Dia-a-dia

Engenheiro garante o sobe-e-desce

Soraya Misleh

 

Assegurar o funcionamento de elevadores é a função de Eduardo Antunes Gellis, coordenador de serviços da empresa alemã Thyssenkrupp, e sua equipe de cerca de 200 técnicos. Desses, além dele, quatro são engenheiros, os quais compõem o quadro de “gestores de assistência técnica”. Fundamentais no dia-a-dia da manutenção, tais profissionais dão suporte ao grupo na tarefa de checar os itens elétricos, mecânicos e eletroeletrônicos do equipamento.

Isto é, de acordo com ele, coordenam e avaliam o trabalho desenvolvido pela equipe, acompanham a manutenção e atendem a reclamações em campo. As chamadas são distribuídas automaticamente por uma central de serviços aos engenheiros, que “comandam a operação”. Cada equipe tem que dar conta mensalmente de cerca de 500 clientes, entre hotéis, edifícios comerciais e residenciais da Grande São Paulo. No seu cotidiano, seus integrantes verificam portas, lâmpadas, botões, nivelamento do elevador, circuitos de segurança e quadro de comando na casa de máquinas, onde checam por exemplo os fuzíveis e chaves elétricas. Além disso, segundo Gellis, a cada três meses, conferem o tensionamento dos cabos de tração e semestralmente, o óleo.

A ele cabe a coordenação geral do trabalho e cobrança de qualidade nos serviços, bem como cuidar da parte administrativa. “Confiro diariamente toda a parte de custos operacionais e acompanho os chamados e as principais reclamações, além de efetuar reunião uma vez por mês com a equipe.” E ainda, semanalmente, ele visita grandes hotéis e edifícios.

 

Orientação – Nesses e nos demais locais, Gellis integra a equipe de campo para averiguar de perto o que está acontecendo somente quando há um problema mais grave. Sua presença é exigida, por exemplo, quando um elevador pára mais de uma vez no mês – o que, conforme ele, extrapola o limite aceitável. Segundo sua análise, além desse, os principais problemas que exigem manutenção corretiva são a queima de um fuzível, porta desajustada e falha no contato elétrico. A equipe pode ainda ser chamada porque o interfone no elevador não está funcionando. A maioria dos problemas, continua Gellis, é conseqüência de mau uso, desgaste normal do equipamento ou causas denominadas fortuitas, como alterações climáticas. Ele cita como exemplo a mudança de temperatura de calor para frio, que torna o sistema de fechamento do elevador mais lento. Daí, pode acontecer de o usuário forçar a porta e quebrar o fecho eletromecânico. Há também situações em que entra água no elevador, quando a garagem do condomínio é lavada, danificando o equipamento. Para impedir que esse tipo de interferência prejudique seu funcionamento, Gellis e seus colegas ministram mensalmente aos síndicos ou zeladores uma palestra sobre o uso correto do elevador.

Os engenheiros também ajudam a detectar problemas no prédio ou na rede da Eletropaulo, como de muita variação de energia. Eles conseguem identificar tal falha quando, por exemplo, uma lâmpada, apesar da manutenção preventiva e trocas freqüentes, insiste em queimar constantemente. “Daí, elaboramos um laudo técnico para o condomínio em que recomendamos que verifique determinados itens.”

 

Opções de trabalho – Engenheiro mecânico formado pela Unip (Universidade Paulista) em 1992 e pós-graduado em administração pela Fundação Getúlio Vargas, Gellis atua em assistência técnica há um ano, mas trabalha com elevadores há 14. Fez seu estágio na antiga Elevadores Sur, empresa nacional que, juntamente com a finlandesa Cone, foi comprada pela Thyssenkrupp. No segmento, segundo ele, geralmente formam-se os profissionais nas próprias companhias, dadas as suas peculiaridades. Nessa, os engenheiros é que são responsáveis pelo treinamento do pessoal, que ocorre não apenas quando ingressam, mas periodicamente, como forma de requalificar os profissionais à função. Todos os integrantes da equipe são submetidos a uma reciclagem pelo menos uma vez por ano, para acompanhar as inovações tecnológicas.

À categoria, a indústria de elevadores reserva ainda outras oportunidades, especialmente àqueles com formação em mecânica, elétrica e civil. “Além da assistência técnica, podem atuar no projeto, instalação e na área de vendas, em que o conhecimento técnico pesa muito”, salienta Gellis. Embora apresente uma gama de opções, o mercado de trabalho aos engenheiros encontra-se fechado. “Está parado dada a condição da construção civil, que está em baixa”, observa.

 

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