Um engenheiro a serviço da democracia

Assim pode se definir o cotidiano de Antonio Esio Marcondes Salgado, o qual participou da concepção da urna eletrônica no Brasil.

Atuar nessa área exige, na sua análise, que o profissional tenha bom-senso, seja confiável e bom tecnicamente.

Professor no curso de Ciência da Computação na Universidade de Taubaté há 15 anos e consultor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, Salgado é engenheiro eletrônico formado em 1980 pela PUC-RJ, com mestrado em Eletrônica e Telecomunicações pelo Inpe. Ele orgulha-se de sua participação na criação de um sistema o qual considera “simples, confiável, robusto e que atende às nossas necessidades”.

Contratado no Instituto durante seu mestrado, em 1982, como assistente de pesquisa para a “Missão Espacial Completa Brasileira”, começou a trabalhar, a partir de então, com rede de comunicação de dados. “Essa foi minha função ao longo dos anos no Inpe, além de atuar na concepção de alguns equipamentos de aplicação específicos”, relata.

De acordo com Salgado, em 1992, a equipe à qual ele integrava desenvolveu projeto para o Ministério da Saúde, dando solução à comunicação de dados daquele órgão governamental. Um ano depois foi chamado a modernizar a infra-estrutura de redes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), bem como seu “parque computacional”. Tal estruturação, envolvendo o País inteiro, foi feita durante todo o ano de 1994. Esse trabalho incluía, conforme conta o engenheiro, a compra de equipamentos e a montagem de um ambiente de rede para todos os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais).


Modernização
Em 1995, o então ministro Carlos Veloso, presidente do TSE na época, sugeriu uma modernização também no processo eleitoral. “Aí meu trabalho passou a ser na especificação da urna eletrônica. As primeiras saíram em 1996. Com o pleito naquele ano, foram instaladas em todas as capitais do Estado e nas cidades com mais de 200 mil eleitores.” 

Hoje, Salgado continua participando de projetos no Inpe, mas atua especialmente junto à Justiça Eleitoral. Sua rotina abrange verificar a produção da urna eletrônica para o próximo pleito geral em 6 de outubro e garantir o padrão de qualidade do equipamento, de modo que não haja falhas. “Paralelamente, tenho que ajudar o TSE na concepção do que tem que ser usado em termos de comunicação de dados para as eleições.”  


Significado especial
Na sua opinião, utilizar urnas eletrônicas nas eleições para o Sistema Confea/Creas, no dia 3 de julho próximo – o que ocorrerá na maioria das capitais dos estados, inclusive na de São Paulo –, é viável. “Tecnicamente não há motivo para não usar”, garante. E complementa: “A não ser que haja muita nostalgia e romantismo, a urna convencional de lona não vale a pena, dá um trabalhão na hora de apurar que pode ser amenizado com a eletrônica.”

Para Salgado, como engenheiro, observar o fruto do seu trabalho ser utilizado no pleito para escolher os representantes do Conselho ao qual está ligado profissionalmente terá um significado especial. “É ver algo que ajudamos a conceber sendo útil para a minha categoria. Ficarei orgulhoso”, enfatiza.

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