“Uma grande expectativa de aquecimento do mercado de trabalho.” Assim a gestora da área de Oportunidades na Engenharia do SEESP, Alexandra Justo, sintetiza a percepção dos jovens engenheiros para 2020. Entre os setores promissores, tecnologia da informação (TI) e construção civil, em que “observamos novas frentes de trabalho e estágio”.
“Sentimos que o País vem abordando temas ligados à profissão com muito mais ênfase, o que força o governo a tomar atitudes para ampliar a oferta e oportunidades. Assim, este ano deve ser o recomeço para muitas áreas, principalmente a civil, com a retomada de obras. Há uma demanda reprimida, dada a queda acentuada no setor com a crise nos últimos anos”, atesta a coordenadora do Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP, Marcellie Dessimoni. Para o também coordenador do núcleo, Lucas Gabriel Batista Alves, o otimismo se deve ao fato de estar cada vez mais evidente para a sociedade a importância da engenharia ao desenvolvimento nacional.
Recém-formada em Engenharia Civil e já atuando como autônoma no segmento de reformas e obras corporativas, Tamiris Pinheiro da Silva concorda: “Acredito que venha a melhorar bastante, porque o governo está injetando mais verba nessa área, abrindo um fundo para engenheiros e arquitetos referente ao Minha Casa Minha Vida.” A jovem profissional refere-se a reformulação do programa habitacional que vem sendo feita pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, cuja promessa é de criação de vouchers aos interessados para que eles próprios definam o engenheiro e arquiteto a ser contratado para a construção.
A expectativa é compartilhada com o estudante do terceiro ano da graduação em Engenharia Civil Rogério Magela de Araújo, que já faz estágio na área e revela estar abrindo uma microempresa para atuar em reformas e construções. “Até 2019, as construtoras seguraram muitos projetos. Para este ano a perspectiva é lançar um por mês”, assegura.
Uma questão que todos concordam é que, com a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), as companhias preferem contratar como autônomo ou o denominado PJ. Mas Justo acredita que ainda deve ser demandada a admissão formal, com carteira assinada: “As empresas devem compreender que a responsabilidade do engenheiro é muito grande. Também é preciso atentar para o piso salarial nas contratações. A sociedade está mais envolvida, e a profissão deve atender suas necessidades, com segurança, ética e cuidado com o ser humano.”
Várias possibilidades
Além da construção civil, também se vislumbram oportunidades, conforme ela, em setores como produção e materiais, finanças, agronomia, óleo e gás e mineração. Nesta última, a gestora aponta que das 12 profissões mais requisitadas, cinco são em engenharia, nas modalidades minas, ambiental, produção, elétrica, metalúrgica e a grande área de segurança do trabalho.
Dessimoni aposta ainda em mecatrônica e mecânica. E destaca a Engenharia de Manutenção como uma área que “pode gerar muito emprego, oportunidades e aprendizado. O poder público precisa tomar para si, com planejamento, equipe e orçamento próprios, de modo a evitar colapsos”. A proposta consta da última edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” (https://bit.ly/30TRacb), iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com a adesão do SEESP, dedicada a esse tema: assegurar, sob essa configuração, secretarias de Engenharia de Manutenção em todas as instâncias de governo.
Tecnologia da informação
Justo enfatiza “a busca de engenheiros com trabalhos voltados às tecnologias digitais, à inteligência artificial, automação, logística, internet”. Segundo levantamento publicado pelo Linkedin (https://bit.ly/30MmvgU), das 15 profissões emergentes em 2020, nove estão diretamente relacionadas à tecnologia da informação (TI). Entre elas, estão engenheiros de dados e de cibersegurança, que devem ter como grandes contratantes, além de empresas de TI, instituições financeiras, como bancos. E Justo salienta: outras profissões em alta apontadas pelo estudo buscam competências que a engenharia oferta, como cientista de dados, especialista em Inteligência Artificial (IA), desenvolvedor em JavaScript e de plataforma Salesforce.
Relatório realizado pela consultoria PageGroup também sinaliza que TI deve ser forte contratante neste ano. Como observa Justo, “apresenta um panorama de 36 profissões em alta para 2020, com salários até R$ 50 mil. Entre elas, gestor de proteção de dados, gerente de engenharia industrial, gerente de programa (automação robótica de processos), engenheiro de software e líder em planejamento financeiro”.
Diante desse cenário, a gestora recomenda que o currículo esteja adequado, exposto nas plataformas digitais, e que os jovens se preparem para o processo seletivo, o que inclui não apenas domínio de conhecimentos técnicos, mas de competências comportamentais. “Indico a área de Oportunidades na Engenharia do SEESP para apoio.”
Por Soraya Misleh
*Artur Araújo
Já se tornou lugar-comum a brincadeira: quer mudar uma estatística? Separe “com China” e “sem China”. Não é só pelo porte, que pesa muito, mas principalmente pela orientação das políticas chinesas, voltadas para o desenvolvimento nacional. Independentemente da opinião sobre regime político, há fatos: por décadas, os chineses têm empregos suficientes para acompanhar o crescimento populacional, os salários têm a maior taxa de crescimento do mundo e a participação do trabalho na renda nacional é alta.
