João Guilherme Vargas Netto*
Uma vitória tem muitos donos. Na derrota, em geral, procura-se o culpado.
Aparentemente é isto que anda acontecendo nos partidos de oposição após a votação em primeiro turno da deforma previdenciária.
Enquanto alguns adversários enfatizam o sectário isolamento oposicionista e negam até mesmo seu papel na desfiguração do projeto original de Guedes e Cia. em algumas direções e lideranças da oposição aparecem, aqui e ali, críticas à passividade e à frouxidão do movimento sindical e dos movimentos populares como explicação para o resultado acachapante da votação.
Nestas análises a correlação de forças real na Câmara dos Deputados é deixada de lado e a própria resistência das bancadas oposicionistas perde seu valor, sobrando para alguns partidos a interminável novela das dissidências.
Uma pergunta não quer calar. O movimento sindical foi passivo e frouxo na resistência à deforma?
A resposta, honesta e verdadeira, é um rotundo não.
As dificuldades e insuficiências no esclarecimento das bases e em sua mobilização foram evidentes (basta citar a dificuldade de se obter assinaturas de trabalhadores nos locais de trabalho no abaixo-assinado de repúdio à deforma).
Mas, levando-se em consideração a difícil conjuntura política, a recessão renitente e grave, o desemprego desorganizador, a limitação dos recursos financeiros, o ataque generalizado aos direitos e conquistas dos trabalhadores e a forte campanha midiática em favor da deforma não só o movimento não foi passivo, nem frouxo, como, pelo contrário, agiu com persistência, com unidade e com heroísmo.
Inúmeras manifestações sindicais, milhares de assembleias de trabalhadores, a luta pelo abaixo-assinado, a greve geral que foi marcante, as alianças com outros setores em luta e as reuniões com parlamentares marcaram todo o primeiro semestre, mas não foram suficientes para mudar a correlação congressual de forças.
Na impossibilidade financeira da organização de grandes marchas à Brasília nem mesmo a ausência de ativistas no Congresso durante as discussões e votações pode ser atribuída ao desleixo das direções porque houve a proibição pura e simples de acesso à Câmara e às galerias.
Depois de uma batalha deve-se analisar os pontos fortes e os pontos fracos que produziram o resultado. Mas é um erro apontar o movimento sindical como culpado pela derrota; ele não o é e continua a ser um esteio imprescindível para as lutas futuras.
*Consultor sindical.
Agência Sindical
Dados recentes sobre a desindustrialização brasileira são alarmantes. A Junta Comercial de São Paulo divulgou levantamento mostrando que, no Estado, maior pátio industrial do País, 2.325 fábricas fecharam as portas entre janeiro e maio deste ano – pior registro em uma década e 12% mais alto que em 2018.
No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 0,2%, informa o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística). No caso da indústria, o recuo foi ainda maior: 0,7%, e a construção civil teve queda de 2%, acumulando, 20 trimestres seguidos de retração.
Neste cenário, o desemprego só cresce. São 28,4 milhões de pessoas subutilizadas – o recorde na série histórica, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), medida desde 1996, e 13,2 milhões de desempregados.
O economista Ilmar Ferreira, do Escritório Regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em São Paulo, diz que a situação confirma tendência de dois anos para cá. "A insistência em adotar medidas de flexibilização de direitos trabalhistas para impulsionar o crescimento vem se mostrando ineficaz trimestre após trimestre. No entanto, não há nenhum outro plano consistente anunciado para a área", afirma.
Motor
O economista destaca que a indústria é o maior motor do desenvolvimento e amplia o dinamismo na economia. "Temos 10 milhões de trabalhadores na indústria, 63% de empregos formais. Os salários do setor são 10% mais elevados que em outros segmentos, como comércio e serviço. Isso potencializa o mercado consumidor".
Empregos
O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, Josinaldo José de Barros (Cabeça), responsabiliza a inoperância do governo pelo avanço da desindustrialização. "Estamos preocupados com a geração de empregos no setor industrial. Não existe uma política econômica governamental para a retomada do investimento e do crescimento. Há muitas obras do governo paradas. O setor metalúrgico é um dos mais atingidos", diz.
Foto: Reprodução/ Agência Sindical
Fábrica de Lustres fechou as portas em São Paulo após 40 anos de atividade.
Comunicação SEESP*
Com o tema central “Trabalho digno e sindicalismo na Revolução 4.0”, Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) realiza a 14ª Jornada Brasil 2022, no próximo dia 16/8, às 14h, na sede do SEESP.
O objetivo é estimular os profissionais universitários, trabalhadores e a sociedade a compreenderem e se prepararem para as transformações econômicas, sociais e culturais já em curso e que estão por vir, em decorrência dos avanços na área da tecnologia da informação, notadamente a inteligência artificial, em acelerado processo de implantação.
Ao fomentar tal discussão, a CNTU pretende contribuir para que seja desenvolvido coletivamente um programa continuado de conhecimentos e competências que auxiliem entidades, dirigentes e profissionais a intervirem melhor numa realidade que se mostra desafiadora.
Esse esforço de trabalhar o presente e influir no futuro visa a reinvenção e a construção de um Brasil justo, democrático e empreendedor, rumo às comemorações do Bicentenário da Independência e à Semana de Arte Moderna de 2022.
Imagem: Divulgação
Programação:
14h – Abertura
15h – Painéis temáticos:
A inteligência artificial na Revolução 4.0 e o mundo do trabalho
Allen Habert – Engenheiro de produção e diretor de articulação nacional da CNTU
Inteligência artificial e indústria
Paulo Roberto Feldmann – Engenheiro de produção, administrador e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP)
Inteligência artificial e agricultura
Paulo Estevão Cruvinel – Engenheiro eletricista e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Inteligência artificial e telecomunicações
Marcius Vitale – Engenheiro de telecomunicações
e coordenador do GT de Infraestrutura e Telecomunicações do SEESP
Inteligência artificial, emprego, trabalho e sindicalismo
Thomaz Ferreira Jansen – Economista e pesquisador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)
Inteligência artificial, pensamento e imaginação
Marta Rezende – Economista, pesquisadora em filosofia da técnica e colaboradora da CNTU
Inteligência artificial, opinião e democracia
Jacqueline Quaresemin de Oliveira – Historiadora, socióloga e professora na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP)
17h30 – 15ª Plenária do Conselho Consultivo
Posse dos novos conselheiros consultivos da CNTU
Leitura e aprovação da Carta da 14ª Jornada Brasil 2022
19h – Encerramento
Agenda:
14ª Jornada Brasil 2022
Data: 16 de agosto de 2019
Horário: a partir das 14h
Local: Sede do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP)
Rua Genebra, 25, Bela Vista – São Paulo/SP.
Informações: (11) 3113-2641 – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
*Com informações da CNTU.