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Engenharia a serviço da revitalização do Rio Pinheiros

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Soraya Misleh

 

"Programa Novo Rio Pinheiros" em implantação. Foto: Cerca da Ponte Cidade Jardim/Itamar RodriguesA triste realidade de conviver com um esgoto a céu aberto na Capital será coisa do passado, caso o projeto de revitalização do Rio Pinheiros seja bem-sucedido. Não significa que será possível nadar, pescar e realizar navegação recreativa em suas águas, como ocorria há cerca de um século, atividades que permanecerão apenas na memória, mas os paulistanos poderão aproveitar o seu entorno para lazer sem se preocupar com mau odor e desfrutando da paisagem mais aprazível.

 

“Não vai ter pessoas tomando banho no rio”, atesta Itamar Rodrigues, diretor de geração da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), detentora do canal. Segundo ele, contudo, a melhora das condições de vida já é “bastante perceptível”. “Hoje já não tem mais cheiro”, assegura.

 

O odor fétido tristemente se tornou parte da realidade no entorno ao longo da expansão urbana por décadas. Como revela vídeo produzido em 2014 pela Associação Águas Claras do Rio Pinheiros, a canalização e a retificação do Rio Pinheiros foram iniciadas pela Light, que detinha a concessão para geração de energia elétrica em São Paulo, na segunda metade dos anos 1930. Um acordo entre essa empresa e a Cia. City permitiu loteamentos dentro dos antigos braços do rio, que então passou a ser o desaguadouro do esgoto resultante e já em fins da década de 1970 encontrava-se muito poluído.

 

Assista aqui o documentário “Rio Pinheiros, o renascimento de um rio”.

 

Reverter esse quadro é o objetivo do “Programa Novo Rio Pinheiros”, impulsionado a partir de 2019 e previsto para ser concluído ao final deste ano, que tem como braço fundamental engenharia e tecnologia. Como explica Rodrigues, as obras contemplam os seguintes eixos: coleta e tratamento de esgoto, monitoramento da qualidade da água, respectivamente a cargo das companhias estaduais de saneamento básico (Sabesp) e ambiental (Cetesb); desassoreamento e proteção de taludes, sob atribuição do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee); remoção do lixo do espelho d´água e taludes pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado (Sima); e do resíduo superficial e acumulado, licitação para construção de parques lineares e ciclovias nas margens, bem como busca de parcerias e tecnologias para acelerar a despoluição pela Emae.

 

O projeto se insere no Plano Plurianual 2020-2030 do Governo do Estado, que o apresenta como alinhado aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), tendo como “guia de percurso” o relativo a água e saneamento.

 

Confira aqui o Programa Novo Rio Pinheiros.

 

“São 25km de extensão e dois canais: um inferior, com 13 córregos que desaguam no Rio Pinheiros, cuja vazão aproximada é de 6m3/s; e um superior, com desnível de cinco metros, mais 12 córregos e vazão de 9m3/s. Anteriormente o descarrego era de cerca de 2,9m3/s de esgoto, o equivalente a três caixas d´água de mil litros por segundo cada. No primeiro semestre deste ano a Sabesp atingiu a marca de realização dessas ligações à Estação de Tratamento (ETE) de Barueri, levando o esgoto através de emissários e jogando água limpa no Tietê [onde desagua]”, detalha Rodrigues. Conforme ele, são em torno de 600 mil habitações conectadas, contemplando mais de 2 milhões de pessoas.

 

Nessa empreitada, contudo, a comunidade Morro da Lua, na região do Campo Limpo, zona sul da Capital, denunciou que as obras de saneamento não foram concluídas, deixando buracos e esgoto a céu aberto, como revela reportagem de 17 de maio último no portal Terra. Questionada sobre o problema, a Assessoria de Comunicação da Sabesp garantiu que “já deu início à obra para sanar o lançamento de esgoto na faixa de dutos, com previsão de término para 15 de setembro”.

 

Além de assegurar coleta e tratamento a esse contingente, desafio com que os engenheiros se depararam foi, como complementa o diretor da Emae, tratar o esgoto proveniente de comunidades de terrenos ocupados irregularmente, “onde o poder público não tem acesso”.

 

A solução de engenharia apresentada então foi tratar esse volume nos córregos principais (Pirajussara, Água Espraiada, Jaguaré, Cachoeira e Antonico), antes que desague no Rio Pinheiros, implementando cinco unidades recuperadoras (URs) com funcionamento semelhante ao das ETEs. A previsão, também de acordo com Rodrigues, é que estejam concluídas ainda neste mês de setembro.

