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18/07/2023

Demandas por inovação e sustentabilidade abrem boas perspectivas ao engenheiro químico

Soraya Misleh/Comunicação SEESP

 

Responsável por projetar e implementar inovações nos produtos e processos das empresas, sob a ótica da sustentabilidade, o engenheiro químico encontra ampla gama de oportunidades de trabalho. Quem garante é a profissional da área Suellen Nunes.

 

A perspectiva para essa mão de obra qualificada, como afirma, “é de aumento da procura, visto a dinâmica do mercado, que necessita cada vez mais de inovação para atender as novas demandas, desenvolver produtos com maior desempenho e durabilidade, com menor custo de produção e impacto ambiental e social reduzido”.

 

Conforme o Mapa da Profissão elaborado pela área de Oportunidades na Engenharia do SEESP, entre suas atribuições estão controlar processos químicos, físicos e biológicos definindo parâmetros, padrões, métodos analíticos e sistemas de amostragem; desenvolver processos e sistemas por meio de pesquisas, testes e simulações de processos e produtos; projetar sistemas e equipamentos técnicos; implantar sistemas de gestão ambiental e de segurança e fiscalizar ações de controle; coordenar equipes e atividades de trabalho; além de elaborar documentação técnica.

 

Atualmente são 21.010 engenheiros químicos registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), dos quais 8.655 são mulheres. Como parte desse universo, a jovem Suellen Nunes revela que não foram poucos os desafios a serem enfrentados, em meio a preconceito e resistência.

 

Engenheira química Suellen Nunes: profissão oferece oportunidades de evoluir profissionalmente e contribuir para o bem comum. Foto: Acervo pessoal 

Formada em 2017 pela Faculdade São Bernardo do Campo (Fasb), com MBA em gestão de projetos pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e em vias de obter certificação voltada ao domínio de ferramentas e estratégias que visam a melhoria da execução de processos industriais voltados para o segmento da borracha, ela dá o recado às jovens que desejam seguir a profissão: “Os desafios são inevitáveis, porém nos permitem amadurecer e crescer. Venham agregar positivamente a esse segmento que oferece muitas oportunidades e possibilidades de evoluir profissionalmente e contribuir para o bem comum, mostrando toda a garra e capacidade que nós mulheres temos!”

 

O que a levou a escolher a profissão de engenheira química? Por favor, conte sobre sua trajetória profissional até os dias atuais.

Sempre tive gosto e encanto pelas ciências exatas. Por influência do meu pai, que trabalhava com plástico numa indústria de fabricação de faróis automotivos, após o término do ensino médio, prestei a prova para fazer o curso técnico em plásticos no Senai Mário Amato e consegui uma vaga. Em paralelo, consegui uma bolsa de estudos pelo ProUni [Programa Universidade para Todos] para estudar Tecnologia dos Polímeros nas Faculdades Oswaldo Cruz. No período, tive a oportunidade de trabalhar na Colgate Palmolive, como auxiliar de produção no setor de injeção plástica, e lá pude vivenciar a sistemática de chão de fábrica de uma empresa multinacional. Depois estagiei prestando suporte técnico ao gerente de qualidade de uma empresa que fabricava peças técnicas injetadas em plásticos de engenharia para a indústria automotiva. Aprendi a elaborar documentações referentes à ISO 9001, ministrar treinamentos e dar suporte ao time de produção e clientes referente à qualidade de processos e produtos. Por último, estagiei na Rubbercity, empresa com 56 anos de mercado que atua no fornecimento de revestimentos de borracha e poliuretano para cilindros. Iniciei em outubro de 2011 e aqui estou até o momento. Nessa empresa tive a sorte e grande oportunidade de aprender sobre a tecnologia da borracha com o engenheiro químico Henrique Rodrigues, que na época tinha 50 anos de experiência no segmento da borracha, era uma pessoa brilhante. Trabalhamos juntos por cinco anos. Ele me orientou e direcionou em todos os sentidos, foi quem me incentivou a cursar a engenharia química. Após alguns anos se afastou do cargo para tratar de problemas de saúde e infelizmente veio a falecer. Por ter estado com ele e absorvido o conhecimento, passei a ser a engenheira química e responsável técnica pelas atividades da empresa. Hoje atuo com desenvolvimento de formulações de borracha para diversos segmentos, suporte técnico a clientes internos e externos, estudo de novas tecnologias de materiais e processos e sua implementação. Após três anos de conclusão da Faculdade de Engenharia Química, senti que precisava me aprofundar em conhecimentos de gestão e utilização de ferramentas para obter melhores resultados nos trabalhos realizados. Foi quando iniciei o MBA em Gestão de Projetos pela Esalq/USP, concluído em 2022. Hoje estou me certificando em Green Belt Lean Six Sigma, com a finalidade de obter domínio sobre ferramentas e estratégias que visam a melhoria da execução de processos industriais voltados para o segmento da borracha.

