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Altamiro Borges

 

Em maio, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé completou sete anos de existência. O aniversário foi comemorado em um restaurante nordestino no centro da capital paulista que reuniu jornalistas, blogueiros, sindicalistas e lutadores pela democratização dos meios de comunicação. A festança foi animada e reafirmou o compromisso dos presentes com a luta pela verdadeira liberdade de expressão – que não se confunde com a liberdade dos monopólios midiáticos. Essa batalha é hoje uma das mais estratégicas para os trabalhadores.

É só acompanhar o noticiário dos jornalões, revistonas e das principais emissoras de rádio e tevê para constatar o alinhamento desses meios com a agenda regressiva e destrutiva do patronato. A quase totalidade da cobertura “jornalística” desses veículos privados é favorável às contrarreformas trabalhista e previdenciária de Michel Temer – da mesma forma como respaldou outras maldades, como o congelamento por 20 anos dos investimentos na saúde e na educação ou o projeto de terceirização selvagem da força de trabalho do Brasil.

Esse comportamento unificado dos latifúndios midiáticos se justifica por razões políticas e econômicas. A chamada grande imprensa sempre foi contrária aos interesses dos trabalhadores. Além disso, a mídia privada sempre adotou uma postura mercenária no trato da informação.

Nesse sentido, a chegada ao poder de Michel Temer e da sua quadrilha foi bastante funcional para os barões da mídia. Ela resultou na brutal elevação das verbas publicitárias. Basta citar o exemplo da revista IstoÉ – também conhecida nos meios jornalísticos como “QuantoÉ” –, que foi presenteada com o aumento de 1.380% em publicidade oficial. Nos bastidores, o governo ilegítimo procura recompensar a mídia que o apoiou com outras benesses, com a restrição ao acesso à internet livre e outros golpes que ferem a liberdade de expressão.

Diante deste cenário – que não encontra paralelo em vários outros países, que adotaram regulações para coibir a ditadura midiática – é que se destaca o papel estratégico da luta pela democratização dos meios de comunicação. É nele que se insere a ação do Centro de Estudos Barão de Itararé. Durante a festança de aniversário, foi enfatizado que as entidades que lutam contra os monopólios midiáticos necessitam de ajuda para desenvolver suas atividades. Foi reforçada a urgência da campanha “Seja Amigo do Barão”. Entre no site baraodeitarare.org.br e contribua com essa batalha estratégica.

 

Altamiro Borges é jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

A informação é fundamental para que o País não comprometa o seu desenvolvimento e futuro como nação soberana. Essa foi a tônica dos palestrantes do seminário “Petróleo, Petrobras, engenharia nacional e a retomada do crescimento”, ocorrido no dia 19 de junho último, na sede do SEESP, na capital paulista. A atividade foi uma realização conjunta da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), além do sindicato.

À mesa de abertura, Murilo Pinheiro, presidente do SEESP e da FNE, criticou a proibição de participação de empresas brasileiras em licitações da Petrobras, assim como a redução do conteúdo local para contratações de equipamentos pela indústria de petróleo. Ele salientou a necessidade de unidade entre os diversos setores e de esforços junto ao governo e ao Congresso Nacional para reverter a decisão. “A saída dessa crise se faz com ideias e propostas factíveis.” É o que busca articulação em torno do movimento “Engenharia Unida”, chamado pela FNE.

Segundo o vice-presidente da Aepet, Fernando Siqueira, o Brasil passou do 14º para o sexto lugar no ranking mundial das reservas provadas a partir da descoberta do pré-sal, com 117 bilhões de barris de petróleo equivalente. A sociedade brasileira, argumentou, precisa entender o que está em jogo nessa questão. O especialista exemplificou com o caso da Noruega: “Até a década de 1970, era o segundo país mais pobre da Europa. A partir da descoberta de petróleo no Mar do Norte, o governo local criou a Statoil. A nação se tornou a mais desenvolvida do mundo, com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos últimos cinco anos.” Siqueira completou: “E ainda tem uma reserva de 8 bilhões de barris, um fundo soberano de 900 bilhões de euros para manter a qualidade de vida da população quando acabar o petróleo.” Por outro lado, asseverou, os países que entregaram seu petróleo às multinacionais estão na miséria, casos de Gabão, Nigéria, Angola, Iraque e outros. Ele advertiu que o Brasil pode tomar o caminho do segundo grupo se não preservar a Petrobras, o modelo de partilha na exploração do pré-sal, não investir em educação e na indústria nacional.

 

Conteúdo local
Para o delegado da Aepet em São Paulo, Francisco Gonçalves e Souza, a diretoria atual da Petrobras tem tomado o caminho contrário ao recomendado, entregando seu patrimônio a preços aviltados. Ele abordou a degeneração da política de conteúdo nacional, traçando histórico das diversas ações implantadas no setor até os dias atuais. Em 1997, informou, a Lei n º 9.478 criou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE). Dois anos depois, foi realizada a primeira rodada de licitações para concessão de blocos exploratórios, quando a ANP estabeleceu requisitos mínimos de conteúdo local em seus contratos de concessão com as operadoras vencedoras, para investimentos realizados nas fases de exploração e desenvolvimento da produção. Outro reforço dessa política, apresentou Souza, foi a instituição, em 2003, do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp). No ano seguinte, foi criada a cartilha do programa, estabelecendo metodologia de cálculo do conteúdo local de bens, sistemas, subsistemas e serviços relacionados ao setor – a qual foi adotada como oficial para aferição de contratação nacional na sétima rodada de licitação de blocos exploratórios, em 2005, virando, inclusive, um anexo do contrato de concessão.

