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A engenharia e a segunda Independência

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Allen Habert

 

Em 2022 o Brasil passa por uma intensa discussão sobre os rumos do seu futuro. Há uma politização crescente, pois o debate, por mais que não possa agradar a muitos, leva a um esforço de como superar nove anos sem crescimento e virar a página mais crítica de nossa história republicana. Desenhar a próxima etapa da caminhada é fundamental.

 

No mundo há um deslocamento da economia do eixo do Atlântico para o Pacífico. O Brasil vem se desindustrializando e se reprimarizando, apesar de sermos ainda a 16ª produção industrial. Olhar para além e através da batalha eleitoral não é tarefa fácil. Ela encobre exatamente os projetos e interesses em disputa.

 

Uma onda mudancista na sociedade brasileira está aliada à ideia de que a democracia seja a melhor vertente a seguir. Isto é apoiado pela maioria da população.

 

Ao longo de mais de 40 anos, o SEESP, a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários (CNTU) vêm formando um pensamento articulado e uma ação em torno de um tripé: a necessidade do desenvolvimento sustentável, da principalidade do fomento da engenharia ligada à CT&I e da promoção do mundo do trabalho. Disputar o futuro pressupõe ter ideias para melhorar o diagnóstico da realidade para mudá-la de forma mais consequente.

 

Estamos em transição para uma nova época histórica. O ciclo da Nova República esgotou-se, mas a Constituição de 1988, bastante deformada, precisa ser retomada nos seus fundamentos sociais e do Estado Democrático de Direito. Recompor o emprego como tarefa central. Utilizar as reservas internacionais para alavancar o desenvolvimento. Reestruturar o Estado nesta era digital. Reconstruir os mecanismos de comando, controle e indução do Estado e das estatais. Reindustrializar o País. Reforçar os BRICs [bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e a unidade latino-americana. São medidas desse projeto em construção que devem ser implementadas.

 

A luta pela democracia no Brasil e no mundo no século 20 foi renhida, e no século 21 ela precisa dar um salto de qualidade. Pois, pela primeira vez, em torno de 1950 para cá, conquistaram-se as condições materiais para se oferecer a todos os brasileiros e aos cidadãos no planeta uma vida decente. Chegou-se com o saber humano à Lua e a Marte, e em breve descobriremos melhor as origens do universo. Como não se dar as condições a todos de ter uma condição digna de vida? Como aceitar que crianças durmam com fome ou que não haja vacina contra as pandemias para mais da metade da população? Comida e capacidade de produção de vacinas existem. Tecnologia e recursos são abundantes. A mãe de tudo é a conquista e o desenvolvimento da democracia. É com ela que se avança em todos os domínios. Do trabalho digno ao domínio do espaço. Diminuindo as desigualdades e universalizando os benefícios. Um país soberano significa um povo nutrido, educado e forte.

 

O Brasil contém quatro continentes em seu seio. A África, a Europa, a Ásia e as Américas estão presentes e dentro deste país continental. Possui mais de 300 povos indígenas originários detentores de saberes da ancestralidade de convívio pacífico com a natureza. O Brasil é conhecido como uma potência energética, hídrica, mineral, agrícola, ambiental e cultural. Portanto, têm-se as condições inéditas no momento em que se comemoram 200 + 1 anos de luta pela sua independência de poder se reinventar e de reconstruir sua reexistência. Exercendo um papel extraordinário a ocupar na batalha pela paz e na viabilidade da continuidade da vida na mãe terra no planeta.

 

A engenharia e a categoria dos engenheiros têm que reconquistar seu espaço e sua importância, pois estão no coração da disputa geopolítica entre as nações mais desenvolvidas. Sem elas não teremos um País soberano. Continuar a luta pela independência, ou uma segunda independência, é tarefa decisiva para criar uma nova democracia e uma nova soberania.

 

 

Allen Habert é engenheiro de produção e mestre pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Foi membro do Conselho Universitário da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo. É diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários (CNTU) e coordenador do

Projeto Brasil 2022

 

 

Imagem no destaque e interna: Freepik - Arte: Fábio Souza / Foto Allen Habert: Acervo SEESP

 

 

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