logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

12/11/2019

O uso da palavra-chave no currículo

Cada vez mais informatizados, os processos de recrutamento e seleção (R&S) se valem de buscas iniciais por palavras-chaves associadas às competências técnicas e comportamentais. 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

Sistemas digitalizados, que se utilizam da inteligência artificial, estão cada vez mais presentes na área de recrutamento e seleção também no Brasil. Essa informatização faz com que recrutadores (ou headhunters) e empresas façam buscas iniciais, na internet, a partir de uma combinação de expressões, as chamadas palavras-chave, relacionadas às atribuições do cargo ou da função e depois podem ser adicionados outros filtros associados a competências comportamentais. A observação é do gerente executivo da Divisão de Operações de Propriedade e Construção da Michael Page – empresa especializada em recrutamento e seleção de executivos de média e alta gerência –, Renato Trindade. A seguir, o especialista explica mais como esses tópicos podem fazer a diferença na hora de se candidatar para uma classificação de emprego.

 

Por que a palavra-chave está tão associada aos processos de recrutamento, atualmente?

Há 40 anos, não tínhamos internet e boa parte da tecnologia que temos hoje. As vagas eram divulgadas em jornais. Os currículos eram recebidos pelo correio depois de uma ou duas semanas. Eram processos demorados, complexos e morosos. Com a chegada de novas tecnologias começou a se falar muito em palavras-chave. Tudo o que a gente utiliza de busca dentro da tecnologia está atrelada a algoritmos que vão entender e fazer buscas em cima dessas palavras seja em LinkedIn, banco de dados, sites de currículos etc.. As buscas feitas pela internet estão dentro de palavras-chave. Isso traz aos recrutadores currículos mais alinhados e aderentes ao que eles estão procurando.

 

600 Renato Trindade Michael PageRenato Trindade aconselha profissionais a estudarem tendências de mercado antes de definirem palavras-chave. Foto: Divulgação|Michael Page.Como ela deve ser definida?

Em cima da descrição do profissional, das suas competências técnicas e comportamentais.

 

No último boom de construção e mobiliário, de 2007 a 2013, o Brasil cresceu com um PIB [Produto Interno Bruto] acima de 2% e até 3% ao ano, ou seja, a economia estava indo muito bem, estávamos na fase de pleno emprego e as obras corriam normalmente. Com o tempo de crise as operações encolheram e elas voltam agora com um olhar maior à produtividade, redução de custos e de perda de material. Talvez há 5 ou 6 anos, um profissional que cuidasse de um canteiro de obras não precisasse trazer muitas informações sobre canteiro de obras organizado, enxuto e com compra de material de acordo com o que exatamente vai ser usado. Hoje, com o mercado mais difícil, as empresas de construção já estão olhando para profissionais que conseguem ter esse planejamento. Então, redução de custo, planejamento de material, otimização de processos e de equipe, sustentabilidade, produtividade dentro de um canteiro de obra vão ser palavras-chave na busca dessas empresas.

 

E como podem ser pensados esses tópicos para a indústria?

Quando a gente vai um pouco para a parte da indústria outros termos estão em alta no momento, como indústria 4.0, processos automatizados, robótica, tecnologia. Um engenheiro mecânico, por exemplo, precisa ter um entendimento maior sobre toda essa evolução industrial que está acontecendo de automatização. Com certeza serão as palavras buscadas hoje pela indústria.

 

Qual a dica para os profissionais de engenharia nesse sentido?

É olhar muito para o que é tendência de mercado. Saber o que as principais indústrias norte-americanas e europeias estão fazendo dentro da sua linha de produção, o que as empresas asiáticas estão criando em termos de novas tecnologias e modernização. Essas ações chegam com um pouco de atraso, mas elas chegam ao Brasil. Eles precisam se preparar para esses processos de mudança e alocarem as palavras-chave corretas para os seus currículos para terem mais visibilidade perante recrutadores, headhunters, empresas etc..

 

Diante do que você expõe, as palavras-chave podem mudar.

Exatamente. Elas mudam de acordo com a evolução de mercado. Por exemplo, há 5, 6 ou dez anos não falávamos em bancos totalmente digitais. Então, um profissional do mercado financeiro vai ter de atender a essa demanda e entender os termos atuais para colocar em seu currículo. Há um tempo não se ouvia a expressão blockchain, agora qualquer profissional do setor financeiro precisa desse saber.

 

Esses termos sempre serão conferidos?

A palavra-chave deve expressar a verdade de um candidato, por isso, nunca se deve mentir num currículo ou entrevista. O conselho que dou é que entenda as novas necessidades de mercado, o que a tecnologia está trazendo e as palavras usadas.

 

Erro de português e digitação não pode ter, correto?

Essa observação é extremamente importante. Na maioria das vezes, a busca inicial é feita pela máquina, depois é que o recrutador vai entrar para ver se as informações constantes no currículo fazem sentido ou não àquela descrição de vaga. Por isso, é importante sempre revisar com atenção o currículo, seja ele em português ou na versão em inglês. Um erro de português ou digitação pode fazer com que esse candidato não seja ranqueado dentro da busca.

 

A palavra-chave serve para mapear competências técnicas ou comportamentais?

Boa parte dos currículos vem carregada de competências técnicas, então são determinados conhecimentos que ele adquiriu na carreira e também na sua vivência no mercado. É um pouco mais difícil colocar competências comportamentais, por isso, hoje, as entrevistas estão mais focadas nelas. Isso não quer dizer que o técnico perdeu valor. Porém, antes só se olhava muito para quem tinha as maiores e melhores competências técnicas. Hoje, esse profissional também precisa saber trabalhar em equipe e sobre pressão, e se comunicar muito bem. Nesse sentido, algumas palavras-chave associadas à multidisciplinaridade, liderança etc. ganham relevância.

 

Deixaria como dica ainda: o mercado de engenharia vai retomar um pouco lento e esse profissional precisa entender que a crise fez com que o mercado trabalhasse de forma enxuta. Por isso, aconselho que estudem, busquem informações, leiam sobre o mercado, as principais tecnologias, e estude muito o ramo em que trabalha. Capacitação e conhecimento, sempre.

Lido 4514 vezes
Gostou deste conteúdo? Compartilhe e comente:
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda