Dia-a-dia


Trabalho de cartógrafo serve de apoio a políticas públicas

Com a atribuição básica de confeccionar mapas ou cartas, o engenheiro cartógrafo dá suporte ao desenvolvimento de projetos diversos. É o que faz o profissional do segmento, Cícero Cardoso Augusto, em seu dia-a-dia. Analista de geoprocessamento pleno e coordenador adjunto da área no ISA (Instituto Socioambiental), ele garante que o seu trabalho serve de subsídio ao desenvolvimento de políticas públicas.

Integram sua rotina definir e especificar um modelo de dados, promover a análise estatística desses e avaliar novas tecnologias e metodologias. Cardoso exemplifica: “Recebi imagens de satélite que foram interpretadas, identificando-se o que é vegetação, solo exposto, água. Cruzei as informações já digitalizadas com os limites de municípios sobre bacias e o resultado foi a quantidade de área desmatada ou preservada na região. Você contextualiza isso em um relatório que serve de apoio a políticas públicas voltadas à proteção ambiental.”

Segundo a engenheira cartógrafa Márcia Moreira Monteiro, a análise de dados é feita a partir de fotografias aéreas ou levantamento topográfico. “Transportamos as informações para o papel ou o computador e transformamos num desenho, com o uso de metodologias de trabalho e equipamentos específicos.” Atualmente prestando consultoria na área como autônoma, Monteiro afirma que a base cartográfica é muito importante para qualquer projeto de engenharia, desde a construção de uma casa até um grande empreendimento, como uma estrada ou barragem. E ainda ao planejamento urbano, para uso e ocupação do solo sem agredir o meio ambiente. “É preciso ter conhecimento de todo o terreno no qual vai se executar uma obra”, continua.

Em geral, esse trabalho é feito em conjunto com profissionais de outras modalidades ou técnicos. “Normalmente, o engenheiro acompanha e supervisiona os trabalhos do topógrafo e do agrimensor, desde os mais simples até os mais complexos.” Conforme Monteiro, em campo, uma das funções do cartógrafo é coletar dados para cadastros rural ou urbano. Nesse último, é feita a representação da cidade e, com o mapa, é possível avaliar o seu crescimento. “Podemos trabalhar ainda junto às prefeituras, no auxílio a projetos de infra-estrutura, de saneamento, telecomunicações.”

 

Diversidade de atuação
No momento, Monteiro desenvolve uma proposta do gênero. “Uma empresa de engenharia civil está fazendo um projeto de distribuição de água em sete municípios e terá que conhecer a região para ter o melhor aproveitamento. Aí entra o serviço de cartografia. Farei o  levantamento do local, se há mapeamento e em que escala, se as prefeituras têm a planta cadastral ou é preciso desenvolvê-la.”

Ao longo de sua carreira, Monteiro participou da confecção de mapas em escala 1 para 10.000 para demarcação de áreas e definição de divisas, seja de quilombos, parques estaduais, pequenos posseiros, em geral no Vale do Ribeira. “Depois, o material foi utilizado para se realizar os projetos de assentamento dos sem-terra do Pontal do Paranapanema e de regularização fundiária”, relatou.

Fugindo do convencional, ela desenvolveu também um trabalho educativo com a equipe de um colégio paulista. “Fizemos uma trilha no Pico do Jaraguá munidos do GPS (Sistema de Posicionamento Global), um equipamento que dá uma coordenada aproximada instantânea, sem correções. E expliquei aos participantes o que é cartografia, qual a importância da bússola, de saber ler um mapa.”

As possibilidades de atuação são variadas. Ela cita exemplos: “Há colegas que estão trabalhando na implantação de radares ou antenas de TV a cabo. Atuar no setor de turismo, principalmente ecológico, também é uma opção.” Sem dúvida, o mercado é atraente. E para ser um bom profissional na área, Monteiro dá a receita: “É preciso ter espírito de investigação.”

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