Democracia é a única saída
Vivemos certamente um dos momentos mais difíceis da nossa história, por uma série de motivos. O Brasil, que já enfrentava gravíssima crise econômica e política, vê-se agora no epicentro de uma pandemia que, oficialmente, até o momento matou aproximadamente 30 mil pessoas no País. A população, especialmente a mais pobre, sofre duplamente, pelo risco à saúde e pelas imensas dificuldades econômicas.
A divulgação dos dados relativos ao Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2020, que registrou encolhimento de 1,5%, confirmou a expectativa geral pessimista. Sabe-se também que o pior está por vir, já que é a partir do segundo trimestre que a paralisação causada pela pandemia se fará sentir mais plenamente.
Não há escapatória: este é o cenário indiscutível o qual temos que enfrentar com coragem e seriedade. É preciso destinar recursos à saúde, à assistência social e à preservação de empregos para que possamos superar essa situação, minimizando perdas e com chances de buscar a recuperação assim que isso seja viável. Esse é o papel do Estado.
Temos, no âmbito do SEESP e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), defendido medidas que possam contribuir com a melhoria desde já e no futuro, notadamente nos setores da indústria e da construção. Entre as propostas, apontamos a retomada das obras paralisadas, que foi inclusive cogitada pelo governo federal, e a reversão da indústria nacional para a produção de equipamentos médico-hospitalares. É necessário que essas e outras boas propostas sejam levadas em conta pelos dirigentes do País, tendo em vista nosso objetivo comum de superar os gigantescos e múltiplos obstáculos.
Contudo, absolutamente imprescindível é que, ao longo desse processo árduo e complexo, seja defendido e preservado o Estado democrático de Direito, fora do qual só existe a barbárie. Isso pressupõe respeito às regras e às instituições por todos: poderes públicos e sociedade civil. Lamentavelmente, ainda estamos distantes do Brasil que desejamos construir e que o seu povo merece: próspero e desenvolvido, justo e soberano, em que todos tenham condições dignas de vida, em paz e segurança, com acesso a saúde, educação, moradia, saneamento ambiental, cultura, esporte e lazer. No entanto, por mais que essa nação ideal pareça por vezes inalcançável, ela só existirá algum dia dentro da democracia.
Não há atalhos fora desse rumo, apenas desvios cujos destinos não nos servem como sociedade. Cabe a todos nós contribuirmos para que possamos seguir a vereda que nos leve ao bem-estar coletivo efetivo. Nesta hora de tensão, sejamos responsáveis, solidários e verdadeiramente democráticos.
Eng. Murilo Pinheiro