Prevista a destinação de recursos da Cide ao transporte

As entidades do setor de transportes ou que representam trabalhadores desse segmento obtiveram importante vitória. Seu empenho foi fundamental para assegurar a destinação de recursos da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) – que incide sobre a importação e a comercialização de petróleo e gás natural e os derivados de ambos, bem como sobre o álcool etílico combustível – ao transporte urbano.

Essa garantia está prevista no Projeto de Lei nº 6.770/02, cujo relator é o deputado Eliseu Resende, que dispõe sobre a aplicação das verbas do tributo em questão, atendendo à Lei nº 10.336/01. Embora tenha sido dado apenas o passo inicial, com sua votação somente na Comissão de Viação e Transportes da Câmara Federal, no dia 8 de maio último – o projeto tem que passar ainda pelo plenário daquela casa e depois pelo Senado –, as entidades já comemoram. Fruto de amplo debate, com a participação de muitas delas, incluindo SEESP, Aeamesp (Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô), Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários), ANTP (Associação Nacional do Transporte Público) e Abifer (Associação Brasileira das Indústrias Ferroviárias), além das secretarias Estadual dos Transportes Metropolitanos e Municipal dos Transportes, o projeto de lei institui o FNIT (Fundo Nacional de Infra-estrutura de Transportes). De seus recursos, 25% serão destinados à infra-estrutura do transporte público metropolitano urbano. “A previsão é que a Cide possibilite a arrecadação de cerca de R$ 10 bilhões por ano, dos quais em torno de R$ 8 bilhões deverão ir para o FNIT. Desses, aproximadamente R$ 2 bilhões poderão ser aplicados em transportes urbanos, contribuindo de forma significativa para a solução do grave problema de mobilidade nas nossas cidades, principalmente nas regiões metropolitanas”, destaca o secretário Estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes.

Não está definido como será repartido o bolo entre as grandes metrópoles do País. “Isso vai depender de os governos estaduais apresentarem projetos, os quais serão analisados pelo Conit (Conselho Nacional de Integração das Políticas de Transportes), também criado pelo projeto de lei. Outra vitória é que nesse conselho de ministros haverá a participação de três entidades nacionais representantes da sociedade civil”, explica Laerte Conceição Mathias de Oliveira, diretor do SEESP e coordenador do Grupo de Trabalho de Transporte e Trânsito dessa entidade.


Contrapartida
Na opinião de Fernandes, é preciso que os governos solicitantes apliquem contrapartida de recursos, para evitar desvios e fraudes. “Para São Paulo ou qualquer outro local do País, deverão ser exigidos bons projetos, exeqüíveis e de impacto social. O Governo do Estado de São Paulo, em particular, tem planos para os próximos 20 anos”, complementa o secretário.

O presidente da Comissão de Viação e Transportes da Câmara, deputado federal Duilio Pisaneschi, protocolou no final de maio requerimento para que esse projeto seja votado na Câmara em regime de urgência. Sua expectativa é que a aprovação ocorra ainda neste semestre, de modo a garantir a verba para 2003. Para ele, sem dúvida melhorará a situação do transporte a médio e longo prazos. “Porém, acho que só vamos ter condição de aprimorar tudo quando tivermos uma reforma tributária, de maneira que todos paguem menos e o bolo passe a ser distribuído em todas as áreas essenciais.”

Segundo o secretário, embora os recursos não sejam suficientes para solucionar integralmente o problema, o importante é que serão permanentes e estáveis. “Atualmente, do total de recursos do Tesouro do Estado, a disponibilidade de investimentos ao transporte público é sempre muito baixa.”

Laerte considera, portanto, essa destinação de verbas uma grande vitória, “pois há muitos anos buscamos recursos da União”.

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