 

Quais as áreas de atuação para o engenheiro químico?

São muitas as possibilidades, entre elas desenvolvimento e gerenciamento de produtos e processos, desde a obtenção das matérias-primas até a concepção do produto final, nos segmentos de polímeros, petróleo e gás, alimentos, metalmecânico, farmacêutico, energia renovável e biotecnologia.

 

Como está o mercado de trabalho para o profissional hoje e quais as perspectivas?

O mercado apresenta boas e diversas oportunidades para os profissionais qualificados. A perspectiva é de aumento da procura por eles, visto a dinâmica do mercado, que necessita cada vez mais de inovação para atender as novas demandas, desenvolver produtos com maior desempenho e durabilidade, com menor custo de produção e redução de impacto ambiental e social.

 

Quais os impactos do trabalho do engenheiro químico nas empresas e sociedade?

O engenheiro químico é o principal responsável por projetar e implementar inovações nos produtos e processos das empresas. Dessa forma, impacta positivamente o desenvolvimento da sociedade. Cabe a ele buscar em seu trabalho as melhores práticas, aplicáveis de forma a garantir o bem-estar das pessoas e preservar o meio ambiente.

 

Quais as inovações na engenharia química nos últimos dez anos?

Criação de processos e produtos sustentáveis, desenvolvimento de novas tecnologias de energia renovável, criação de materiais avançados por nanotecnologia, interação com a indústria 4.0, integrando sistemas aos processos e otimizando-os.

 

Poderia destacar seus trabalhos de pesquisa e dar dicas de aprimoramento profissional?

Pesquisa de substituição de materiais e insumos por outras opções com mesmo resultado final e menor custo. Compostos para aplicações diversas no segmento de revestimento de cilindro. Adequação de propriedades dos compostos para suportar mecânica e quimicamente as condições de trabalho. Acredito que o aprimoramento profissional consiste em ter bons fundamentos teóricos, buscar sempre novos aprendizados e conciliá-los à prática, observando e aprendendo com os erros e acertos do dia a dia. É muito importante também trabalhar bem em grupo, saber ouvir, aprender com o próximo e ter resiliência.

 

Qual o projeto de maior destaque que participou?

Um dos projetos que realizei foi o desenvolvimento de composto de borracha, utilizando matérias-primas de alto desempenho, combinadas com cargas reforçantes obtidas por meio de nanotecnologia para a indústria de papel e celulose, resultando em ótimo custo x benefício.

 

Enfrentou alguma dificuldade na profissão ou discriminação por ser mulher? Quais as dicas para jovens mulheres que querem seguir a profissão de engenheiras químicas?

Inúmeras dificuldades. Passei por muitos preconceitos, por ser mulher e jovem atuante num chão de fábrica onde todos os demais colaboradores eram homens e mais velhos do que eu. Era notável a resistência em aceitarem as orientações e colaborarem com a execução das atividades. Com a convivência, tempo e maturidade, adquiri a capacidade de criar relacionamentos de confiança, desenvolvendo trabalhos em conjunto com resultados positivos que favoreciam ao grupo como um todo. Dessa forma, conquistei credibilidade como profissional, revertendo totalmente o cenário inicial. Foi desafiador, mas posso afirmar com toda a certeza que é possível criar uma condição nova e favorável para a realização do trabalho. A recomendação para as jovens mulheres que querem seguir a profissão é que estudem, se atualizem, procurem profissionais referências da área de interesse para buscar mentoria, coloquem em prática os conhecimentos adquiridos no trabalho ou voluntariado, observando e aprendendo com erros e acertos, criem relações de confiança com a equipe, pois em conjunto é que se atingem os objetivos. Os desafios são inevitáveis, ainda mais para nós, mulheres, porém nos permitem amadurecer e crescer. E por fim, venham agregar positivamente a esse segmento que oferece muitas oportunidades e possibilidades de evoluir profissionalmente e contribuir para o bem comum, mostrando toda a garra e capacidade que nós mulheres temos!

 

 

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