Carlos Magno Corrêa Dias
Em termos gerais, a história contada por quem não “viveu a história”, muito provavelmente, não “bate” (ou, pelo menos, não é idêntica ou totalmente congruente) com a história de quem a viveu (experimentou, fez a história de fato).
Quem realizou a história (a testemunha, o participante) tem uma perspectiva subjetiva, sensorial e emocional da realidade. Lembranças são cheias de detalhes pessoais, sentimentos, medos e motivações que não aparecem em documentos ou livros. Quem conta a história depois (o historiador, o escritor) trabalha com fontes formais/físicas (como documentos, fotos, gravações, testemunhos) e tenta construir uma narrativa objetiva e estruturada, lógica. Mas, por melhor que seja, sempre a narrativa será uma “interpretação” e uma síntese, não a experiência bruta.
É bastante óbvio que a memória individual é falível, seletiva e pode ser influenciada por eventos posteriores. Duas pessoas que viveram o mesmo evento podem ter memórias que “não batem” entre si. Assim, o historiador precisa selecionar quais memórias e quais documentos são mais relevantes ou confiáveis. O que é importante para a testemunha pode ser considerado um detalhe irrelevante para a grande narrativa histórica.
O vivente da história, quem faz a história, foca no micro (sua casa, sua rua, sua família). O não vivente foca no macro (políticas nacionais, tendências sociais, grandes figuras). O enquadramento é diferente. O historiador usa a terceira pessoa e um tom de autoridade. A testemunha usa a primeira pessoa, carregada de emoção e incerteza.
Não se trata, entretanto, de uma posição ser correta e a outra errada, mas sim de serem diferentes tipos de verdade, pois a verdade da experiência é a verdade emocional, a memória e a identidade daquele que viveu a realidade. A verdade histórica é a verdade interpretativa, construída a partir de evidências, buscando uma explicação do passado para o presente.
Logicamente, contudo, a história mais rica e completa é aquela que vem dialogar com ambas as verdades, mostrando a legitimidade dos fatos. Mas jamais se poderá ignorar a experiência subjetiva, mesmo que contada pelo vivente a terceiros.
Inúmeros são os casos de surgimento a todo momento de novas histórias (ou histórias mais completas) descobertas ou por entrevistas com os viventes da história, ou pela análise de documentos guardados, ou pela realização de pesquisas mais aprofundadas, ou mesmo devido ao relato sobre conversas com aqueles que tenham tido a oportunidade de escutar as falas de viventes da história.
Embora, naturalmente, a memória seja falível e seletiva, o aprofundamento na análise de relatos baseados nas lembranças da história vivida oferece uma base mais sólida para a reconstrução ativa do passado experimentado dado que, em sentido mais amplo, a memória não é um arquivo estático que se acessa, mas sim um processo de reconstrução que ocorre no presente, influenciado pelo que são as pessoas e pelas histórias que contam. O ato de lembrar modifica a própria lembrança.
É sabido, entretanto, que a forma como o vivente narra sua história é moldada pela audiência e pelo contexto da narração. A mesma pessoa contará o mesmo evento de formas ligeiramente diferentes para um neto, um historiador ou um jornalista; o que possibilita que a verdade da experiência seja múltipla mesmo para um único indivíduo.
Deve-se observar, também, que o historiador, por sua vez, ao tentar construir uma narrativa objetiva, deve sempre estar ciente de sua própria subjetividade (seu tempo, suas crenças, sua cultura). O desafio não é apenas selecionar fatos, mas fazê-lo de forma ética, dando voz a quem foi silenciado e evitando a apropriação ou a redução da experiência alheia a um mero dado. O historiador não apenas sintetiza, mas, também, traduz o todo relatado em algo que faz sentido para o público em geral e para o presente. A narrativa histórica, no melhor dos casos, é a ponte que liga as experiências pessoais à compreensão de grandes estruturas sociais, políticas e culturais.
Assim sendo, a verdade da experiência pode ter sido sistematicamente silenciada ou excluída das fontes oficiais cabendo ao trabalho da História focar nos vestígios da vida cotidiana com esforço ético para resgatar todas as vozes e incluir o que foi ignorado ou esquecido, desafiando a própria ideia de que a narrativa macro é, por natureza, a mais completa. Muitas histórias necessitam ser contadas à luz da ética, das verdades da experiência e sob a ótica de diferentes atores.
Tal é o caso, por exemplo, da história narrada sobre as importantes obras de arte que formam o acervo histórico e cultural da Catedral Diocesana de Nossa Senhora da Conceição de Jacarezinho do Norte Pioneiro do Estado do Paraná (Catedral Imaculada Conceição), a qual foi inaugurada em 08 de outubro de 1949 tendo sua pedra fundamental assentada em 17 de julho de 1942.
