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27/11/2022

Profissionais que garantem condições dignas e seguras de trabalho

Soraya Misleh – Comunicação SEESP

 

No próximo 27 de novembro é celebrado o Dia do Engenheiro e Técnico de Segurança do Trabalho. A data marca a regulamentação da profissão, através da Lei no. 7.410/1985. Segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), atualmente há 83.257 desses especialistas registrados no Brasil, sendo 65.199 homens e 18.058 mulheres. No Estado de São Paulo são 19.004 do gênero masculino e 3.603, feminino.

 

Foto: Divulgação 

Entre suas atribuições, conforme o Mapa da Profissão elaborado pela área de Oportunidades na Engenharia do SEESP, estão controle de perdas de processos, produtos e serviços ao identificar, determinar e analisar suas causas, “estabelecendo plano de ações preventivas e corretivas”.

 

Ainda, os engenheiros da área “desenvolvem, testam e supervisionam sistemas, processos e métodos produtivos, gerenciam atividades de segurança no trabalho e do meio ambiente, gerenciam exposições a fatores ocupacionais de risco à saúde do trabalhador, planejam empreendimentos e atividades produtivas e coordenam equipes, treinamentos e atividades”.

 

Clique aqui e saiba mais no Mapa da Profissão do SEESP

 

Por ocasião do dia 27 de novembro, em homenagem a esses especialistas, o SEESP entrevistou a engenheira de segurança do trabalho Liane Dilda, consultora e conselheira de administração em sustentabilidade.

 

Liane Dilda, engenheira de segurança do trabalho: ganhos à diversidade e mudança de cultura organizacional. Foto: Acervo pessoal

 

Reunindo ampla experiência de mais de 35 anos de profissão, com atuação em empresas nacionais e multinacionais de energia e mineração, sua trajetória é marcada por grandes contribuições para a cultura de prevenção nas empresas, atualizações e revisão curricular, bem como à inserção feminina e ampliação da diversidade, tendo participado ativamente para a conquista de mudança da nomenclatura para “engenheira” – contemplando gênero.

 

Liane Dilda é especialista em planejamento estratégico e gestão empresarial no desenvolvimento de novas culturas e estruturação organizacional de saúde, segurança, meio ambiente, qualidade, responsabilidade social corporativa e sustentabilidade (ESG – Environmental, Social and Governance; em português, governança ambiental, social e corporativa), bem como em gestão de riscos e de crises.

 

Seu extenso currículo inclui atuação acadêmica, com coordenação de cursos, congressos e seminários, além de participação em conselhos de administração e comitês executivos de grandes companhias nacionais e multinacionais. Tem experiência internacional e multicultural na implementação e gestão de projetos focados em diagnóstico, desenvolvimento e seguimento de sistemas de gestão, auditorias que abrangeram países da América Latina, América do Norte, Europa, África, Austrália e Ásia. Confira a entrevista a seguir:

 

O que a levou a escolher a profissão de engenheira de segurança do trabalho?

Sou engenheira civil, em 1986 buscava uma especialização, algo diferente. Me matriculei no curso de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho na PUC [Pontifícia Universidade Católica] de Porto Alegre e me encantei, tratava de controle de acidentes e prevenção de perdas.

 

Você foi a responsável pela mudança na nomenclatura para engenheira, considerando o gênero?

A gente participou desse movimento, contribuí muito para a inserção da mulher na área da saúde e segurança. Ao longo da carreira fui incluindo responsabilidade social, meio ambiente, gestão de riscos e de crises. No começo da minha profissão fui a lugares, obras e tal, em que não havia sequer banheiro feminino. Entendo até hoje que o espaço da mulher precisa ser melhor compreendido, numa visão mais holística, com equipes multidisciplinares, não só em gênero, mas também em idade. Homens e mulheres trabalhando juntos agregam muito mais, aplicam competências necessárias, úteis e complementares para juntos resolverem os diversos problemas e assumirem responsabilidades compartilhadas perante a sociedade, as empresas, as organizações, a família,o meio ambiente e a vida. A diversidade de gênero tem importância fundamental na gestão de crises. Hoje a mulher já tem espaço maior nessas atividades e grande contribuição. Eu também participei do grande movimento pela mudança do currículo e na definição da atribuição do engenheiro de segurança do trabalho, que estão valendo até hoje. Representava o Rio Grande do Sul no Comitê Nacional para revisão do currículo, e era uma das coordenadoras do primeiro curso de pós-graduação na PUC [Porto Alegre] após essa revisão.

