Reforma da Previdência: discutir às claras

Todo problema complexo tem sempre uma solução simples... e errada. A reforma previdenciária não pode confirmar esse ditado.

Há, de saída, a contradição entre a complexidade do problema e a pressa em sua solução. Os catastrofistas de plantão acenam com a crise iminente e os bodes expiatórios de sempre para garantir seus interesses: os da banca e das finanças, que almejam controlar, nos próximos cinco anos, mais de US$ 100 bilhões que poderiam ser abocanhados em uma reforma “liberal” e financeirista.

Se, de um lado, deve-se aproveitar a conjuntura favorável de apoio de massas e de apoio parlamentar ao Governo, deve-se também compreender com clareza que a Previdência é um pacto entre gerações e que as eventuais soluções dos graves problemas têm que ser boas no presente e ótimas no futuro, resguardando os legítimos direitos do passado.

Um primeiro esforço que tem sido feito corretamente pelo Governo é o de desideologizar a discussão, procurando travá-la com base em informações seguras, confiáveis e menos histéricas;  são elogiáveis as reuniões do Ministro com as mais diversas organizações (mas não os atropelos e contradições da imprensa, dele e de seus colegas), a informação prestada ao CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e as discussões temáticas que começam a acontecer em inúmeras entidades de trabalhadores e serão pautas de futuras reuniões.

Em seguida, deve-se primar pela clareza da linha a ser seguida, da orientação das propostas, que preservem, no essencial, o espírito das determinações constitucionais dos artigos 194 e 195, já modificadas pela Emenda Constitucional nº 20 e as promessas da campanha eleitoral (itens 46 a 58 do Programa de Governo).

O SEESP, a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e todas as entidades representativas dos engenheiros devem se engajar, desde já, nessas discussões temáticas e elaborar suas propostas e sugestões encaminhando-as às direções do movimento sindical, ao CDES, ao Ministro e aos parlamentares.  

João Guilherme Vargas Netto
Assessor sindical do SEESP

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JE 206