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14/02/2023

Com mercado em alta, engenheiro metalurgista tem amplo leque de atuação

Soraya Misleh

 

Com atuação em processos metalúrgicos, desenvolvimento de produtos, instalações e equipamentos destinados a essa indústria, bem como beneficiamento de minérios, entre outros serviços afins e correlatos, a Engenharia Metalurgista se apresenta como uma profissão bastante atrativa e com grande potencial na carreira. A descrição consta do Mapa da Profissão elaborado pela área de Oportunidades na Engenharia do SEESP.

 

Os profissionais da modalidade, ainda segundo a publicação, “projetam estruturas, propriedades e processos de materiais”. Assessoram “na transformação de matérias-primas em produtos” e os desenvolvem, bem como “processos e aplicações, gerenciam a qualidade de matérias-primas, produtos e serviços e elaboram documentação técnica”. Podem ainda prestar consultoria técnica.

 

Engenheira Bruna Nunes dos Santos: "Lugar de mulher é onde ela quiser." Foto: Acervo pessoal 

O mercado de trabalho para o engenheiro metalurgista está em alta, como garante Bruna Nunes dos Santos. Ela é uma das 548 mulheres graduadas na área no Brasil, segundo estatísticas do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) – no total, são 4.844 profissionais da modalidade.

 

Formada pelo Instituto Federal do Espírito Santo há quatro anos, Bruna trabalha hoje como Supervisora de Manutenção Preventiva na mina da Vale do Rio Doce em Carajás, no Pará. Nesta entrevista ao SEESP, entre outras questões, fala sobre sua trajetória profissional, potencial do mercado de trabalho e possibilidades de atuação. E destaca: “Lugar de mulher é onde ela quiser.”

 

Confira a seguir:

 

O que a motivou a escolher a profissão de engenheira metalurgista?

Minha motivação veio de lecionar a disciplina de soldagem, é uma área com que sempre me identifiquei, e a metalurgia está diretamente relacionada a ela.

 

 

Havia muitas mulheres na turma?

Na turma de 40 alunos, havia quatro mulheres, já contando comigo. Houve evasão de parte dos estudantes, mas todas nós nos formamos, e somos melhores amigas desde a época da faculdade. Todas estão empregadas, atuando na área.

 

Você sentiu algum tipo de discriminação ao longo de sua formação e trajetória profissional?

Durante a minha formação não me senti discriminada, mas no meio industrial já ouvi comentários, “em tons de brincadeira”, do tipo: se eu estivesse com uma vassoura na mão me sairia melhor. Em outra situação, carregando umas latas de tintas, se eu estaria indo pintar uma casinha. Enfim, comentários desse tipo não podem mais ser tolerados, lugar de mulher é onde ela quiser.

 

Conte um pouco sobre sua trajetória profissional, do início até hoje.

Eu já atuava como professora de soldagem, no Senai-ES, o que me motivou a buscar mais conhecimentos e iniciar uma graduação em Engenharia Metalurgista. Depois de formada, ainda atuei como coordenadora dos cursos técnicos industriais de outra instituição privada. Aproximadamente um ano após essa experiência, dei início a uma jornada em uma das maiores mineradoras que temos hoje, a Vale. Comecei em um programa de inclusão de mulheres conhecido como “Formação Profissional”, e posteriormente fui movimentada para o cargo de Mecânica 1, atuando muito na prática de manutenção e soldagem de ativos da usina de pelotização. Após mais um ano, nova oportunidade surgiu; vim para o Pará, atuei por 11 meses como engenheira de planejamento em uma parceira da Vale, no Complexo Eliezer Batista, S11D, onde aprendi muito e me desenvolvi mais tecnicamente. Depois dessa experiência fui convidada a retornar para a Vale, agora com um novo desafio, como Supervisora de Manutenção Preventiva, onde atuo liderando um time de 13 homens na frente de serviços para manutenção de componentes de equipamentos de mina.

 

 

Qual o potencial de mercado, possibilidades de atuação e perspectivas?

Hoje, o profissional da área de Engenharia Metalurgista pode atuar em diversas áreas, como por exemplo empresas do setor automotivo, de transportes aéreo e naval, em produtoras de petróleo, em empresas do ramo metalmecânico, prestadoras de serviços de tratamentos térmicos e termoquímicos, siderúrgicas, fundições e forjarias, entre outras, além de empresas de extração e refino de metais preciosos. Ou seja, nossa perspectiva para o mercado de trabalho está em alta, por isso vamos começar a reforçar a nossa trajetória profissional no currículo. Se você tem experiência, descreva tudo, do mais recente para o mais antigo. Assim, o recrutador pode ter uma ótima ideia da evolução da sua carreira. Caso não tenha experiência, é possível incluir também trabalhos universitários ou voluntários. E não podemos esquecer de divulgar nosso currículo em sites e redes sociais profissionais, o que vai ajudar a alavancar nossa carreira.

 

Quais as inovações da área de Engenharia Metalurgista?

É uma profissão que vai fornecer o material necessário para a produção de diversos materiais. A Engenharia Metalúrgica contribui com o desenvolvimento ao transformar minerais em ligas que serão usadas na construção de ferrovias, na instalação da indústria automobilística no País, na criação da área aeronáutica nacional, dentre outras. Um dos nossos desafios de inovação está nessas transformações.

 

Qual o projeto de maior destaque que participou?

O maior projeto que eu participei até agora foi a implantação da Usina V, conhecida como Usina Gelado, localizada em Carajás, no Pará. O processo se dá com o minério contido na barragem do Gelado, que será dragado, peneirado e espessado para ser enviado aos tanques de alimentação do mineroduto, que transferirá a polpa até a concentração magnética localizada na Usina 1 de Carajás. Esse projeto conta com duas inovações: o sistema de mineroduto (primeira vez usado na Vale) e, também de forma inédita, o sistema de dragagem, com cortador, cuja draga foi projetada e construída para escavar sedimentos submersos, tais como lodo, areia, rejeito de minério etc.. O material escavado é transportado hidraulicamente por tubos, com o auxílio de uma bomba centrífuga de dragagem.

 

Usina Gelado, em Carajás, no Pará. Foto: Acervo pessoal 

Quais as dicas para aprimoramento profissional ao engenheiro metalurgista?

Depende muito da área que o profissional quer seguir carreira. Eu me apaixonei pela gestão, atualmente faço mestrado em Engenharia Metalúrgica pelo Instituto Federal do Espírito Santo e um MBA em Gestão de Projetos. Mas a pós-graduação se torna um curso fundamental para seguir e se desenvolver melhor na área.

 

Qual a recomendação a um estudante que pensa em estudar Engenharia Metalurgista?

Dificuldades e obstáculos fazem parte da nossa caminhada, o “não” que vamos ouvir, tudo isso faz parte do nosso crescimento. Podemos chegar onde quisermos, temos que usar todas essas adversidades como degrau. Podemos ser quem quisermos, podemos chegar a quaisquer lugares. Desistir nunca.

 

Você se sente realizada na profissão?

Me sinto realizada profissionalmente. O céu é o limite, esse é apenas mais um degrau para que eu possa chegar ao meu objetivo de gerenciar uma equipe ainda maior.

 

 

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