Dezesseis estudantes e recém-formados de cursos de graduação em engenharia participaram em 28 de junho último de visita técnica ao Centro de Controle Operacional (CCO) da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP), na região do Paraíso, na Capital. No ensejo, puderam ver de perto como funcionam as operações padrão, em horário de pico, quando chegam a circular simultaneamente 122 composições; e especiais, como as que ocorreram durante a Copa do Mundo de 2014, de um dos sistemas mais eficientes do mundo. A atividade foi promovida pelo Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP.
Diariamente, o Metrô-SP transporta mais de 4 milhões de usuários, o que representa um terço da população do município. Durante a visita, os jovens puderam observar a atuação de parte da equipe do local, formada por 120 profissionais, que se revezam em turnos nas 24 horas do dia. O monitoramento no CCO é das linhas 1, 2 e 3, além do Pátio Jabaquara, onde ocorrem manobras dos trens. As demais linhas e pátios possuem outros centros de controle.
A enorme sala é repleta de monitores de vídeo que transmitem imagens das câmeras nas estações, em tempo real. Também há telas que mostram o funcionamento dos trens. Em meio a isso, estão dispostos computadores em mesas enfileiradas. Juntamente com o sistema de controle também está o de segurança.
Matheus de Sousa Calou, 19 anos, estudante de Engenharia da Computação, impressionou-se: “Foi a parte que mais gostei, a da computação, poder ver todos os controles, os bastidores do Metrô, deu para ter um gostinho de como funciona.” Recém-formada em Engenharia Mecânica, Jéssica Trindade Passos, também presente, destacou que esse tipo de atividade “desperta o desejo de fazer parte desse time de profissionais de excelência como é o do Metrô”.
Antes de chegar ao cérebro do CCO, os visitantes assistiram a um vídeo institucional seguido de palestra de um dos engenheiros do Metrô, que explicou o funcionamento geral e respondeu às diversas dúvidas, como quais as estações a serem inauguradas. A previsão de investimentos em obras para 2018 é de R$ 2,1 bilhões.
Sistema de controle
Os jovens também conheceram o Sistema de Controle Operacional de trens utilizado pelo Metrô. A despeito da eficiência, para atender o aumento da demanda de passageiros nos últimos anos, contratou um novo sistema, por rádio, que possibilitará a redução do intervalo entre os veículos, teoricamente para 75 segundos: o Controle de Trens Baseado em Comunicação (CBTC). A tecnologia garante que um trem se comunique com o outro de forma instantânea. “É um sistema novo que está sendo implantado em todas as linhas em construção no Estado”, aponta o diretor do SEESP Emiliano Stanislau Affonso Neto, engenheiro do Metrô há 35 anos, que acompanhou a visita. Na Linha 4 – Amarela (Luz-Butantã), operada pela Via Quatro, foi incorporado já à sua inauguração, em 2010.
Nas linhas em operação, 1 – Azul, 2 – Verde e 3 – Vermelha, foi contratado o da Alstom. Para seu funcionamento é necessário a compatibilização dos dois sistemas, o que dificulta o trabalho de instalação e testes, havendo todo um planejamento para as diversas fases. Não obstante, Affonso Neto destaca: “Hoje operamos com um dos menores intervalos entre trens em todo o mundo. É a equipe que mais conhece sistemas de transporte em todo o País, sem dúvida.”
Visita técnica à Toyota
Como parte de suas atividades, o Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP realizou ainda, no dia 19 de julho, uma visita técnica à fábrica da Toyota, por meio do programa Turismo Industrial da Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo. Participaram 14 estudantes e profissionais, que tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da tecnologia de veículos da montadora, como o modelo Corolla, o motor do Etios e o primeiro carro produzido no Brasil, o Bandeirante. Os jovens puderam ainda montar um veículo de forma interativa em uma maquete da linha de produção da companhia. Também foram apresentados ao núcleo projetos da Fundação Toyota, como o Arara Azul e a APA Costa dos Corais, voltados à sustentabilidade, abrangendo iniciativas que contribuem ao meio ambiente, como economia de água, uso de energia renovável, reciclagem de materiais e redução de emissão de gases poluentes.
Mas o que mais chamou a atenção dos participantes, segundo Jéssica Trindade Passos, engenheira mecânica recém-formada e colaboradora do núcleo, que coordenou a visita, foi o modelo Prius, exibido em uma estrutura arquitetônica, totalmente desmontado, “permitindo a visualização de todos os seus componentes”. O veículo é híbrido, ou seja, composto por um motor elétrico e um a combustão. “O carro não precisa ser carregado para sustentar a bateria, o próprio motor de combustão desenvolve essa tarefa através da frenagem. Isso permite que com o tanque cheio o motorista rode cerca de 700km”, ela explica.
Para a coordenadora do núcleo, Marcellie Dessimoni, a atividade foi proveitosa. “Visitas técnicas como essa agregam conhecimento a todos os estudantes e profissionais da engenharia”, assinala.
