Recuperação

Centro velho da Capital deve ganhar cara nova até 2008

Rita Casaro

Ruas limpas, iluminadas e seguras, prédios restaurados, reformados e ocupados por quem não tinha onde morar, novos empreendimentos econômicos, áreas verdes recuperadas, fim das enchentes e melhoria no trânsito e transporte. Sonho de todo paulistano, isso é o que promete a Prefeitura do Município para quando estiver concluído o programa Ação Centro.

Entre 2001 e 2003, informa a administração, R$ 85 milhões foram investidos na implementação do modelo de zeladoria especial, em manutenção e remoção do lixo, recuperação de áreas públicas como a Praça do Patriarca e dado início a projetos sociais como a Oficina Boracea, destinado a moradores de rua, e Operação Trabalho, voltado a ambulantes. Para os próximos cinco anos, a iniciativa tem orçamento previsto de US$ 168 milhões, sendo US$ 100 milhões oriundos de um financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), já concedido pela instituição, à espera apenas de aprovação pelo Senado brasileiro.

Desse montante, conta Marcos Barreto, diretor de Desenvolvimento da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) e coordenador do programa, 20% serão destinados à mobilidade na região. “Tem um pedaço importante do nosso programa que é a questão da circulação no Centro de São Paulo. Para isso, vamos ter sistema de vias rápidas, como se fossem dois grandes anéis radiais para que as pessoas não precisem chegar ao coração do Centro para ir a outro local da cidade”, conta. 

Outro pesadelo da região, as enchentes comuns no Vale do Anhangabaú, também terão uma solução, promete Barreto. “Vamos corrigir isso com dois grandes piscinões, um na Praça das Bandeiras e outro na Praça 14 Bis.” Cada um dos reservatórios, de formato trapezoidal, terá 16 metros de profundidade e capacidade de armazenar 30 mil m3 de água. Será feito reforço do túnel Morenguinho, que desvia parte das águas do córrego Itororó, sob a Avenida 23 de Maio, para o Rio Tamanduateí. Também serão reformadas as galerias do córrego Saracura, sob a Avenida Nove de Julho. Previstas para 2005, as obras custarão R$ 76 milhões.

Fim da cidade fantasma
Objetivo importante também do programa é tornar o Centro viável. A tarefa está a cargo da Secretaria da Habitação, que terá  US$ 26 milhões para  “Morar no Centro”. A idéia, afirma o diretor da Emurb, é atrair a população de diferentes faixas de renda, assegurando a “diversidade”. “Para o setor mais pobre (até três salários mínimos), há o Programa de Locação Social. Nele, imóveis de propriedade do poder público, que serão reformados ou construídos, são alugados com valor subsidiado”, explica. Nessa modalidade, segundo a Secretaria, há projetos em 11 áreas, que resultarão em 1.600 unidades habitacionais.

Para quem ganha entre três e meio e seis salários, a opção será o PAR (Programa de Arrendamento Residencial), operado juntamente com a Caixa Econômica Federal. O imóvel, após reciclado para habitação, é arrendado por um período de 15 anos, com parcelas correspondentes a 0,7% do seu valor total (a avaliação máxima de cada unidade é R$ 32 mil). Após esse prazo, o morador tem a possibilidade de compra, abatendo o que foi pago. Já foram entregues 305 apartamentos e, até março, devem ser concluídos mais 160. A vizinhança mais rica, que não precisa de subsídio do Estado, aposta Barreto, será atraída simplesmente pelas melhorias.

Fundamental para que isso de fato ocorra será aumentar a segurança,  o que, informa ele, já está sendo providenciado. “Estamos inaugurando oito bases da Guarda Municipal. O efetivo na região aumentou em 300 novos guardas.” Barreto acredita, contudo, que mais que combater a violência real é preciso acabar com a sensação de insegurança. “Estatisticamente, não é um lugar perigoso, é menos que os Jardins, mas as pessoas se afastam porque é escuro e deserto. Vislumbramos todo um potencial de área de entretenimento, lazer e gastronomia, sobretudo à noite.” Para completar, ruas mais claras: “Haverá troca de toda a iluminação. Na Rua São João, isso já foi feito.”

Restaurações previstas no programa

Obra                                                                      Valor

l Praças Dom José Gaspar, Ramos e do Patriarca e
Rua Xavier de Toledo – reurbanização de passeios                     R$ 8,5 milhões

l Praças da Sé e República – reurbanização e paisagismo            R$ 4,5 milhões

l Praça Roosevelt - readequação  para uso como
espaço público aberto                                                               R$  6 milhões

l Mercado Municipal – reforma e ampliação                                 R$ 24 milhões

l Biblioteca Mário de Andrade – reforma, recomposição de
mobiliário e aquisição de acervo                                                R$ 17 milhões

l Palácio das Indústrias e Casa das Retortas –
implantação do Museu da Cidade e Centro de Eventos                 R$ 20 milhões

l Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa nº 1 –
obras de restauro e reabilitação para implantação do
projeto Casa da Memória. Reabilitação da Galeria
Formosa, implantação de um posto da Guarda Civil
e do Museu do Teatro Municipal                                                 R$ 3 milhões

l Parque Dom Pedro II – recuperação paisagística,
implantação de áreas de lazer  e infra-estrutura e
área destinada a shows e eventos                                             R$ 8 milhões


Obs.: O cronograma geral vai até o segundo semestre de 2005
Fonte: Emurb (Empresa Municipal de Urbanização)

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