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16/10/2020

Engenharia de alimentos: a arte da transformação

Há 18 anos na área, Marina Moreno Loprete iniciou carreira na Sadia e hoje está na multinacional Symrise

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

Nesta sexta-feira, 16, celebramos o Dia do Engenheiro de Alimentos. No Brasil, segundo estatísticas do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), temos 5.921 profissionais atuando na área, sendo 4.227 mulheres. O profissional pode atuar em diversas frentes relacionadas à cadeia alimentícia: no desenvolvimento de produtos, otimização de processos, garantia da qualidade, consultoria, fiscalização e até mesmo nas áreas comerciais e de marketing de produtos alimentícios. O engenheiro de alimentos está em todas as etapas da cadeia produtiva alimentícia. É ele quem vai fazer a seleção da matéria-prima e estará na elaboração de fórmulas, na organização do processo produtivo, na armazenagem e até na distribuição do produto pronto.

 

Marina LopreteÉ uma profissão versátil e super importante porque diz respeito diretamente aos alimentos que comemos. Para falar sobre sua experiência na área, entrevistamos a engenheira de alimentos Marina Moreno Loprete que iniciou a carreira aos 24 anos de idade. Hoje, aos 42 anos, é gerente de produção da Symrise e ainda se sente desafiada na profissão que evolui com as necessidades de alimentação da sociedade e com a inclusão de novas tecnologias nos processos industriais. Na profissão, explica, “vamos desenvolver e testar fórmulas a fim de determinar cor, sabor e consistência do alimento, assim como o seu valor nutricional”. Com 18 anos de experiência, a engenheira ajudou na criação de uma microempresa que produz granolas gourmet.

 

Sobre a prevalência de mulheres na modalidade, Loprete tem uma observação: “Se engana quem pensa que somos cozinheiras.” Para ela, muitas mulheres gostam da área de exatas “e a engenharia de alimentos é uma ótima opção que nos dá uma visão holística e isso é um diferencial”. E arrebata: “É mais uma forma de mostrarmos o nosso valor neste campo que muitas vezes é tido como o mundo dos homens.”

 

No dia 7 de outubro último, inclusive, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou novas regras de padronização para rótulos nutricionais obrigatórios em alimentos embalados, além da criação de alertas que indiquem alta concentração de sódio, gordura e açúcar. O tema, inclusive, foi debate durante os últimos seis anos, pelo menos. Loprete acredita que essas mudanças estão ligadas diretamente a atualizações para atender de forma mais segura e correta à demanda que a sociedade tem o direito de exigir, ou seja, informação do que está comendo. “Essa decisão evidencia ainda mais a necessidade dos profissionais da engenharia de alimentos e que estejam preparados para gerar produtos mais saudáveis”, defende.

 

Loprete se formou no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), em 2002, em São Caetano do Sul (ABC). Começou a carreira, como trainee, na Sadia e não parou mais de trabalhar. Já fica a dica do evento IV Dia do Engenheiro de Alimentos na Mauá, que ocorre no dia 23 de outubro próximo, confira a programação aqui.

 

Como foi a escolha da profissão? Teve alguma influência da família?
Na minha família o que sempre foi importante foi fazer aquilo que te fazia feliz. Meu pai é engenheiro civil e minha mãe é assistente social. Sempre gostei de química, física, matemática e áreas afim. Via com o que meu pai trabalhava, área de transportes, e achava interessante, mas ainda não era isso que eu queria. Já com a minha mãe, observava uma visão completamente diferente daquele mundo exato que eu adorava. Pesquisando nas possíveis profissões, descobri a engenharia de alimentos e tive todo o apoio dos meus pais.

 

Como foi o início da sua carreira na área?
Eu trabalho desde os 13 anos de idade, mas numa área completamente diferente. Dei aulas de música em uma escola durante 11 anos, de teclado e órgão. Na faculdade, fui também monitora de química orgânica até que passei no processo de trainee da Sadia no último ano da graduação e fui para Uberlândia (MG). Trabalhei lá por 3 anos como engenheira de processos, acompanhava a produção, avaliava reclamações, processos fabris, qualidade. Ainda pela Sadia, fui para a área de P&D [Pesquisa e Desenvolvimento] e voltei para São Paulo, onde fiquei por 7 anos no desenvolvimento. Trabalhei com alguns produtos e mercados desenvolvendo produtos, otimizando processos.

 

Quando saí da Sadia, fiz algumas consultorias em grandes e pequenas empresas e me aventurei numa empresa de materiais elétricos, atuando como gerente administrativa durante quase dois anos. Em 2015, voltei para a área de alimentos, como gerente de projetos de uma empresa de aromas, a Symrise, empresa que estou até hoje. Atualmente sou gerente de portfólio, faço o gerenciamento dos aromas para melhor otimização dos mesmos nos diversos produtos que estão no mercado. O conhecimento adquirido por toda a minha trajetória me ajudou neste novo desafio, já que entendo de processos, desenvolvimento, administrativo e gerenciamento de pessoas. Na empresa, criamos e desenvolvemos fragrâncias, sabores, nutrição natural e soluções cosméticas para muitas das marcas mais famosas do mundo. Nossos ingredientes estão em linha de produção diversas – de alimentação humana e para pets e produtos de higiene pessoal e perfumaria.

 

Qual o objetivo e como a engenharia de alimentos está no nosso dia a dia?
Pensar num mundo sem a engenharia de alimentos, com processos e condições para alimentar toda essa população, é inviável. A “arte da transformação” é o que me encanta na engenharia de alimentos. Por exemplo, um vegetal pode se transformar num produto com textura de carne ou a forma de conservação de um simples suco pode aumentar seu tempo de vida útil.

 

300 Engenharia de alimentosVocê pode nos falar de uma dessas transformações que tenham lhe impactado na sua experiência na área?
Posso estar filosofando um pouco, mas com todo o conhecimento que temos da engenharia e avaliando tudo o que podemos fazer com os alimentos, cada vez mais tenho claro que a gente pode fazer mais coisas, basta apenas imaginar e trabalhar em cima disso! Um exemplo concreto? São vários, mas cito um que é bem importante: a redução do sódio em produtos embutidos foi uma solução proporcionada pela engenharia de alimentos.

 

Do macarrão instantâneo à criação de alimentos mais saudáveis, como tem sido a evolução da engenharia de alimentos?
O conhecimento dos materiais e o domínio dos processos viabilizam ainda mais as criações. Assim como pensamos que a medicina evolui, a engenharia também evolui. As necessidades da população se alteram e é fundamental a atualização de tudo que os rodeia.

 

Quem é a Marina além da engenharia de alimentos?
Sou uma pessoa que está sempre de bem com a vida, com bastante energia e bom astral. Uma curiosidade: sempre dou bom dia para o espelho assim que acordo, ou seja, a primeira pessoa que me olhou nos olhos já me deu bom dia, sorrindo! Assim meu dia já começa bem. Sou casada com o Raphael, sou mãe do Felipe, de 11 anos, e da Isabela, de 8.

 

Existe alguma dica sobre alimentação saudável?
Com certeza. E ela é muito simples: coma sempre com moderação e mantenha hábitos que te tragam uma alimentação balanceada. 

 

Na minha família, encontramos uma opção saudável de alimentação, as granolas gourmet salgadas, que ajudei a formular, avaliar e validar com o conhecimento que adquiri ao longo da minha vida profissional. Hoje temos uma microempresa que produz essas granolas, que é @ninola.gourmet. 

 

 

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