Catedral de Jacarezinho (PR). Foto: Portal Encontra Jacarezinho
Atualmente, a Catedral Diocesana de Nossa Senhora da Conceição de Jacarezinho é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Superintendência do Paraná (Iphan/PR). O correspondente tombamento abrange o seu acervo artístico interno; as “Pinturas Murais” que cobrem cerca de 600 metros quadrados e que são consideradas um dos mais importantes conjuntos artísticos (e arquitetônicos) do Paraná e do Brasil. A data do tombamento é de 14 de dezembro de 1990 (uma sexta-feira), cuja inscrição de número 08 consta no Livro do Tombo das Belas Artes.
A Catedral Imaculada Conceição de Jacarezinho (PR) é, por si só, um tesouro que encanta pela grandiosidade e rara beleza estrutural. Possui 67 metros de comprimento e 22 metros de largura, sendo construída no formato de Basílica com pilares e na forma de cruz. O patrimônio artístico tombado é de valor incalculável e seus painéis gigantescos pintados à mão com murais de até 15 metros de altura e com figuras de até 3 metros cativam qualquer observador.
Veja-se, entretanto, que o dia do tombamento em referência (um dia útil) é um dia antes do nascimento de José Waldetaro Moura e Dias de Botelhos (MG) e nascido em 15 de dezembro de 1935; sem o qual não existiriam as obras de arte em referência. Considerando-se a diferença de um dia entre as datas apresentadas, é de se especular algumas possibilidades.
Assim, em termos de especulação, é sugerida uma “relação intencional” entre o aniversário de nascimento do artista em referência e a data do tombamento (um ato legal de preservação). Aventa-se, então, que o tombamento foi, também, uma homenagem no dia que antecedeu o 55º aniversário do artista que contribuiu para a existência daquela monumental obra de arte.
A memória local (a memória comunitária), tanto dos mais antigos ainda vivos quanto de seus parentes mais jovens, aponta que o mineiro morador de Jacarezinho (PR) José Waldetaro Moura e Dias trabalhou árdua e diretamente na pintura dos incríveis murais das paredes da Catedral de Jacarezinho, auxiliando de forma definitiva em distintos aspectos tanto na execução quanto nas sugestões diversas que apresentou e que levaram à conclusão daquela fantástica obra.
Embora as contribuições essenciais de José Waldetaro Moura e Dias não apareçam registradas (de forma devidamente acentuadas) nos meios oficiais de tombamento, os quais tendem a não destacar todos os envolvidos no processo normalmente, permanecem vivas e são reconhecidas como fundamentais.
Como há de se supor, então, permanecem lacunas entre a documentação oficial e a história vivida pela comunidade que contribuem para estigmatizar a história geral de obras de grande porte como é o caso da incrível criação estampada nas paredes da Catedral de Jacarezinho; o que obriga recontar a história sempre que possível com detalhes mais específicos com o auxílio de camadas de memória viva que não aparece nos registros oficiais.
Cabe ressaltar, todavia, que a memória comunitária sempre haverá de preservar o papel daqueles moradores que foram colaboradores; o que vai muito além da documentação oficial que se possa arregimentar. A discrepância entre o “vivido pela sociedade local” e os registros oficiais é maior ainda quando se referem a obras de arte sacra. Para a história cultural de Jacarezinho (PR), ter um seu morador imortalizado nas próprias obras que ajudou a elaborar é algo sem precedentes. A presença de José Waldetaro Moura e Dias nas pinturas murais é parte da história oral e visual da Catedral de Jacarezinho (PR). José Waldetaro Moura e Dias não apenas ajudou na execução, mas, também, emprestou sua própria imagem e conhecimento religioso, tornando-se parte inseparável daquele patrimônio incomensurável.
O tombamento das pinturas murais executadas entre 1954 e 1957 são consideradas um dos maiores conjuntos de arte sacra modernista do Brasil e a memória comunitária de Jacarezinho (PR) preserva o papel fundamental de José Waldetaro Moura e Dias que atuou como colaborador direto na execução dos murais, auxiliando na pintura (pintando efetivamente); posou como modelo vivo, emprestando sua silhueta a diversas figuras retratadas nas cenas religiosas; e, contribuiu com sugestões iconográficas baseadas em seu conhecimento religioso.
Há de se salientar, também, que reconhecer a contribuição de José Waldetaro Moura e Dias além de enriquecer a compreensão da história cultural daquela Catedral vem valorizar a memória comunitária e os protagonistas locais, bem como abrir espaço para futuras pesquisas acadêmicas e iniciativas de reconhecimento formal.
Para consolidar documentalmente a correspondente narrativa história pode-se consultar arquivos da Diocese de Jacarezinho, jornais locais da década de 1950, depoimentos de moradores antigos (principalmente) e/ou estudos acadêmicos recentes sobre arte sacra no Paraná.