Por Deborah Moreira
Auxílio Bolsa de Estudos para filhos de associados e estudantes carentes em algum dos cursos reconhecidos pelo Sistema Confea/Crea. Esse é um dos novos benefícios que a Mútua, Caixa de Assistência dos Profissionais dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia, promete oferecer na gestão que se inicia neste mês de agosto. Quem conta é o presidente eleito para o segundo mandato de três anos, Paulo Roberto de Queiroz Guimarães. “A busca de melhorias aos associados é constante”, garante.
A origem da Mútua se deu por iniciativa do engenheiro sanitarista Saturnino de Brito Filho, que, nas décadas de 1960 e 1970, já desenvolvia projeto semelhante aos profissionais no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro. Assim, foi criada pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), conforme a Resolução nº 252 de 17 de dezembro de 1977. Perto de completar 41 anos de atuação, conta 27 caixas, uma em cada capital no País, além de um posto de atendimento em Campina Grande (PB) e a sede em Brasília. No total reúne 128 mil sócios, sendo desses 78 mil contribuintes.
Com o compromisso de elevar a carteira de benefícios sociais, previdenciários e assistenciais da instituição, Guimarães cita algumas conquistas em seu primeiro mandato: “Chegamos ao fim deste ciclo com o fortalecimento do TecnoPrev, o plano de previdência complementar; o credenciamento de novas administradoras de plano de saúde, passando de uma para quatro; e a declaração de constitucionalidade da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) pelo STF (Supremo Tribunal Federal).”
Além disso, ele conta que “em 2017 tivemos o primeiro associado atendido pelo PIM (Programa de Inclusão Mútua). E aos poucos novas parcerias estão sendo firmadas no âmbito da proposta”. Com a finalidade de dar suporte ao profissional e a familiares com deficiência física ou mental, o PIM propicia acesso facilitado a equipamentos, tratamentos, produtos e serviços que promovam qualidade de vida e reinclusão social e profissional, além de autonomia para as atividades do dia a dia.
De caráter social, a instituição oferece ainda ajuda de custo temporária ao associado em estado de necessidade. Já os benefícios reembolsáveis, que funcionam como empréstimos, somam 17 tipos diferentes de incentivos, direcionados a investimentos em educação, saúde, criação de novos produtos, processos e serviços, instalação de sistemas de energias renováveis, lazer e aquisição de bens e imóveis, entre outros. Na saúde, o filiado pode optar entre diversas operadoras de convênio médico em parceria com a instituição, que apresentam preços diferenciados. O sócio também participa de um clube de vantagens, com parcerias que promovem descontos em lojas virtuais e físicas, como redes de farmácias, entre outros serviços. Guimarães orgulha-se: “Com o apoio da Mútua, os profissionais têm inúmeras oportunidades de crescimento na carreira e de segurança a eles e as suas famílias.”
A quem se destina
Todos os profissionais que possuem registro junto ao Crea – engenheiros, agrônomos, meteorologistas, geógrafos, geólogos e tecnólogos – podem se associar à Mútua, preenchendo um cadastro online, no site da instituição, e optando por um dos três tipos de filiação disponíveis.
A categoria de cobertura plena é a de sócio contribuinte. Este, em dia com a anuidade, tem direito a todos os benefícios reembolsáveis e sociais, além dos convênios para descontos extensivos aos dependentes (parentes de primeiro grau). Ao se inscrever nessa modalidade, o profissional passa a ter automaticamente uma conta no TecnoPrev, em que pode fazer depósitos complementares a sua aposentadoria.
Já na modalidade de sócio corporativo não há taxa de inscrição ou anuidade, porém o beneficiado tem apenas acesso aos convênios. A renovação é anual, e a cada período o engenheiro precisa comprovar o recolhimento da ART no exercício anterior (últimos 12 meses), por declaração pessoal ou documento oficial do conselho regional. Parte do valor recolhido com a ART destina-se à caixa de assistência e ao custeio do fundo dos serviços reembolsáveis. A anuidade dos associados também contribui à manutenção dos benefícios sociais e previdenciários, além de parcerias e convênios firmados pela instituição.
A terceira modalidade de filiação é a institucional, direcionada aos funcionários do Sistema Confea/Crea e Mútua. Tanto nesta quanto na de sócio corporativo os profissionais dispõem do Plano de Saúde Mútua e do TecnoPrev. Mais informações no site www.mutua.com.br.
