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Fazer uma gestão inovadora e de incentivo às mulheres

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Rita Casaro

 

231218 CREA foto ligia 3Lígia Marta Mackey: "fazer uma gestão aberta, conversar mais com os profissionais, ouvir os problemas e resolver tudo da melhor maneira possível". Foto: Crea-SPApós 90 anos de existência, em 1º de janeiro último, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) deu posse à primeira presidente mulher de sua história. Assumiu o cargo para o mandato que vai até 2027 a engenheira civil Lígia Marta Mackey, eleita com 67% dos votos válidos no pleito que aconteceu pela internet em 17 de novembro de 2023.

 

Formada pela Escola de Engenharia de Piracicaba, ela foi presidente da Associação de Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia de Rio Claro (Aerc) e coordenadora da União das Associações de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Baixa e Média Mogiana (Unabam). No Crea-SP, já foi diretora de Entidades de Classe e vice-presidente no mandato 2020-2023. Profissionalmente, atuou na JBS Construtora e na Prefeitura Municipal de Rio Claro.

 

“É realmente um desafio, uma responsabilidade muito grande e uma honra estar aqui representando os interesses dos nossos profissionais do Estado de São Paulo”, celebra. No cumprimento dessa importante missão, ela destaca o desafio de promover a inovação no trabalho da instituição para que esta acompanhe as mudanças pelas quais o mundo passa. Fundamental ainda, garante, é ampliar a participação feminina no setor ainda majoritariamente masculino e dentro do Sistema Confea/Crea. “A gente vem agora de um aumento de profissionais mulheres. Tinha 14% e agora chegou a 20%; aumentou, mas ainda é muito pouco. Até o final da gestão, eu quero ver se [teremos] pelo menos 40% de mulheres, se Deus quiser”, afirma.

 

Nesta entrevista ao Jornal do Engenheiro, Mackey fala ainda sobre os serviços prestados pelo Crea-SP aos profissionais e a importância do Conselho para a sociedade. Confira a seguir e no vídeo ao final.

 

Quais os principais planos para a nova gestão?

A gente vem do trabalho desenvolvido pelo presidente Vinicius (Marchese Marinelli, atual presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea) de inovação, de transformação tecnológica dentro do Conselho. Então, a nossa proposta é realmente dar continuidade a todo esse trabalho. Eu sempre falava: 82 anos antes do Vinicius e agora da gestão dele. Toda essa transformação que vem sofrendo não só o Crea, mas o mundo, é muito rápida em relação aos 82 anos que estão para trás. A gente entende que precisa ainda melhorar a agilidade na prestação de serviço e a excelência. Eu tenho muito orgulho de ser engenheira, então a gente gosta e quer que todos os profissionais de engenharia também tenham orgulho. A nossa proposta é realmente fazer uma gestão aberta, conversar mais com os profissionais, ouvir os problemas e resolver tudo da melhor maneira possível. Eu sou profissional, eu vivo da engenharia, eu quero uma engenharia melhor.

 

Muitas vezes os profissionais não têm pleno conhecimento do que o Crea faz. Que serviços são esses que o Crea oferece e como podem ser acessados?