Souza apresentou uma planilha com uma linha do tempo entre 2013 e 2017 da utilização do conteúdo local na aquisição de bens e serviços relacionados às diversas fases da exploração de petróleo. “Vemos uma queda significativa”, concluiu.

Diretor de gás e energia da Petrobras de 2003 a 2007, o professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEA-USP), Ildo Sauer, alertou que o Brasil não pode desperdiçar o papel da Petrobras e do pré-sal na disputa geopolítica em escala global. Ele criticou os últimos governos por “não terem sido capazes de organizar a produção, o que não se faz sem a engenharia”. E reforçou: a sociedade precisa entender o valor disso na estruturação sólida de uma economia.

Participaram da mesa de abertura do seminário o economista Carlos Alberto Laurito, do Departamento de Relações Institucionais do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp); o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho e Responsabilidade Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Haruo Ishikawa; Arthur de Almeida Junior, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq); e João Alberto Viol, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco).

 

Por Rosângela Ribeiro Gil

A mobilidade urbana tem contribuição fundamental para que a meta assumida nacionalmente pelo Brasil no Acordo de Paris em 2016 seja cumprida. O objetivo é reduzir os gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005 até 2025 e aumentar a participação da bio­energia sustentável na matriz energética para aproximadamente 18% em 2030. Tendência mundial, a eletrificação do modal sobre pneus é o caminho apontado para São Paulo.

 Esse foi o tema central de evento promovido pelo SEESP, em parceria com o Movimento Defesa do Trólebus e o Boletim do Transporte, que reuniu, no dia 22 de junho, especialistas para debater a Lei Municipal de Mudanças Climáticas (nº 14.933).

 Aprovada em 2009, a norma estipula medidas para que a cidade reduza as emissões de gases de efeito estufa e a contaminação do solo e da água. No entanto, não há sinal de que seja cumprido um de seus artigos mais importantes, o de número 50, que prevê a substituição dos ônibus a diesel da frota das linhas municipais por veículos menos poluentes, como elétricos a bateria, híbridos, trólebus, a gás natural, biometano, etanol, biodiesel, entre outros. Até agora nem 7% da frota de ônibus da cidade atendem a legislação, e modelo ainda está em discussão. “É possível usar as fontes existentes no País para gerar energia elétrica”, observou Jurandir Fernandes, coordenador do Conselho Assessor de Mobilidade do Conselho Tecnológico do sindicato e presidente da União Internacional de Transportes Públicos (UITP) para a América Latina.

 

Foto: Divulgação BYD
Ônibus Híbrido

Ele lembrou que a adoção de outras tecnologias, como o biocombustível e veículos híbridos (diesel e eletricidade), está perdendo espaço para o 100% elétrico, com baterias cada vez menores e mais leves. “É um processo. O custo está caindo, e já existem ônibus que rodam com 290 quilômetros de autonomia, o que é perfeitamente aceitável”, completou.

 Edilson Reis, diretor do SEESP, concordou e enfatizou a necessidade de ganhar escala e estabelecer metas: “Os engenheiros precisam operacionalizar os termos da lei. Hoje eu diria que é desejável mudar a matriz, mas não é viável. Não tem escala para produzir a quantidade que a cidade necessita e falta confiabilidade.” Assim, apesar de ter acordo com o modelo atual da licitação proposto, com metas de redução de emissão de poluentes, ele ressaltou que há um descompasso entre lei e ação.

 Especialistas defendem que não há uma única solução. Além dos veículos a bateria, São Paulo teria condições de expandir sua rede de trólebus, que demandaria um investimento maior para a rede de fios que alimenta o ônibus. Outra alternativa é a adoção do biocombustível, já tentada com o Programa Ecofrota em fevereiro de 2011, que chegou a ter mais de 1.800 coletivos abastecidos, ainda que parcialmente, com etanol, biodiesel, diesel de cana-de-açúcar e eletricidade. Em 2014, no entanto, a Prefeitura alegou problemas técnicos e financeiros e suspendeu a iniciativa. Segundo a SPTrans, a cidade conta hoje com 395 ônibus abastecidos com A10 (mistura de 10% de etanol adicionado ao diesel), 201 trólebus e 60 veículos movidos a etanol, além de dois 100% a bateria e dois híbridos (energia elétrica e diesel).

 No mundo, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), de 2010 a 2015 se chegou a 1 milhão de veículos elétricos. De 2015 para 2016, houve uma curva exponencial, dobrando esse número. Até 2020 a projeção dos mais pessimistas é que a frota chegue a 9 milhões e dos mais otimistas, 20 milhões.