Por Jéssica Silva
Sem qualquer garantia de preservação de empregos e tecnologia no País. Assim a vice-presidente da Delegacia Sindical do SEESP em São José dos Campos, Rozana Nogueira, resume o “negócio da China” para a americana Boeing: a compra de 80% da área comercial da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) ao valor irrisório de US$ 3,8 bilhões, conforme memorando de entendimento assinado entre ambas no início de julho – o custo se aproxima ao do desenvolvimento de um único produto da companhia, aponta ainda Nogueira, que é engenheira da Embraer.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) não está alheio aos riscos, e é categórico: a União – que tem o poder de vetar a transação ou definir pré-condições para tanto, por deter ações especiais (chamadas golden share) – não deve autorizar a venda acionária sem que se assegure a manutenção da produção e empregos no Brasil. O tema é objeto de ação civil pública instaurada em julho último pelo órgão junto à Justiça do Trabalho – o qual promete, segundo divulgado em sites de notícias, impetrar mandado de segurança para barrar o negócio, caso a recomendação de salvaguardas não seja levada em conta.
Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor da nota técnica (inserir link) sobre o assunto, que compõe a nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), cujo foco central é a retomada da engenharia nacional, Marco Aurélio Cabral Pinto ressalta: “Trata-se de patrimônio público. Com este governo que melancolicamente se despede, ilegítimo e impopular, na medida em que os candidatos a Presidente se posicionem sobre o assunto, no transcorrer de tempo até a eleição, torna-se progressivamente mais difícil para o núcleo político sobrevivente defender decisão sobre a golden share ainda neste ano.”
O timing é preponderante nesse caso, como atesta o engenheiro Amir Khair, consultor na área pública. “Tem havido movimentos (contra a venda) tanto na esfera técnica quanto política, e o governo está jogando contra o tempo.” Ele enfatiza o contrassenso de o conhecimento da Embraer ter sido construído com recursos públicos e todo o know-how resultante “parar nas mãos de empresa americana”.
Cabral Pinto ratifica: “Não é questão de preço, garantias ou taxas. A Boeing se confunde com o Departamento de Estado norte-americano. É uma gigante em setor que se beneficia do aumento da instabilidade política no mundo. O governo brasileiro pode e deve contrapor rol variado e extenso de exigências. Estas devem permitir o desenvolvimento de uma indústria aeroespacial no Brasil integrada, exportadora e com crescente autonomia tecnológica. A questão dos empregos depende disso.” Ele afirma: “Após o início da exploração em larga escala dos hidrocarbonetos do pré-sal, o Brasil não pode mais prescindir de uma política de defesa que seja imune aos humores fiscais. Os investimentos públicos em C,T&I também devem ser redobrados, canalizados para estratégia de desenvolvimento da base industrial e tecnológica de defesa.
Soberania em risco
A condição sine qua non ao Governo Federal aponta para uma das preocupações de Nogueira. Segundo ela, as outras duas áreas da companhia – defesa e executiva – são praticamente deficitárias. Apesar da justificativa de que a primeira – estratégica para o País – será mantida, a vice-presidente da delegacia sindical ressalta: assim como a executiva, não sobrevive “sem a comercial, a parte rentável que a sustenta”. E frisa: “O que está sendo feito é uma excrescência, um absurdo. A Boeing vai operar tudo e administrar, não é parceria, é venda. Ela pode simplesmente, quando quiser, parar de desenvolver avião no Brasil, de fazer projetos aqui, e mais de 5 mil pessoas trabalham nessa área. São 4.200 engenheiros na Embraer. Se isso se concretizar, a empresa se tornará uma mera montadora de avião.” Nogueira lembra que em 1996 a Boeing comprou a também americana Douglas McDougall e em dez anos fechou. “Não há garantia sequer de que ela vai continuar com a empresa no Brasil.”
Enquanto a Boeing tem muito a ganhar com o negócio, já que, como explica a engenheira, representa sua entrada no mercado de aviões menores, o País só tem a perder. Além do risco à soberania nacional e aos postos de trabalho dos cerca de 18 mil funcionários, toda a região será impactada com uma possível perda tecnológica. “São 70 empresas fornecedoras e mais 5 mil pessoas. Fora isso há outras companhias em um polo de negócios que orbitam pela Embraer.” A vice-presidente lamenta: “À sua criação, há quase 50 anos, não se pensou somente em uma empresa de avião, mas no desenvolvimento tecnológico nacional. O contrário do que está sendo feito agora.”
Na ótica de Maria Célia Ribeiro Sapucahy, diretora do SEESP e engenheira da Embraer, a venda acionária “é resultado de trajetória que se iniciou com a privatização da companhia em 1994, após mais de duas décadas de investimentos vultosos do governo”. Ela salienta: “Estamos abrindo mão de uma empresa estratégica de maneira inconcebível. Vão levar o conhecimento construído aqui e receio que, a médio prazo, seja o desmonte da engenharia.” O SEESP, com o apoio da FNE, visa articular as forças produtivas no País na busca por impedir a entrega do patrimônio público. “Vamos atuar para barrar esse processo”, assevera Murilo Pinheiro, presidente do sindicato.
