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09/12/2022

Homenagem às personalidades da tecnologia 2022

 

Soraya Misleh – Comunicação SEESP

 

“Um reconhecimento a tudo o que fizeram em benefício de um país melhor, o Brasil que todos nós queremos.” Assim o presidente do SEESP, Murilo Pinheiro, abriu a cerimônia de entrega do prêmio Personalidade da Tecnologia nesta quinta-feira (8/12). O evento online foi transmitido pelo canal no YouTube e página no Facebook do sindicato.

 

Criada em 1987 para celebrar o Dia do Engenheiro, cuja data oficial é 11 de dezembro, a iniciativa que homenageia profissionais que se destacaram em suas áreas de atuação teve nesta sua 36ª. edição como centro a trajetória de cada agraciado em prol do bem-estar da sociedade, da inclusão e justiça social, sob a ótica da sustentabilidade. Saiba mais sobre a edição de 2002 da homenagem aqui. 

 

murilo personalidades 

Os premiados neste ano foram Guilherme de Oliveira Estrella (Energia); Carlos Afonso Nobre (Mudanças climáticas), representado pela bióloga Julia Arieira; Vicente Abate (Reindustrialização); Wilma Regina Barrionuevo (Segurança alimentar); Markus Francke (Transporte sustentável), representado por Bernd dos Santos Mayer, da GIZ Brasil; e Ivani Contini Bramante (Valorização profissional).

 

Confira aqui o currículo das Personalidades da Tecnologia 2022.

 

Coordenador do Conselho Tecnológico do SEESP, que conta 250 integrantes, José Roberto Cardoso informou no ensejo sobre o processo de escolha das áreas para a entrega do prêmio e agraciados. “São nomes que fizeram a diferença, impactaram a engenharia com seu trabalho. São pessoas que têm essa consciência, preocupadas não apenas com tecnologias, mas com o ser humano”, frisou, acrescentando a importância de uma atuação com foco na sustentabilidade, em “colocar o conhecimento à disposição das gerações futuras”.

 

 

E concluiu: “Com essa preocupação, o prêmio é concedido às personalidades escolhidas.” Desse modo, nesta edição o SEESP envia sua mensagem de engajamento aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

 

Com a palavra, os premiados

Ao ser agraciado como Personalidade da Tecnologia em Energia, o geólogo Estrella dedicou o reconhecimento “a todos que trabalharam e trabalham na Petrobras” e apresentou a trajetória da empresa criada em 1953 e de seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, constituído dez anos depois em “decisão estratégica”.

 

Ele explicou: “Na época a área de ciência e tecnologia era pouco reconhecida no Brasil. Isso representou para a Petrobras avanço muito grande no desenvolvimento de novas metodologias operacionais e bases para suportar grandes investimentos.” Estrella lembrou de passos fundamentais com a cooperação científica e tecnológica academia-empresa – o centro funcionava no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão. Nesse âmbito, houve a inclusão de projetos de engenharia, a descoberta de petróleo em águas profundas e então a decisão de criar um modelo de gestão compartilhada que uniu engenheiros dedicados à pesquisa com os que atuavam na frente operacional.

 

 

“Isso abriu oportunidades de inovação.” A Petrobras, destacou, recebeu vários prêmios internacionais, inclusive o “Nobel da Engenharia de Petróleo”. Seguiu-se, como contou Estrella, a descoberta do pré-sal “a 2.400 metros de lâmina de água, algo extraordinário”, com a Petrobras como operadora única, na ótica de que o petróleo era dos brasileiros e de contínuo desenvolvimento tecnológico – o que, lamentou, foi abandonado depois. Ao concluir, o agraciado em Energia salientou que essa trajetória revela a importância da gestão do sistema tecnológico “num país em desenvolvimento como o nosso.”

 

Arieira apresentou o engenheiro Carlos Afonso Nobre como alguém com “obstinado senso de responsabilidade, contribuindo de forma inestimável ao conhecimento científico voltado à prática transformativa”, de modo a “indicar caminhos para uma sociedade mais justa e equitativa”.

 

 

Como informou, em 2008 ele alertou o mundo sobre a possibilidade de colapso da Amazônia: o ponto crítico seria alcançado com 20% a 25% da floresta desmatada, “gatilho para alterações irreversíveis” – hoje, segundo pontuou Arieira, esse índice está em assombrosos 17%, e as mudanças climáticas já são perceptíveis.

 

“Com o projeto Amazônia 4.0, Nobre quer demonstrar a viabilidade de uma nova bioeconomia com a floresta em pé”, aliando inovação, engenharia e tecnologia aos conhecimentos dos povos indígenas e comunidades locais.

 

Em linha com o desenvolvimento sustentável, Mayer, ao representar o diretor do projeto H2Brasil na GIZ, Markus Francke, agradeceu em nome da Associação Brasil-Alemanha e da H2Brasil, que visa impulsionar o projeto de hidrogênio verde aqui, destacando as práticas da entidade sob os pilares ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês).