 

Projeto paisagístico a montante da Usina Elevatória de Traição. Foto: Itamar RodriguesAo lado da despoluição do rio, o programa inclui projeto paisagístico com recomposição da mata ciliar em curso e instalação de parques como o Bruno Covas na margem oeste. Concedido à iniciativa privada a um investimento de R$ 30 milhões, este foi inaugurado no ano passado e abrange 17km, como conta Rodrigues.

 

O programa também engloba inversões em infraestrutura no entorno, como “a primeira passarela a montante na Ponte Morumbi, que liga os lados leste e oeste e permite o acesso a aproximadamente 300 mil pessoas”.

 

Na Usina São Paulo – antiga Usina Elevatória de Traição, situada na zona sul de São Paulo, nas imediações da Ponte Ary Torres, e hoje acionada somente ao controle de enchentes –, o projeto prevê a realização de obra semelhante à de Puerto Madero, ponto turístico de Buenos Aires, capital da Argentina. “Quem ganhou a licitação, tem plano de investir R$ 1 bilhão no retrofit [modernização e revitalização do espaço], obra civil e infraestrutura de bares e restaurantes. Será o maior painel a céu aberto da América Latina, com altura aproximada de 40 metros”, orgulha-se Rodrigues.

 

Quanto às ciclovias, também concedidas à iniciativa privada, o diretor da Emae diz que estão sendo instaladas câmeras, iluminação, sonorização. “Tudo isso envolve engenharia”, destaca.

 

Inovação tecnológica e contratual

 

“Com enfoque no saneamento, que é a missão da Sabesp, 533 mil imóveis foram identificados pela nossa área técnica como passíveis de ser conectados à rede de coleta e tratamento de esgoto. Daí se decidiu por mudança na forma de resolver o problema, em que a despoluição do Rio Pinheiros está no cerne. No passado foi utilizado o método de flotação (tratar o próprio rio), o que não deu certo, tendo em vista a dificuldade de conectar todos os imóveis. A solução foi acelerar o processo”, detalha o diretor-presidente da Sabesp, Benedito Braga.

 

A decisão de engenharia se deu como forma de atender ao prazo curto – entrega de tudo pronto ao final de 2022 –, conforme determinação do Governo do Estado de São Paulo. “Tivemos que inovar”, continua Braga.

 

Da esq. para a dir., Itamar Rodrigues, Benedito Braga e José Carlos Mierzwa. Fotos (na ordem): Divulgação Emae, Sabesp e IEA-USPComo explicaram ele e Rodrigues, a primeira novidade é a modalidade distinta de licitação, em que as empreiteiras só recebem se entregarem o serviço. Assim, deveriam primeiro apresentar como resultado até 30% dos imóveis sob sua responsabilidade conectados. Ao término, teriam o período de um ano para receber, a partir da verificação da qualidade da água no córrego onde atuaram. A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) no Rio Pinheiros, segundo o diretor da Emae, foi medida antes da licitação, situando-se entre 70 e 90mg/l ao longo dos 25km de extensão. Acompanhando parâmetros internacionais, este índice deveria ser reduzido para 30mg/l. “Já há trechos com cerca de 15 a 20mg/l”, garante Rodrigues.

 

Essa modalidade de licitação, na avaliação de Braga, traz a vantagem de não haver aditamento de contrato, e o empreiteiro “querer fazer num prazo o menor possível a conexão de imóveis”. O edital deu ainda a oportunidade de as empresas interessadas superarem em até 10% os imóveis a serem conectados à rede de coleta e tratamento de esgoto. “Foram 16 contratos. O resultado é que terminamos os 533 mil imóveis identificados em abril de 2022, três meses antes do prazo, e a maioria encontrou mais para conectar, totalizando 639 mil, o equivalente a uma cidade do porte de Curitiba com esgoto coletado e tratado em três anos e meio.” Braga frisa que já se veem peixes com baixa demanda de oxigênio, como tilápias, cascudos e bagres africanos, e aves como biguás e garças.

 

“No canal inferior não conseguimos chegar a todos os imóveis previstos. Não conseguimos entrar nos córregos Pirajuçara, Jaguaré, na qualidade que gostaríamos de 30mg/l. Então colocamos unidades de recuperação, e o rio estará sem mau odor em setembro”, assegura. De acordo com sua explicação, as URs tratam o esgoto lançado nos córregos, permitindo sua despoluição antes de desaguarem no Rio Pinheiros.

 

Garça e biguás nas margens do Rio Pinheiros. Foto: Itamar Rodrigues“Existe uma espécie de válvula/comporta na margem. Quando tem cheia, ela fecha e não deixa a água dos córregos entrar no rio. Quando tem seca, a água passa através da unidade que fundamentalmente trata o esgoto puro, que se reduz da ordem de 400 para 120, 130mg/l. É uma tecnologia de limpeza das águas, utilizando métodos convencionais como membranas, lodos ativados”, descreve.