Por Soraya Misleh
A Afonso França Engenharia, conhecida pelo seu know-how em obras de inovação, completa 26 anos de vida em 2018. A empresa nasceu da parceria e amizade entre o engenheiro Cláudio Afonso e o administrador Estevam França. Participa de grandes obras em todo o País nos setores industrial, corporativo, de papel e celulose, data center e hospitalar.
A companhia comemora ter fechado o ano de 2017 com um faturamento de R$ 480 milhões, 20% acima do volume registrado no ano anterior, com previsão de chegar a R$ 700 milhões em projetos já contratados para 2018, ou seja, quase remando contra a maré no País. Os profissionais da engenharia, como descreve Afonso, estão em todas as obras: produção, planejamento, custos, orçamentos e gestão.
Inovação
A evolução da engenharia brasileira nestas duas décadas é sentida pela empresa, atesta Afonso, e novas mudanças já se iniciam com a chamada indústria 4.0. “As palavras-chave são integração, logística e planejamento de recursos, revolucionando a forma como prestamos serviços para produzir convergência e eficiência e o uso das máquinas que aprendem e podem aperfeiçoar automaticamente as informações.”
Afonso ressalta que a tecnologia “modificou a forma como nos comunicamos, deslocamos, viajamos e até mesmo como fazemos compras no dia a dia”. Por essa razão, para ele, “o investimento em inovação hoje é quase mandatório, pois os ciclos se repetem de tempos em tempos e se teremos crises, também teremos oportunidades e precisamos estar preparados para elas”. E ensina: “Quando concluímos o processo de introdução de uma nova tecnologia, já temos que estar prontos para outra.”
De olho no mercado
Empresa do agronegócio oferece oportunidades
A Cofco lançou o Programa Jovens Talentos, cujo objetivo é identificar profissionais empreendedores, dispostos a desenvolver a carreira em uma das maiores empresas do agronegócio mundial. As inscrições devem ser feitas até 31 de agosto. Ao todo são 20 vagas em diferentes áreas: comercial, operações, finanças, logística, tecnologia da informação (TI) e meio ambiente. O programa terá período de 12 meses, com oportunidade de assumir diferentes funções dentro da organização.
Pré-requisitos
Conclusão da graduação entre dezembro de 2014 e dezembro de 2017, em diversos cursos e nas engenharias agronômica, ambiental, florestal, de computação, de produção, mecânica, elétrica e química. É necessário inglês avançado ou fluente.
As vagas disponíveis são para as cidades de São Paulo, das regiões de São José do Rio Preto e Santos (SP); Rondonópolis e Sorriso (MT); Uberlândia (MG) e Maringá (PR). Início em novembro próximo.
Confira essas e outras vagas clicando neste site. Inscrições aqui.
Qualificação
Programa da Embraer recebe inscrições
A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) está selecionando engenheiros recém-formados para participarem do Programa de Especialização em Engenharia (PEE). São elegíveis profissionais com inglês avançado, graduados entre 2016 e dezembro de 2018 nas modalidades aeronáutica ou aeroespacial, ambiental, automobilística, civil, computação, controle e automação, elétrica, eletrônica, energia, física, materiais, mecânica, mecatrônica, metalurgia, naval, produção, química ou sistemas. As inscrições estão abertas até o dia 2 de setembro próximo no site www.embraer.com/br/pt/pee, em que constam mais informações sobre o programa.
Congresso online e gratuito de engenharia mecânica e automação
A constante atualização tecnológica e o aperfeiçoamento profissional são os principais desafios do mundo da engenharia e automação. Com o propósito de reunir e disponibilizar o que há de mais relevante nessas áreas, o Congresso Nacional Online de Engenharia Mecânica e Automação (Conaenge) chega a sua terceira edição de 6 a 10 de agosto. O SEESP firmou parceria com a organização do evento.
Dezenas de palestras serão disponibilizadas de forma gratuita e, por se tratar de um evento online, o participante poderá assistir de qualquer local, bastando ter conexão com a internet. Entre os temas, elementos finitos, automação, ciência de dados, inovação, indústria 4.0 e outros. Inscrições em www.conaenge.com.br/conaenge-2018.
Feira de intercâmbio
A CI Intercâmbio e Viagem realiza a segunda edição de feira de intercâmbio para quem quer trabalhar e estudar no exterior. O evento, gratuito, será no dia 18 de agosto próximo, das 12h às 19h, no Novotel São Paulo Conventions (Rua Martins Fontes, 71, Centro, São Paulo). Os organizadores informam que estarão presentes representantes das unidades da empresa na Austrália, Canadá, Irlanda e Nova Zelândia. Inscrições e mais informações em https://feiratrabalhar.ci.com.br.
O sindicato ingressou com ação contra a Caixa Econômica Federal, pleiteando o pagamento da correção monetária dos saldos das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Isso com base não na Taxa Referencial (TR), em índice que reflita a inflação real.
