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SINDICAL - Seminário aponta conjuntura favorável às campanhas salariais neste ano

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Soraya Misleh

        Com cerca de 250 participantes, incluindo interlocutores do SEESP nas negociações com as empresas e entidades patronais, realizou-se no dia 13 de abril, no auditório da entidade, na Capital, o já tradicional Seminário de abertura das campanhas salariais. Em sua 11ª edição, a iniciativa confirmou-se como importante instrumento para sedimentar o caminho do diálogo entre capital e trabalho. O SEESP negocia atualmente com dezenas de companhias e setores, representando em torno de 65 mil engenheiros no Estado. A maioria tem data-base em 1º de maio.

        Aylza Gudin, chefe da seção de relações do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo, valorizou a realização do seminário rumo ao êxito nessa interlocução: “Está fincando as raízes que vão dar sustentabilidade a essas negociações.” O potencial do evento em iniciar esse processo permitindo a compreensão da conjuntura e o avanço sobre seus fundamentos foi reiterada pelo analista político e sindical João Guilherme Vargas Netto. Ele destacou: “A situação econômica é favorável aos trabalhadores que querem lutar e às empresas que querem se desenvolver.”

        José Silvestre Prado de Oliveira, diretor de relações sindicais do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), apontou que desde 2004 tem havido expansão a patamar médio da ordem de 4,3%, e a estimativa para 2011 varia entre 4% e 4,5%. “Componente importante é a variável inflacionária, mas há outros elementos conjunturais que são cimento ao crescimento econômico: o crédito, a renda do trabalho e o investimento tanto público quanto privado, somados à ação dos sindicatos”, pontuou. Sobre o crédito, a participação em dezembro de 2003 era da ordem de 23%, 24% e praticamente dobrou em 2010, fechando em R$ 1,7 trilhão. Já a renda, decorrente tanto dos programas de transferência quanto do aumento do salário mínimo, tem papel fundamental para impulsionar o mercado interno. “E isso está associado à expansão do emprego formal. Em 2003, eram 22 milhões de trabalhadores com carteira assinada; em 2010, aproximadamente 43 milhões.” Consequentemente houve queda na taxa de desocupação – que, na análise de Silvestre, em algumas regiões metropolitanas, deve atingir um dígito em 2011.

        Todo esse ambiente favoreceu as negociações no ano passado, que foi, como ressaltou o técnico do Dieese, o melhor da série. “Aproximadamente 89% culminaram em algum ganho real. O cenário em 2011 também é positivo e apostamos nos bons resultados. Para tanto, não podemos abdicar do crescimento econômico em nome de alguma ação de combate à inflação, como defendem certos setores.”

 

Mão correta
        Na ótica de Vargas Netto, também do ponto de vista político a conjuntura é auspiciosa. O quadro atual traduz-se, para ele, em oportunidade grande de se criar uma frente de iniciativas para garantir democracia, expansão, desenvolvimento e fim da miséria. Institucionalmente, Antonio Augusto de Queiroz, o Toninho, diretor de documentação do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), concordou que o ambiente é propício. E salientou que, se por um lado a Presidente da República não deve se posicionar a favor de bandeiras históricas dos trabalhadores, como por exemplo a redução da jornada semanal – o que caberá ao movimento sindical pautar e reivindicar –, por outro também não atenderá à flexibilização de direitos.

        Ponto a favor nessa luta é que, no âmbito social, a organização dos trabalhadores deu demonstração de força e presença, como observou Vargas Netto. A dos engenheiros trouxe, nesse contexto, como contribuição o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – lançado pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), com a adesão do SEESP, que propugna por uma plataforma nacional de desenvolvimento sustentável com inclusão social. Como continuidade, inicia neste ano a discussão sobre o que precisa ser feito para a Copa do Mundo em 2014.

        Com uma visão de futuro, o sindicato criou o Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia), que, segundo seu coordenador-geral, Antonio Octaviano, visa “formar mais e melhores engenheiros para dar conta dos desafios que se colocam para a sociedade brasileira”. Com esse norte, deverá iniciar suas atividades em 2012, com a abertura de dois cursos de graduação voltados à inovação tecnológica. Nessa mão correta, segundo Vargas Netto, é que se realizarão as interlocuções nas campanhas salariais em 2011, em prol da categoria e da sociedade como um todo.

 

Privilegiar as negociações e a qualificação
        Esse foi o recado dado por vários dos representantes de recursos humanos das empresas com que o SEESP negocia. Entre eles, Alfredo Bottone, diretor corporativo da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), que foi categórico: “Temos que exaurir as negociações, estar dispostos a discutir acordos coletivos entendendo o contexto.” Ana Cristina Russo, do Departamento de RH da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), revelou a expectativa de um diálogo positivo entre capital e trabalho. “Esperamos por uma conclusão de forma legal para todo o mundo.” Para José Borges Filho, da SPTrans (São Paulo Transporte S/A), o contato com o SEESP é positivo, embora por vezes acirrado, mas o processo tem sido tocado com muita inteligência. Carlos de Freitas Nieuwenhoff, negociador do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), também salientou esse aspecto. “Foram 22 convenções coletivas que firmamos com os engenheiros e a única levada ao tribunal foi em 1999.”

        Elizabete Cristina de Carvalho, gerente de RH da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), ponderou: “Estamos buscando um bom tom nas negociações.” Porém, indicou que esse não é um caminho tão fácil, uma vez que a empresa é pública e tem que se submeter às regras definidas pelo Codec (Conselho de Defesa dos Capitais do Estado). Posição ratificada por Marcelo Moraes Isiama, diretor de representação da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que apontou como dificuldade adicional as mudanças administrativas por que tem passado a empresa.

        Além de manifestarem a intenção de diálogo produtivo, representantes das companhias, como Cristina Auxiliadora, da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), propuseram-se a contribuir com o projeto do Isitec. “Temos um programa em parceria com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) que forma mestres profissionais em engenharia aeronáutica. Até agora, 1.200 engenheiros participaram. Assim, vemos com bons olhos a iniciativa do SEESP e nos colocamos à disposição.” Também compuseram a mesa durante o seminário Hildo Martins da Silva, da Telefônica; Sérgio Passi, do Sírio Sistemas Eletrônicos; Marcel José de Paula, da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo); José Roberto, da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A); André Luiz Pinto, da Elektro; Alexandre Ferreira, da Usiminas; Joarez Campos Oliveira, da Cesp (Companhia Energética de São Paulo); e Luiz Antonio Escarabello, da Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista).

 

 

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