As vozes de especialistas e magistrados contrários ao Projeto de Lei da Câmara 38/17 e à Proposta de Emenda à Constituição 287/16 se intensificaram nos últimos meses no País, assim como as mobilizações, a exemplo da marcha a Brasília realizada em 24 de maio último. O ato na Capital Federal reuniu cerca de 100 mil pessoas, vindas de todo o Brasil. A forte repressão policial não obliterou a poderosa demonstração de “resistência do movimento sindical” aos ataques a direitos dos trabalhadores, na avaliação do consultor sindical João Guilherme Vargas Netto.
Em recente debate no SEESP, a desembargadora federal do Trabalho, Ivani Contini Bramante, foi categórica: “Essas reformas são um suicídio para o Brasil.” Juíza do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), Bramante diz que ao tirar o poder de compra dos trabalhadores brasileiros compromete-se a economia do País.
A preocupação é reforçada pelo diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, para quem se caminha para a “legalização” da precarização nas relações laborais. “Estamos falando de uma força de trabalho que compreende mais de 100 milhões de pessoas”, informa. “Ninguém estará a salvo, do trabalhador do comércio, bancário, professor ao engenheiro”, adverte.
Em dezembro de 2016, o governo enviou à Câmara dos Deputados o então Projeto de Lei 6.787 (hoje PLC 38), que altera direitos trabalhistas e sindicais. Em 26 de abril último, foi aprovado o substitutivo do relator da matéria, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), que conseguiu piorar a proposta original. O novo texto encontra-se em discussão no Senado. Este, realça o diretor técnico do Dieese, “cria uma série de instrumentos paralelos aos sindicatos e inibe, dificulta e até proíbe o acesso à Justiça; mais do que isso, só voltando ao regime de escravidão”. Segundo Bramante, o novo texto (confira quadro) faz a convenção coletiva de trabalho perder força, com o objetivo de nivelar por baixo os direitos das categorias, e amplia a prevalência do negociado sobre o legislado. “É a desregulamentação do trabalho”, define ela.
O substitutivo de Marinho propõe novas formas de contratação ao mesmo tempo em que retira a fiscalização do Estado e fragiliza os sindicatos. “Podemos dizer que o governo e o Congresso estão ‘melhorando o ambiente de negócios’ em prejuízo da sociedade brasileira”, critica Ganz Lúcio. A desembargadora aponta: “Não se saberá nunca a quem recorrer.”
Previdência e resistência
Com relação à PEC 287, Bramante também é enfática: “Pelas regras que querem impor, ninguém mais vai se aposentar.” De acordo com o substitutivo apresentado pelo relator, deputado federal Arthur Maia (PPS-BA), pela regra geral, a idade mínima para obtenção do benefício passa a ser de 65 anos (homem) e 62 (mulher). O tempo de contribuição varia de 25 anos (para receber 70% do valor devido) a 40 (100%).
Apesar da resistência do movimento sindical às mudanças e da crise institucional e política que atinge a Presidência da República – com a divulgação da delação premiada do dono do frigorífico JBS, Joesley Batista –, o diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, receia que a reforma trabalhista possa ser aprovada a qualquer momento. “As forças do mercado vão jogar todas as fichas para isso.” A saída, prossegue, é “manter o trabalho de pressão sobre os senadores para não deixar votar”.
Alterações propostas pelo PLC 38/2017
1 – Condições de trabalho
* Regulamenta um “cardápio” de contratos precários: o teletrabalho; o intermitente; em tempo parcial; de prestação de serviços nas atividades-fim (terceirização); e libera o uso de contrato de trabalho autônomo.
* Estabelece mecanismos para a rescisão do contrato de trabalho que fragilizam o trabalhador, como o “comum acordo” entre empregado e empregador; facilita a dispensa imotivada e determina a quitação total de débitos trabalhistas em Planos de Demissão Voluntária ou Incentivada (PDVs ou PDIs); cria o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas.
* Regulamenta e amplia a possibilidade de adoção da jornada de trabalho 12h x 36h (12 horas de trabalho seguidas e 36 horas de descanso); altera os mecanismos para uso da hora extra; elimina a remuneração do tempo despendido para deslocamento até o posto de trabalho (horas in itinere); altera a remuneração de intervalos intrajornada total ou parcialmente suprimidos.
* Altera o conceito de salário e a base de incidência de encargos trabalhistas; reduz o alcance do dispositivo segundo o qual “para trabalho igual, salário igual”; amplia a possibilidade de parcelamento de férias; permite que a empregada gestante e lactante possa trabalhar em locais insalubres; elimina a incorporação de gratificações aos cargos/funções de confiança.
2 – Organização sindical
* Cria Comissão de Representantes sem vínculo sindical para negociações entre trabalhadores e empregadores.
* Acaba com a contribuição sindical obrigatória.