A ação foi iniciada em dezembro de 2013, na 17ª Vara Federal de São Paulo. O assessor jurídico do sindicato, Jonas da Costa Matos, explica que se trata de uma ação plúrima – ou seja, nesse caso, a entidade representa apenas os associados, ao contrário do Dissídio Coletivo, por exemplo, que abrange toda a categoria.
Portanto, para que o engenheiro participe da ação, o advogado afirma que basta “apenas e tão somente neste momento que seja associado ao sindicato ou venha a sê-lo, antes da decisão do processo”. A devida correção monetária se destinará a todos os trabalhadores que têm conta no FGTS, mesmo a quem já tenha feito saques, a partir de 1999 – ano em que a TR passou a não mais refletir a inflação. Logo, o período coberto pela ação é posterior a essa data.
“Existe chance de a ação prosperar no STF (Supremo Tribunal Federal), porque este já se manifestou em casos semelhantes, não envolvendo o FGTS, e entendeu que a TR não serve de índice para medir a inflação. Já no STJ (Superior Tribunal de Justiça) a posição é contrária, por este entender que há lei a respeito da correção do FGTS”, avalia Matos. E explica: “Em eventual execução (da ação), o sindicato solicitará outros elementos para proceder ao cálculo das diferenças do FGTS de cada engenheiro.”
Sindicato participa de debate sobre reordenamento de fios
Em 18 de julho a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizou em sua sede, na Capital, o workshop “Infraestrutura urbana de telecomunicações: novas tecnologias”. Cerca de 200 pessoas acompanharam as apresentações dos especialistas convidados, entre eles o diretor do SEESP Carlos Augusto Kirchner e o consultor e coordenador do Grupo de Infraestrutura, ligado ao Conselho Tecnológico do sindicato, Marcius Vitale.
Este último lembrou a situação das caixas subterrâneas em que está o cabeamento das operadoras, que dividem espaços muito pequenos: “As soluções que temos preconizado, pelo sindicato, são galerias técnicas menores.”
Até o momento, segundo Kirchner, cerca de 50 municípios possuem legislação própria sobre o tema. Os esforços estão surtindo resultados, caso de Bauru, no interior paulista. A partir de um mapeamento administrativo já existente, está sendo possível a setorização da cidade para encaminhamento da fiscalização e notificações. Ele concluiu: “Temos que enfrentar esse problema, por mais que a situação pareça caótica, como é o caso de São Paulo.”
Campanhas salariais
Cteep – Em Assembleias Gerais Extraordinárias de 19 a 23 de julho, os engenheiros que trabalham na Cteep aprovaram proposta apresentada pela empresa, com vistas ao Acordo Coletivo de Trabalho 2018-2019. Essa inclui, entre outros itens, reajuste salarial de 2,86% na data-base (1º de junho) mais 0,3% de aumento real em janeiro de 2019, extensíveis ao piso da categoria e aos benefícios (vale-refeição e auxílio alimentação serão majorados acima desse percentual, em 5%). As cláusulas de caráter social serão ainda prorrogadas até 2020.
CET – Em 25 de julho a categoria aprovou em Assembleia Geral Extraordinária a contraproposta da empresa ao Acordo Coletivo de Trabalho 2018. Dentre os itens, destaca-se reajuste salarial de 3,04% retroativo à data-base (1º de maio), extensivo aos benefícios.
CNTU debate eleições 2018 e projeto de País
Em sua 12ª Jornada Rumo ao Brasil 2022, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados realiza em 10 de agosto o debate “A CNTU e as eleições 2018: democracia, desenvolvimento e trabalho”. A atividade ocorrerá na sede do SEESP, na Capital, a partir das 14 horas. Entre os participantes o cientista político Aldo Fornazieri e os economistas Antonio Corrêa de Lacerda, Júlio Sérgio Gomes de Almeida e Denis Maracci Gimenez. No ensejo serão empossados novos membros do Conselho Consultivo da CNTU e realizada plenária desse fórum. Confira programação completa no site www.cntu.org.br.
Eleitos os delegados sindicais do SEESP na CET
Por meio de votação eletrônica, realizada nos dias 16 e 17 de julho, os engenheiros que trabalham na CET elegeram seus delegados sindicais do SEESP, para o quadriênio 2018-2021. São eles: Eduardo Vergínio Zorzeto e Luis Antonio de Sousa (titulares) e Luis Felipe Bonádio de Faria e Marco Antonio Pereira (suplentes). A posse ocorreu em 17 do mesmo mês.
