Ação sindical

Rumo aos acordos coletivos

 

Promovido pelo SEESP em 10 de abril, o “Seminário sobre Campanhas Salariais”, em sua sexta edição, sinalizou para a possibilidade de negociações frutíferas entre empregados e patrões neste ano. Com isso, manteria-se, conforme o analista sindical João Guilherme Vargas Netto, a característica de 2005, quando, de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 88% dos acordos coletivos de trabalho resultaram em aumento igual ou maior que a inflação no período.

Contudo, ele admite que há dificuldades a ser superadas para que efetivamente se alcance o objetivo desejado. Entre elas, Vargas Netto aponta o crescimento econômico medíocre – em 2005, ficou em apenas 2,3%, segundo o Banco Central, e os prognósticos agora não são muito animadores – e o fato de este ser um ano eleitoral. É nesse contexto que se inserem as campanhas salariais dos engenheiros, os quais, em 2006, precisam ir além das lutas com vistas a melhores acordos coletivos de trabalho e contribuir com propostas e sugestões aos candidatos. A bem do País, esse envolvimento é fundamental, avalia o assessor técnico do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Antônio Augusto de Queiroz.

Conforme ele, é o que vêm fomentando FNE e SEESP, que vão elaborar, ao final de uma série de seminários preliminares ao Conse (Congresso Nacional dos Engenheiros), a se realizar em setembro próximo, um programa com sugestões aos candidatos. Vargas Netto atestou: “Da capacidade de se apoiar nesses elementos positivos e influir no processo eleitoral vai depender a condição futura do movimento sindical. Vamos ter que enfrentar isso com unidade de ação para fincar nossas bandeiras para este ano e o seguinte.”

Diante disso, Niedja de Andrade e Silva Afonso, gerente de Relações Trabalhistas da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), ressaltou a importância de dialogar com a categoria diferenciada dos engenheiros. “É uma negociação de alto nível, inteligente, que reverte em crescimento aos profissionais e à empresa.” Corroborando sua afirmação, ela enumerou uma série de conquistas aos empregados da Cosipa resultantes dos últimos acordos feitos com o SEESP, como 25 dias de reciclagem tecnológica por ano por engenheiro e a retomada do programa de certificação dos engenheiros de qualidade. Capacitação e atualização profissional também fazem parte do cotidiano da categoria na Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) e foram considerados importantes pelo seu diretor de Relações Trabalhistas e Sindicais, Eugênio Calil Pedro. Com essa empresa, o sindicato não negocia diretamente, mas através da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

 

De portas abertas
Gerentes de recursos humanos de diversas outras companhias que negociam com o SEESP presentes ao seminário demonstraram disposição ao diálogo de modo a se chegar a “bom termo”. Entre eles, Leandro Figueira Neto (Elektro), Mara Suely Soares de Melo Casares (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e Orivaldo José Marcuzzo (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). Manifestando apreensão com o processo de privatização em curso na empresa, esse último apontou que, a despeito disso, fruto de negociações com o sindicato, antecipou-se a aprovação de cláusula que garante estabilidade no emprego aos engenheiros até 2009. Na Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), conforme ressaltou seu superintendente de RH, Walter Sigollo, ponto importante, a interferir nesse processo, é a renegociação dos contratos de concessão em andamento junto a diversos municípios.

Ronaldo Bento Trad, gerente da Divisão de Planejamento e Gestão de Recursos Humanos da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), garantiu: “Estamos sempre de portas abertas aos sindicatos com que negociamos.” A despeito de limitações impostas pela Comissão de Política Salarial do Governo do Estado, na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) as negociações tem assegurado resultados positivos, avaliou seu gerente de Recursos Humanos, Mario Aparecido Vascão. Para Celia Dutra, superintendente de Recursos Humanos da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo), nessa empresa, o acordo coletivo deve avançar em questões que considera essenciais, como segurança, meio ambiente, inovação no dia-a-dia de trabalho, qualidade nas relações, inclusão social e diversidade. Superintendente de Administração de RH da Telefônica, Antonio Fernando Ramires Branquinho também espera por negociação criativa, assim como Gilberto Mussi de Carvalho, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços e Instaladoras de Sistemas e Redes de TV por Assinatura e a Cabo. Para Carlos de Freitas Nieuwenhoff, negociador do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, além das questões sociais e econômicas, é fundamental trabalhar pela preservação e valorização da engenharia nacional. A data-base na maioria dessas companhias é 1º de maio, exceto nas energéticas, em junho, na CPTM e nas companhias de telecomunicações, em setembro.

 
Campanhas salariais 2006
  • Metrô – Os engenheiros aprovaram em assembléia no dia 15 de março sua pauta de reivindicações. Entre os itens que abrange estão abono de dois salários a título de reposição das perdas ocorridas a partir de 2001; reajuste com base no maior entre os índices de reposição da inflação (ICV-Dieese, IPC-Fipe e INPC do IBGE), extensivo aos benefícios; 10% de aumento real a título de produtividade; e salário normativo de nove mínimos para jornada de 8h.
  • Dersa – Em assembléia no dia 22 de março, foi aprovada a pauta de reivindicações da categoria. Os engenheiros pleiteiam, entre outros pontos, reajuste salarial com base no maior entre os índices de reposição da inflação (ICV-Dieese, IPC-Fipe, IPCA do IBGE e IGPM da FGV), extensivo aos benefícios, e salário normativo de R$ 2.400,00 para jornada diária de seis horas e de R$ 3.600,00 para oito horas.
  • Emae e Comgás – Nos dias 12 e 17 de abril, assembléia para aprovação de pauta estava prevista respectivamente junto aos engenheiros da Emae e Comgás. A data-base em ambas companhias é 1º de junho.
 

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