* Revoga a presença do sindicato na rescisão do contrato de trabalho.
3 – Negociação coletiva
* Estabelece a prevalência do negociado sobre o legislado.
* Prevalência dos acordos sobre as convenções coletivas.
* Fim da ultratividade das normas coletivas.
* Negociação individual para trabalhadores com ensino superior ou maiores salários.
* Negociação individual para rescisão de contrato de trabalho e compensação da jornada de trabalho.
Fonte: Nota Técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Por Rosângela Ribeiro Gil
O coordenador do Conselho Assessor de Transportes e Mobilidade Urbana do SEESP, Jurandir Fernandes, fala, nesta entrevista, das carências do País em termos de transportes e de como os profissionais da engenharia voltados ao setor são fundamentais, tanto na esfera pública quanto na privada. Apesar disso, o Brasil ainda não tem oferta adequada de cursos específicos de graduação. “São dois ou três apenas, o resto são especializações ou pós-graduação”, informa ele, que assumiu em 16 de maio último a Presidência da seção da América Latina da União Internacional de Transportes Públicos (UITP). A novidade, segundo Fernandes, é que está em fase de elaboração projeto que cria a graduação em Engenharia de Transporte na Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA-Unicamp), campus Limeira.
Quais as dicas aos interessados em ingressar na área?
Ainda temos poucos cursos de formação específicos. Há disciplinas voltadas ao tema em cursos de engenharia, principalmente nas modalidades civil e mecânica. As entidades representativas do setor, como a UITP, possuem farta documentação bibliográfica ligada à mobilidade. No Brasil há também entidades e universidades com bons acervos técnicos e científicos sobre transportes. Estudar e se dedicar, procurar eventos ligados ao tema, ligar-se aos que são do ramo, tudo ajuda a formar um bom quadro técnico e político no setor.
Com as novas tecnologias, como o profissional deve se preparar?
Deve ter atenção às áreas ligadas à mecânica veicular e ferroviária, telecomunicações, automação e veículos autônomos, inteligência artificial, tratamento de grande volume de dados (big data), energias renováveis. Atenção total ao mundo digital, já que quase toda a população urbana possuirá um smartphone dentro de poucos meses aqui no País. O desenvolvimento de aplicativos já está mudando a mobilidade urbana.
Como é a atuação do engenheiro nesse setor?
Ele deve atuar na definição do projeto e de qual tipo de modal é o mais adequado ao número de passageiros que deve ser atendido. Será um sistema sobre pneus, trilhos? Em corredor exclusivo, subterrâneo, aéreo ou em superfície? Trata-se de um sistema formado por linhas troncais e alimentadoras? Deverão existir terminais de integração, onde, quantos? Isso é uma pequena amostra da fase de projeto, que ainda sofre fortes interferências das questões ambientais, das desapropriações necessárias, do ambiente político, bem como da aprovação da população local.
Temos boas perspectivas nesse mercado no Brasil?
As necessidades são imensas. O que nos paralisa são as crises econômicas e políticas que impõem descontinuidades nos investimentos em infraestrutura para o setor. O País carece de transporte urbano, rodoviário, portos, aeroportos e até mesmo de boas calçadas e ciclovias. Ou seja, mal resolvemos as coisas simples e de menor custo.
Qualificação
Isitec oferece cursos para aperfeiçoamento profissional
O Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), mantido pelo SEESP, oferece uma grade de qualidade em educação continuada, com pós-graduação, extensões e cursos livres para ajudar no aprimoramento e capacitação profissionais. As inscrições estão abertas para pós em Gestão eficaz de escritórios de arquitetura e engenharia; BIM Master Modelador; Gestão de TI – com ênfase em inovação; Gestão de energia; e Engenharia de Segurança do Trabalho com ênfase na área rural. Mais informações e inscrições pelo telefone (11) 3254-6850, e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou no site www.isitec.org.br.
Congresso online em engenharia mecânica e automação
A constante atualização tecnológica e o aperfeiçoamento profissional são os principais desafios do mundo da engenharia e automação. Com o propósito de reunir e disponibilizar o que há de mais relevante nesses setores acontece a segunda edição do Congresso Nacional Online de Engenharia Mecânica e Automação (Conaenge). Dezenas de palestras serão disponibilizadas na internet de 14 a 18 de agosto próximo, gratuitamente. O evento, cuja primeira edição foi em 2016, conta com o apoio de diversas instituições de ensino em todo o País. Entre os temas que serão abordados estão elementos finitos, automação, termodinâmica, inovação, soldagem e simulação. Mais informações pelos telefones (51) 3490-3251 e 98444-5239 ou e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Inscrições em www.conaenge.com.br/conaenge-2017.
