Celso Atienza
O ensino de engenharia, por sua natureza técnico-cientifica e prática, demanda uma formação que vai muito além do conteúdo teórico. Apesar do avanço das tecnologias de EaD (ensino a distância), há limites instransponíveis para a qualidade da formação de um engenheiro fora do ambiente presencial.
Entre os motivos para que a formação em engenharia seja essencialmente presencial, estão:
1 – PRÁTICAS DE LABORATORIO E ATIVIDADES DE CAMPO
O desenvolvimento de habilidades técnicas requer vivência em laboratórios físicos como os de resistência de materiais, solos, eletrônicos e estruturas.
Ensaios e medições, por sua própria natureza, demandam contato direto com instrumentos, materiais e condições reais de operação.
2 – FORMAÇÂO DE COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
A engenharia é uma profissão que exige competências e trabalho em equipe. Essas atividades são significativamente melhor desenvolvidas em ambientes de interação presencial, onde o aprendizado colaborativo e o contato direto com professores e colegas enriquecem a formação.
3 – RESPONSABILIDADE TÉCNICA E SEGURANÇA
O engenheiro assume responsabilidade legal de caráter cível, criminal e trabalhista, por obras e sistemas que impactam diretamente a segurança de pessoas e do meio ambiente. A formação técnica, portanto, deve garantir experiências reais que não podem ser substituídas por simulações digitais.
4 – LIMITAÇÔES DA TECNOLOGIA VIRTUAL
Simuladores e ferramentas digitais são recursos complementares valiosos, mas incapazes de reproduzir fielmente fenômenos como força, calor, vibração e comportamento de materiais sob esforços reais. A aprendizagem desses fenômenos requer experimentação direta.
5 – REPUTAÇÂO PROFISSIONAL E EXIGÊNCIA DE MERCADO
Engenheiros formados por EaD enfrentam resistência no mercado de trabalho, sendo frequentemente considerados menos preparados para atuação em campo. A formação presencial é reconhecida por sua qualidade e rigor.
6 – COMPROMISSO COM O DESENVOLVIMENTO NACIONAL
A engenharia é estratégica para o desenvolvimento do Brasil e avanços em infraestrutura, tecnologia, energia, saneamento e habitação. Formar profissionais desconectados com a realidade concreta do País é contraproducente. A vivência prática é essencialmente projetar soluções adequadas ao contexto social, ambiental e econômico brasileiro.
CONCLUSÂO
O ensino de engenharia deve, portanto, ser presencial, rigoroso, supervisionado e contextualizado, a fim de garantir profissionais competentes, éticos e preparados para enfrentar os desafios reais do desenvolvimento nacional.
Celso Atienza é engenheiro civil e de Segurança do Trabalho, mestre em Ciências Ambientes, presidente da Associação Paulista de Engenheiros de Segurança do Trabalho (Apaest) e vice-presidente do SEESP