Números distintos, que abatem as médias globais, são os dos países centrais – Estados Unidos, Japão, União Europeia – e das periferias das Américas, do Oriente Médio e da África. No subcontinente indiano, no território da antiga URSS e no sul e leste da Ásia, o cenário bem mais “chinês” do que “ocidental”, até pela tração de vizinhança.
Identificar causas de sucesso é bom instrumento para acertar também, desde que com os devidos cuidados com especificidades e singularidades. Como somos, hoje, um país com altos níveis de desemprego, de subemprego, de subutilização e de desalento – particularmente entre jovens com formação universitária e entre profissionais experientes do setor tecnológico, como os engenheiros –, olhar para a China tornou-se dever.
E aí surge uma identidade que orgulha e preocupa. Todas as diretrizes formuladas pelo projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com a adesão do SEESP, por mais de 13 anos, são “chinesas” e a opção do Brasil é cada vez mais “ocidental”.
Projeto nacional
O sindicato e a FNE sempre insistiram que está no crescimento econômico, na expansão contínua da produção e do consumo internos, a base obrigatória de um projeto nacional com geração de bons empregos, distribuição de renda, inclusão social e sustentabilidade ambiental. A melhoria da qualidade de vida exige geração de maiores excedentes, pelo aumento do volume e, principalmente, da produtividade.
Os números comparativos medem o afastamento do Brasil em relação à “rota da seda”. Nas últimas décadas, o PIB da China cresceu a uma taxa média anual de 10%; no mesmo período, o Brasil foi uma gangorra: 1,7% de crescimento médio anual nos anos 1980; 2,6%, 3,6% e 0,9%, respectivamente, nos três períodos seguintes; de 1950 a 1980, tínhamos sido um dos campeões mundiais de crescimento e de diversificação.
A Ásia sinaliza. Na contramão dos países centrais regidos pelo neoliberalismo, China, Malásia, Coreia do Sul, Vietnã, Índia, Singapura, entre outros, vêm se industrializando sempre, partindo da produção de itens de consumo de massas e pequena agregação tecnológica para se tornarem centros globais de geração de valor e de ponta na ciência aplicada e na técnica.
A desindustrialização brasileira, como já identificado pelo “Cresce Brasil”, é precoce, não é fruto de uma maturação que leva à derivação para os serviços de alta sofisticação. Ao contrário, é prova da reversão da diversificação produtiva, originária das políticas de substituição de importações e da criação de uma estrutura produtiva moderna. Nossa desindustrialização é, essencialmente, reprimarização e perda de complexidade, o que implica menos e piores empregos e menor aumento de renda per capita.
Por que crescer
É notório o alto desemprego e subemprego entre os jovens recém-formados e entre engenheiros e demais profissionais experientes da área tecnológica. Décadas depois da era do “engenheiro que virou suco”, temos “engenheiros virando Uber”.
Há três origens principais para isso, uma estrutural e duas conjunturais. Parte desse desemprego vem de um erro de essência da “Lava Jato”, que ao invés de punir acionistas e altos executivos de empresas envolvidos em corrupção, atacou as companhias, demolindo a construção civil pesada, a construção naval, a fabricação de máquinas e equipamentos e afetando a cadeia produtiva do setor de petróleo e gás.
Já o atual ultraliberalismo leva à obsessão com o corte de gastos, travando investimentos na manutenção e ampliação da infraestrutura brasileira, que gerariam, virtuosamente, a receita tributária que equilibraria as contas da União.
Outra determinante é ainda mais grave: a opção pelo desestímulo à manufatura dentro do Brasil, via recusa à adoção de políticas industriais. Quanto menor a complexidade da malha de produção de um país, muito menor é a criação de empregos qualificados.
A retomada do crescimento econômico, acima de 5% ao ano no mínimo (e principalmente via indústria de transformação e muitas obras públicas), não só é um desafio nacional – se quisermos um Brasil com capacidade de dar vida decente a mais de 210 milhões de pessoas –, como o único caminho realista para empregarmos decentemente todos que queiram trabalhar, entre os quais as engenheiras e engenheiros de todas as idades, de todos os lugares.
Só há um lugar de onde vêm empregos. Esse lugar é um país que produz, consome, cresce, inclui, distribui e é sustentável.
* Artur Araújo é consultor do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”
Em 2018, o Fórum Econômico Mundial divulgou relatório sobre o futuro do emprego em que apontava as ocupações consideradas em ascensão: analistas e cientistas de dados, especialistas em tecnologia da informação (TI) ou megadados (Big Data), desenvolvedores de softwares, especialistas em redes sociais e comércio digital, entre outras. Recentemente, a rede social profissional Linkedin relacionou 15 profissões emergentes em 2020, nove delas relacionadas à área de TI.
Dessas, duas são as engenharias de cibersegurança e de dados (confira perspectivas dos jovens com mercado de trabalho). Para o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e membro do Conselho Tecnológico do SEESP, Marcelo Zuffo, o avanço das “tecnologias portadoras de futuro”, como ele gosta de definir, é um caminho sem volta. “Entre essas destaco a realidade virtual, blockchain, criptomoedas e inteligência artificial.”
