Atuar no segmento de flores é opção aos engenheiros agrônomos e florestais

Atividade econômica ainda nova no Brasil, a floricultura deslanchou nos últimos 15 anos como alternativa à geração de emprego e renda principalmente em pequenas propriedades rurais. Oferece vasto campo de trabalho em especial aos engenheiros agrônomos e também aos florestais.

Quem garante é o diretor de mercado do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), Francisco Bongers. Para esse engenheiro florestal, o profissional formado no País ainda não está enxergando essa demanda. Conseqüentemente, de acordo com ele, não busca se especializar nessa área e o espaço acaba, por vezes, sendo preenchido por holandeses, que vendem melhor seus serviços. A Swart Rosas, produtora de 600 mil dúzias de rosas por ano, sendo 80% destinadas ao mercado interno e 20% ao externo, é uma das que importaram tal mão-de-obra. A justificativa é que a oferta de trabalho especializado em nível nacional é pouca.

Na opinião da engenheira agrônoma Ana Paula Sá Leitão, da Flortec Consultoria e Treinamento, antes a questão cultural também exercia influência em decisões como essa. “Principalmente pelo fato de a floricultura ter início com os holandeses, com o município de Holambra como pólo de produção, eles se sentiam mais confiantes em importar essa mão-de-obra.”

Na sua visão, começa a mudar esse cenário, porque as universidades nacionais já incorporaram tal disciplina em sua grade curricular e as pessoas saem da faculdade com capacitação técnica para atuar na área. “Essa profissionalização e a pulverização da produção pelo Brasil inteiro abriram campo ao engenheiro agrônomo.”


Mercado ascendente
Favorecem ainda sua inserção no mercado as exigências fitossanitárias (sobre o estado de saúde da planta) tanto no trânsito interno quanto externo dos produtos. “É necessária a emissão de certificado e só o engenheiro – agrônomo ou florestal – pode fazer isso.” Além disso, conforme Ana Paula, a Instrução Normativa nº 6, do Ministério da Agricultura, diz que toda propriedade rural tem que ter um profissional responsável de uma dessas modalidades.

Um dos que terceirizam essa mão-de-obra para atender às exigências legais é o produtor Theodorus Breg. Proprietário do Sítio Kolibri, onde são desenvolvidas diversas espécies, como orquídeas, violetas, verbenas, antúrios e crisântemos, destinadas ao mercado interno, ele próprio é engenheiro agrônomo, formado na Holanda, porém não habilitado para o exercício da profissão no Brasil.

Ana Paula enumera outros fatores que tornam tal mercado atraente aos engenheiros. “A floricultura está explodindo no Brasil. O consumo per capita é de cerca de R$ 7,00 por pessoa e o País tem inúmeras vantagens em relação a outros, como diversidade climática e, portanto, capacidade de cultivar as mais variadas espécies.”

Produtor principalmente de violetas e com um engenheiro agrônomo formado na Holanda contratado, Geraldo Barendse vislumbra um enorme mercado potencial ao profissional dessa modalidade no Brasil, especialmente devido ao crescimento da floricultura, de 10% a 13% por ano. Antonio Hélio Junqueira, secretário executivo do Ibraflor, complementa: “A cadeia produtiva movimenta internamente US$ 800 milhões.” E segundo ele, o setor deve fechar o ano com um faturamento aproximado com exportações de US$ 16 milhões, o que representa aumento de 23% em relação a 2001.


Respaldo técnico
As perspectivas são boas ao engenheiro, porém, Giulio Cesare Stancato, engenheiro agrônomo do Centro de Horticultura do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), ressalva: “Há uma deficiência na formação do profissional, inerente à complexidade da área. A floricultura é um dos ramos da agronomia mais tecnificados na atualidade. O mercado é promissor, existem oportunidades, mas é preciso conhecer a atividade e especializar-se.”

Tanto Theodorus Breg quanto o engenheiro agrônomo Maurício João Mattar concordam. Sócio da Ricaflor, que cultiva mudas de crisântemo e as fornece aos produtores nacionais, assegurando-lhes toda a assistência técnica, esse último faz parte de um universo também em expansão. O de profissionais que, após adquirirem alguma experiência no segmento, partiram para o próprio negócio. Atualmente, Mattar contrata três engenheiros agrônomos, que atuam sob sua supervisão. E confirma: o trabalho desse especialista é garantia de qualidade. “É intensivo e preventivo, exige detalhes. Tem que estar todo dia no campo detectando qualquer problema, não pode haver ataque de pragas ou doenças. Precisa estar de olho no clima, temperatura, fertilidade, uma infinidade de coisas para se ter um bom resultado.” Para ele, no Brasil a floricultura é um dos segmentos da agricultura que está avançando mais e hoje qualquer empreendedor necessita de um respaldo técnico.

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