 

 Histórico
São Paulo tem hoje quase 15 mil ônibus, a maior frota do País, que transporta cerca de 27,7 milhões de passageiros ao mês. Desde junho de 2013, o transporte coletivo ganhou maior destaque por conta das grandes mobilizações que levaram milhões às ruas, cujo estopim foi o aumento das tarifas. Em meio ao forte lobby do setor, a administração pública da cidade tenta, desde então, renovar o contrato de concessão para os ônibus da Capital – o deveria ter sido feito há quatro anos. O atraso tem custado até o primeiro semestre de 2017 R$ 2,617 bilhões aos cofres públicos em complementação de subsídio, segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM).

Em 2015, saiu um novo edital que foi barrado em seguida por esse órgão e pelo Ministério Público Estadual, após ser questionado por organizações da sociedade civil. “Nosso posicionamento é que a cidade adote um combustível 100% renovável. Vai se ganhar escala quando houver produção e determinação do poder público”, explica Davi de Souza Martins, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace. Entre os dias 26 e 28 de junho o município promoveu uma série de audiências públicas, após pressão das organizações. Mas falta transparência. “O texto ainda não foi reapresentado pela nova gestão (de João Dória). Isso deslegitima e enfraquece o processo, é bastante danoso para o processo democrático, sem contar o dinheiro público gasto com essas audiências que não estão atraindo a participação popular”, alerta Martins.

Mais informações em https://goo.gl/4gp465.

 

Por Deborah Moreira

 

A aprovação no dia 28 de junho de parecer favorável à reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deve ampliar ainda mais a resistência do movimento sindical unificado contra a retirada de direitos históricos. Por 16 votos a nove, com uma abstenção, parlamentares acataram no ensejo parecer do   relator, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), após 14 horas de debates. Antes, a proposta apresentada pelo governo Temer (Projeto de Lei da Câmara 38/17) passou pelas comissões de assuntos Econômicos (CAE) e Sociais (CAS) – nesta última, foi rejeitada.

Aprovada pelos deputados em abril, agora está em sua última etapa de tramitação. Segue à votação em regime de urgência no Plenário do Senado, quando precisará de maioria simples para passar (metade dos parlamentares mais um). A perspectiva é que isso ocorra antes do recesso parlamentar a partir de 17 de julho. Se aprovado, o PLC que altera artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com consequente precarização do trabalho, irá a sanção presidencial.

“Acossado por graves denúncias, o governo torna-se cada vez mais refém do mercado, que exige a pronta entrega das ‘deformas’, como a trabalhista. A Câmara Federal prestou-se a isso. Aprovou esse monstrengo, com agressão aos direitos dos trabalhadores, predeterminando o esfacelamento da vida sindical. Isso é que está em discussão no Senado. Um grande número de parlamentares resiste a esse crime, tendo derrotado na CAS o projeto originário. O governo faz um esforço desesperado para aprová-lo, mas o movimento sindical tem apresentado forte resistência a esse despautério. A pressão continua”, enfatiza o consultor sindical do SEESP, João Guilherme Vargas Netto. Após grandes manifestações nas diversas cidades brasileiras nos dias 15 e 31 de março, greve geral vitoriosa em 28 de abril e marcha de mais de 100 mil trabalhadores a Brasília no dia 24 de maio, os trabalhadores organizaram uma série de protestos e gestões junto ao Legislativo no mês de junho, incluindo paralisações e a mobilização nacional no dia 30. Para Murilo Pinheiro, presidente do SEESP, a resistência deve seguir como foco, de forma unitária e sem dispersão. “É preciso manter e ampliar a mobilização e o esforço de demonstrar como as mudanças propostas são equívocos, que em nada ajudarão o País a sair da crise”, acrescenta.

Vargas Netto explicita o quadro a ser enfrentado e o caminho das pedras: “A estratégia governista no Senado é fazer com que os parlamentares aprovem literalmente o que veio da Câmara. Nossa tática tem sido derrotar o projeto ou garantir emendas de tal forma que, mesmo se aprovado parcialmente, o PL tenha que voltar para a Câmara. Aí estaremos, dada a instabilidade da situação e do governo, em uma nova conjuntura.” Na sua avaliação, caso retorne, a reforma estará comprometida, já que as comissões terão que lidar com o avanço da crise política, que atinge neste momento o Presidente da República.

O jornalista Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), aposta na possibilidade de que Temer não tenha caído ainda para não atrapalhar a votação da reforma. Mas, diante de sua fragilidade, acredita que nem sua aprovação no Senado barrará processo de impeachment.

 

Derrotar retrocesso e ficar alerta
Ele chama atenção para o compromisso de parlamentares com os setores de mercado. E destaca: “Impedir a aprovação será uma vitória, porque impedirá retrocesso social monumental.” Mesmo nesse cenário, a resistência não poderá arrefecer. “Esse tema pode voltar outras vezes num próximo governo fortemente”, alerta Toninho.  A Emenda à Constituição relativa ao congelamento de gastos públicos por 20 anos pode servir de justificativa para tanto.