Quem tem lugar privilegiado nesse cenário das TICs (tecnologias da informação e comunicação), assegura Zuffo, é o profissional de engenharia nas suas diversas modalidades – elétrica, eletrônica, de energia, de computação, de materiais, de produção e tantas outras –, porque a utilização dessa mão de obra “vem desde o campo da tecnologia básica até o da aplicação”.
Estudo recente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) aponta a necessidade de 70 mil novos profissionais para atuarem na área por ano, no Brasil, até 2024. As engenharias de cibersegurança e de dados são profissões em alta, cuja formação principal, indica o professor Marcos Antônio Simplício Júnior, do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Poli-USP, é a engenharia de computação ou ciência de computação. “Em geral, quando se fala em área digital, aproxima-se mais dessa modalidade.”
Simplício Júnior afirma que esses cursos têm tido uma concorrência crescente nos vestibulares da USP, nos últimos anos. “Dentro do campus São Paulo, que oferece o maior número de vagas de engenharia (783), o de computação é o mais concorrido, seguido de perto por mecânica, mecatrônica e produção. Em São Carlos, perde apenas para aeronáutica.”
Com essa formação, observa ele ainda, dá para atuar em diversos segmentos, principalmente em programação, “uma que está em alta, inclusive, é a de games”. “Boa parte dos engenheiros de computação formados na nossa escola está indo para essa área”, informa. Outra empregabilidade possível, prossegue, é tecnologia bancária, que não se resume, explica, à segurança de dados, mas também abrange construção de sistemas. Atuação forte ainda é na própria academia: “Temos muitas pesquisas, com nichos em cibersegurança, ciência de dados, rede, IoT (internet das coisas), que precisam ser desenvolvidas no País”, garante.
Como é uma área ampla e em constante mudança e evolução, observa Simplício Júnior, não dá para pensar que “se saiu da universidade sabendo tudo, mais provável que não sabe muito do que precisa”.
Ele ressalta: “A universidade é a base, ela ensina a saber aprender. Por isso, ao sair da faculdade é interessante já fazer especialização, seja sozinho com curso online, por exemplo, ou na academia mesmo.”
SEESP Educação promove workshop sobre construção 4.0
No dia 17 de fevereiro, às 19h, o SEESP Educação – área do sindicato voltada à qualificação profissional – promove o workshop “Bases da Construção 4.0”, em sua sede, na capital paulista (Rua Genebra, 25, Bela Vista). Na ocasião, serão apresentados os conceitos relativos ao Building Information Modeling (BIM), ao Projeto em Light Steel Frame (LSF) e à aplicação da atual Norma de Desempenho (NBR 15.575:2013). A atividade é gratuita e a inscrição pode ser feita no link http://bit.ly/Construção4-0.
* Projeto de Estruturas em Light Steel Frame
Objetiva preparar os profissionais para iniciar projetos com esse sistema construtivo, abordando fundamentos, estudos de caso, atividades práticas. Datas: 7, 14, 21 e 28 de março. Carga horária: 40h.
* Norma de Desempenho
Tem o objetivo de capacitar os profissionais para atendimento a essa diretriz, a NBR 15.575:2013, abordando conceitos, estudos de caso, atividades práticas e requisitos. Datas: 23 e 30 de maio, 6 e 13 de junho de 2020. Carga horária: 40h.
Mais informações e inscrições em educa.seesp.org.br.
Processos seletivos de estágio em engenharia
Amil – Inscrição até 9/2/2020
Oito vagas para a cidade de São Paulo a estudantes com graduação prevista entre dezembro de 2021 e junho de 2022.
Safira Energia – Inscrição até 14/2/2020
Para alunos de graduação que estejam matriculados no penúltimo ou último ano.
Rumo – Inscrição até 14/2/2020
A estudantes com graduação prevista entre julho de 2021 e julho de 2022. São mais de 30 vagas distribuídas entre as cidades de Curitiba (PR), São Paulo (SP), Santos (SP), Araraquara (SP) e Santa Maria (RS).
Esses e outros programas de estágio em http://bit.ly/Vagaestagio.
Por Rosângela Ribeiro Gil
Até o próximo dia 28 de fevereiro o engenheiro deve pagar a Guia de Recolhimento da Contribuição Sindical (GRCS), em qualquer rede bancária, no valor de R$ 299,40 – considerando o salário mínimo profissional definido pela Lei 4.950-A/66. No mês de março, os profissionais empregados que não tiverem a GRCS paga terão o desconto de um dia de sua remuneração, com repasse ao SEESP.
A Contribuição Sindical do engenheiro para 2020 foi aprovada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) no dia 10 de dezembro de 2019 – para a qual todos os profissionais, filiados ou não ao SEESP, foram convocados por meio de editais publicados nos jornais Folha de S. Paulo e Diário Oficial do Estado de São Paulo –, em conformidade com a Lei 13.467/2017, relativa à reforma trabalhista. Esta, em suma, pede que seja previamente e expressamente autorizada a fixação e recolhimento do imposto sindical, o que foi feito na AGE.
É por meio da Contribuição Sindical que o SEESP se mantém firme na defesa dos engenheiros e na valorização da categoria, realizando as negociações em campanhas salariais que abrangem cerca de 100 mil profissionais dos mais diversos segmentos em todo o Estado.
