Topógrafo é indispensável na construção civil

Quem sonha com um mercado constante, pouco sujeito às oscilações da economia, tem como alternativa atuar como topógrafo. É o que garante o engenheiro civil João Paulo Pantaleão, diretor técnico da Solo Ambiente.

Formado pela Universidade de Taubaté em 1979, ele desempenha essa atividade desde então. Segundo assegura, o segmento não sofre muitos altos e baixos, porque o campo de trabalho é vasto. O topógrafo é indispensável em qualquer obra de engenharia civil, desde a construção de barragens, pontes ou estradas até empreendimentos imobiliários.

Basicamente, tal profissional é responsável pelo levantamento planialtimétrico da área onde se pretende realizar a obra. Assim, sua rotina inclui o cadastro de construções, estradas, córregos, nascentes, manchas de vegetação e afloramentos rochosos ali encontrados. Conforme o diretor, o topógrafo deve dar todas as informações possíveis ao projetista, até para que não haja o risco de se infringir a legislação ambiental ou urbanística. “É fundamental ter a localização exata de uma nascente, porque a lei determina que um raio de 50 metros dessa seja de preservação. A pessoa que vai usar esse trabalho tem que olhar a planta fornecida pelo topógrafo como se estivesse visualizando o próprio terreno”, ilustra Pantaleão.

A caracterização da localidade antecede qualquer projeto. “Por exemplo, na implantação de um loteamento ou condomínio, o profissional levanta todas as divisas existentes em campo e as confronta com as constantes no título de propriedade do imóvel. Quando há diferença, são efetuados processos judiciais de retificação. Nesse caso, o topógrafo apresenta também um memorial descritivo.”

Pantaleão salienta que o trabalho desse profissional não é só em campo. “Começa no escritório. É essencial planejar sua ida, ver se há muita vegetação ou não, se é necessário abrir picada, se as divisas estão bem demarcadas, se é uma cidade distante e não compensa ir e voltar todos os dias. É preciso preparar a estrutura para ter produtividade.”

A atuação do topógrafo também não acaba com o início da obra. Além de acompanhar sua execução, entre suas funções está realizar medições de terraplanagem. “Normalmente, a contratação desse serviço é por volume de corte e quem quantifica isso é o topógrafo”, explica o diretor.

Exercício ilegal
Para seguir essa carreira não é necessário especialização. Basta a formação na modalidade civil ou em agrimensura. A partir daí, é imprescindível familiarizar-se com os aparelhos de topografia (teodolito ou estação total) e manter-se atualizado.

As diversas frentes de atuação tornam o mercado promissor ao engenheiro. Contudo, esse profissional enfrenta o problema da proliferação de “topógrafos” sem a devida formação e convive com a falta de fiscalização adequada para inibir a atuação desses. Conforme Pantaleão, são os chamados “práticos”, pessoas que foram ajudantes de obras e aprenderam o ofício. Como é obrigatório recolher a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), eles fazem o serviço, mas quem assina é um engenheiro. Na análise do diretor, conseqüentemente, pode ocorrer de um projeto aprovado, no momento da execução, não caber na área. Isso demonstra a importância da capacitação adequada para o desempenho da atividade. E o risco de um engenheiro assumir um trabalho que não fez, em detrimento do seu colega.

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