 

E acrescenta: “É uma inovação tecnológica [URs], um tipo de recuperação da qualidade da água que não fazia parte da cultura da empresa.” Segundo ele, as inversões foram de R$ 1,7 bilhão. “Mostramos para a agência reguladora que era um investimento prudente para que a população atendida pela Sabesp pudesse ter um córrego limpo, com saúde.”

 

Além disso, Rodrigues revela que o “Programa Novo Rio Pinheiros” traz inovação tecnológica na usina elevatória, cuja operação é da Emae. A subestação do lado oeste para alimentar bombas em períodos de chuva diante de precipitação pluvial passa a ser a gás, compactada e isolada. Ele explica o funcionamento: “Aumenta a vazão da água nos córregos, que vem parar no Rio Pinheiros. A gente aciona o sistema de bombeamento do canal inferior para o superior e deste para a Represa Billings. Foram 47 operações dessas em 2021 e até agora, 21.” Segundo o diretor, o investimento foi de R$ 40 milhões, e a renovação na subestação, que tinha cerca de 40 anos de uso, representará redução no custo de manutenção.

 

Braga revela ainda que foi instalada a uns 200 metros da área de traição na Ponte Estaiada uma usina que injeta oxigênio dissolvido (OD) supersaturado diretamente sobre as águas do Rio Pinheiros. “Estamos fazendo uma pesquisa sobre esse sistema, e os testes têm tido bastante sucesso, com aumento do oxigênio dissolvido da ordem de dois a três para 4,5mg/l”, detalha.

 

Enquanto a maioria das tecnologias implantadas no programa é nacional, esta é norte-americana, como explica o diretor-presidente da Sabesp. Assemelha-se à de nanobolhas de oxigênio. O modelo, afirma ele, pode depois ser aplicado em reservatórios urbanos, como Guarapiranga e outros. A reportagem do JE visitou o trecho, no qual, visualmente, é possível perceber mudança positiva. Também não há mau cheiro nesse ponto.

 

Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), José Carlos Mierzwa considera positivas as soluções de engenharia apresentadas no projeto, e lembra que a maioria dos sistemas tecnológicos já é consolidada, bastante antiga. De acordo com o especialista, há certa inovação no material de suporte (biorreatores de mídia móvel e poliméricos).

 

“É como se fosse um pedaço de espuma de lavar louça, cuja área superficial é muito grande, favorecendo o desenvolvimento de bactérias que consomem matéria orgânica que vem do esgoto, diminuindo a densidade da poluição. No projeto, o sistema implementado é solúvel, o que permite que se degrade rapidamente. E inclui processo complementar de clarificação, em que se tem a adição de produtos químicos para aglomerar partículas de matéria orgânica não solúvel, aumentando seu tamanho e massa, permitindo que seja removida pelo processo de sedimentação. Em geral a eficácia global é de 80%.”

 

Qualidade da água

 

Nelson Menegon Junior, assistente executivo da Diretoria de Engenharia e Qualidade Ambiental da Cetesb, explica que a companhia realiza trimestralmente, desde 2020, o monitoramento da qualidade das águas nos 18 afluentes com maiores cargas poluidoras, além de em outros quatro pontos de amostragem, que constituem os corpos principais do rio. Destes últimos, como detalha ele, dois encontram-se no canal inferior (da estrutura do Retiro até a Usina de São Paulo e abaixo da Ponte Ary Torres) e dois no superior (na Ponte do Socorro e próximo à Usina de Pedreira). Em laboratórios próprios da empresa, são realizadas análises física, química e biológica.

 

Ele ensina que no Rio Pinheiros, cujo uso é enquadrado legalmente pelo Comitê de Bacia Hidrográfica como classe 4 (harmonização paisagística e navegação), o OD mínimo deve ser de 2mg/l. No canal superior, Menegon informa que já se observa melhora da qualidade da água: “Em 2017 o valor médio era de 3,6mg/l; em 2021 alcançou 5,3mg/l.” Já no inferior, em que as cargas poluidoras chegam em maior quantidade e o impacto é maior, segundo ele, o índice se mantém: “Em 2017 era de 1,2mg/l e em 2021, 1mg/l.” Embora esse trecho ainda não esteja resolvido e não adequado para a vida aquática, Menegon afirma que quando se avalia a série histórica, já se observa tendência de melhora.

