Clemente Ganz Lúcio*
“Nós deveríamos parar de falar de objetivos vagos e [...] irreais tais como direitos humanos, aumento do padrão de vida e democratização” e precisaríamos “nos ocupar de conceitos estritos de poder”, sem que sejamos “tolhidos por slogans idealistas” sobre “altruísmo e benefícios para o mundo”.
George Kennan, Departamento de Estado do EUA, 1948
Citado por Noam Chomsky, em “Quem manda no mundo?”
A regressão civilizatória acontece no mundo todo, de forma multidimensional. Na essência, as democracias estão sendo controladas e restringidas, por vários meios, para garantir espaço para um novo padrão de acumulação comandada pelo poder do dinheiro.
O sistema produtivo passa por mudanças disruptivas que afetam profundamente o mundo do trabalho, obrigando-o a se adaptar a esse padrão de acumulação. O acordo distributivista do pós-guerra tem sido destruído e o Estado está viabilizando essa estratégia.
Entre 2008 e 2014, em 110 países, foram realizadas 642 iniciativas de reformas trabalhistas que, em grande maioria, visaram reduzir o poder dos sindicatos, das negociações e legislações, flexibilizar contratos, jornadas, salários e direitos e reduzir passivos trabalhistas. Essas iniciativas ganharam concretude no mundo do trabalho.
Na última semana, a CSI (Confederação Sindical Internacional) lançou em Genebra, durante a 108ª Conferência da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a sexta edição do Índice Global de Direitos. O documento começa registrando que as democracias estão em crise desde o local de trabalho, nas repressões às greves e aos protestos, no direito sindical reduzido etc.
O levantamento contempla 165 países e documenta violações aos direitos laborais reconhecidos internacionalmente:
• 59% restringiram a criação ou registro sindical.
• 85% vulneraram o direito de greve.
• 80% restringiram o direito de negociação coletiva.
• passou de 92 para 107 o número de países que excluem trabalhadores do direito de se filiar a um sindicato.
• 72% não permitem acesso à justiça ou o acesso e restrito.
• subiu de 59 para 64 o número de países que prenderam trabalhadores.
• 54 países colocaram restrições à liberdade de expressão.
• em 52 países, os trabalhadores foram vítimas de violência.
• em 10 países, sindicalistas foram assassinados.
O documento analisa região e países. Há uma lista curta, que indica os 10 piores países para os trabalhadores e as trabalhadoras, em 2019. O Brasil, infelizmente, foi incluído neste triste catálogo pela primeira vez.
Além de Brasil, estão na lista dos 10 piores países do mundo para a classe trabalhadora Argélia, Bangladesh, Colômbia, Guatemala, Cazaquistão, Filipinas, Arábia Saudita, Turquia e Zimbabwe.
O Índice Global de Direitos incluiu o Brasil na lista devido ao conjunto das obras aqui realizadas: a reforma trabalhista regressiva, que ataca o direito sindical, fragiliza a negociação coletiva, retira e flexibiliza direitos, contratos, jornadas, salários, limita o acesso à justiça; a repressão às greves; o assassinato de dirigentes; o ataque aos sindicatos, com perseguição e intervenção no financiamento regulado em negociação.
O relatório demonstra que a reação deve ser construída e promovida, com muita unidade e articulação internacional. O caminho será tortuoso, mas a mobilização popular e a costura de frentes amplas em defesa da democracia e do estado de direito são essenciais. No mundo do trabalho, são prioridades: reorganizar profundamente a representação dos trabalhadores, articular um sistema de relações laborais que favoreça a negociação e promover formas de organização, assentadas na nova dinâmica do trabalho, nesse sistema produtivo em transformação.

*diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Fenasan*
Sob o tema "30 Anos construindo o saneamento ambiental sustentável", está programada para os dias 17, 18 e 19 de setembro de 2019, no Pavilhão Branco do Expo Center Norte, a edição histórica dos 30 anos de realização do maior evento técnico-mercadológico em saneamento ambiental da América Latina: o 30º Encontro Técnico AESabesp / Fenasan 2019, evento promovido pela Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESabesp).
A visitação à Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente (Fenasan) será gratuita e aberta ao público maior de 16 anos. Estima-se a ocupação de uma área com mais de 8.000 m² e a circulação de mais de 20.000 visitantes vindos de muitos países, dada a grande presença de expositores internacionais.
No mesmo piso da Feira, serão dimensionados os painéis, mesas redondas, fóruns de discussões e apresentações de palestras técnicas, em uma área reservada ao Encontro Técnico, que estima reunir em torno de 2000 congressistas.
O público de visitantes e congressistas é composto por profissionais do setor de saneamento, técnicos, difusores de tecnologias, acadêmicos, universitários, gestores, empresários e membros da comunidade científica de todos os estados brasileiros e do exterior.
No evento, os participantes terão a oportunidade de conhecer as principais tendências do setor de saneamento ambiental, suas inovações tecnológicas, bem como debater políticas públicas voltadas para sua otimização, intercambiar informações e constituir sua networking pessoal, uma vez que estará no cenário da maior rede de contatos do meio.
Serão abordados os seguintes temas com os principais nomes do setor:
> Desenvolvimento tecnológico e inovação
> Educação ambiental
> Eficiência energética
> Gestão empresarial e empreendimentos
> Legislação e regulação
> Manutenção eletromecânica
> Meio ambiente
> Mudanças climáticas
> Produtos, materiais e serviços
> Recursos hídricos
> Redução de perdas de água
> Resíduos sólidos e reciclagem
> Saúde pública
> Sistemas de abastecimento de água / tratamento de águas superficiais e subterrâneas
> Sistemas de coleta de esgoto / tratamento de esgotos e efluentes
> Softwares e automação de sistemas.
Serviço:
30º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2019
Data: 17 a 19 de setembro de 2019
Local: Expo Center Norte / Pavilhão Branco (Rua José Bernardo Pinto, 333 - São Paulo - SP)
Mais informações: http://www.fenasan.com.br/
*Ascom Fenasan