 

Na época em que você se formou havia poucas mulheres, alguma vez enfrentou discriminação?

Não. Havia pouquíssimas mulheres na época, já aumentou bastante o número tanto na área de segurança quanto da saúde, meio ambiente.

 

Conte um pouco sobre sua trajetória profissional.

Atuei por mais de 35 anos em grandes empresas de energia e mineração, nacionais e multinacionais, no Brasil e em grandes países. Fui coordenadora de curso de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, participei de muitos congressos e seminários divulgando as boas práticas. Atuei no Comitê de Elaboração da NR-10 [Norma Regulamentadora relativa às condições mínimas de segurança para o trabalho em instalações e serviços de eletricidade]. Além de evitar muitos acidentes, minha grande contribuição foi a mudança de cultura em especial nos níveis de liderança, formação profissional voltada à mudança na forma de atuar em prevenção, como falar a linguagem das empresas e que integre todas essas disciplinas em seu processo decisório. Hoje trabalho como conselheira de administração e consultora na área de sustentabilidade. Também sou voluntária de mentoria para as mulheres que estão montando seu próprio negócio ou querem se tornar líderes. Já mentoreei uma arquiteta e uma engenheira, para mim vem sempre alguém da área. Tenho muitos seguidores que aprendem comigo, e eu com eles. Sou uma eterna aprendiz. Agora mesmo estou fazendo um curso de economia circular.

 

Quais as áreas de atuação para um engenheiro de segurança do trabalho?

A própria Engenharia de Segurança em si [confira no Mapa da Profissão do SEESP], gerenciamento de riscos, de crises, meio ambiente e aquisição de outras competências para o trabalho com sustentabilidade. O ESG  já inclui a parte de segurança do trabalho. Numa revisão curricular tem que abranger a parte social, para o bem-estar, a qualidade de vida etc..

 

Tudo isso requer educação continuada?

Sim, sempre. Já perdi a conta do número de cursos e treinamentos que fiz, entre eles MBA em Gestão Empresarial, em Segurança, em ESG. Uma questão importante para o profissional é entender melhor o funcionamento dos processos organizacionais, seja no terceiro setor, na indústria, na prestação de serviços. Precisa adquirir outros conhecimentos além do técnico, como essa parte de gestão e liderança. Aprender a trabalhar em equipe e se comunicar, saber fazer leitura de cenários, entender o momento da empresa, recursos disponíveis e propor ações de acordo, aumentando a cultura [de prevenção]. O profissional precisa ampliar o foco, para tanto os currículos necessitam de nova revisão e ampliação, vinculando sustentabilidade, gestão empresarial, estratégia de liderança para apresentar e aprovar projetos.

 

Quais as perspectivas e oportunidades ao engenheiro de segurança do trabalho hoje?

Há um entendimento maior nas empresas sobre a importância da saúde e segurança no trabalho. Ficou cada vez mais evidente com a pandemia, para garantir a vida das pessoas. Como exemplo têm-se sistemas híbridos onde é possível, e há riscos não mapeados, dentro e fora da organização, no meio ambiente. Covid-19, inundações, tudo isso impacta os aspectos de segurança; não podemos dissociar o ser humano do meio físico e psíquico, temos que pensar saúde integral. As áreas de suporte precisam de atualização, pensar em como adequar as condições de trabalho para o home office. ESG é a nova roupagem empresarial para sustentabilidade, o grande guarda-chuva, e para implementar um sistema que contemple isso é necessário governança, estratégia, objetivos, metas. Isso tudo abre oportunidades ao engenheiro de segurança do trabalho, desde que adquira novas competências, esteja preparado.

 

Conheça mais sobre a profissão nas páginas 114 a 117 do Guia das Engenharias do SEESP

 

 

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