 

 

Segundo ele, a H2Brasil está trabalhando junto ao Ministério de Minas e Energia para ampliar esse mercado no País, que considera ter condições únicas para a produção de hidrogênio verde, voltada à necessária transição energética em meio às mudanças climáticas. Entre elas, mencionou sol e vento abundantes, matriz energética com predominância de fontes renováveis, localização geográfica privilegiada e alto nível de infraestrutura pronta, além de capacidade inovadora.

 

De olho nessa parceria, Mayer afirmou que a H2Brasil tem como foco uma série de ações, como realização de cursos de capacitação profissional, troca de experiências entre universidades, estudos do potencial da indústria local, implantação de plantas piloto e aprimoramento da regulação para aplicação de hidrogênio verde e derivados – o qual, aposta, terá protagonismo também no setor de transportes pesados, na descarbonização.

 

“Em São Paulo, a meta com o hidrogênio verde é de reduzir em até 50% as emissões totais de CO2 até 2028”, informou. A busca, como assegurou, é “a melhoria para as pessoas e o planeta”, inaugurar um “novo capítulo na transição energética nos dois países [Alemanha e Brasil]. E finalizou: “Essa história começou a ser escrita justamente em evento como este.”

 

A cientista Wilma Barrionuevo, ao ser homenageada, ensinou que, conforme definição da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), segurança alimentar existe “quando todas as pessoas em todos os tempos têm acesso às necessidades alimentares preferenciais”. O País está bem longe disso, lamentavelmente, como apontou a especialista: segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Segurança e Soberania Alimentar (Rede Penssan), 33 milhões de brasileiros não têm o que comer, e “quase 60% enfrentam insegurança alimentar em algum grau”. Ela foi categórica: “Esse é um quadro inaceitável em um dos principais produtores mundiais de alimentos.”

 

 

Seu trabalho para mudar esta realidade motivou a premiação na categoria Segurança alimentar, como detalhou: “Desenvolvi, em parceria com a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], um sistema vertical de cultivo de hortaliças com iluminação LED, que garante sabor, ótimo estado de conservação por muito mais dias, tem a vantagem de evitar desperdício de alimentos, no Brasil da ordem de 10 milhões de toneladas/ano somente nas Ceasas [Centrais de Abastecimento], o que é algo inaceitável, os alimentos devem ser reaproveitados. Além do desperdício, há grande concentração de resíduos sólidos que traz problemas ambientais.”

 

Estes, como ensinou, devem ser transformados em energia, liofilizando os alimentos [um processo de desidratação]. o que “preserva até 95% do seu valor nutricional por décadas”. A solução não é inédita no mundo, como elucidou Barrionuevo, sendo realidade na América do Norte, Europa, Ásia e Oriente Médio.

 

Barrionuevo chamou ainda a atenção para o fato de “o País, em que tantas pessoas passam fome, desde 2009 deter a vergonhosa marca de campeão mundial no uso de agrotóxicos”. E alertou: “Isso vai para nossas mesas. Por meio de hortas em ambientes controlados, tem-se produção sem agrotóxicos, o ano inteiro, livre de instabilidades climáticas e políticas, mais próxima das áreas de consumo.”

 

Ela se emocionou: “Por meio dessas iniciativas, conseguimos mudar o mundo e especialmente nosso país. Defendo fome zero no Brasil com máxima urgência. Não é possível que em um país com tanta riqueza natural uma mãe tenha que dizer ao filho e idoso que vão dormir com fome. A fome dói e é vergonhosa.”

 

Já o engenheiro Vicente Abate, premiado em Reindustrialização, enviou um vídeo em que pontua a importância fundamental de “uma indústria forte para um Brasil desenvolvido”.

 

Engenheiro Vicente Abate. Imagem: Reprodução Youtube 

Por fim, ao ser premiada em Valorização profissional, a desembargadora no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) - 2a. Região, Ivani Contini Bramante, afirmou se sentir honrada e que “quem merece esse agraciamento é a engenharia”. Ressaltando que a profissão “não é tudo, mas está em tudo”, sublinhou: “Graças a ela, a sociedade saiu do período medieval e alcança a Sociedade 5.0, da inovação e tecnologia conectada com a física quântica”.

 

A engenharia, apontou, tem por objetivo propiciar o bem-estar do ser humano, o que vai ao encontro de princípio constitucional. “Sinaliza estrada que não sabemos onde vai dar, tamanha a criatividade. Em cada passo da nossa vida, nos deparamos com a engenharia, em todas as áreas do conhecimento.”

 

 

Bramante ilustrou: “Na Justiça tramitam 62 milhões de ações, e 26 milhões foram julgadas em 2021. Como isso seria possível se não houvesse a mão da engenharia? Isso está ligado ao processo judicial eletrônico. Trabalhamos hoje inclusive a partir de casa, estou falando da minha casa, isso é engenharia. Seu papel é indescritível para o desenvolvimento do País e da sociedade, para o bem-estar de cada ser humano.”

 

Confira a cerimônia de premiação na íntegra:

 

 

 

Imagens: Reprodução Youtube

 

 

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