Campanhas salariais
Energéticas – Durante os meses de fevereiro, março, abril e maio, os engenheiros das energéticas, com data-base em 1º de junho, realizaram suas assembleias de abertura da campanha salarial de 2017. Foram aprovadas as pautas de reivindicações da categoria junto à Comgás, Cesp, Rio Paraná Energia, Rio Paranapanema Energia, AES Tietê, AES Eletropaulo, Cteep, Elektro, Emae e empresas do Grupo CPFL (Paulista, Piratininga, Geração de Energia e Comercialização Brasil). Em março foram realizadas também assembleias nas companhias Jaguari, Leste Paulista, Sul Paulista e Luz e Força de Mococa, cuja data-base é 1º de abril. Em comum destacam-se nas assembleias: reajuste salarial correspondente ao maior índice inflacionário computado no período de um ano anterior à data-base mais aumento real, extensível aos demais benefícios de caráter econômico; e piso conforme previsto na Lei 4.950-A/66. As pautas aprovadas já foram encaminhadas às empresas, e as negociações já tiveram início na maior parte.
Portuários – Os engenheiros da Codesp, com data-base em 1º de junho, realizaram assembleia de abertura da campanha salarial deste ano no dia 14 de abril último. Na ocasião, foi aprovada a pauta de reivindicações com reajuste salarial correspondente ao maior índice inflacionário computado no período de um ano anterior à data-base mais aumento real, extensível aos demais benefícios de caráter econômico; piso conforme previsto na Lei 4.950-A/66; revisão do plano de cargos e salários; atualização dos prêmios do seguro de vida; retorno do empréstimo de férias; custeio integral do plano de saúde pela empresa; liberação de um dirigente para exercício do mandato sindical; e manutenção de 100% do nível de emprego até a próxima data-base.
Núcleo Jovem participa de semana na FMU
Em 16 de maio último, durante a 11ª edição da Semana de Engenharia e Tecnologia (Inovae) da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), na capital paulista, a coordenadora do Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP, Marcellie Dessimoni, apresentou a palestra “Engenharia: profissão e mercado de trabalho”. Ela ressaltou a importância da juventude participar das entidades de classe, as responsabilidades da profissão, a importância de contribuir com projetos voluntários e inovadores que visem solucionar problemas reais da sociedade, assim como abordou as exigências do mercado de trabalho. “Que o Brasil possa investir cada vez mais na engenharia nacional, valorizando os engenheiros! Somos os protagonistas da retomada do crescimento”, exclamou.
Confea é eleito para Conselho Deliberativo da ABNT
Em Assembleia Geral Ordinária, foram eleitos, no dia 16 de maio último, os novos membros do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para o mandato 2017-2020. O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) foi um dos escolhidos para integrar o Coletivo Mantenedor da entidade. “Gostaria de agradecer o empenho de todos os associados pertencentes ao Sistema Confea/Crea e Mútua, que entenderam a importância da composição do Conselho da ABNT, uma entidade que atua em atividades regulamentadas pelo Sistema e com a qual o Confea tem procurado estreitar ainda mais suas relações, não apenas pela oportunidade de conferir descontos, por meio de convênios, ao acesso às normas técnicas, mas também participando dos comitês brasileiros e de suas comissões de estudo, contribuindo ainda mais para a defesa da sociedade”, comentou o presidente do órgão, José Tadeu da Silva.
A votação ocorreu por meio eletrônico, iniciativa adotada pela entidade desde 2007 para facilitar a participação dos associados, com segurança e rapidez. O processo foi auditado, recebendo aprovação da RSM Brasil Auditores Independentes, empresa de reconhecimento internacional.
Novo vestibular para graduação no Isitec
Estão abertas até 20 de junho próximo as inscrições para o processo seletivo da quinta turma da graduação em Engenharia de Inovação do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), cujo mantenedor é o SEESP. Os interessados devem preencher uma ficha online. Depois, receberão instruções para efetivar o pagamento de taxa no valor de R$ 68,00.
A seleção inclui três fases: teste de análise de aptidão lógica online; avaliação do resultado obtido no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – pode ser de 2016, 2015 ou 2014 –; e, no dia 24 de junho, às 14h, prova de análise e interpretação de linguagens, incluindo linguagem matemática e produção textual. Nesta etapa, haverá duas provas, em que serão avaliadas: competências para ler, entender, inferir, comparar, relacionar, criticar e refletir sobre conhecimentos, informações, valores, situações-problema e questões presentes em diferentes textos; e redação, em que se avaliará a competência de planejar, estruturar e redigir um texto argumentativo, combatendo ou defendendo um determinado ponto de vista proposto, fazendo uso adequado da norma padrão da língua portuguesa. Serão 40 vagas. Os 20 primeiros colocados terão bolsa integral; aos demais, será parcial. Leia aqui o edital do vestibular. As aulas começam em 31 de julho.