Fato é que José Waldetaro Moura e Dias não apenas ajudou na execução dos murais da Catedral de Jacarezinho (PR), mas, também, deixou sua marca pessoal como modelo vivo e conselheiro iconográfico. Sua presença permanecerá viva na memória cultural da cidade, merecendo o necessário reconhecimento histórico.
A trajetória de José Waldetaro Moura e Dias como pintor está centrada em sua paixão inata, perspicácia observacional e estudo autodidata que permitiram pavimentar solidamente seu caminho para a maestria artística. Sua história transcende a mera biografia, servindo como um estudo de caso sobre a formação de um artista impulsionado pela curiosidade e pela dedicação pessoal.
Desde cedo, a arte se manifestou na vida de José Waldetaro Moura e Dias como uma atração irresistível. A admiração pelas pinturas nas paredes das casas visitadas de seus parentes demonstrou que seu olhar atento na infância não era passivo, mas sim uma forma precoce de análise e absorção visual. Semelhante sensibilidade aguçada é frequentemente a marca inicial de um talento em desenvolvimento. O ambiente, embora não fosse um ateliê formal, tornou-se sua primeira galeria, cultivando uma vocação que se provaria duradoura.
A formalização do interesse de José Waldetaro Moura e Dias pela arte veio por intermédio de encontros virtuais significativos com os ditos grandes mestres. Mas, a lição inicial ocorreu em Poços de Caldas (MG) quando recebeu algumas lições iniciais em pintura que lhe forneceu o ponto de partida prático, transformando a admiração em ação. Mais tarde, na cidade de São Paulo (SP) teve contato com a efervescência artística do Ibirapuera quando conseguiu aprofundamento em seus conhecimentos sobre a arte.
Filiou-se ao Museu de Arte de São Paulo (MASP) e pode realizar o estudo de obras de mestres como a do espanhol Pablo Ruiz Picasso (1881-1973), a do holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669) e a do pintor francês Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901), mediante correspondências e postais. Entretanto, manteve o autodidatismo rigoroso e motivado. A releitura e o estudo de obras clássicas e modernas funcionaram como sua principal Escola de Belas Artes, permitindo-lhe absorver técnicas e estilos de forma introspectiva e aplicada.
Segundo o próprio artista revelou em data ocasião, a escolha daqueles mestres de diferentes períodos e estilos na história da arte ocidental não foi ao acaso haja vista que lhe interessava, em particular, o Barroco (Rembrandt), o Pós-Impressionismo (Toulouse-Lautrec) e o Cubismo (Picasso).
O apogeu da fase de aprendizado ocorre quando passa a comprar o material profissional de pintura no então Empório Michelangelo com o dinheiro da venda de suas próprias obras (“um ato que sela sua transição de admirador para produtor”). Todavia, assume seriamente seu compromisso com a arte ao adquirir espátulas, pincéis, paletas e até um cavalete portátil; ferramentas essenciais que na época eram muito caras e simbolizam uma escolha sem volta ao longo de sua vida.
Contam os mais idosos que o primeiro quadro (pintado em segredo) provocou a surpresa e o ceticismo de seus pais. Contudo, a dúvida inicial dos familiares foi rapidamente superada quando o grande talento de José Waldetaro Moura e Dias se mostrou fulgurante gerando admiração e, subsequentemente, diversas encomendas, as quais formaram o primeiro reconhecimento público de sua habilidade impressionante e especialmente multifacetada.
Os pedidos de quadros dos mais variados estilos e tamanhos tornaram José Waldetaro Moura e Dias consolidado como artistas plástico em Jacarezinho (PR) e em regiões próximas. Contam os citadinos que viveram aquela época que José Waldetaro Moura e Dias era uma celebridade e que todos desejavam adquirir suas obras.
A dedicação de José Waldetaro Moura e Dias era evidenciada e muito elogiada pelo “engajamento com o mundo da arte e pela convicção de que não era necessário diplomas ou formação acadêmica tradicional para, com perspicácia e investigação incessante, produzir arte de qualidade que agradasse a públicos dos mais diversos”. José Waldetaro Moura e Dias tornava-se o arquétipo do artista que se constrói pela paixão autodidata, provando que o talento é nutrido tanto pela observação atenta quanto pela aplicação disciplinada.
Mas o dom e a versatilidade de estilos de José Waldetaro Moura e Dias foram exigidos de forma determinante quando começou a auxiliar o já renomado artista plástico modernista Eugênio de Proença Sigaud (1899-1979) para pintar os quadros murais sacros da Catedral de Jacarezinho (PR).
Eugênio de Proença Sigaud era irmão do Bispo da Diocese de Jacarezinho Dom Geraldo de Proença Sigaud (1909-1999) que bem conhecia o jovem morador de Jacarezinho José Waldetaro Moura e Dias, o qual havia estudado no Colégio Cristo Rei e que tinha por parte de Dom Geraldo de Proença Sigaud o reconhecimento de suas qualidades artísticas associadas ao bom conhecimento da história da Religião Católica.