Na sua ótica, na conjuntura adversa, para além de manter e fortalecer a resistência, o desafio do movimento sindical é “se reinventar no momento em que as forças mais conservadoras disputam o eleitorado fortemente”. Para ele, portanto, a luta não cessa após possível vitória contra a reforma trabalhista – a principal ameaça agora, já que a previdenciária perdeu ímpeto. “Ao enfrentamento, tem que fazer programas que sirvam à formação, à qualificação de suas lideranças. Não basta mais ser contra e reivindicar, é preciso ter alternativas, capacidade de formulação e de mobilização”, conclui.

É o empenho do SEESP. Além de se somar à luta em curso, têm se preocupado em ampliar a consciência sobre a importância do movimento sindical em especial a recém-formados e estudantes, por intermédio das ações do Núcleo Jovem Engenheiro da entidade. Também tem se empenhado em apresentar contribuição à retomada do crescimento econômico, junto ao movimento “Engenharia Unida” – articulação da área tecnológica chamada pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), à qual o sindicato paulista é filiado.

 

Por Soraya Misleh

Homologado em 2013 pelo Ministério da Educação (MEC), o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), criado e mantido pelo SEESP, iniciou suas atividades em 2015 com a primeira graduação em Engenharia de Inovação do País. Neste segundo semestre, realizou seu quinto processo seletivo. Inscrições ao vestibular para vagas remanescentes estão abertas até 4 de agosto (leia mais em goo.gl/MZmDVm).Quem aborda esse pioneirismo dos engenheiros de São Paulo, que tem o apoio da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), é o professor José Marques Póvoa, diretor de graduação da instituição. Ele salienta que o curso procura inovar também no ambiente de aprendizado: “Nossas aulas estão baseadas no método ativo-colaborativo, em que o professor atua muito mais como um mediador.” Para essa metodologia, prossegue, as salas de aula têm mesas em formato redondo, o que facilita e possibilita maiores interação e diálogo entre estudantes e docentes. Confira detalhes nesta entrevista.

 

O que é a Engenharia de Inovação?

É bom esclarecer que inovação não está necessariamente ligada à tecnologia. É, antes de tudo, uma mudança que deve ocorrer na concepção do que é ser um profissional e em particular da área de engenharia. Em relação à grade curricular, buscamos recuperar o conceito histórico da engenharia, lembrando que no início existia a militar e aí surgiu a civil, que procurava resolver os problemas da sociedade. Os primeiros engenheiros civis se deparavam com problemas mais simples com relação ao mundo atual, por exemplo, construção de estradas, pontes e casas, o início da iluminação pública (lampiões) e do saneamento etc..

 

Essa realidade mudou muito.

Sim. Hoje os problemas estão bem mais complexos. No decorrer dos últimos anos surgiram diversas engenharias para dar contar disso. A ideia da nossa graduação é reunir os conhecimentos básicos dessas várias modalidades para que o profissional possa atuar em diferentes vertentes da área sem que para isso seja um especialista em cada uma.

 

Para quais desafios o Isitec prepara o estudante?

Para enfrentar desafios que ainda não sabemos quais serão, para resolver problemas que não temos a mínima ideia de quais são e para utilizar tecnologias que sequer foram desenvolvidas. Devemos preparar esses jovens para se tornarem uma espécie de multiespecialista, ou seja, capazes de atuar em diferentes vertentes das engenharias. É uma mudança no paradigma do que é ser um profissional, na forma de pensar e atuar. É isso que estamos buscando construir no Isitec.

 

Opinião
Como procurar emprego pelo Linkedin

A ferramenta de relacionamento profissional foi lançada em 2003. Trata-se de uma rede de negócios que disponibiliza uma imensa fonte de busca de pessoas, empresas, vagas e oportunidades. Seu papel específico é ajudar na colocação ou recolocação no mercado de trabalho. Dicas sempre são importantes, lá vão algumas:

1 – Antes de começar a buscar oportunidades ou pessoas na rede, analise o seu currículo. Os pontos que merecem atenção são: objetivo, resumo de qualificação e experiências profissionais.

2 – Ao mapear o mercado de trabalho, pesquise as palavras-chaves mais utilizadas nas vagas de emprego, que podem ser conhecimento, experiência, softwares, e acrescente-as ao currículo caso seja adequado ao seu perfil, fazendo um link com o que é mais demandado.

3 – Crie uma rotina de acesso à rede e invista no relacionamento com os grupos, conexões e compartilhe conteúdo relevante. Hoje a timeline é muito utilizada para fazer perguntas, pedir indicação, divulgar seu perfil, compartilhar experiências etc.. 

4 – Para buscar oportunidades, clique no campo vagas e utilize os filtros para encontrar as mais próximas do que deseja no momento. O Linkedin oferece vários: localização, empresa, segmento, data de publicação, palavra-chave e remuneração.

5 – Crie alerta de pesquisa de vaga, assim, você pode receber oportunidades dentro dos critérios que definiu em relação a cargo e localidade por e-mail.

6 – Siga as empresas nas quais tem interesse em trabalhar para acompanhar atualizações e vagas em aberto.