Seminário promove encontro de engenheiros eletricistas
Acontecem respectivamente nos dias 21 e 22 de junho o “Encontro de profissionais eletricistas” e o evento “Gerenciamento de risco elétrico”, no auditório do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), localizado à Rua Pedro Vicente, 625, Canindé, na Capital. O público-alvo são eletricistas, engenheiros, técnicos de segurança do trabalho e professores. As atividades são promovidas pela Associação Brasileira para a Conscientização dos Perigos em Eletricidade (Abracopel). Mais informações no site da entidade http://abracopel.org.
A chapa “Trabalho-Integração-Compromisso”, que temos a honra de compor e liderar, foi eleita em 10 de abril último para mais um mandato à frente do SEESP, recebendo 96,6% dos votos dos nossos associados. Tal resultado é certamente motivo de alegria e orgulho, mas obviamente nos remete à enorme responsabilidade da tarefa que nos foi confiada. Dirigir uma entidade com a importância do nosso sindicato já é em si um grande desafio. Nossa função precípua é representar e defender os interesses dos 200 mil profissionais no Estado de São Paulo que trabalham nos mais diversos ramos econômicos, nos setores público e privado, como empregados ou autônomos.
Reivindicamos remuneração justa, condições de trabalho adequadas, planos de carreira pertinentes ao exercício profissional e acesso à atualização permanente. Isso é feito em cerca de 40 campanhas salariais encabeçadas pelo SEESP todos os anos e ainda atuando em prol da categoria junto ao Executivo e ao Legislativo, buscando influenciar as políticas públicas que dizem respeito aos nossos profissionais.
Trata-se ainda de debater as questões da sociedade afirmando o protagonismo da engenharia e garantindo a sua valorização. Nesse campo, estamos engajados ao projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” e ao movimento “Engenharia Unida”, dos quais participamos ativamente. O Núcleo Jovem Engenheiro tem a importante missão de atrair os estudantes e recém-formados para a vida sindical para que esses tenham um espaço adequado ao debate das dificuldades que enfrentam ao sair da faculdade, possam se organizar coletivamente e também contribuir.
Outra frente fundamental da nossa missão é o atendimento aos nossos associados. Ao longo dessas décadas, o SEESP vem buscando oferecer aos profissionais benefícios que sejam realmente relevantes para eles e suas famílias. Aqui, destacamos o Plano de Saúde do Engenheiro e o SEESPPrev, o fundo de pensão da categoria.
Nosso firme propósito é seguir com o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo conjunto da nossa diretoria, de forma aguerrida, dedicada e eficaz. Juntos, e com a importante mobilização e o apoio da categoria, vamos fortalecer nossa entidade cada vez mais também para enfrentar a luta à nossa frente.
Os engenheiros, os trabalhadores em geral e o conjunto da sociedade vivem um momento decisivo no País, tendo em vista as ameaças de desmonte da economia nacional, da seguridade social e da proteção ao trabalho. O grande desafio da hora é demonstrar o que de fato as medidas encaminhadas pelo governo e pelo Congresso representarão para a população e impedir que elas se concretizem.
O SEESP, a bem da nossa categoria e do futuro do País, perfila-se nessa batalha com a convicção de que é fundamental preservar a nossa capacidade produtiva e os direitos sociais previstos na Constituição de 1988 para que sejamos uma nação de verdade.
Ao trabalho, com otimismo e coragem!
Eng. Murilo Pinheiro
Presidente
Valter Pieracciani*
O ano é 1760; tarde de neblina e frio na Inglaterra. Trabalhadores provenientes do campo, cuja capacidade de trabalho estava totalmente ligada às habilidades físicas, olham estarrecidos para as máquinas de produção. Uma nova força, muito maior que a deles, surge como a grande ameaça. O mundo dos negócios está de pernas para o ar, e o progresso transformaria o produtor dos tempos antigos em mero operador de máquina assalariado.
Hoje, cerca de 250 anos depois, a mesma atmosfera de ansiedade e incerteza toma conta do mundo industrial graças a uma nova e profunda avalanche de mudanças: a indústria 4.0.
O termo foi cunhado em 2011 durante a Feira de Hannover para definir uma nova tendência industrial que contemplava o surgimento das smartfactories. E dá nome a uma mudança que pede de nós, engenheiros, mais do que nunca, uma mente aberta e flexível. Afinal, para cada engenheiro atuando hoje diretamente na produção tradicional, haverá dois a três em outras aplicações, como inteligência artificial, big data e análise de dados.
A primeira revolução industrial introduziu a produção mecânica de bens, ancorada no uso de água e vapor; a segunda baseou-se na energia elétrica; a terceira, na automatização da produção. Já a quarta deriva do uso de tecnologias em ambientes digitais (nuvem), com internet móvel amplamente acessível, inteligência artificial, machinelearning, sistemas cyberfísicos e internet das coisas, produção aditiva (impressão 3D) etc.. A produtividade, a flexibilidade e a competitividade das indústrias poderão atingir níveis impensáveis.