Considerado o “artista-guardião” na Catedral de Jacarezinho José Waldetaro Moura e Dias desempenhou papel decisivo na elaboração dos correspondentes fantásticos murais cuja ação transcendeu a função de coautor e mostrou-se como o principal articulador da iconografia e o responsável pelo elo vital entre a arte, a fé e a comunidade local; dividindo a responsabilidade de “escolhas” com Dom Geraldo de Proença Sigaud.
Além da indicação (recomendação) do Bispo de Jacarezinho para que José Waldetaro Moura e Dias trabalhasse na Igreja foi, também, por intervenção do respeitado e estimado Padre Magno Sauter (1908-1959), importante Professor de Matemática e de Desenho do então Ginásio Cristo Rei e seu Diretor por várias vezes, que José Waldetaro Moura e Dias foi trabalhar na Catedral de Jacarezinho.
O Padre Magno Sauter, tido como “Professor Linha Dura”, austero e muito competente, reconhecia em José Waldetaro Moura e Dias “a qualidade do detalhe na elaboração dos desenhos que executava quando o jovem mineiro foi seu aluno nas aulas de Desenho no então Colégio Cristo Rei” (Instituição de Ensino considerada no Estado do Paraná durante muitas décadas).
Há de se pontuar que tanto Dom Geraldo de Proença Sigaud quanto o Padre Magno Sauter acreditavam que a associação entre o dom da pintura e o conhecimento sobre a fé católica de José Waldetaro Moura e Dias contribuiriam sobremaneira para a realização de uma obra monumental dado que Eugênio de Proença Sigaud se declarava ateu convicto e muito pouco conhecia sobre a religião católica. E não foi diferente, pois a obra realizada pelos dois artistas ficou fantástica, exuberante e profundamente significativa.
José Waldetaro Moura e Dias não apenas contrabalançou o ateísmo convicto de Eugênio de Proença Sigaud, como também convenceu o artista fluminense a seguir algumas orientações sobre a religião católica que bem conhecia. José Waldetaro atuou como o filtro e consultor religioso, garantindo que as narrativas bíblicas e sacras fossem representadas com a fidelidade e o significado teológico adequados a um templo de natureza católica. O fato de a obra ter ficado "fantástica, exuberante e profundamente significativa" é atribuído a essa associação, evidenciando que a contribuição intelectual e espiritual de José Waldetaro Moura e Dias foi tão importante quanto a técnica.
Uma das características mais ousadas e inovadoras dos murais é a representação de moradores de Jacarezinho como personagens bíblicas. O relato atribui essa ideia diretamente a José Waldetaro Moura e Dias, destacando que “foi por sugestões do artista católico que algumas pessoas específicas da cidade foram escolhidas para serem retratadas nos murais”.
No correspondente contexto, a função de José Waldetaro Moura e Dias assumiu, também, um papel social e antropológico. Ao escolher cidadãos de “biotipos parecidos com figuras bíblicas clássicas”, ele não só deu vida e rosto local às figuras sacras, mas, também, transformou o acervo em um registro efetivo dos costumes, realidade e fisionomia da Jacarezinho dos anos 1950; um conceito modernista que traduzia culturas regionais daquela época.
A inserção da comunidade nos painéis (algo que permite que familiares ainda hoje reconheçam seus antepassados) reforça a crença compartilhada pelos artistas na "força que a pintura possui para a aproximação social". Construía-se, então, uma sólida ponte entre o sagrado universal e o cotidiano particular.
Um detalhe profundamente simbólico (que deve ser seguidamente salientado) é a função de José Waldetaro Moura e Dias como “modelo vivo” para o seu mestre. “É atestado que, além de ter dividido o árduo trabalho de pintura, o artista mineiro serviu, também, de modelo vivo para algumas das imagens, deixando registrado seu perfil particular e inconfundível naquelas paredes”; tal como se vislumbra no mural do “Sermão da Montanha”.
“A participação física inscreve o artista de forma indelével no legado da Catedral. Ele não apenas criou a arte; ele se tornou parte da própria matéria artística que ele ajudou a validar e executar. Isso sublinha que sua dedicação à obra era total, indo além do ofício para se configurar em uma entrega pessoal e artística.”
Dizem que o jovem José Waldetaro Moura e Dias, para além de quaisquer compromissos com a história, exerceu uma função catalisadora e determinante na realização dos murais da Catedral de Jacarezinho. Mais do que um colaborador técnico, ele foi o coautor iconográfico que garantiu a coerência teológica da obra para o seu patrono, o agente de popularização que inseriu a comunidade local na narrativa bíblica, e a inspiração viva que emprestou sua fisionomia à eternidade da pintura..