7 – Contatos compartilhados podem formar uma rede estratégica, tanto para uma nova posição como para relacionamento.

8 – Por fim, personalize a URL do perfil público para melhorar a visibilidade da sua marca ou empresa. Coloque nome/sobrenome e serviço ou profissão atual.

 

Mariles Carvalho é psicóloga e coordenadora do setor de Oportunidades e Desenvolvimento do SEESP

Contatos: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e telefones (11) 3113-2666/2669/2674.

03/07/2017

Canteiro

Emprego e desenvolvimento rumo ao Brasil 2022
Em 18 de agosto próximo, das 9h às 18h, acontece no auditório do SEESP (Rua Genebra, 25, 1º andar, Bela Vista, Capital) a 11ª Jornada Brasil Inteligente. Promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), a atividade terá como tema central nesta edição “Emprego e desenvolvimento rumo ao Brasil 2022”. Entre os palestrantes, o advogado e político Ciro Gomes e o cientista social Peter Poschen, diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil. Após as exposições, ocorrerá a 11ª Plenária do Conselho Consultivo da CNTU, quando serão empossados seus novos integrantes. Ao final, será debatido e aprovado documento com as conclusões do evento. Mais informações pelo telefone (11) 3113-2634 ou e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

Por uma nova política de infraestrutura de redes em São Paulo
O SEESP, juntamente com a Agência Reguladora de Saneamento e Energia no Estado de São Paulo (Arsesp), por meio do Conselho de Orientação de Energia (COE), produziu laudo técnico de engenharia sobre a infraestrutura das redes de telecomunicações. Participaram ainda da elaboração distribuidoras de energia com atuação no Estado. O documento foi entregue às agências nacionais reguladoras Aneel (de energia) e Anatel (de telecomunicações), bem como a alguns órgãos públicos, como a Secretaria Municipal de Serviços e Obras da Capital.

Desenvolvido a partir de discussões junto ao Grupo de Trabalho de Infraestrutura de Redes do Conselho Assessor de Comunicação e Telecomunicações do Conselho Tecnológico do SEESP, o laudo visa contribuir para a execução de projetos e obras de remanejamento das redes aéreas para o subterrâneo não só em São Paulo, mas também nas demais cidades brasileiras.

 

Campanhas salariais
CPTM – Os engenheiros que trabalham na CPTM aprovaram o Acordo Coletivo de Trabalho 2017 em assembleia ocorrida no dia 8 de junho. Destaca-se reajuste salarial de 4,43% (IPC-Fipe) retroativo à data-base em 1º de março – sendo que os atrasados serão pagos em duas parcelas –, extensível aos demais benefícios de caráter econômico. O vale-refeição terá ainda um aumento real de 4,09% a partir de setembro próximo.

Metrô – Com data-base em 1º de maio, os engenheiros que trabalham no Metrô aprovaram acordo em assembleia no dia 1º de junho. Entre os itens contemplados estão reajuste de 3,71% do salário na data-base, extensível aos vales refeição e alimentação.

Sabesp – Em assembleia no dia 19 de junho, a categoria aprovou acordo na Sabesp. Esse inclui reajuste salarial de 3,71%, extensível ao vale-refeição, retroativo à data-base em 1º de maio, de 6,29% no valor da gratificação de férias e de 8,39% no auxílio-creche.

AES Eletropaulo – Os engenheiros que trabalham na AES Eletropaulo, com data-base em 1º de junho, aprovaram em assembleia no dia 14 de junho acordo coletivo, com validade até 2019 (cláusulas de caráter social) e renegociação em 1º de junho de 2018 (econômicas). Destacam-se: piso de R$ 8.443,00 (aumento de 6,48%), reajuste salarial de 3,6% para as faixas superiores, de 4,82% para o vale-refeição e de 4,74% para o vale-alimentação, entre outros.

Cetesb – A categoria aprovou acordo em assembleia no dia 26 de junho. Entre os itens, reajuste de 3,71% (pelo IPC-Fipe) sobre os salários e benefícios, com a manutenção da data-base em 1º de maio. Pagamentos retroativos serão parcelados. Além disso, manutenção das cláusulas sociais preexistentes (inclusive garantia de emprego para 96% do quadro funcional) e pagamento do piso dos engenheiros.

 

Murilo Pinheiro fala sobre engenharia e meio ambiente
Em 20 de junho, durante o “Encontro técnico 25 anos de meio ambiente”, realizado na Capital em comemoração aos 25 anos de fundação da Associação dos Engenheiros e Especialistas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Asec-Cetesb), o presidente do SEESP, Murilo Pinheiro, ministrou palestra sobre a atuação do sindicato e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), especialmente em relação à engenharia e ao meio ambiente. Entre os destaques de sua fala, o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado em 2006, e o movimento “Engenharia Unida”, articulação da área tecnológica na busca de saídas à crise atual – ambas iniciativas da FNE que têm a adesão do SEESP.