Taubaté promove curso de licenciamento ambiental
Nos dias 10, 17, 24 e 31 de agosto, a Delegacia Sindical do SEESP em Taubaté promove em sua sede (Rua Venezuela, 271) o curso “Licenciamento ambiental e outorga”, das 8 às 17h. O objetivo é capacitar e aperfeiçoar profissionais a elaborarem projetos dentro das normas vigentes para o licenciamento ambiental e a outorga, considerando todas as etapas para garantir a regularidade dos empreendimentos potencialmente geradores de impacto ambiental. O valor total é de R$ 350,00, podendo ser pago em duas vezes. Mais informações e inscrições pelos telefones: (12) 3633-5411/7371 e e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Ainda sem deixar claro de onde viriam os recursos, o governo federal anunciou, na noite de 27 de maio último, medidas para atender às reivindicações dos caminhoneiros, que se mantinham paralisados há sete dias. O protesto, obviamente justo, visava a redução do preço do diesel, cuja variação tornou inviável a atividade, especialmente para a maioria de autônomos sem condições de forçar a elevação do preço do frete para acompanhar o custo de seu principal insumo. A solução encontrada pelo Planalto – o corte de impostos sobre o combustível –, ainda que restabeleça a normalidade do abastecimento, está longe de contemplar os interesses da sociedade brasileira, a quem sobrará a conta da renúncia fiscal.
Ou seja, entre repensar a política de preços da Petrobras – hoje alinhada à flutuação internacional e à cotação do dólar–, desagradando acionistas internacionais, e repassar a fatura ao povo, parece não ter havido dúvidas para se tomar a decisão.
Conforme aponta a nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, a ser lançada neste mês de junho, nada justifica a paridade adotada: “Tal política somente favorece as grandes distribuidoras privadas, importadores de derivados e fornecedores estrangeiros, notadamente os norte-americanos, pois cerca de 82% das importações brasileiras de diesel são provenientes dos Estados Unidos. Em 2017, foram nada menos de 127 alterações nos preços nas refinarias, desorganizando o mercado, confundindo revendedores e consumidores.”
O resultado dessa lógica, também afirma o documento, é prejuízo para a sociedade e para as contas nacionais. Houve farta importação de diesel e gasolina, somando 200 milhões de barris no período entre janeiro e novembro de 2017 e atingindo a cifra de US$ 8 bilhões em 12 meses.
Se há equívocos graves na administração dos preços da Petrobras, há problema mais antigo e estrutural sobre o qual mobilização dos caminhoneiros também lança luz: a fragilidade logística brasileira e sua irracional matriz de transportes, majoritariamente dependente do modal rodoviário, exatamente o mais caro, perigoso, poluente e ineficiente. Segundo artigo divulgado pela Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF), em 2015 o Brasil movimentou 1,6 bilhão de toneladas/km. Desse total, 1 bilhão trafegou pelas rodovias e o restante por outros modos; pelos trilhos passaram apenas cerca de 20%.
Não se trata de abolir o transporte pelas estradas, que teria papel importante sobretudo na integração modal, cobrindo distâncias menores. Um modelo racional, além de incrementar a participação da ferrovia, lançaria mão do potencial hoje subutilizado do transporte aquaviário, tendo em vista a disponibilidade de rede fluvial navegável da ordem de 40 mil km.
Ou seja, ainda que as medidas tomadas representem solução momentânea aos caminhoneiros, estão longe de resolver os problemas de fundo que o Brasil precisa enfrentar. Para que isso seja feito, é necessário que se adote um projeto que tenha conexão com a ideia de nação e vise o bem-estar do povo brasileiro.
Eng. Murilo Pinheiro
Presidente
Cid Barbosa Lima Junior
Durante o Governo FHC, a intensa privatização de empresas e serviços públicos, assim como as consequentes reação e pressão contrárias levaram o governo a constituir agências reguladoras para os serviços de fornecimento de energia e de abastecimento de água. Elas seriam técnicas e isentas na “defesa do interesse público”. Não é isso que vemos aqui em São Paulo e em todo o Brasil.
No caso da Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), é necessário retornar a 2017 para entendermos o que acontece. Nesse ano o Governo Alckmin encaminhou à Assembleia Legislativa o Projeto de Lei nº 659/17, propondo a criação de uma empresa controladora da Sabesp e do saneamento básico do Estado. Com intenção de rápida aprovação, o PL 659 gerou a resistência de vários setores defensores do saneamento, obrigando o governo a ceder em alguns pontos. Como consequência, foi aprovada a Lei 16.525/2017, que prevê, além de uma empresa controladora, um contrato de gestão entre o governo estadual, por meio da secretaria tutelar, e a Arsesp.
Esta, rapidamente, anunciou que seria criado um “gatilho” para “reajustar (acima da inflação) as tarifas de água e esgoto, quando houver um consumo menor de água pela população ou quando os sistemas de abastecimento de água ficarem em situação crítica, face a eventuais estiagens”. Ou seja, quando as empresas e seus acionistas impedirem novos investimentos, visando – déjà vu – unicamente a distribuição de dividendos. O objetivo, segundo a Arsesp, é garantir a saúde financeira da Sabesp e de sua controladora.
Inúmeros especialistas e clientes da Sabesp protestaram de imediato, levando a agência, em menos de uma semana, a desistir da criação do “gatilho”. Só por isso podemos deduzir o caráter político e interesseiro desse órgão, demonstrando que a “técnica” pode levar a propostas que contrariam os interesses da população paulista.