Caso o engenheiro não tenha recebido a GRCS em sua casa, poderá acessar o site do SEESP (www.seesp.org.br) e imprimi-la. Mais informações pelo telefone (11) 3113-2620.
Campanhas salariais
CPTM – Os engenheiros da CPTM reuniram-se em primeira assembleia geral realizada em 21 de janeiro último, na sede da Associação dos Engenheiros da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Na ocasião, sugestões foram acrescentadas à pré-pauta de reivindicações da categoria, visando o início das negociações na data-base, em 1º de março.
Metrô – Com o objetivo de discutir e deliberar sobre a pauta de reivindicações da categoria, os engenheiros do Metrô realizam agenda de reuniões setoriais neste mês de fevereiro, nos seguintes horários e locais: dia 3, às 11h, Canteiro Vila Sônia (Rua Mário Dias, 20 - Jardim Trussardi); dia 4, 11h, Canteiro Vila Prudente (Rua Cavour, 156 – Vila Prudente); dia 5, 11h, CCO (Rua Vergueiro, 1.200, 2º andar, sala 25 – Liberdade) e Metrô I (Rua Augusta 1.626, sala G1); dia 5, 16h, Canteiro Ana Rosa (R. Vergueiro 2.850); dia 6, 11h, Canteiro Ibirapuera (Av. Ibirapuera, 2.545 – Indianópolis); e dia 13, 11h, Pátio Jabaquara (Rua Francisco de Paula Quintanilha Ribeiro, 134 – Jabaquara). O processo culminará com a realização da Assembleia Geral Extraordinária dos engenheiros na sede do SEESP, no dia 18, às 18h (1ª convocação) e 18h30 (2ª convocação).
Representantes do SEESP são empossados conselheiros no Crea-SP
No dia 29 de janeiro último, os 16 conselheiros representantes do SEESP eleitos para o triênio 2020-2022 junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-SP) foram empossados. Na mesma data, realizou-se no sindicato, na Capital, reunião de apresentação desses seus novos representantes.
São eles: Celso Rodrigues, Bruno Machado dos Santos, Edilson Reis e Alexandre Silva Guimarães (Câmara de Engenharia Mecânica e Metalurgia); Aristides Galvão, Nestor Soares Tupinambá, Claudomiro Mauricio da Rocha Filho, Deodoro Antonio Oliveira Vaz, Valter Augusto Gonçalves, Breno Botelho Ferraz do Amaral Gurgel, Fábio de Santi e Carlos Eduardo de Lacerda e Silva (Engenharia Civil); Antonio Roberto Martins e Paulo Celso Cavalcante de Barros (Engenharia Elétrica); Carlos Alberto Guimarães Garcez e Denise de Lima Belisário (Engenharia de Segurança do Trabalho). A composição do plenário do Crea-SP é renovada em 1/3 anualmente.
Conferência São Paulo Sua debate desenvolvimento econômico e cultura
No dia 15 de janeiro último, a Conferência São Paulo Sua (CSPSua) – iniciativa da sociedade civil organizada para elaborar uma agenda mínima aos candidatos às eleições municipais – promoveu o primeiro Seminário de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, na sede do SEESP, na Capital.
A atenção às micro, pequenas e médias empresas, a valorização do trabalho e criação de novos empregos, além da renda básica universal foram temas abordados no debate. Estiveram presentes Ladislau Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP); Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP); Célio Turino, do Instituto Casa Comum e integrante da Articulação Brasileira da Economia de Francisco; Leandro Ferreira, da Rede Brasileira da Renda Básica; e Luiz Roberto de Oliveira, diretor do SEESP.
Também na sede do sindicato, em 20 de janeiro, foi realizada a Jornada de Cultura da CSPSua. Com o tema “Cultura: desafios para São Paulo”, a atividade marcou a comemoração dos 466 anos da cidade – completados em 25 de janeiro – rumo à Semana de Arte Moderna de 2022. Participaram do debate os ex-secretários da Cultura Nabil Bonduki, José Luiz Penna e Romildo Campello. As apresentações culturais ficaram a cargo do ator João Signorelli e do poeta Hamilton Faria.
“A São Paulo Sua propõe um pacto pela cidade em três áreas, um pacto pela vida, pelo trabalho e pela democracia. E a cultura é um fio invisível que une essas três áreas”, ressaltou Allen Habert, diretor do SEESP e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), coordenador da CSPSua. Além dessa entidade e do sindicato, integram a conferência a Academia Paulista de Direito, Rede Nossa São Paulo, Sindicato dos Bancários de São Paulo, Associação de Professores e Servidores Públicos do Magistério Oficial do Estado de São Paulo (Aproesp), Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, Democracia Corinthiana, Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo (Facesp), União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro), Instituto Pólis, entre outras.
Mais um ano se inicia e com ele renovamos nosso otimismo e nossa disposição de luta e trabalho para construir um país e um mundo melhores, com oportunidades e condições dignas de vida para todos. Para alcançar essa meta, parte fundamental do caminho é a valorização da engenharia colocada a serviço do desenvolvimento e bem-estar público. Por isso mesmo, manteremos e aprofundaremos o debate proposto pelo projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e seus sindicatos filiados, entre os quais o SEESP, buscando contribuir para que em 2020 possamos avançar em questões essenciais.