O acervo artístico da Catedral de Jacarezinho é o testemunho eloquente da forte interação e da produtiva irmandade de propósitos entre os dois pintores de forma que o legado gerado faz parte da história de Jacarezinho e do Paraná.
Composto de pinturas na forma de arte mural modernista que procurou traduzir as culturas, a realidade e os costumes da década dos anos 1950 de Jacarezinho o conjunto da obra artística tombada não somente impressiona como, também, mostra a força da cidade. As obras no interior da Catedral estão integradas e se distribuem amplamente cobrindo as principais partes da Igreja como: Pórtico, Nártex (Átrio), Nave Principal, Naves Secundárias, Transpecto, Capela de São Sebastião, Capela do Santíssimo, Presbitério e Altar-Mór.
Das enormes dificuldades de se pintar manualmente a óleo em paredes rústicas a cerca de 15 metros do chão painéis murais de até 3 metros de altura utilizando arcaicos andaimes de madeira puxados por cordas e num calor geralmente elevado e muito abafado (com temperaturas elevadas típicas do norte do Paraná) nasceu entre o artista fluminense Eugênio de Proença Sigaud e o artista mineiro José Waldetaro Moura e Dias o respeito mútuo e uma forte amizade que perdurou.
Imaginem-se os perigos enfrentados e os inúmeros desafios vencidos para completar aquele impressionante trabalho de criação que não apenas demonstra a ousadia e a intensidade dos artistas que as produziram, mas, que, também, exigiu um empenho incrível que mesmo depois de décadas ainda encanta e emociona.
“Ficavam deitados nos andaimes de costas para o chão a 14 ou 15 metros (ou mais altos ainda) enquanto lá embaixo as missas ocorriam normalmente. Não faziam muito barulho, mas, vez ou outra, deixavam pingar ou um pouco de tinta ou gotas de suor e os paroquianos reclamavam muito”, relatou certa vez o Dom Geraldo de Proença Sigaud.
O conjunto da obra pintada a mão perfaz um total de “quarenta e três pinturas murais criadas por dois homens de temperamentos fortes, bem diferentes, com crenças conflituosas, um católico e o outro ateu confesso, que amavam o pintar e que se uniram para produzir um trabalho monumental que permanece resistindo ao tempo e encantando gerações”. As obras remetem à “arte figurativa e demonstraram a força que a pintura possui para registrar a história e para a aproximação social. Cada mural representa uma história bíblica com visão modernista dos notáveis artistas que as elaboraram.
É importante ressaltar que além das pinturas murais emolduradas há um painel emoldurado, também, enorme “em branco” no qual figura alguma foi pintada. Especula-se que naquele espaço em branco era para ser pintado um mural que representasse a “Ressureição”. Fala-se que um “desentendimento” entre os irmãos Sigaud teria gerado aquela vacância. Narrativas confirmadas dizem que por diversas vezes José Waldetaro Moura e Dias teria sido convidado a completar o trabalho depois, mas, em respeito ao seu mestre, teria, sumariamente, toda vez, apresentando sua recusa.
Também deve-se observar que nas paredes da Catedral foram feitos distintos ornamentos estilizados lembrando referências à simbologia cristã como peixes, estrela de Davi, ramos de palmeiras, flor de Liz; sendo identificados, ainda, ramos de café que lembram os tempos áureos da cafeicultura na região. Fala-se que tais ornamentos foram sugeridos pelo Padre Magno Sauter que já os utilizava em suas aulas de Desenho no Colégio Cristo Rei; os quais eram, então, muito familiares José Waldetaro Moura e Dias. Confirma-se que o artista mineiro corroborou a ideia de seu mestre de Desenho por julgar um incremento importante na composição da obra que iam criando.
José Waldetaro Moura e Dias desde muito jovem manteve relações de proximidade com o Clero da Diocese de Jacarezinho (uma Circunscrição Eclesiástica da Igreja Católica no Estado do Paraná) devido a ter estudado no Colégio Cristo Rei. Assim, com apenas 19 anos, por seu talento nato e qualidades artísticas reconhecida, bem como pela formação religiosa recebida é que começou tanto a auxiliar na pintura dos Murais das paredes da Catedral de Jacarezinho quanto a influenciar nas decisões envolvidas em grande parte do conjunto daquela obra como um todo.
Até hoje alguns reconhecem disposições implementadas que foram influenciadas ou por José Waldetaro Moura e Dias ou pelo Padre Magno Sauter com anuência do Bispo de Jacarezinho.
O jovem artista botelhense ao mesmo tempo que aprimorava seus conhecimentos sobre pintura na prática diária com o mestre pintor fluminense Eugênio de Proença Sigaud desenvolvia seu estilo e técnica próprios como artista plástico. O muito que aprendeu fez com que José Waldetaro Moura e Dias desenvolvesse uma maneira peculiar de ver a realidade da cidade e o influenciou nos compartilhamentos que se seguiram até a conclusão dos trabalhos de pintura na Catedral.