Na verdade, as agências têm em suas estruturas um grande número de indicações políticas, seja nos estados ou na esfera federal. Não são órgãos que defendem o interesse público, mas sim o do capital privado.
Cid Barbosa Lima Junior é engenheiro civil
Atualmente o Estado possui 5.454 instalações das chamadas micro e minigeração distribuídas, que podem ser individuais – na própria residência ou estabelecimento comercial – ou próximas do local nos chamados condomínios, ou no que vem sendo classificado como geração compartilhada, quando diversos consumidores formam um consórcio. Apesar dessa modalidade ser promissora, ainda é pouco difundida tanto em São Paulo quanto no País, e faltam incentivos governamentais a investimentos.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o que mais ocorre é a geração local, no próprio telhado de casa, na fachada do prédio de uma empresa ou em um estacionamento. Em segundo lugar vem o autoconsumo remoto, quando uma única companhia possui diversos endereços utilizando essa energia gerada. Em terceiro, a geração compartilhada e, por fim, em múltiplas unidades consumidoras, seja condomínio comercial ou corporativo.
A maior concentração dos projetos está em Campinas, que faz parte da região de maior incidência solar, localizada no norte e noroeste paulistas, que vão desde Araçatuba, passando por São José do Rio Preto, Barretos, Franca e Ribeirão Preto. Os dados são da Secretaria Estadual de Energia e Mineração. Números divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) demonstram que o Estado cresceu 155% entre maio de 2017, quando havia 2.138 instalações, e igual período deste ano. Outro levantamento, feito pela Absolar, aponta que São Paulo é o terceiro no ranking nacional de potência instalada de geração distribuída, com 34,6MW, quase empatado com Rio Grande do Sul (35,2MW). Os índices, no entanto, contrastam com os da primeira colocação, Minas Gerais (57,9MW). De acordo com Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar, “o Estado tem muito potencial para avançar. Mas a primeira medida deve ser um programa de energia solar fotovoltaica”. Para ele, o mercado paulista é prejudicado pela ausência de uma política que facilite os negócios, com linhas de crédito para residências, segmento cuja tarifa é muito mais alta do que a aplicada para as empresas. O que existe hoje não atende esse público.
Além disso, como explica Sauaia, a Resolução Normativa nº 482/2012, da Aneel, limita a distribuição. “Essa energia só pode ser compensada dentro da mesma área de concessão. Então, uma empresa ou governo que tenha muitas unidades consumidoras em áreas diversas acaba não aderindo a esse mecanismo”, aponta o presidente da Absolar, que busca junto ao órgão regulamentador a atualização da norma. Coordenador técnico do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) que tem a adesão do SEESP –, Carlos Monte questiona: “Se hoje qualquer empresa pode comprar energia elétrica de qualquer distribuidora do País, porque na geração solar é diferente? Nenhuma empresa pode ser obrigada a comprar de um só lugar.”
Sobre o tema, o subsecretário de Energias Renováveis da Secretaria Estadual de Energia e Mineração, Antonio Celso de Abreu Junior, destaca: “Em parceria com a Aneel, Absolar, Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia) e Abradee (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica), estamos trabalhando em um projeto de pesquisa e desenvolvimento para estudar e avaliar a melhor forma de compensação de energia elétrica entre as distribuidoras paulistas e seus impactos regulatórios e técnicos.”
Revisão
A Aneel, contudo, alega “dificuldades e complicações operacionais na contabilização de créditos entre distribuidoras, sujeitas a tarifas diferentes e muitas vezes em estados distintos, com aplicação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de maneira particular”. Está prevista uma revisão com participação da sociedade, consulta pública e seminário nos dias 20 e 21 de junho próximo, em Brasília. A discussão será disponibilizada na íntegra na internet, segundo o órgão.
Outra correção que pode contribuir para a expansão do mercado é a isenção do ICMS nas operações de compensação para projetos de mini e microgeração que, por lei, podem ter até 5MW de potência, cada um. Hoje essa isenção alcança apenas projetos com até 1MW – segundo Sauaia, suficiente para abastecer 400 residências, em média.
A expectativa é que novo arranjo permita que os consumidores tenham mais flexibilidade e possam reduzir efetivamente o valor da conta de luz, expandindo essa troca entre distribuidoras em todo o País. O consultor na área Elieser Souza, integrante do Conselho Tecnológico do SEESP, acrescenta que é preciso que as medidas abarquem a questão dos equipamentos, cuja maior parte é importada da China: “A esperada redução de preço pode demorar um pouco, porque ainda dependemos do câmbio, do consumo mundial de equipamentos, do valor da conta de luz e da situação política e econômica nacional e internacional”, explica.