Nesse contexto, entra em pauta a proposta que vimos defendendo de se criarem secretarias de Engenharia de Manutenção em nível municipal, estadual e federal. O objetivo é garantir que as tarefas de inspeção e conservação permanentes de edificações, obras de arte e equipamentos públicos em geral sejam cumpridas adequadamente e de forma planejada. Isso exige corpo técnico qualificado e dotação orçamentária específica. Numa visão superficial, a medida poderia ser considerada um acréscimo de gastos, mas, pelo contrário, teria o efeito de racionalizar e otimizar o dispêndio público. Pois é obviamente muito mais econômico prevenir do que remediar.
Ano de eleições municipais, o período que se inicia será uma ótima chance para que profissionais, candidatos às prefeituras e às câmaras de vereadores e a sociedade em geral travem a discussão sobre prioridades a serem atendidas e como fazê-lo. Ao pensar nessas questões, é importante ter em mente que a segurança e a qualidade de vida nas cidades estão diretamente ligadas à engenharia colocada à disposição da população.
Num esforço de lançar luz sobre essa questão, o Jornal do Engenheiro, a partir desta edição e até outubro próximo, publica a série “Engenharia na cidade”, que abordará, a cada mês, problemas enfrentados pelos paulistanos e quais seriam as soluções adequadas para superar tais dificuldades. Ao colocar em foco a maior cidade do País e seus gigantescos desafios, esperamos poder contribuir para o debate paulista e nacional nesse campo. Nesta primeira matéria (leia na página 4), entra em pauta a calamidade das enchentes e dos alagamentos que afligem a população todos os anos no período das chuvas, causando transtornos, doenças por contaminação, acidentes e até mortes.
Nesse debate, é inescapável tratar das condições de trabalho de quem tem a função de cuidar da cidade no que diz respeito à engenharia. Na edição de dezembro, matéria antecedendo este conjunto de reportagens (http://bit.ly/35tbsea) aponta: em São Paulo, é preciso ampliar o quadro com novos concursos, garantir remuneração digna e plano de cargos, além de fazer com que o saber técnico prevaleça nas decisões a serem tomadas pelas administrações. Entre as reivindicações, está a implementação da carreira pública de Estado para a categoria, bandeira defendida pelo SEESP.
Em 2020, sigamos juntos, trabalhando por mais engenharia e mais desenvolvimento para todos os brasileiros.
Eng. Murilo Pinheiro
Presidente
*Emiliano Stanislau Affonso
Nossas cidades estão com grandes congestionamentos que têm comprometido sua eficiência, agravando a poluição e afetando a qualidade de vida de seus cidadãos. De acordo com dados da Pesquisa Origem e Destino, entre 2007 e 2017, a frota de veículos particulares aumentou 22,8%, enquanto a população cresceu 6,6% e, apesar dos investimentos bilionários que estão sendo feitos, os dez principais eixos rodoviários que adentram na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) estão ficando saturados.
Enquanto isso, obras metroferroviárias são paralisadas ou reduzidas, aumentando seus custos, não atendendo suas funções e prejudicando o desenvolvimento e a criação de empregos.
O Governo alega não ter recursos e que a solução é trazer a iniciativa privada, através de parcerias público-privadas (PPPs) onerosas, para assegurar à RMSP e à Macrometrópole paulista a mobilidade que ela necessita. Não é o que está acontecendo. Na PPP da Linha 4 – Amarela, o privado só entrou com os trens, seu sistema de controle e as portas de plataforma. Nas linhas 5 e 17, só com uma contrapartida financeira ínfima, sem nenhum recurso para a expansão. O que fazer?
Os planejamentos urbano e da mobilidade precisam andar juntos. Temos de transformar estações e pátios em novas centralidades, com empreendimentos que gerem receitas para mitigar custos de implantação e operação, além de melhorar a qualidade de vida da população. É necessário, já no planejamento de novas linhas, propor esses empreendimentos que aproximem a habitação do emprego, proporcionando o desenvolvimento da região.
Os valores gerados são altos e não desprezíveis, porém, até agora as linhas metroviárias brasileiras não foram planejadas dessa forma. Mas isso não impede que sejam reprojetadas estações, terminais e pátios, agregando shoppings, lojas, escritórios etc..
Em aplicação em diversos estados dos Estados Unidos, o instrumento do Tax Increment Financing (TIF) vem sendo utilizado como fonte de financiamento para permitir a implantação de projetos selecionados de infraestrutura. Sua lógica básica consiste em antecipar receitas tributárias futuras provenientes do incremento de arrecadação decorrente da valorização imobiliária e do desenvolvimento acarretado pela implantação do projeto. Essa arrecadação adicional é utilizada para amortizar o financiamento contraído através da emissão dos títulos.
Lá, os governos investem na infraestrutura e os usuários do transporte público pagam, em média, 32,5% do custo da viagem. Isso por que “para cada bilhão de US$ investido, voltam seis para a economia...”. Aqui não deve ser diferente.