É importante pôr em destaque, ainda, que o jovem José Waldetaro Moura e Dias trabalhou com “carteira assinada” e com proventos mensais (o que não era muito usual na época); além de receber aulas de pintura gratuitamente de Eugênio de Proença Sigaud tanto durante o expediente quanto fora dele. Os dois artistas chegavam a trabalhar cerca de dez a doze horas por dia. Na verdade, muitas foram as vezes que adentravam a noite trabalhando e emendavam com o dia seguinte, chegando a dormir sobre os andaimes para avançar nos trabalhos.
Anos mais tarde, depois da conclusão dos trabalhos de pintura na Catedral de Jacarezinho, Eugênio de Proença Sigaud teria declarado, com emoção e reconhecimento, que o mineiro José Waldetaro Moura e Dias teria sido seu único e verdadeiro pupilo dada a visão artística esmerada associada à posição filosófica que aquele jovem demonstrava na época. Não se tem notícia que o "Pintor dos Operários" (como ficou conhecido Eugênio de Proença Sigaud) tenha ensinado sua arte a outro pintor, o que permite especular ter sido José Waldetaro Moura e Dias, de fato, o único “aluno” de Eugênio de Proença Sigaud).
Eugênio de Proença Sigaud e José Waldetaro Moura e Dias tinham bem em comum a particular preferência pela arte figurativa e acreditavam na força que o fazer artístico possuía como função social. Semelhante afinidade os fez trabalhar em conjunto arduamente na elaboração daquela grande obra. Dois homens de temperamentos fortes e de crenças diferentes que se irmanaram num trabalho fantástico.
A história de Jacarezinho (e da Arte como um todo) têm em Eugênio de Proença Sigaud e José Waldetaro Moura e Dias exemplos notáveis de artistas que construíram uma obra extraordinária no interior da Catedral Metropolita de Jacarezinho e que é motivo de orgulho e de esperança. Aquela obra é mais do que apenas arte sacra, pois representa o compromisso social que transpõe a relação entre o ser humano e o trabalho; apresenta uma das maiores expressões da pintura mural no Brasil; evidenciando de forma excelente a identidade regional de Jacarezinho e do Norte Pioneiro do Paraná.
Cabe evidenciar que as pinturas da Catedral de Jacarezinho não se limitam em si mesmas a serem apenas obras de arte haja vista que a execução e integração envolveram aspectos técnicos do verdadeiro “engendramento”, de muita Engenharia. Para que as pinturas cobrissem uma área tão vasta e se mantivessem homogêneas nas paredes, foi necessário um planejamento técnico difícil e complexo para a preparação da superfície, a escolha dos materiais (tinta a óleo sobre o reboco, por exemplo) e a consideração da estrutura do edifício. Pinturas murais exigem conhecimento sobre química de materiais e técnicas de aplicação que garantam a sua durabilidade e aderência à parede, o que requer uma abordagem técnica e metódica, similar a um "engendramento" técnico.
Tanto Eugênio de Proença Sigaud (que era Arquiteto) quanto José Waldetaro Moura e Dias (que por conta estudou Resistência de Materiais e Química envolvidas no processo de pintura artística) tiveram que pensar, discutir e analisar como engendrar, no sentido de conceber, planejar e executar, a instalação de seus painéis naquele edifício já existente, com todas as considerações de escala, técnica e durabilidade. Sem o conhecimento dos dois artistas sobre o rigor técnico e metódico relacionados à engenharia necessário para engenheirar a monumental obra de arte em questão, não se teria a correspondente integração harmoniosa. “A Engenharia esteve lá, também, no engendramento técnico acentuado e no planejamento brilhante do conjunto da obra”.
Depois de dado por encerrado os trabalhos dos murais da Catedral Diocesana de Jacarezinho (ocorrido de 1954 até 1957), Eugênio de Proença Sigaud e José Waldetaro Moura e Dias não trabalham mais juntos seguindo cada qual seu destino de forma independente. O “Pintor dos Operários” retornou para a cidade do Rio de Janeiro (RJ) onde continuou sua carreira artística e de professor; realizando exposições individuais em galerias no Rio de Janeiro e São Paulo.
Além de pintor, Eugênio de Proença Sigaud foi gravador, artista gráfico, ilustrador, cenógrafo, crítico, professor, arquiteto e poeta; decorou, também, os vitrais da Igreja dos Mártires São Gonçalo Garcia e São Jorge, localizada no Campo de Santana no Rio de Janeiro (RJ); vindo a falecer aos 80 anos, no Rio de Janeiro (RJ), em agosto de 1979.