Por Deborah Moreira
Um acordo firmado em maio último entre a startup Braincare e o Hospital Sírio-Libanês promete levar para o cotidiano de pacientes acometidos por diversas patologias um método minimamente invasivo de medição da pressão intracraniana. Esse se torna uma alternativa à forma tradicional de aferição, que exige nada menos que a perfuração do crânio para introdução de um sensor no cérebro.
O serviço funciona com a coleta de dados por meio de um sensor não invasivo posicionado na cabeça do paciente. As informações são enviadas pela internet para um sistema que as analisa. O método permite visualizar as informações de duas maneiras: em tempo real, em que o médico acompanha na tela do monitor os pulsos capturados pelo sensor, e por meio de relatórios da pressão (PIC), recebidos da plataforma em nuvem para serem visualizados impressos. Segundo a Braincare, o sistema é cedido em regime de comodato mediante uma assinatura mensal cujo valor varia conforme o número de sensores – um custa cerca de R$ 3.300,00.
A startup já detém duas patentes do método nos Estados Unidos e na Europa. Ainda aguarda o registro no Brasil, onde tem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além do contrato com o hospital paulistano, segundo informações da empresa, há estudos em diversos centros de referência no Brasil, Estados Unidos, Portugal e Reino Unido.
Ciência para a vida real
A inovação, considerada disruptiva, é fruto da pesquisa do professor aposentado do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), Sérgio Mascarenhas, membro do Conselho Tecnológico do SEESP e homenageado na categoria “Novos materiais” na primeira edição do prêmio Personalidade da Tecnologia, concedido pelo sindicato desde 1987.
Defensor ardoroso de que a ciência abandone a sua “torre de marfim” e sirva à sociedade, aos 90 anos, ele acabou por dar exemplo definitivo nesse sentido. A ideia surgiu em 2007, depois que Mascarenhas havia sido diagnosticado com hidrocefalia de pressão normal. O problema, que em geral acomete idosos, contribui para comprimir os neurônios e tem sintomas que podem ser confundidos com os causados por doenças degenerativas, como dificuldade motora, dores de cabeça e tontura.
Após o tratamento, que consistiu na implantação de uma válvula capaz de controlar o excesso de líquido produzido, restou a indignação com o fato de não ser possível sequer detectar o problema sem uma cirurgia dessa complexidade. “Eu fiquei muito inconformado que não houvesse um método de medir a pressão intracraniana sem perfurar a cabeça”, relata.
Paradigma derrubado
A inspiração para buscar uma solução veio do strain gage, sensor utilizado para monitorar existência de rachaduras: “Me lembrei de que seria possível usar uma técnica da engenharia para determinar variações muito pequenas nas construções.”
O trabalho começou com testes em um crânio de cadáver, no qual ele introduziu um balão de borracha inflado, para demonstrar que seria possível medir a pressão intracraniana a partir da deformação causada pelas variações. A experiência, que se demonstrou bem-sucedida, enfrentou inicialmente a resistência da área médica. “Para minha surpresa, quando eu conversei com os neurocirurgiões, eles começaram me dizendo que o crânio humano é rígido, sem movimentação depois da idade adulta, o que estava consolidado no princípio de Monro-Kellie, de mais de 250 anos.”
A partir do conhecimento físico e da demonstração quanto à possibilidade de se detectar a deformação do cérebro com a alteração de pressão, o paradigma centenário foi derrubado e Mascarenhas prosseguiu na empreitada, contando com a colaboração da Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto e São Paulo. O desenvolvimento do equipamento para medição da pressão intracraniana foi possibilitado pelo financiamento de cerca de R$ 200 mil feito pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) dentro do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), com vigência entre dezembro de 2008 e fevereiro de 2011.
Consolidado o método, ampliou-se a perspectiva de aplicações. “Comecei a trabalhar não apenas na área da minha doença, que acabou sendo bendita e não maldita, porque foi a partir dela que consegui fazer uma contribuição social que ajuda muita gente”, pondera Mascarenhas. Entre as possibilidades, ele lista a gravidez de risco nos casos de eclampsia, problemas cardiológicos, cefaleia, sepses e meningite. “Com o meu método, é possível ajudar na avaliação da punção lombar que se usa para diminuir a dor de cabeça em caso de meningite”, ilustra o pesquisador. O professor destaca que, a partir da possibilidade de monitoramento, a pressão intracraniana será uma nova variável vital mensurável não invasivamente, a exemplo da temperatura.
“Com o fato de termos encontrado pessoas que resolveram investir na Braincare, teremos a demonstração de união entre empreendedores e cientistas; isso vai deixar um legado para a área da saúde e para a população brasileira”, comemora Mascarenhas, cuja profícua carreira já incluía, entre outros feitos, a criação da unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de São Carlos, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do curso de Engenharia de Materiais da instituição. Ele também dirigiu o Instituto de Estudos Avançados da USP em São Carlos, do qual é membro honorário.
Por Rita Casaro