Exemplos não faltam no mundo e deixam claro que recursos públicos são imprescindíveis para a implantação de uma boa mobilidade urbana. Porém, caminhos existem para minimizar esses investimentos, que propiciarão desenvolvimento com geração de emprego em um país urbano como o nosso.
*Emiliano Stanislau Affonso é engenheiro, especialista em mobilidade urbana, diretor do SEESP
Equacionar o problema das enchentes na Capital é um dos grandes desafios da engenharia. Tema desta primeira matéria da série especial do Jornal do Engenheiro sobre manutenção em São Paulo. Os diversos especialistas ouvidos sobre a situação do sistema de drenagem foram unânimes em afirmar que falta planejamento e que os investimentos estão aquém do necessário.
É o que aponta a última edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com a adesão do SEESP, cujo tema é Engenharia de Manutenção.
De acordo com levantamento do Tribunal de Contas do Município (TCM), foram gastos, em 2018, R$ 335,9 milhões em intervenções, melhorias e manutenção de sistemas de drenagem e bacias, 55% do total orçado para o ano, representando redução de 25,6% em relação a 2016. Em 2019, conforme a Prefeitura, o valor subiu para R$ 600,8 milhões, que inclui ainda manutenção e operação dos sistemas de monitoramento e alerta de enchentes, obras e serviços nas áreas de risco e combate a essa situação.
Uma delas ocorre na região da Luz, para retificação de um córrego, que terá parte de seu fluxo desviado a um novo canal, embaixo da via pública. “Quando houve a canalização, há 40 anos, passava sob quadras desocupadas. Os pilares de um prédio recém-construído atravessaram a rede, que acaba entupida quando passa algum resíduo mais volumoso”, explica o engenheiro da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) e diretor do SEESP junto à Prefeitura, Carlos Eduardo de Lacerda e Silva, que faz a gestão do contrato.
Obras complexas como essa, com dois metros de diâmetro a nove metros de profundidade, ficam sob responsabilidade da Siurb. Já os sistemas menores, com tubulações de até 80cm de diâmetro, são atribuição das subprefeituras, que mantêm equipes terceirizadas. As mesmas que realizam a limpeza dos piscinões, que precisaria ocorrer com mais frequência. Lacerda, que já atuou em subprefeituras, revela que há interrupções nos contratos, com consequente irregularidade na limpeza, além de roubo de cabos das bombas em alguns casos.
Impermeabilização
São Paulo nasceu no alto de um morro, entre três grandes rios (Tietê, Anhangabaú e Tamanduateí). Levantamentos recentes, de projetos como Cidade Azul, Rios e Ruas, Rios de São Paulo, dão conta que a cidade possui 287 rios catalogados, com cerca de 3 mil quilômetros de cursos d’água correndo sob asfalto e concreto. Com a urbanização, foram poluídos, soterrados e espremidos entre ruas e avenidas. Esse cenário, somado ao crescimento desordenado da cidade, levou à impermeabilização do solo.
“Na década de 1980, quando ainda existia uma grande área desocupada na Vila Matilde, junto à linha Vermelha do Metrô, estava prevista a construção de um parque. Seria uma espécie de Ibirapuera da Zona Leste. Infelizmente, o projeto não saiu do papel, e os terrenos foram ocupados”, recorda Nestor Tupinambá, engenheiro do Metrô e diretor do SEESP, que chegou a fazer a obra de canalização do Córrego Rincão naquela região.
Julio Cerqueira Cesar Neto, que dedicou sua carreira à Engenharia Hidráulica, Sanitária e Ambiental, lembra a decisão do então Governo Alckmin de não realizar obras de ampliação das várzeas dos grandes rios, como o Tietê, e, em seu lugar, construir 134 piscinões – o que não ocorreu. Hoje aposentado, aos 89 anos, Dr. Julio, como é conhecido, lamenta: “Não se fez nenhuma obra em canais e galerias de águas pluviais desde o início dos anos 2000. Com isso, a drenagem da Região Metropolitana está sucateada.”
Segundo ele, durante a segunda fase de ampliação e rebaixamento da calha do Tietê, constatou-se que o projeto estava superado. Dados do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (Daee) mostram que após a conclusão das obras, em 2005, a capacidade de vazão passou de 640m³/s para 1.048m³/s. “Hoje, a necessidade de vazão da calha do Tietê é de 2 mil m³/s. O Tamanduateí, que tem uma capacidade de 450m³/s, precisaria ter uma vazão de 850m³/s. Precisamos praticamente dobrar a capacidade de vazão”, diagnosticou Dr. Julio. O Daee alega que ampliações dos canais e novos piscinões são “inviáveis” por falta de espaço e de recursos. Pelos mesmos motivos, a reconstituição das várzeas é “praticamente impossível”.
Ao todo, foram construídos 33 piscinões pelo Daee, nas bacias do Alto Tietê, Pirajuçara, Ribeirão Vermelho, Juquery e Rio Tietê. Em obras de desassoreamento em 2019, o Governo do Estado informa que gastou R$ 32 milhões – e R$ 45 milhões devem ser investidos na limpeza e manutenção de 25 reservatórios. A Prefeitura de São Paulo anunciou a inauguração de cinco piscinões em 2019, totalizando, assim, 32. Para 2020, promete mais cinco.