 

Núcleo Jovem participa de evento em Jacareí
Em 19 de junho, o Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP esteve na Faculdade de Tecnologia São Francisco (Fatesf), em Jacareí, para participar da Semana da Engenharia. Segundo a coordenadora Marcellie Dessimoni, foi uma oportunidade para abordar assuntos relevantes aos estudantes de engenharia de automação e computação. Estiveram presentes ainda o diretor-geral da instituição, Wilson Custódio Canesin da Silva, professores e o presidente da Delegacia Sindical do SEESP local, Roberto Juvele.

É preciso que o Congresso Nacional compreenda a mensagem que vem sendo emitida pelos trabalhadores brasileiros, que são a imensa maioria da população: é tempo de parar a tramitação das reformas trabalhista e da Previdência. A greve geral de 28 de abril e a marcha a Brasília de 24 de maio, ambas manifestações vitoriosas, deram esse sinal claro, que deve ser assimilado pelos parlamentares. Equivocadas e injustas, tais proposições hoje, em meio a tamanha crise política, tornam-se também absurdas. Não é aceitável que se siga com a tramitação do Projeto de Lei da Câmara 38/17 e da Proposta de Emenda à Constituição 287/16, como se nada estivesse se passando no Brasil.

Não há justificativa para tamanha pressa ao tratar de questões tão relevantes.  É necessário que o País volte à normalidade para que mudanças dessa monta, que atingem direitos históricos de um contingente de 100 milhões de pessoas e ameaçam minar a nossa já frágil proteção social, possam ser discutidas.

Os defensores de tais ideias devem se submeter ao real e efetivo debate público; não basta promover audiências meramente protocolares que em nada interferem na decisão das casas de leis. A sociedade precisa de informação clara e isenta, não de propaganda, para formar sua opinião e se posicionar.

Ao argumento do lendário déficit da Previdência contrapõe-se a demonstração de inúmeros especialistas que negam a existência de rombo. Por que não permitir aos brasileiros acesso amplo a tais informações para que possam julgar por si próprios?  Aos que afirmam que o fim dos direitos trabalhistas gerará empregos, muitos respondem que a precarização enfraquecerá ainda mais a economia. Essa discussão precisa ser feita.

Nossa convicção é que se a opinião pública tiver acesso ao debate honesto e informado, o que é essencial a uma democracia de fato, a sociedade brasileira repudiará veementemente a ideia de retroceder em seus direitos. Em vez disso, optará por coletivamente buscar a saída da crise econômica que já flagela 14,5 milhões de cidadãos com o desemprego.

Ainda, entenderá que o caminho para tanto é garantir investimentos na infraestrutura nacional e estimular a produção; retomar obras paralisadas; buscar inovação para aumentar a produtividade e ter uma indústria competitiva e valorizar a engenharia. Perceberá que é preciso também brecar a desnacionalização da economia que vem sendo posta em prática com medidas como a redução da exigência de contratação de conteúdo local pelas empresas petroleiras no Brasil.

Está mais que na hora de reencontrarmos o rumo do desenvolvimento. E isso exige abandonar as reformas erradas e desnecessárias e voltar a crescer.

 

Eng. Murilo Pinheiro
Presidente

José Manoel Ferreira Gonçalves

 

A gravíssima crise política que assola o País ameaça não só nosso desenvolvimento, mas nossa economia e nossa democracia. Não percamos de vista, contudo, que as crises costumam se constituir em oportunidades, como no new deal americano depois de 1929, por exemplo. No setor ferroviário será necessário reavaliar concessões feitas de forma açodada, à revelia do interesse nacional, para resolver fluxo de caixa do governo outorgante. Faz-se necessário um amplo levantamento dos trilhos já construí­dos, mas sem funcionamento, como em grande parte da ferrovia norte-sul.

É mister a conscientização da importância das ferrovias para o desenvolvimento econômico do País, para ganho de competitividade internacional, para o transporte terrestre de pessoas mais adequado que existe no mundo, para a segurança das estradas e para o meio ambiente. Sem a conscientização das pessoas, não há a necessária pressão para que os mandatários façam o que é preciso fazer, será necessário um new deal tupiniquim para o setor.

Urge mais que tudo paralisar a tramitação da lei de conversão da Medida Provisória (MP) 752, que já aguarda a sanção do multidelatado Presidente da República. Assim, gigantescos equívocos contrários aos interesses nacionais, que ameaçam nossa soberania e impedem o desbravamento do nosso sistema logístico como um todo e em especial a reativação do transporte ferroviário do País, serão evitados.

Trata-se de uma medida que viabiliza a suspeitíssima renovação antecipada de concessões de ferrovias, como a malha paulista, por exemplo. Ferrovias que essas concessionárias vêm explorando de forma predatória, sem investimento em sua manutenção e a necessária ampliação sem qualquer parâmetro de qualidade operacional.

A Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (FerroFrente) tem sido voz divergente isolada nas audiências públicas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Restou recorrer ao terceiro poder, impetrando no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação de Inconstitucionalidade (ADI) contra a MP 752/2016, que abrange concessões de rodovias, aeroportos e ferrovias, aprovada no dia 3 de maio pelo Senado Federal. O STF é a última instância da democracia, do interesse do cidadão e da moralidade pública. Confiamos nele.