Engenheiros! Se antes nos bastava deter conhecimento, nisso já fomos substituídos pelo Google. Será necessário, agora, desenvolver nossa capacidade de engeinovar. O sujeito introvertido, que vivia mergulhado em cálculos no passado, terá que se mostrar conectado.
A indústria 4.0 exigirá ainda que trabalhemos em redes, como parte de times, em oposição às estruturas hierárquicas e rígidas do passado. Os ambientes de P, D & I deixarão de ser bunkers de armas secretas e darão lugar a processos colaborativos, destinados a melhorar a experiência do cliente. Nossas referências e modelos serão revistos. Joi Ito, diretor-geral do Media Lab do MIT, por exemplo, abandonou as salas de aula e hoje lidera um dos mais importantes centros de inovação do mundo.
Esse engenheiro 4.0, o engeinovador, compreende que, na configuração pós-quarta revolução, os processos na cadeia geradora de valor são interligados; cabe a ele assegurar que a informação flua em todos os sentidos. Terá que aprender a liderar esses fluxos e a atuar como facilitador para que as empresas passem a operar conectadas. Nossa profissão ganhará contornos cada vez mais dinâmicos. Você está pronto?
* Valter Pieracciani, coordenador de projetos sênior do Centro Latinoamericano para a Inovação, Excelência e Qualidade (Claeq) e diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, é engenheiro e especialista em modelos inovadores de gestão. Em 2015 recebeu do SEESP o prêmio Personalidade da Tecnologia na categoria Inovação. Autor dos livros “Usina de inovações” e “Qualidade não é mito e dá certo”
Atualmente existem no Brasil pelo menos 740 empresas envolvidas com drones ou, em português, vants (veículos aéreos não tripulados). Nos últimos anos, muitas delas têm cobrado do governo sua regulamentação. A ausência de uma legislação específica traz preocupação e insegurança a quem oferece algum tipo de serviço ou vai contratar, além de impedir a expansão do segmento.
É o que afirmam empresários e pesquisadores que ainda aguardam definição a respeito. Anunciado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para o dia 4 de abril último, até o fechamento desta matéria, o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial 94 (RBAC-E 94) não havia sido publicado. Segundo tal órgão, o atraso se deve ao fato de terem sido feitos “pedidos de vista de dois diretores da agência para apreciação de alguns pontos que gostariam de discutir”.
As únicas regras que existem até o momento foram emitidas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), que autoriza os voos, e pela própria Anac, a qual emite uma certificação para o drone e para o piloto. Antes disso, é preciso homologar o equipamento na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), responsável por administrar e fiscalizar o uso das radiofrequências ao controle e operação das aeronaves. Não obstante, nenhuma dessas normas tem força de lei.
A regulamentação desse tipo de equipamento ainda é bastante frágil em diversos países. Em outros, como Itália, França e Estados Unidos, já há legislações próprias, que vêm servindo de modelo. De acordo com o governo brasileiro, o País tem participado de discussões internacionais desde 2009. A Secretaria de Aviação Civil coordena um grupo de trabalho interministerial sobre o tema desde fevereiro de 2015, quando foi lançada a consulta pública sobre o RBAC-E 94. “Não dá para entender essa demora na publicação, o que estaria impedindo essa regulamentação. O mercado está se organizando e fortalecendo, mesmo sem uma legislação. Há muitos projetos parados aguardando essa segurança. No setor público, por exemplo, não é possível contratar sem isso. Tenho certeza que assim que sair, o mercado vai pelo menos dobrar de tamanho”, afirma Emerson Granemann, empresário da MundoGeo, que reúne empresários e incentivadores desse tipo de tecnologia na feira DroneShow, iniciada em 2015. São dele os dados de empresas existentes, que vão desde profissionais que fazem imagens para entretenimento até desenvolvedores de aplicações sofisticadas (softwares) para monitoramento de grandes áreas, como reservas florestais e agronegócio, entre outros. “Tem uso muito grande na engenharia civil, com monitoramento de obra, em plataforma de petróleo, mineração. Tem empresas de locação, outras que fazem manutenção do equipamento, que vendem drones de segunda mão, porque já existe uma substituição a médio e curto prazo por conta do surgimento rápido de novas e melhores tecnologias. A inovação tem sido muito grande”, conta Granemann.
“A ausência de uma regulamentação é o principal impeditivo para a expansão do mercado hoje”, ratifica Lucio Andre de Castro Jorge, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Instrumentação (Embrapa). Responsável pelos projetos com drones na companhia, ele atua no desenvolvimento de softwares para monitoramento da produção agrícola desde 1998 e, mais recentemente, de hardware. E assegura: “A procura aumentou drasticamente. Nosso curso para pequenos e médios agricultores em 2017 tem mais de 750 pessoas na lista de espera. Em 2016, foram cerca de 100 pessoas. Tudo isso sem divulgação. O drone será, muito em breve, algo incorporado na rotina do campo, tamanho o ganho com custo e qualidade.”