Álvaro Rodrigues dos Santos, consultor em Geologia de Engenharia e Geotecnia, contudo, propõe outras ações, aliadas ao combate dos processos erosivos, assoreamento dos rios, descarte irregular de lixo e entulho. “Piscinão deveria ser a última alternativa. Há diversas medidas mais econômicas utilizadas em países desenvolvidos, como pequenos reservatórios, domésticos e empresariais, para acumulação e infiltração; calçadas, sarjetas, pátios, estacionamentos, valetas, trincheiras e poços drenantes; multiplicação de bosques florestados por todo o espaço urbano; entre outros.”
Por Deborah Moreira
Seis destaques do ano em suas áreas de atuação foram agraciados pelo SEESP, no dia 9 de dezembro último, com o prêmio Personalidade da Tecnologia. Em sua 33ª edição, este é entregue tradicionalmente por ocasião do Dia do Engenheiro (11 do mesmo mês).
Em 2019 foram homenageados Ernane Silveira Rosas (Agricultura e segurança alimentar), Ricardo Magnus Osório Galvão (Amazônia e meio ambiente), Regina Coeli Ruschel (Educação), Jean Carlos Pejo (Intermodalidade e ferrovia), Diego Mendes (Planejamento e engenharia de manutenção) e Paulo Roberto de Queiroz Guimarães (Valorização profissional). Prestigiada por autoridades políticas e representantes de entidades da área, a cerimônia lotou o auditório do SEESP, na Capital.
José Roberto Cardoso, coordenador do Conselho Tecnológico (CT) do sindicato, responsável pela indicação dos nomes, abriu a solenidade informando sobre o processo de seleção dos agraciados a cada ano. Nesta edição, pesou na escolha o fato de a engenharia estar enfrentando grande transformação, como explicou Cardoso, sobretudo na área da educação. “O mercado de trabalho e a própria engenharia exigem novas competências. Dentre elas, saber se comunicar, trabalhar em equipe, cujo papel desse profissional é liderar.” Nessa dinâmica, ele lembrou que hoje somente a graduação não é mais suficiente para se encarar os desafios atuais. “Educação continuada é fundamental.”
Os premiados
Em seu discurso, a pesquisadora e professora Regina Ruschel ratificou essa importância, bem como de projetos colaborativos e transformadores. “Fui pioneira em introduzir isso no ensino. E nos últimos dez anos, transformação foi a Modelagem da Informação da Construção [BIM], com modelos 3D. Agora tem-se a engenharia voltada à indústria 4.0. O curso vai se transformar ainda mais, portanto, não tem como terminar a graduação como única formação. É necessário ensinar a aprender”, salientou a homenageada. Ela citou a alegria de coordenar, junto ao SEESP, especialização de BIM há dois anos: “A primeira turma de dez alunos se formou agora.”
Já o presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo, Ernane Rosas, evidenciou ponto nevrálgico nessa modernização: a multidisciplinaridade. Em especial à saúde da população e segurança alimentar, ligada à soberania nacional, enfatizou: “Unir a ciência da nutrição com a agronomia é o casamento perfeito.”
Protagonista em meados de 2019 de polêmica com o atual Presidente da República quanto ao aumento das taxas de desmatamento na Amazônia, o que culminou em sua exoneração do cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o engenheiro Ricardo Galvão, por sua vez, contou brevemente essa história ao ser homenageado. Para ele, sem a implementação eficaz de planos ao longo dos anos e continuidade das ações de prevenção, a Amazônia ainda reclama um projeto de desenvolvimento sustentável. Galvão citou, na conjunção de esforços nesse sentido, como exemplo, contribuições constantes do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), à qual o SEESP é filiado.
Outro tema objeto dessa plataforma, a mobilidade urbana foi pautada pelo também engenheiro, especialista em ferrovias, Jean Carlos Pejo. Na sua ótica, o profissional da área é central nas discussões sobre logística e integração entre os modais de transporte para melhorar a qualidade de vida das pessoas. “É ele que deve trazer soluções. É preciso não um choque de gestão, mas de engenharia”, concluiu.
Trazendo o respeito pelas tradições e a valorização do conhecimento transmitido por seus “mentores”, já o jovem engenheiro CEO da ConstruCode, Diego Mendes, elogiou o que chamou de “sinergia de gerações, que mostram a inclinação da engenharia nacional em aplicar inovação como vetor de transformação da nossa indústria”. Para ele, sem isso, não seria possível ao SEESP ter tal representatividade ao longo de seus 85 anos de história. Sinergia fundamental quando a questão é engenharia de manutenção, tema da última edição do projeto da FNE.
A adesão ao “Cresce Brasil” desde seu início em 2006 foi reafirmada pelo presidente da Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea, Paulo Guimarães, ao ser homenageado. “O que me trouxe aqui esta noite é o sonho do engenheiro transformar e desenvolver o País, o que só é possível com a união de esforços e profissionais. Está na engenharia unida a verdadeira capacidade de transformação”, ressaltou. E destacou trajetória sempre pautada na valorização profissional, com estímulo à inovação, novas habilidades e competências, bases ao desenvolvimento.