 

José Manoel Ferreira Gonçalves é engenheiro, jornalista e advogado, mestre e doutor em engenharia, coordenador do curso de Pós-graduação em Logística da Universidade Paulista (Unip), autor, entre vários outros, dos livros “Despoluindo sobre trilhos” e “Ferrovias”

Em meio à crise atual e endossando uma das maiores greves gerais da história do País, o SEESP colocou mais uma vez em pauta a necessidade de se debater e buscar soluções que assegurem a sustentabilidade nas cidades e no País, minimizando impactos e evitando desastres ambientais como o de Mariana (MG). O tema teve lugar em 27 e 28 de abril último, durante a oitava edição do Encontro Ambiental de São Paulo (EcoSP). Com apoio da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), o evento ocorreu na sede do sindicato, na Capital.

À abertura, Murilo Pinheiro, presidente de ambas entidades, declarou apoio à greve geral marcada para o dia seguinte contra as reformas trabalhista e previdenciária pretendidas pelo governo para “mostrar a indignação com todas essas mudanças que ameaçam nossa qualidade de vida”. Ele aproveitou ainda para anunciar em primeira mão a realização em 2018 do EcoBrasil.

O secretário municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, Gilberto Natalini, destacou no ensejo: “Venho neste auditório há décadas, a esta casa que abriu as portas para organizarmos a luta democrática no Brasil. Essa categoria fez parte dessa batalha, em uma época difícil, quando fomos presos, torturados. Hoje, voltamos a nos encontrar para colocar nossa democracia nos trilhos. Cabe a nós, junto com essa juventude, cumprir esse papel.”

Vice-presidente do SEESP, idealizador e coordenador do evento, Carlos Alberto Guimarães Garcez lembrou que antecederam o EcoSP quatro edições no Vale do Paraíba, como EcoVale: “Estamos na 12ª jornada. Nosso presidente Murilo, naquela ocasião, em Taubaté, onde ocorria o encontro, falou em expandi-lo para levar exemplos de boas práticas ambientais a mais gente. Essa missão procuramos cumprir em parceria com engenheiros, e neste ano, temos grandes profissionais de todos os setores presentes.”

Também integraram a mesa o deputado estadual por São Paulo Antonio de Sousa Ramalho (PSDB); o secretário especial de Relações Governamentais da Prefeitura de São Paulo, Milton Flávio Lautens Chlager; o vice-prefeito de Mariana (MG), Newton Godoy; a assessora técnica da Secretaria Municipal da Saúde, Cristine Mota de Farias; o superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia, Paulo Afonso Rabelo; o diretor-geral do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), Saulo Krichanã; e o diretor da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Eduardo Luís Serpa, representando o secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo, Ricardo de Aquino Salles.

 

Transporte e som

naugurando os trabalhos, Francisco Christovam, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), discorreu sobre a crescente preocupação com sistemas eficientes e não poluentes de transporte por ônibus na Capital. Com o aumento da frota de veículos que roda em São Paulo – hoje mais de 8 milhões, conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran) de fevereiro último –, ele salientou: a questão ambiental precisa estar no rol de prioridades do setor, além da operacional e econômica.

A despeito de representarem apenas 0,14% da frota, os ônibus são responsáveis por garantir o deslocamento da maioria que usa transporte coletivo. Segundo Christovam, mais de 6 milhões de pessoas os utilizam em 10 milhões de viagens. Esse volume consome, informa, 37,5 milhões de litros de óleo diesel por mês, o que equivale a 50 piscinas olímpicas do combustível. Agravante é a insuficiente rede de metrô na cidade para atender à população local de mais de 12 milhões. “Nos horários de pico, é um salve-se quem puder.”

A preocupação atual do setor, apontou o presidente do sindicato patronal, é com relação ao prazo estipulado pela Lei 14.933/09, da gestão Gilberto Kassab, que institui a Política de Mudança do Clima no Município de São Paulo. Ele explica: “A partir do próximo ano, só poderão circular na cidade ônibus sem a utilização de combustível fóssil.” Atualmente a maior parte da frota é movida a derivados de petróleo e gás. A ideia é substituir por combustíveis renováveis, como etanol, biodiesel, diesel de cana de açúcar e eletricidade. Diante desse quadro, ele defendeu a reformulação dessa legislação em termos de prazo de implantação.

Christovam frisou, contudo, que o problema de emissão de poluentes na capital paulista não depende apenas dos ônibus. “Os veículos particulares estão no topo da frota que roda na cidade, com quase 6 milhões, vindo à sequência os ciclomotores e motocicletas, com mais de 1 milhão.” Os primeiros respondem por mais de 70% do total. Ele defendeu a necessidade de esforço comum para mudar o quadro.

“A poluição sonora impacta a todos, diariamente”, disse o engenheiro Victor Bécard, iniciando sua palestra sobre engenharia acústica e os malefícios dos ruídos à sociedade e ao meio ambiente. “A principal fonte de poluição sonora em São Paulo é o trânsito”, reforçou ele, que alertou: o problema tende a piorar devido ao crescimento constante dos centros urbanos.