É uma pergunta muito, muito boa, muito interessante, porque a gente viu durante a nossa campanha que os profissionais têm um desconhecimento muito grande do que o Crea pode oferecer a eles. A função do Crea é fiscalizar, orientar e regulamentar a profissão de engenharia e agronomia, geociências e tecnologia e proteger a sociedade contra o exercício ilegal da profissão. Às vezes, tem um entendimento de que o Crea fiscaliza o profissional. Não, o Crea fiscaliza o exercício da profissão. Garante para a sociedade a proteção. Porém, cada ação de fiscalização gera um trabalho para o profissional. Eu dou o exemplo da Engenharia Civil, que é a minha área. Se o fiscal passa numa obra que JE575 EntrevistaDestaques 01não tem um profissional responsável, vai notificar o proprietário para que contrate o engenheiro para acompanhar a obra. Então esse é o papel do Crea, além de fiscalizar, garante que tenha o profissional trabalhando naquele serviço de engenharia. Também, se a gente capacitar os nossos profissionais fica muito mais fácil, consegue gerar para a sociedade também um benefício, agrega a garantia de um serviço bem feito. A gente oferece hoje o Crea capacita, que é programa de cursos, palestras, workshops, de forma gratuita. Até o final do ano, a gente tinha tido mais de 25 mil inscritos, sendo mais de 190 horas de conteúdo. Também oferece o Crealab, um programa de inovação e tecnologia que une os profissionais que querem entrar no mercado de trabalho e também as empresas que buscam os profissionais de tecnologia. Dentro do Crealab, nós inauguramos 23 coworkings, espaços destinados ao profissional de forma gratuita também, desde que esteja em dia com o Sistema, e pode fazer sua network, oferecer trabalho em grupo com outras modalidades de engenharia [diferentes da dele]. Na nossa gestão, nós queremos entregar para 190 associações de classe o seu coworking. Então, qualquer profissional de São Paulo que precise ir, por exemplo, até Bauru, pode utilizar o coworking da associação. Temos também anuidade zero, através de cashback. Temos outros programas, como estágio-visita para os futuros profissionais [que estão no] último ano [da faculdade] ou recém-formados que queiram entender como funciona o Conselho. São vários projetos, eu convido os profissionais a entrarem no nosso site (www.creasp.org.br) para conhecer.

 

O site do Crea é o caminho também para agendar atendimento nos postos espalhados pelo Estado, inclusive o que funciona na sede do SEESP, em São Paulo?

Exatamente. Para as inspetorias, é preferencial que a pessoa faça o agendamento porque, se ela tem horário, não vai ficar esperando, agiliza muito a vida do profissional, mas também às vezes está passando, aproveita para dar uma entrada, vai ser atendido de qualquer maneira. E hoje a gente oferece muitos serviços de forma online, é só entrar no site, mas ainda tem aqueles que gostam de ir até a inspetoria.

 

O Crea trabalha pelo profissional, conforme a senhora explicou, mas é um órgão de defesa da sociedade. Como é a atuação no âmbito mais geral, pela população?

O Crea fiscaliza todas as modalidades de engenharia, agronomia e geociências e também tecnologia. Todo serviço de engenharia é passível de fiscalização, por isso a importância de ter um responsável técnico. Isso é para dar garantia à sociedade de que você tem um profissional habilitado. Um prédio, por exemplo, precisa de várias modalidades, como engenheiro civil, mecânico por conta de ar-condicionado, elevador. Por exemplo, você tem o ar-condicionado no hospital. Não é só nas obras, qualquer cidadão que precise fazer uma denúncia, se sinta lesado, pode entrar em contato com o Crea. Existe no site um ícone “denúncia online”. Então ele entra lá, preenche esse formulário da denúncia, que pode ser anônima, isso vai gerar um número de protocolo, e o Crea vai fiscalizar aquilo que foi apontado como irregularidade. O Estado é muito grande, a gente não consegue efetivamente, às vezes, olhar tudo, então tem as Cafs, que são as Comissões Auxiliares de Fiscalização. Tem o call center, pelo 0800-0171811 e também o WhatsApp 11 91000-8888. As pessoas que precisem fazer alguma denúncia ou mesmo de alguma informação podem entrar em contacto através desses canais.

 

Além das denúncias que chegam, qual é a estratégia do Conselho para fazer a fiscalização desse universo que envolve todas as áreas da engenharia?

