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29/06/2021

Engenharia de Energia: do planejamento à distribuição do insumo vital ao desenvolvimento

Profissão trabalha com recurso fundamental para atividades econômicas e uso social.

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

A Engenharia de Energia é uma modalidade multidisciplinar voltada aos processos de planejamento, produção, conversão, distribuição e uso final de energia, envolvendo diversas áreas do conhecimento, em especial das áreas de mecânica, elétrica e química. O curso de Engenharia de Energia foi criado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2010. Com uma formação abrangente, informa o professor Paulo Smith Schneider, a universidade gaúcha tem o propósito “de fornecer à sociedade profissionais capazes de tratar temas relacionados à energia de forma local e global, com visão responsável e integrada, aptos a acompanhar as transformações do nosso século”.

 

Em 5 de julho de 2016, a Resolução nº 1.076, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), formalizou as atividades e competências profissionais do engenheiro de energia e inseriu o título à Tabela de Títulos Profissionais do Sistema Confea/Crea.

 

Flávio UFRGSProfessor Flávio Lemos, do curso de Engenharia de Energia, da UFRGS. Foto: Acervo pessoal.A formação ampla habilita, explica o também professor da UFRGS Flávio Lemos, a atuar em órgãos de formulação de políticas para o setor de energia, em empresas que produzem e comercializam energia ou combustíveis, empresas e órgãos públicos, ou que atuam em projetos para aumento de eficiência energética, entre outros. “Além disso, a formação sólida em conhecimentos de fenômenos físicos habilita este profissional para estudos avançados na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, acrescenta.

 

A principal diretriz curricular, destacam os docentes, é criar um profissional com uma sólida formação para entender os fenômenos da transformação, transporte, uso e comercialização de energia e as mudanças sociais, políticas e tecnológicas associadas com a dinâmica deste tema. “O desenvolvimento de competências, a interação com a sociedade, a percepção de mudanças tecnológicas e seus impactos são trabalhadas de forma integrada durante o curso. O profissional egresso deve ser um agente com adaptabilidade e resiliência para uma sociedade dinâmica e em constante mutação”, observa Schneider.

 

O mundo vive grandes dilemas relacionadas ao setor energético, de um lado a escassez de reservas naturais, de outro a crescente demanda pela população e por empreendimentos econômicos, que implica na necessidade de mais energia. Para os docentes, trabalhar dentro desse desafio é a “essência do profissional de engenharia de energia”, cuja formação está voltada ao entendimento, formulação, modelagem e solução de problemas que envolvem o emprego consciente, integrado e sustentável da energia. “As disciplinas e atividades curriculares abordam temas que envolvem as várias faces da energia e despertam o questionamento sobre seu emprego adequado e otimizado, envolvendo o compromisso entre o atendimento de necessidades e respeitando as restrições impostas”, garante Lemos.

 

A população cada vez mais depende das diversas formas de energia para manter, entre outros, o sistema de produção industrial, o agronegócio, a segurança e o conforto do seu dia a dia. Segundo eles, um mundo sem um fluxo contínuo e seguro de energia é impensável. Por isso, o papel da energia se impõe nas ações de sustentabilidade, devido ao seu impacto nas áreas sociais, ambientais e econômicas, ultrapassando as fronteiras da técnica. “A visão científica é fundamental para criar e formular as alternativas para correção das práticas que provocam mudanças climáticas e desigualdades. O emprego racional da energia contribui para a mitigação das ações humanas, de forma integrada às demais áreas de conhecimento e necessidades da sociedade”, ensina Schneider. 


Estruturação do curso – do básico ao específico

Paulo Smith SchneiderProfessor Paulo Smith Schneider. Foto: Acervo pessoal.A graduação de Engenharia de Energia, informam Schneider e Lemos, segue a mesma linha dos demais cursos de engenharia oferecidos na UFRGS. Com duração média de cinco anos, o tronco básico do curso é estruturado com a formação em matemática, física, química e informática. “Essa formação inicial é seguida do chamado básico profissional, dedicado às áreas de fenômenos de transporte e sistemas elétricos. Nesta fase é que são apresentados conceitos formativos em mecânica dos fluídos, termodinâmica e transferência de calor e massa”, relaciona Schneider, acrescentando que também são desenvolvidos conhecimentos na área de conversão eletromecânica de energia e circuitos elétricos e eletrônicos.

 

Já a fase profissional do curso, prossegue Lemos, é dedicada à integração e aplicação dessas disciplinas. “É nessa fase que a geração de energia por fontes convencionais e renováveis é estudada, o planejamento energético e o uso final e eficiente da energia são explorados, aspectos de transmissão e distribuição de energia elétrica são desenvolvidos e, por fim, tem a avaliação da integração dos recursos energéticos com a rede é enfocado”, descreve Lemos.

 

O conjunto desses conhecimentos constitui a formação que gera as habilitações profissionais reconhecidas pelos conselhos profissionais (Confea/Creas). Todavia, os docentes salientam dois pontos de destaque do curso que são a integração com empresas e a internacionalização. “A primeira tem refletido na aceitação e empregabilidade dos egressos, de mais de 90%. A segunda, em um fluxo constante de alunos em intercâmbio e dupla diplomação, nos dois sentidos. Nosso curso já diplomou dois alunos franceses dentro do convênio Brafitec [Brasil-França Inovação e Tecnologia] de duplo diploma”, informa Schneider.

 

Engenharia de energia – Raio-X

Objetivo – O curso de Engenharia de Energia tem como objetivo formar profissionais aptos a entender de forma sistêmica todo o relacionado com energia, desde a produção, a distribuição, e chegando até o consumo final da energia. Grandes empresas consumidoras necessitam de profissionais para gerenciar a circulação da energia internamente, o que explica a relação do curso com as outras engenharias, num sentido multidisciplinar. Com a amplitude observada no mercado, o profissional da área poderá seguir o caminho das energias alternativas, ou de combustão, ou de energia elétrica, por exemplo, além da área de conservação.

Carga horária total – 3.715

Estágio – Obrigatório (Lei 11.788/2008)

Disciplinas específicas engenharia térmica (termodinâmica, transferência de calor, trabalho mecânico), combustão e combustíveis, eletricidade (conversão e distribuição), conversão energética da biomassa em combustíveis/produtos sólidos (carvão vegetal, peletes e briquetes), líquidos (etanol e biodiesel) e gasosos (biogás e gás de síntese), potenciais hidráulicos, energia eólica e solar (térmica e fotovoltaica), energia nuclear (engenharia de reatores) e novas tecnologias (células de combustível, geotérmica, oceânica).

Conteúdo básico - Todas as habilitações do curso de Engenharia devem contemplar os seguintes conteúdos básicos, dentre outros: Administração e Economia; Algoritmos e Programação; Ciência dos Materiais; Ciências do Ambiente; Eletricidade; Estatística. Expressão Gráfica; Fenômenos de Transporte; Física; Informática; Matemática; Mecânica dos Sólidos; Metodologia Científica e Tecnológica; e Química. (Resolução nº 2, de 24 de abril de 2019, do Conselho Nacional de Educação do MEC)

Piso salarial – A engenharia, independente da modalidade, tem piso profissional definido pela Lei 4.950-A/66.

 

 

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