 

Fotos Marta Menegon JE558 Marta Angela Marcondes e Nelson Menegon Junior. Fotos (na ordem): Acervo pessoal e Pedro Calado/CetesbQuando se analisa a DBO, aponta, no canal inferior caiu de 66mg/l em 2017 para 32mg/l em 2021. No superior, de 22mg/l para 13mg/l. “Ou seja, diminuiu a concentração da matéria orgânica.” E é categórico: “No passado, havia um odor desagradável, o ambiente era anaeróbio, com presença de gases emanados do corpo hídrico. Ao final do programa, será alcançado o OD mínimo de 2mg/l em todo o rio e concentração DBO inferior a 30mg/l.”

 

Reconhecendo a importância da iniciativa de revitalização e “torcendo para que modifique a qualidade da água do Rio Pinheiros”, a bióloga e professora Marta Angela Marcondes, coordenadora do Projeto Índice de Poluentes Hídricos (IPH) da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), questiona, contudo, o curto prazo prometido para a despoluição, apontando dados conflitantes em relação aos índices apurados e divulgados oficialmente.

 

“Em parceria com o pessoal do ‘Movimento Volta Pinheiros’, o projeto IPH criou essa rede no Rio Pinheiros e o monitora há uns quatro anos. São oito pontos de coleta mensal para análise em nossos laboratórios de uma série de parâmetros microbiológicos e físico-químicos necessários para que se possa descrever qual a qualidade da água conforme o índice internacional (IQA). Em todos, a água é ruim ou péssima, totalmente fora do que a legislação permite. Ainda há grande carga de esgoto dentro do rio, a DBO se mantém nos mesmos padrões há pelo menos quatro anos. Em nenhum ponto, há mudança”, salienta Marcondes.

 

Monitoramento das águas pelo Projeto IPH/USCS. Foto: DivulgaçãoApesar de utilizar a mesma metodologia acreditada e reconhecida empregada pela Cetesb nas medições, a professora apresenta uma suposição para os dados conflitantes: “Talvez seja porque fazemos, além da coleta superficial, a de fundo do rio, o qual é muito comprometido, extremamente contaminado. Há áreas com profundidade de 80cm, um metro, que trazem poluentes para cima.” Ela vaticina: “Em pouco mais de dois anos não é possível reduzir toda DBO ou aumentar o oxigênio.”

 

Menegon reconhece que a companhia não faz a coleta de fundo, mas refuta que esse fator justifique diferença na análise: “Se tem melhora na superfície, tem melhora do corpo hídrico, porque melhorou a coluna d´água como um todo. O rio passa por operação de dragagem, retirando sedimentos, cujas amostras revelam leito muito arenoso. A probabilidade de ter contaminantes absorvidos é um pouco menor.”

 

Para a especialista da USCS, a presença de alguns espécimes no Pinheiros também não serve de indicador de melhora: “São animais extremamente resistentes a esse processo de poluição que sempre estiveram lá, é que agora as pessoas estão olhando para o rio. Em 2010-2011 fizemos quatro expedições ao rio. Sempre houve muita garça, capivara, biguá, que se alimentam de larvas. Tem também pequenos roedores, são parte do ecossistema. Também sempre aparecem peixes na área do Córrego do Sapateiro, que saem dos lagos do Parque Ibirapuera e desaguam no Rio Pinheiros quando chove. Mas chegam à foz e morrem, sem quantidade de oxigênio, que é muito baixa. Informações isoladas dão a falsa impressão de que houve significativa melhora, mas na visão macro, todos os fenômenos já aconteciam, não são em função do projeto, que é inovador, extremamente importante, está começando a despoluição nas sete microbacias que formam o Rio Pinheiros.” O grande equívoco, na sua concepção, é “afirmar que o rio estará despoluído agora, no final de 2022”. Para ela, esse processo não leva menos de uma década.

 

Continuidade

 

Mierzwa, contudo, acredita que o prazo apresentado no projeto é exequível, mas chama atenção para a necessidade de pensar o futuro. “Tudo vai depender de como será o prosseguimento do processo de implantação das redes coletoras pela Sabesp e o ordenamento do uso e ocupação do solo.”

 

A preocupação expressa é com o esgoto que vier a ser gerado por exemplo em novas habitações sem infraestrutura prevista. “Esse processo precisa ser combinado entre Estado e municípios. As prefeituras precisam observar esse aspecto. Senão todo trabalho feito acaba perdido e começará a se jogar esgoto no rio de novo”, alerta.

 

Braga frisa: “Esse projeto começou com melhorar a qualidade de vida para os ribeirinhos. Não é para a beautiful people da Berrini, no Alto de Pinheiros, mas para as pessoas em condições de vida deprimidas nas favelas da região sul de São Paulo.” Ele se emociona ao contar que há relatos de moradores dessas comunidades que afirmam agora sentir o cheiro da comida.

 

 

Foto de capa: Rio Pinheiros na altura da Ponte Estaiada. Crédito: Soraya Misleh

 

 

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