O Crea tem várias parcerias e convênios com municípios, instituições de ensino etc.. Oferece ao município, às vezes, um profissional que participa de diversos conselhos que ajudam na parte técnica, por exemplo, de desenvolvimento urbano, meio ambiente... E uma modalidade que a gente vem tendo bastante são as forças-tarefas. Reúne em determinadas regiões que entende como estratégicas um grupo de fiscais. Temos Câmaras dentro do Crea, são oito de modalidades diferentes, que passam para a nossa fiscalização um plano a cada início de ano; dentro desse plano, são feitas as forças-tarefas. Pega, por exemplo, a região de Campinas, então concentra o número de fiscais que vai atender a cidade e faz toda a região em diversas modalidades, passa lá uma semana. Além disso, tem as operações [especiais]. “Operação Carnaval”, que vai chegar agora: o Crea vai até o Sambódromo, recolhe as ARTs dos profissionais. O que isso significa? Que toda aquela estrutura, arquibancadas, carros alegóricos, [sujeitos] a choques e acidentes, todo esse trabalho tem um profissional habilitado no Crea São Paulo para garantir que nenhum acidente vai acontecer. Tudo isso o Crea organiza para conseguir fiscalizar e oferecer segurança para a sociedade, que é o nosso fim.

 

As profissões da área tecnológica de um modo geral são ainda majoritariamente masculinas. Na engenharia, especificamente, segundo os dados do Sistema Confea/Crea, só 20% dos profissionais registrados são mulheres. A senhora é a primeira presidente mulher do Crea São Paulo. Qual é a importância desse fato? E há planos para ampliar o número de mulheres na engenharia?

JE575 EntrevistaDestaques 02A gente vem agora de um aumento de profissionais mulheres dentro do Sistema. Tinha 14% e agora chegou a 20%; aumentou, mas ainda é muito pouco. A minha eleição abre portas para as mulheres poderem chegar. Através do Programa Mulher, que foi instituído no Confea em 2018 e no Crea São Paulo em 2021, tem muitas ações para realmente trazer as mulheres para dentro do Sistema. Hoje, como a gente tem as associações de classe e as Cafs, nós sugerimos que essas instituições coloquem mais mulheres nas comissões e nas diretorias das associações para que a gente consiga ir buscando mais lideranças femininas. Também, várias empresas parceiras oferecem programas específicos para mulheres da engenharia. São alguns meios que a gente utiliza. Para se ter uma ideia, no mundo, são apenas 24% de mulheres em [posições de] liderança, é muito pouco. A gente trabalha muito pela equidade de gênero porque quer justamente que as mulheres se aproximem do Conselho. A gente entende as dificuldades, que o nosso meio é majoritariamente masculino, mas a capacidade nossa é igual à deles. Então, a gente desenvolve vários programas, incentiva as associações para que tragam realmente as mulheres, porque a gente busca esse aumento da presença feminina dentro do Conselho, em cargos de liderança principalmente.

 

Para além da participação no Sistema, como o Crea pode contribuir para que haja mais mulheres nas escolas de engenharia e no mercado de trabalho?

Eu recebi uma mensagem de uma profissional que eu fiquei até emocionada. Logo depois da eleição, ela disse que tinha se formado e não tinha tirado o Crea. Quando viu que eu ia concorrer, providenciou o registro e votou em mim. [Falou ainda] que ela estava muito orgulhosa porque tinha ajudado a me eleger. A gente acaba sendo uma motivação para elas. Eu entendo que a gente precisa realmente promover essas ações, fazer encontros de mulheres na área tecnológica, de mulheres empreendedoras. Hoje o Crea-SP faz no mínimo dois eventos [anuais], que são o Dia da Mulher na Engenharia, em 23 de junho, e, normalmente no final do ano, um encontro do Programa Mulher. Nós sempre procuramos trazer mulheres que são destaque na área tecnológica para incentivar realmente as profissionais recém-formadas e também aquelas que pensam em entrar na engenharia. É ciências exatas, existe uma dificuldade, mas precisa buscar mais incentivo. [Uma forma a mais] são convênios com organizações que trabalham nesse sentido. Como eu falei, a gente tem um aumento, mas ainda é pouco, precisa trabalhar mais. Até o final da gestão, eu quero ver se [teremos] pelo menos os 40% de mulheres, se Deus quiser.

 

Assista ao vídeo da entrevista

 

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Comentários  
# Eng Industrial Modalidade MecânicaEmiliano Affonso 02-02-2024 10:44
Parabéns e uma ótima gestão para a Engenheira Ligia Mackey na Presidência do nosso Conselho.
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