Thatiana Miloso, diretora comercial da fabricante Xmobots, que atua desde 2007, alerta: “A regulamentação tem que sair. As pessoas estão voando sem nenhuma autorização, sem nenhuma reserva de espaço aéreo. Isso é muito grave. Se acontecer um acidente de um vant com uma aeronave com passageiros, por exemplo, pode gerar uma tragédia gigantesca e parar o setor.”
Mercado
O interesse pela tecnologia aumentou especialmente nos últimos três anos. É o que atesta Luís Neto, diretor-proprietário da Dronestore, que comercializa no Brasil produtos de fabricantes chineses, como a DJI, que detém 70% do mercado mundial. “Cerca de 90% dos clientes procuram para uso comercial. Os primeiros clientes buscavam para registro de imagens no setor audiovisual. Hoje, autônomos e empresas fazem inúmeras utilizações”, conta.
O engenheiro Clédio Marino começou a pilotar aeromodelos em 1961. Há oito anos, mantém uma equipe de quatro profissionais da categoria na Well Drone, que, além de vender os equipamentos, presta consultoria. “O pequeno e médio agricultor das regiões Sul e Sudeste é quem mais procura”, revela ele, cujo negócio triplicou de tamanho nos últimos 12 meses. “Tínhamos uma loja pequena de rua e hoje temos uma de 580 metros quadrados.”
Atualização
A Diretoria Colegiada da Anac aprovou, na terça-feira (02/05), após a publicação desta matéria, o documento que regulamenta a operação de Vants e Drones em território brasileiro.
Por Deborah Moreira
Por ampla maioria, a chapa única “Trabalho-Integração-Compromisso”, encabeçada por Murilo Pinheiro, foi eleita pelos engenheiros associados ao SEESP para o próximo quadriênio (2018-2021). Foram 14.012 votos a seu favor, ante 410 em branco e 78 nulos. Ou seja, 96,6% de aprovação. O pleito ocorreu pela Internet entre 6 e 10 de abril. No último dia, foram disponibilizadas mesas receptoras na sede do SEESP, na Capital, e em suas delegacias no Interior.
“O voto online proporciona facilidade e maior participação. Esse número é positivo e muito significativo”, comemorou o presidente da Comissão Eleitoral do SEESP, Francisco Carlos Castro Rodrigues Netto. Ele considerou o pleito um sucesso, superior inclusive ao último, em 2013, que contou com 11.271 eleitores. Na sua opinião, isso amplia a responsabilidade da gestão que vem pela frente, “o que é bom, a diretoria quer”.
Para o engenheiro civil da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) Francisco da Silva Santos, o resultado quase unânime é resposta ao “bom trabalho que vem sendo feito”. Já que muitas vezes não consegue estar pessoalmente na entidade, conforme contou, Santos resolveu votar na sede do SEESP, aproveitando assim para dar uma “passada” e ver como estão as coisas. “Sempre acompanho pelo Jornal do Engenheiro e gosto muito do que vejo. Mesmo não sendo tão presente, pensei em contribuir para o sindicato continuar com a atuação que tem hoje”, disse.
A mesa receptora no processo eleitoral do SEESP é uma tradição simbólica, já que o voto pela Internet é adotado pela instituição desde 2001. Os associados aptos a participar receberam em casa uma correspondência com um passo a passo de como votar e a senha randômica para acesso único. Segundo o diretor adjunto do SEESP Henrique di Santoro Junior, esse sistema “dá visão de um processo individual e transparente na busca de uma eleição clara e reta”.
Nas delegacias sindicais, poucas pessoas optaram por comparecer. “A comunicação da matriz foi rápida e eficiente na orientação (de como votar). Tudo ocorreu na mais perfeita ordem”, salientou a secretária da subsede no Grande ABC, Ivete Ghirelli. “Como estamos conectados o tempo todo, os profissionais preferiram votar de onde estavam, devido à facilidade”, elogiou Jesse Moises dos Santos, assistente administrativo da delegacia em Guaratinguetá.
O engenheiro metalurgista Carlos Eduardo Gaspar dos Santos ressalta a importância de escolher seu representante sindical pelo voto. “Toda eleição é sinal de democracia”, afirma. O diretor do SEESP Balmes Vega Garcia atestou: “Nesse processo sempre vence a vontade dos associados.”