Possuía ateliê em frente de sua casa no bairro carioca de Copacabana. Eugênio de Proença Sigaud manteve a temática de suas obras centrada na atividade operária e se envolveu em atividades sociais e culturais, refletindo seu interesse em temas sociais e urbanos até o final de sua vida. Durante seu funeral teve o corpo encomendado por seu irmão, o bispo Dom Geraldo de Proença Sigaud.
José Waldetaro Moura e Dias (“Um Artista Brasileiro”, como é frequentemente referenciado) fixou-se em definitivo em Curitiba (PR) onde criou seus filhos e reside até hoje, completando, em 2025, noventa anos de seu nascimento.
Influenciado, também, pelo excelente Padre Magno Sauter, o jovem José Waldetaro Moura e Dias formou-se em contabilidade ainda em Jacarezinho (PR) e seguiu a carreira de contador. Dizem que o Padre Magno Sauter ao reconhecer, também, as habilidades de José Waldetaro Moura e Dias com a manipulação dos números foi quem primeiro sugeriu ao então jovem citadino de Jacarezinho (PR) seguir a carreira de contabilista.
José Waldetaro Moura e Dias trabalhou no Banco do Estado do Paraná (Banestado) e na Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Paraná, vindo a aposentar-se como profissional da área de contabilidade (aquela que foi, também, uma sua grande paixão além da pintura) sem, entretanto, jamais abandonar a pintura uma vez que continuou a produzir suas obras de arte quer seja por encomendas ou pelo simples prazer de criar.
Depois dos trabalhos realizados na Catedral Diocesana, notabilizado e reconhecido, continuou a pintar, estudando por conta as obras de artistas como Candido Portinari (1903-1962), José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1899) e Giovanni (“João”) Battista Felice Castagneto (1851-1900). Teve um período de efervescência na produção com número de encomendas de suas obras cada vez maior chegando a criar milhares de releituras e iniciou trabalhos no campo da literatura escrevendo poesias que foram sendo armazenadas até gerarem, mais tarde, livro publicado.
Em 2003, foi publicado o livro de poesias de José Waldetaro Moura e Dias intitulado “Pensamentos em palavras” (ISBN: 85-88925-03-6) no qual o autor estabeleceu relações de imbricação entre a “Poética da consciência e da vida comum”, oficializando em sua biografia “a intersecção entre a liberdade estilística, o entusiasmo criador e a profunda reflexão sobre a existência humana cotidiana”.
A lírica de José Waldetaro Moura e Dias, materializada em “Pensamentos em palavras”, apresenta-se como uma notável síntese entre liberdade estética e profundidade existencial. O que salta imediatamente à vista é o entusiasmo criador do artista, que permeia seu processo e se traduz numa forma poética marcadamente livre, sem compromissos estilísticos rígidos. Essa desvinculação do formal não representa, contudo, uma falta de rigor, mas sim uma estratégia consciente: o desprendimento do formal é um trunfo estético que permite à forma adaptar-se à emoção, potencializando a capacidade do verso de transmitir, com autenticidade e impacto, os mais distintos sentimentos.
Para além da celebração emocional e da vida comum, a obra revela uma inegável dimensão filosófica. “Pensamentos em palavras” insere a poesia numa reflexão mais ampla sobre as limitações humanas e a busca por um sentido. O poeta instrumentaliza o verso como um exercício de reflexão e um instrumento de elevação, que convida o leitor a questionar a trivialidade e a normalidade da vida. Ao buscar posicionamentos e traduzir consciência, a poesia utiliza o contraponto entre o comum e o diferente para inspirar a esperança de encontrar uma razão suficiente de ser, promovendo a reflexão e, porventura, a transformação do leitor.
A publicação de “Pensamentos em palavras” é um marco fundamental, assumindo um caráter de inauguração pública da vasta produção do autor. A ausência de um critério estritamente sistêmico na seleção das poesias, priorizando versos elaborados em períodos distintos de sua vida sob sua própria orientação, sugere que o livro é, acima de tudo, um autorretrato poético. A coleção oferece um vislumbre da diversidade temporal e dos diferentes humores do criador. Em síntese, José Waldetaro Moura e Dias estabelece um diálogo franco com o leitor, demonstrando que o verdadeiro entusiasmo poético reside na capacidade de transformar os “pensamentos em palavras” que não apenas emocionam, mas também promovem a reflexão e a transformação.
Durante a vida de aposentado, José Waldetaro Moura e Dias se dedicou às suas duas paixões: Artes Plásticas (pintura e artesanato) e Artes Literárias (versos e poesia), dado que ambas as Artes possibilitam a ele criar e expor seus pensamentos.
