Engenheiro em hidrelétrica: um olho nas obras, outro no caixa

Gerenciar a usina Nova Avanhandava e as obras da hidrovia do Rio Tietê pertencentes a ela e à Usina de Promissão são responsabilidade do engenheiro eletricista Marcelo Yukio Kurokawa. Graduado pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá em 1993, há dois anos ele trabalha na AES-Tietê S.A., geradora do grupo estadunidense AES, com 2.651 megawatts de potência instalada.

A rotina, afirma ele, exige atenção em tempo real tanto na parte operacional, em que  verifica o funcionamento das máquinas e a produção de energia, como na de manutenção geral dos equipamentos. É parte da tarefa a atenção cotidiana às duas eclusas da hidrelétrica Nova Avanhandava, que recebem manutenção geral a cada seis meses. Os equipamentos, construídos junto à barragem, possibilitam a transposição dos desníveis provocados pelas usinas, viabilizando a passagem das embarcações pelo rio. O engenheiro acompanha o comportamento dos equipamentos, utilizando cálculos que determinam o momento de serem reparados.

As usinas hidrelétricas paulistas foram construídas visando o aproveitamento múltiplo das águas. Ou seja, além de gerar energia, elas permitem controle de cheias, navegabilidade do rio, desenvolvimento da piscicultura e atividades recreativas. Assim, obras referentes à hidrovia – na qual, em 2002, foram transportadas 1,6 milhão de toneladas de produtos como cana, soja ou areia – são obrigações da AES-Tietê, previstas no edital de privatização da Cesp, leiloada em 1998. Entre essas, estão construções ou reparos em pontes, muroguias, canais de navegação próximos às eclusas. Atualmente, está em andamento a ampliação do canal de navegação a jusante da Usina Nova Avanhandava até o ponto de parada obrigatória. O trabalho, que deve estar pronto em 2004, inclui a retirada do pilar e a construção de uma ponte, o que aumentará o vão de 40 para 80 metros.  A jusante da Usina de Promissão, foi finalizada a construção de uma ponte, que havia sido iniciada pela Cesp estatal e está sendo concluído o aprofundamento do leito do rio e a restauração de um dolfing  — espécie de ancora­douro para as embarcações — que foi abalroado.

Executados por empresas terceirizadas, os trabalhos ficam sob gerenciamento geral de Kurokawa, que é responsável pela inter­face com os órgãos públicos envolvidos, como Departamento Hidroviário, DER (Departamento de Estrada e Rodagem), DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transportes), ANA (Agência Nacional de Águas) e ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

Controle financeiro
Também estão a cargo de Kurokawa o controle orçamentário diário e o planeja­mento da usina, feito para os próximos cinco anos e até 2028, quando se encerra o prazo de concessão. Mensalmente, ele faz o controle do desempenho das dez usinas da AES-Tietê, verificando seu nível de produtividade. Para isso, recolhe dados sobre disponibilidade de máquinas, quantidade de funcionários, homem/hora de trabalho, número de acidentes, volume de energia produzida e comercializada.

Único engenheiro da Nova Avanhandava, Kurokawa afirma preferir o trabalho na empresa privada à experiência que teve na Cesp. Apesar disso, aposta na regulamentação do setor para que seus profissionais, “uma mão-de-obra valiosa para o País”, tenham oportunidades. “O Brasil precisa de mudanças, até governamentais, para incentivar novos negócios na área de energia, em que há um grande futuro”, ressalta.

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