Trabalho, integração e compromisso
Reeleito para seu quinto mandato como presidente, Murilo Pinheiro comemorou o resultado como um voto de confiança dos associados. “Recebemos um aval para seguir com os projetos de fortalecimento e crescimento da nossa entidade, com a luta em defesa dos engenheiros e o trabalho em benefício dos filiados”, afirmou. Com 82 anos de trabalho, o sindicato tem atualmente mais de 60 mil associados e representa aproximadamente 200 mil profissionais em todo o Estado.
Composta por lideranças que vão atuar nas 25 delegacias sindicais do SEESP, a diretoria eleita será empossada em janeiro de 2018. Murilo enfatiza que os desafios estão colocados desde já, diante de medidas governamentais que representam ataque a direitos históricos dos trabalhadores e ao movimento sindical. Assim, frisou que os engenheiros, por meio do SEESP, estão “firmemente engajados na luta contra tais propostas, como a reforma da Previdência Social, que restringe o direito à aposentadoria, a terceirização irrestrita, que precariza o trabalho, e a mudança da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que elimina conquistas históricas”. Ele ressaltou que é papel da entidade organizar e mobilizar a categoria na resistência a essas medidas, pois “é função principal (do SEESP) defender seus interesses coletivamente”.
Dentre as propostas da chapa está a luta pelo desenvolvimento do Estado e do País, o que, na visão do presidente reeleito, “é essencial para que os engenheiros tenham oportunidade de trabalho e protagonismo social”. Também prioridade da diretoria é o intenso trabalho de aproximação à vida sindical dos estudantes e recém-formados, através do Núcleo Jovem Engenheiro.
O Conselho Tecnológico do SEESP se mantém no debate e propostas de soluções e políticas públicas para as questões que são pertinentes à engenharia no próximo quadriênio, afirmou ainda Murilo, tendo como norte os projetos “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” e o movimento “Engenharia Unida”, ambos elaborados pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), à qual o sindicato é filiado.
Por Jéssica Silva
A 17ª edição do Seminário de Abertura das Campanhas Salariais, realizado pelo SEESP em 18 de abril último na sua sede, na capital paulista, atraiu importante participação de profissionais. À abertura, Murilo Pinheiro, presidente do SEESP, enfatizou que a iniciativa “permite entender que é possível realizar negociações saudáveis e pensar em bons acordos”. Posição endossada pelo consultor sindical João Guilherme Vargas Netto, a quem deve “prevalecer no mundo empresarial o bom senso para, apesar das dificuldades, buscar junto com os engenheiros alternativas positivas para enfrentar a crise, garantindo emprego e salário”.
Ao analisar a conjuntura, o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, observou que o País está entrando no terceiro ano de recessão – já considerada a maior da história. Para ele, o desafio se dá na construção de relações do trabalho que permitam ao sindicato e às empresas desenvolverem estratégias que protejam o emprego, o salário e a atividade produtiva, elementos fundamentais à saída da crise. Na sua avaliação, 2017 pode render resultados mais favoráveis aos verificados nos dois últimos anos. O diretor técnico alertou que o Brasil adota um processo acelerado e acentuado de internacionalização da economia. “Nessa estratégia do governo a engenharia brasileira não tem vez, o que pode significar a perda de milhares de postos de trabalho e desvalorização da área.” Diante disso, conclamou que nas campanhas salariais se defenda e se recoloque o papel e a centralidade do setor como indutor do desenvolvimento.
O cenário complexo se estende ao campo político, como informou o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho. “Não temos como negar que o ambiente está conturbado.” E continuou: “Importantes setores da nossa economia foram atingidos em função dessas investigações (da Operação Lava Jato), desde fundos de pensão, grandes construtoras à Petrobras.” Ele frisou: “Hoje temos um governo com visão estritamente liberal e fiscalista, que segue a agenda do mercado financeiro, cujo senso de realidade é zero.”
A voz das empresas
João Alberto Viol, vice-presidente de Gestão e Assuntos Institucionais do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva – Regional São Paulo (Sinaenco-SP), afirmou que a palavra à mesa de negociação deve ser “união em prol da engenharia”. Cely Singergut Roselli, gerente de Cargos e Salários e Relações Sindicais da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Lívia Gerbasi, da área de Recursos Humanos da Amazul, Lucília Emi Nagai, dos Recursos Humanos da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Daniele Azevedo de Souza, gerente do Departamento Sindical da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e Maria Cecília Frozza, gerente de Recursos Humanos da Rio Paranapanema Energia, também ressaltaram a importância do diálogo.
Marcio Massao Shimamoto, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon-SP), opinou que a negociação coletiva, dentro das possibilidades, deve ser boa para os dois lados. A posição foi reforçada por Norberto Zerbetto Hausmann, da Gestão Organizacional e Estratégias de Remuneração da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep). E Mônica Vohs de Lima, gerente de Recursos Humanos da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), observou que as negociações serão duras, mas deve prevalecer a sabedoria.