É papel da engenharia acústica, conforme o palestrante, monitorar a situação e prevenir que se agrave. “Temos softwares e equipamentos que auxiliam no acompanhamento e na solução das fontes de barulho”, disse Bécard. E detalhou: “Se uma usina gera um ruído e a comunidade ao redor queixa-se deste, o engenheiro acústico pode simular as atividades da empresa e, através de gráficos, descobrir a origem.” 

 

Mineração e aquífero da Amazônia

Na programação ainda, a importância da regulamentação da mineração e o Sistema Aquífero da Grande Amazônia (Saga). Abordou o primeiro tema o representante do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), engenheiro Ricardo Deguti de Barros Silva. Um dos pontos destacados em sua apresentação é o impacto ambiental gerado por essa atividade. “O acidente em Mariana quebrou um paradigma da mineração, uma vez que antes eram considerados os impactos locais e, agora, precisamos pensá-los em nível regional”, observou. Deguti lembrou que áreas que serviram durante algum tempo para a extração estão sendo reaproveitadas, caso de antiga pedreira em Curitiba que virou parque. Alguns locais em São Paulo estão sendo estudados para a construção de escolas e áreas de lazer.

Já o professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA), Francisco de Assis Matos de Abreu, expôs o estudo sobre o Saga, resultado de um trabalho interdisciplinar realizado por um grupo de pesquisadores dessa e de outras instituições. Ele observou que mais de 18,4% das águas do mundo estão na região amazônica e mais de 80% do volume, submerso, representando 162 mil quilômetros cúbicos. Antes, o maior aquífero descoberto era o Guarani, com 39 mil quilômetros cúbicos.

 

Desastre em Mariana

Ao final do VIII EcoSP, o caso da tragédia ambiental na cidade de Mariana, em Minas Gerais, apresentado pelo vice-prefeito Newton Geraldo Xavier Godoy. O município histórico, com 300 anos, hoje vive agruras econômicas e sociais em consequência do rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 5 de novembro de 2015, que deixou 18 mortos, um desaparecido, 504 desabrigados e 308 desalojados. Foram afetadas diretamente mais de 2.800 pessoas e indiretamente mais de 65 mil. Os danos ambientais, informou Godoy, se estenderam por 663km de rios e córregos e 1.469 hectares de vegetação. Os rejeitos da mineradora chegaram até a foz do Rio Doce, no encontro com o Oceano Atlântico, impactando, no percurso, diversos municípios entre Minas Gerais e Espírito Santo.

Godoy informou que no primeiro estado há 900 barragens de empresas mineradoras. A Samarco iniciou as atividades em Mariana em 1977 e hoje tem como donos a Vale do Rio Doce e a australiana BHP Billiton. De acordo com o vice-prefeito, a dependência da empresa era praticamente integral, chegando a quase 89% das atividades econômicas. “A arrecadação de impostos era de R$ 1 milhão por dia, totalizando mais de R$ 30 milhões mensais. Depois do acidente, caiu para R$ 17 milhões”, lamentou. E salientou: “Nossa população é de 67 mil pessoas. Hoje temos 13 mil desempregados, desses, 9 mil são dispensas relacionadas à paralisação da Samarco. A Prefeitura também está demitindo, porque não tem como manter o seu efetivo. Isso tem reflexos nos serviços públicos oferecidos, desde saúde a educação.”

Tamanha dependência foi criticada pelo vice-prefeito. “Não nos desenvolvemos em outros setores. Tudo o que se fizer agora só terá resultado em médio e longo prazo.” Ao mesmo tempo, ele condenou a postura da mineradora: “A vontade de faturar e vender foi maior que a responsabilidade.” O vice-prefeito denunciou a falta de um plano de contingência adequado e eficaz, que poderia reduzir os danos.

Ao final da exposição, Murilo Pinheiro anunciou a pretensão da FNE de realizar um encontro da engenharia no município mineiro. “Precisamos provocar o governo federal a assumir suas responsabilidades com relação a esse desastre nacional. O nosso objetivo é ajudar a reconstruir Mariana e colocá-la de novo como cidade pujante.”

Também ministraram palestras no VIII EcoSP a bióloga Viviane Rodrigues Reis, da Agência Ambiental Pick-upau; o superintendente estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), Murilo Reple Penteado Rocha; Miguel Bahiense, da empresa Plastivida; e a professora da Universidade de Taubaté (Unitau) Lídia Maria Ruv Carelli Barreto, que trouxe informações do Centro de Estudos Apícola (CEA) da instituição, projeto iniciado em 2012 pelo Departamento em Ciências Agrárias. Ainda entre os palestrantes, Manuelito Pereira Magalhães Junior, diretor de gestão corporativa da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). O evento contou com o patrocínio dessa empresa, bem como da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), do Grupo Semmler e da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea São Paulo (Mútua-SP).

Confira cobertura completa.

 

Por Soraya Misleh (Colaboraram Deborah Moreira, Rosângela Ribeiro Gil e Jéssica Silva)

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