Murilo Pinheiro, presidente do SEESP, encerrou a atividade agradecendo os homenageados “pelo trabalho que fizeram para os cidadãos brasileiros e a área tecnológica”. E conclamou: “Precisamos buscar o protagonismo da engenharia, ao desenvolvimento e crescimento do País.”
Confira cobertura completa e a trajetória dos premiados em www.seesp.org.br
Por Soraya Misleh
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) realizou no dia 6 de dezembro último, na sede do SEESP, na Capital, seu 5º Encontro Nacional. Em pauta, soberania e emprego no Brasil. Ao final, foi aprovada por aclamação a Carta do evento (https://bit.ly/36ovlD4).
À abertura, Murilo Pinheiro, presidente da CNTU, enfatizou: “Estamos juntos no caminho da luta, trabalho e perseverança e de propostas que serão, ao final deste encontro, apresentadas para discussão com todos os setores, como Legislativo e Executivo.” Também integraram a mesa inaugural os representantes das entidades filiadas à confederação, o vereador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), que discorreu sobre a importância do tema do encontro, ante 13 milhões de desempregados e 17 milhões de subempregados, bem como ameaças à soberania nacional, como proposta do governo de abertura do controle total da Base de Alcântara para os Estados Unidos.
Os desafios para se alcançar soberania nacional e a atual conjuntura do mundo do trabalho foram objeto de seminário com a participação do professor em Geopolítica da Universidade de São Paulo, André Roberto Martin, e do diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio. Para o primeiro deles, o Brasil tem capacidade de ser soberano. Para tanto, é preciso compreender o lugar geopolítico do País. Ganz Lúcio, por seu turno, apresentou grandes desafios a uma soberania nacional sobre o ponto de vista do emprego. Com o advento da quarta revolução industrial, está sendo estruturado um novo mundo, conforme explicou. No Brasil, os dados indicam que, em dez anos, 60% dos postos laborais serão afetados gravemente pela inovação tecnológica. “Portanto, temos uma agenda pela frente, que é pensar o mundo do trabalho”, ressaltou Ganz Lúcio.
Conselho Consultivo e homenagens
Coroando o 5º Encontro Nacional, 42 novos membros foram empossados ao Conselho Consultivo da CNTU durante plenária que se seguiu ao seminário. Agora se somam 1.594. O diretor da confederação e coordenador da atividade, Allen Habert, pontuou: “Queremos transmitir aos novos integrantes dois grandes projetos. O primeiro é ajudar a criar um novo projeto ao Bicentenário da Independência em 2022, para a gente dar um salto. E o segundo é a comemoração dos 100 anos da Semana de Arte Moderna, energia que vai dar condições de superarmos o momento anticultural que vivemos e construir uma revolução do conhecimento.”
Já a plenária contou com depoimentos especiais do historiador Célio Turino e do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, agraciado na ocasião com o prêmio Personalidade Profissional da confederação em Interesse público. Eles falaram respectivamente sobre “a economia de Francisco” e “o pensamento de Celso Furtado” – que faleceu em 2004, aos 84 anos.
Este último, como destacou Bresser-Pereira, trouxe as ideias fundamentais do desenvolvimentismo clássico – industrialização, com intervenção do Estado na economia através do planejamento e substituição de importações. “Sou formado nessa tradição”, relatou. Sob esse modelo, como explicou, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo entre 1930 e 1980, quando houve “virada neoliberal”. A partir de então, o quadro passou a ser de “quase estagnação”. “A saída é um novo desenvolvimento. Temos que debater e ter uma proposta nessa direção”, concluiu Bresser-Pereira, que é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo.
Na mesma linha, Turino informou que “a economia de Francisco”, cujo primeiro congresso ocorrerá entre 26 e 28 de março de 2020, em Assis, na Itália, “foi um chamado feito pelo Papa em maio último para abarcar novas economias. O nome se baseia nos princípios de São Francisco de Assis”. Ele continuou: “Há um sentido de urgência histórica por ativar rede de movimentos sociais empreendedores, jovens pesquisadores, pequenos empresários. Se vivemos num planeta com recursos finitos, não é possível o modelo econômico baseado na acumulação infinita do capital. Isso só vai aprofundar a crise civilizatória e climática.” O historiador, que é ainda escritor e especialista em políticas públicas, completou: “No encontro em Assis, vamos levar a proposta de renda básica de cidadania como contribuição do Brasil [de autoria do vereador Suplicy]. E também que se nomeie ‘economia de Francisco e Clara’.”
Ao encerramento do 5º Encontro Nacional, foi entregue o prêmio Personalidade Profissional aos seguintes destaques do ano em suas áreas de atuação: Carlos Roberto de Castro (Economia), Vahan Agopyan (Engenharia), Jussara Cony (Farmácia), José Ferreira Campos Sobrinho (Odontologia), Dimas Rodrigues de Oliveira (Nutrição), além de Bresser-Pereira. Como salientou a vice-presidente da CNTU, Gilda Almeida, a homenagem, em sua nona edição, é destinada “àqueles que contribuem para construir um Brasil melhor em prol do interesse da sociedade”.
Confira cobertura completa em bit.ly/5encontroCNTU
Por Soraya Misleh. Colaboraram Jéssica Silva e Deborah Moreira