “depois de todas as medidas de engenharia, a última barreira de proteção contra o arco elétrico é o EPI, em que toda construção é diferente, o tecido, a linha de costura. A vestimenta protege, e estamos bem avançados nesse ponto no Brasil.”

 

 

MariaeMarcio WorkshopNRs Jessica 120525Maria do Carmo Chies e Marcio Botaro fecharam as atividades da manhã do workshop do SEESP

 

 

 

 

Veja a apresentação de cada palestrante:

 

• Luiz Carlos Lumbreras

• Jomar Sousa Ferreira Lima

• Aguinaldo Bizzo de Almeida

• Marcio Botaro e Maria do Carmo Chies

 

 

 

Assista ao workshop, parte da manhã, na íntegra:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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