Milena Moromizato, gerente de Relações Trabalhistas da Usiminas de Cubatão, falou dos momentos difíceis por que passou a siderúrgica em 2016, quando desativou sua linha primária de produção e demitiu mais de 2 mil trabalhadores. Para Elisabete Cristina de Carvalho, gerente de Desenvolvimento Organizacional e Recursos Humanos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), é importante a unidade para melhorar o País e garantir os empregos.
A busca do entendimento foi defendida também por Willian Domingues das Neves, representante do setor de Recursos Humanos da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp); Eder Santos, especialista de Relações Trabalhistas da Elektro Distribuidora de Energia, e Rildo Martins da Silva, gerente de Relações Trabalhistas da Telefônica-Vivo. Além deles, participaram interlocutores da São Paulo Transporte (SPTrans), com a presença de membro da diretoria de Representação dos Empregados; e da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP), com Andrea Firopilo
Vizzoni, gerente de Recursos Humanos.
Também prestigiaram a atividade os presidentes da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea (Mútua), Paulo Guimarães, dos sindicatos dos engenheiros (Senges) filiados à Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), dos conselhos regionais (Creas) do Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Rio Grande do Norte, Pará, Amapá e Alagoas, além do vice da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas, Departamento de Minas Gerais, Alfredo Marques Diniz.
Por Rosângela Ribeiro Gil
Qualificação
Festival de divulgação científica no Brasil
Nas noites de 15, 16 e 17 de maio próximo, será realizado em 22 cidades brasileiras o Pint of Science, festival internacional de divulgação científica. O objetivo, segundo os promotores do evento, é mostrar que a atividade é muito divertida. Cientistas e pesquisadores sairão dos seus laboratórios e, durante o período, vão falar sobre o trabalho que desenvolvem e como ele impacta a vida das pessoas. O evento nasceu na Inglaterra em 2013. Chegou ao Brasil em 2015, quando o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP) realizou o evento em São Carlos, colocando o País no mapa do evento.
Entre as cidades que participarão da iniciativa desta vez, dez são paulistas: Araraquara, Botucatu, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santos, São Caetano do Sul, São Paulo, São Carlos e Sorocaba. Além disso, o festival será realizado nos seguintes municípios localizados nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do País: Belo Horizonte (MG), Blumenau (SC), Brasília (DF), Curitiba (PR), Dourados (MS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Teresina (PI).
A participação é gratuita. Como não são realizadas inscrições ou reservas antecipadas, recomenda-se que as pessoas cheguem antes para garantir seu lugar. Confira a programação completa no site www.pintofscience.com.br.
Uma nova revolução industrial
“O desenvolvimento, a incorporação e a aplicação de recentes inovações tecnológicas têm provocado mudanças sociais e econômicas. Essas mudanças, em acelerada expansão, alcançaram uma escala e escopo significativos, de modo que diversos estudos técnicos sugerem que estaríamos iniciando uma quarta revolução industrial. A indústria 4.0 consiste em uma indústria sob novas configurações, moldada por essa quarta revolução industrial.” Essa é a apresentação que o vice-presidente da Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI-Brasil), Mauricio Muramoto, faz, tomando como base boletins nacionais e internacionais sobre as transformações atuais no setor manufatureiro. Nesta entrevista, ele fala sobre o País e os profissionais da área técnica frente ao novo cenário.
Como está o Brasil com relação a essa nova configuração da manufatura?
De forma global está muito atrasado. Temos observado uma grande dispersão quanto ao estágio de desenvolvimento. Falta uma política de Estado que, à semelhança de outros países, deveria estabelecer as diretrizes básicas para um bom desenvolvimento da indústria 4.0.
Qual a relação entre essa indústria e o engenheiro?
Estamos falando de tecnologias de elevado conteúdo de novos conhecimentos de engenharia, estamos falando do “engenheiro 4.0”. Segundo o World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial), 65% das crianças que estão ingressando no ensino fundamental não se ocuparão das profissões que hoje conhecemos, tamanha a mudança que o mundo vivenciará nas próximas décadas.
Como o nosso profissional deve se preparar para essa nova fase?
Teremos muito mais trabalhos colaborativos, equipes interdisciplinares, valorização das competências soft (pessoais e não técnicas). Empregos formais como os da atualidade tendem a se escassear, trabalhos rotineiros serão substituídos por robôs pelo avanço acelerado da inteligência artificial, um mundo fascinante e ao mesmo tempo atemorizante.
Como outros países estão lidando com o tema?
Todos os países que compõem o bloco dos “desenvolvidos” estão com políticas de fomento para essa indústria. O “jargão” indústria 4.0 foi estabelecido pela Alemanha; nos Estados Unidos é mais conhecido como “manufatura avançada”, ou seja, cada país tem adotado uma terminologia, mas versa sobre as mesmas tecnologias que propiciarão o avanço para a quarta revolução industrial.