Não se sabe ao certo, mas entre quadros (grande parte óleos sobre tela ou madeira), afrescos, murais, gravuras (aquarelas, óleo sobre papel, acrílica sobre papel), desenhos (feitos com lápis, carvão, grafite ou nanquim), esculturas (obras tridimensionais), fotografias (registros artísticos de imagens com câmeras analógicas), bem como montagens fotográficas analógicas, estima-se que o acervo de José Waldetaro Moura e Dias perfaça um total de cerca de 5 mil obras as quais estão espalhadas por distintas regiões do Brasil e do exterior. Além de vender muitas de suas obras, José Waldetaro Moura e Dias desenvolveu o hábito de doar e presentear seus amigos, conhecidos e parentes com seus trabalhos em ocasiões que julgava especiais.
Quanto ao número de poemas (muitos ainda não tornados públicos), não se tem uma quantidade conhecida, mas é também enorme, sendo até difícil escolher quantos e quais seriam adequados para a produção de novas obras. Possivelmente, serão necessários dois (ou mesmo três) livros para registrar o (grande) conjunto dos versos elaborados pelo artista José Waldetaro Moura e Dias.
A trajetória de José Waldetaro Moura e Dias é notável pela rara confluência entre a força analítica da contabilidade, a liberdade expressiva das artes plásticas e a essência do verso que foram exercidas em paralelo por toda a vida do mineiro de Botelhos (MG). Autodidata por excelência, tanto nas Artes Plásticas quanto nas Artes Literárias, José Waldetaro Moura e Dias construiu um vasto e diversificado acervo que atestam sua dedicação contínua e sua insaciável vontade de seguir sempre criando.
Como atestaram avaliadores, “a arte de José Waldetaro Moura e Dias foi moldada tanto por sua habilidade inata quanto pelo seu dom especial para captar as técnicas de renomados pintores clássicos, realizando estudos minuciosos que resultaram em inúmeras releituras de obras clássicas. Além de produzir, José Waldetaro Moura e Dias contribuiu para a disseminação da arte, dedicando-se a ensinar sua técnica a diversos aprendizes ao longo de sua carreira”.
A qualidade e a extensão de sua obra garantiram a José Waldetaro Moura e Dias um significativo reconhecimento no cenário artístico, tanto paranaense quanto nacional. Suas várias exposições renderam-lhe diversas premiações e menções honrosas. Sua relevância foi institucionalizada particularmente devido a associação que estabeleceu com Galeria de Artes do Banestado, onde realizou diversas mostras e se destacou de tal forma que lhe conferiram a alcunha de “Artista do Banestado”.
Mesmo após a aposentadoria formal como contador, José Waldetaro Moura e Dias manteve-se ativamente inserido no circuito artístico. Ele demonstrou sua criatividade em múltiplas plataformas, participando de edições do Concurso Banco Real (Talentos da Maturidade), onde foi premiado tanto nas artes plásticas (com seus quadros) quanto nas artes literárias (com seus poemas), evidenciando a amplitude de seu talento.
A criatividade de José Waldetaro Moura e Dias não se restringiu aos pincéis e à matéria dado que em paralelo à arte tanto cultivou suas habilidades de poeta quanto de excelente contabilista. “O legado de José Waldetaro Moura e Dias é notável e a necessidade de criar (de fazer, de gerar) sempre o distinguiu de forma que sua vida e obra representam um testemunho que transcende a idade, a profissão, o tempo, o conhecimento formal, o medo de falhar; enfim, que transcende os limites que a própria vida ou a sociedade tentam impor à expressão do indivíduo.”
José Waldetaro Moura e Dias viveu a história, foi testemunha da história, e sua história necessita ser contada para existir a verdadeira história. A “história verdadeira e completa” não pode existir sem incluir a experiência e o testemunho de pessoas que fizeram a história vivendo a história.
Muito mais que um simples espectador todo participante ativo na história, que faz a história, é crucial para se entender e contar a verdadeira história. Falar em História da Arte quando se mencionam as obras de arte que compõem a Catedral Diocesana de Nossa Senhora da Conceição de Jacarezinho sem entrar em detalhes sobre as contribuições de José Waldetaro Moura e Dias, seja no particular aspecto puramente artístico e técnico das obras em si, seja nas escolhas filosóficas e religiosas, é apenas manter uma retórica falsa (senão falha).
O artista mineiro José Waldetaro Moura e Dias se posiciona como um exemplo importante e essencial na Arte do Estado do Paraná e do Brasil e seu legado necessita ser contado seguidamente para as futuras gerações quando se objetiva ser fiel à verdadeira história a qual tem sua existência, de fato, tão somente, quando se permite compartilhar os feitos daqueles que a fizeram.
Carlos Magno Corrêa Dias é professor, pesquisador, conselheiro consultivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, conselheiro sênior do então Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep (atual Conselho de Responsabilidade Social do Sistema Fiep), líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) do CNPq, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) do CNPq, personalidade empreendedora do Estado do Paraná pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep)






