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Projeto de ensino para engenheiros criativos

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Jéssica Silva

 

Quando se fala em uma obra bem feita, uma inovação ou solução de problemas, vem em mente o profissional capacitado a realizar o planejamento de forma qualificada: o engenheiro. Para um plano de desenvolvimento nacional não seria diferente.

 

Por isso, a nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com a adesão do SEESP e demais entidades a ela filiadas, coloca em discussão o ensino de engenharia, com a nota técnica “Um projeto para a formação de engenheiros”, elaborada pelo professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) e coordenador do Conselho Tecnológico do sindicato, José Roberto Cardoso.

 

Ele expõe a falta de incentivo à criatividade e ao empreendedorismo no ensino tradicional de engenharia. “A inexistência da narrativa de um fenômeno físico – cuja ‘solução’ transita apenas pela obtenção de uma equação, diferencial ou não – que daria sentido a tudo aquilo –, leva o estudante a não praticar a leitura, a não exercitar o entendimento de um texto e, por fim, a não enxergar a beleza da engenharia”, afirma.

 

Conforme a nota técnica do professor, a distância existente entre o conteúdo teórico e a prática pode prejudicar a formação do profissional, que só colocará a mão na massa ao final da graduação. “Na maioria das escolas de engenharia brasileiras, o estudante só realizará um projeto ao final do curso, no famoso TCC. Nas escolas europeias, americanas e asiáticas os alunos são levados a realizar de dois a quatro projetos por semestre”, compara Cardoso.

 

Os exercícios de aplicação nos cursos de engenharia foram, como explica, reduzidos ao longo dos anos. A publicação “Engenheiros para quê? Formação e profissão do engenheiro no Brasil”, de 2020, mostra um declínio no equilíbrio entre a prática e a teoria nos cursos, assunto não muito abordado no ambiente acadêmico, de acordo com o engenheiro.

 

Gráfico Teoria Prática

 

“Os cursos de engenharia atuais são cientificamente centrados. O professor, na busca da excelência acadêmica, enseja formar seu estudante à sua imagem, razão pela qual muitos cursos, principalmente nas universidades públicas, formam engenheiros preparados para ingressar em programas de doutorado, e não para o mercado de trabalho”, diz.

 

Na escola privada, conforme destaca, a dificuldade de mudanças é ainda maior. “O professor horista, para sobreviver, precisa ministrar um volume razoável de aulas por semana, o que o impede de se atualizar”, frisa Cardoso.

 

ProfessorCardosoJosé Roberto Cardoso, autor da nota técnica "Educação". Foto: Beatriz ArrudaOutro ponto desfavorável neste cenário é o custo elevado de manutenção e de atualização dos laboratórios didáticos, principalmente para contemplar os avanços da Indústria 4.0. Contudo, o docente é categórico: “O aprendizado passivo é coisa do passado; chega de memorização na aquisição do conhecimento.”

 

Para o especialista, a prática moderna das escolas de engenharia deve ser criativa, integrada em ambiente em que a teoria e a atividade prática sejam simultâneas. As universidades têm papel decisivo na mudança, o que inclui também promover iniciativas para ampliar a equidade de gênero – já que homens ainda são maioria na área.

 

“Atividades que exigem leitura, entendimento de textos e redação promovem interlocução entre aluno e professor, e entre os estudantes, gerando um ambiente potencial de criatividade, que torna a aula mais excitante, agradável e ativa”, sugere.

 

Igualmente, ele frisa: “O projeto tem a virtude de ser um problema de solução aberta, isto é, não tem resposta única, pois o número de parâmetros envolvidos a serem analisados, tais como custo, rendimento, facilidade de construção e outros, é elevado, de modo que a melhor solução exige criatividade.”

 

Pleno emprego

 

Cardoso também revela na nota técnica a necessidade de se recuperar o mercado de trabalho para o engenheiro, afetado pela desindustrialização do País – tema também tratado na nova edição do “Cresce Brasil”.

 

Para o retorno de cenários de pleno emprego em engenharia, ele avalia, é necessário investimentos da ordem de US$ 130 bilhões por ano, “um crescimento mínimo do PIB de 8% ao ano”. E conclui: “Apesar dessa tarefa ser hercúlea, devemos iniciar, de imediato, nossa luta para resgatar a dignidade de nossa profissão.”

 

Confira aqui a nota técnica “Educação”

 

Acesse a nova edição do “Cresce Brasil” no site crescebrasil.org.br

 

 

Foto no destaque: Estudantes de engenharia de universidades brasileiras e internacionais participam de competição de projetos automotivos da SAE Brasil em São José dos Campos / Lucas Lacaz Ruiz-A13

 

 

 

 

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